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6G na sexta-feira

Nesta Página: Artigos sobre a tecnologia 6G

 

Wilson Cardoso

Profissional com mais de 39 anos de experiência na indústria de Telecomunicações e tecnologia. Compreensão profunda dos problemas de negócios, tecnologia e gestão enfrentados por operadoras, prestadores de serviços, empresas privadas e fornecedores. Executivo orientado a resultados, com visão estratégica, capacidade de resolver problemas de forma eficaz, focar nas necessidades do cliente e entregar resultados. Ampla experiência trabalhando em ambientes internacionais, liderando equipes multiculturais e diversificadas. Excelentes habilidades analíticas combinadas com uma forte mentalidade de team Building.

Alberto Boaventura

Mestre em Ciências (MSc) e Engenheiro de Telecomunicações, atuando no setor de Telecomunicações há mais de 30 anos em diversas áreas: Engenharia, Planejamento de Redes, Planejamento Estratégico, Marketing e Planejamento de Negócios, Especificação de Desenvolvimento de Sistemas, Gestão de Produtos, Gestão de Desenvolvimento de Negócios, Gestão de Estratégia de Redes e Tecnologia. Possui sólida formação e experiência em gestão técnica e empresarial, com MBA em Finanças Corporativas.

 

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14
nov-25

Seizo Onoe e o 6G — o ciclo das gerações pares

Wilson Cardoso


Atravessar o mar não é apenas navegar, é descobrir novos mundos.” — (Cristóvão Colombo)

A evolução das redes móveis mostra um padrão curioso: as gerações pares (2G e 4G) foram aquelas que realmente transformaram a sociedade, enquanto as ímpares (1G e 3G) ficaram marcadas por limitações ou transições incompletas.

  • 1G (anos 1980): telefonia móvel analógica, com baixa qualidade e pouca segurança.
  • 2G (anos 1990): digitalização da voz, SMS e modelo pré-pago — no Brasil, um divisor de águas para democratizar o acesso.
  • 3G (anos 2000): prometeu internet móvel, mas entregou velocidades limitadas e experiências frustrantes.
  • 4G (anos 2010): consolidou a banda larga móvel, viabilizando streaming, aplicativos e a economia digital.

Esse padrão reforça a ideia de que as gerações pares são saltos transformadores, enquanto as ímpares funcionam como etapas de transição.

Seizo Onoe, diretor do Telecommunication Standardization Bureau da ITU, defende que o 6G não deve ser apenas mais rápido que o 5G. Ele o enxerga como uma plataforma para:

  • Sustentabilidade: redes energeticamente eficientes, alinhadas às metas climáticas globais.
  • Inclusão digital: conectividade universal, reduzindo desigualdades entre países e regiões.
  • Integração com IA: redes inteligentes, capazes de se auto-otimizar e prever falhas.
  • Novos horizontes de uso: holografia em tempo real, comunicação sensorial e suporte a tecnologias emergentes como a computação quântica.

Seguindo o padrão histórico, o 6G tem tudo para ser a próxima geração transformadora. Se o 5G ainda luta para se consolidar em muitos mercados, o 6G pode ser o salto definitivo — assim como o 2G e o 4G foram em seus tempos. Onoe parece consciente desse papel: ele defende que o 6G seja nativamente global e padronizado, evitando fragmentações que poderiam comprometer seu impacto.

No Brasil, o impacto das gerações pares foi evidente:

  • 2G: popularizou o celular com o modelo pré-pago e o SMS, tornando a comunicação acessível a milhões.
  • 4G: viabilizou o uso massivo de aplicativos como WhatsApp, Uber e Netflix, além de impulsionar o comércio eletrônico e o streaming de música.

Se o padrão se repetir, o 6G pode ser a chave para:

  • Expandir a conectividade em áreas rurais e remotas.
  • Sustentar cidades inteligentes com infraestrutura digital robusta.
  • Integrar serviços públicos e privados em uma rede mais eficiente e segura.
  • Criar novas oportunidades econômicas, especialmente em setores como saúde digital, educação remota e agricultura inteligente.
  • Ampliar as possibilidades de criação e inovação a partir de um suporte nativo de IA.

A visão de Seizo Onoe coloca o 6G como um divisor de águas, capaz de repetir o ciclo das gerações pares e transformar não apenas a tecnologia, mas a própria sociedade. Se o 2G nos deu voz digital e o 4G nos deu a economia dos aplicativos, o 6G pode nos dar uma internet verdadeiramente universal, inteligente e sustentável.

Assim como Cristóvão Colombo afirmou que “atravessar o mar não é apenas navegar, é descobrir novos mundos”, Onoe nos lembra que o 6G não será apenas uma evolução técnica, mas sim a descoberta de um novo mundo digital.

O paralelo entre Colombo e Onoe é poderoso — ambos enxergam além do horizonte imediato. Colombo navegou rumo ao desconhecido para descobrir novos mundos; Onoe propõe que o 6G seja a travessia rumo a uma sociedade mais conectada, sustentável e inclusiva.

 



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 
07
nov-25

O Impacto Ambiental da Indústria de Celulares: Desafios, Iniciativas Sustentáveis e Perspectivas com o 6G

Wilson Cardoso


A mudança climática é o maior e mais abrangente fracasso de mercado que o mundo já viu.” — Nicholas Stern (economista e ambientalista)

A indústria de celulares exerce um papel ambíguo no meio ambiente, ao mesmo tempo em que promove eficiência tecnológica e gera impactos ambientais significativos. Tentaremos analisas os aspectos positivos e negativos dessa indústria, destacando iniciativas sustentáveis de grandes fabricantes como Apple e Samsung entre outros , e discutirmos as perspectivas ambientais da tecnologia 6G. O texto também contextualiza essas questões à luz da Conferência das Partes (COP30), que será sediada no Brasil em 2025.

 

1. Introdução

A crescente demanda por dispositivos móveis tem impulsionado a inovação tecnológica, mas também levantado preocupações sobre sustentabilidade. A indústria de smartphones, em particular, representa um setor com grande potencial de transformação ambiental, tanto positiva quanto negativamente. Como afirmou o economista e ambientalista Nicholas Stern: "A mudança climática é o maior e mais abrangente fracasso de mercado que o mundo já viu" — e a indústria tecnológica tem papel central tanto no problema quanto na solução. O setor móvel é hoje um dos maiores consumidores indiretos de energia global, impulsionado pela expansão das redes 5G e data centers, o que reforça a urgência de modelos de operação mais eficientes. A transição para o 6G será o primeiro passo em que a eficiência energética e a circularidade entram como requisitos de design e não apenas como metas complementares.

 

2. Impactos Ambientais da Indústria de Celulares

A indústria de celulares apresenta uma dualidade ambiental. Por um lado, há benefícios claros: os smartphones substituem diversos dispositivos físicos, como câmeras, lanternas, tocadores de música e GPS, reduzindo a produção e o descarte de eletrônicos. Avanços em chips e baterias também aumentam a eficiência energética dos aparelhos. Além disso, aplicativos móveis têm promovido hábitos sustentáveis e educação ambiental, enquanto programas de logística reversa e recondicionamento crescem em escala. Cada smartphone moderno substitui, em média, mais de vinte dispositivos eletrônicos individuais, o que representa uma economia substancial de materiais, energia e emissões de carbono ao longo do ciclo de vida.

Por outro lado, os impactos negativos são expressivos. A extração de metais raros como cobalto e lítio, essenciais para a fabricação de baterias, causa degradação ambiental e problemas sociais em regiões mineradoras. A obsolescência programada, impulsionada por atualizações constantes de software e design, incentiva a troca frequente de aparelhos. O lixo eletrônico cresce em volume, com baixos índices de reciclagem, e a cadeia de produção, transporte e descarte contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa. Estima-se que menos de 20% do lixo eletrônico global seja reciclado de forma adequada, o que representa não apenas uma ameaça ambiental, mas também uma perda anual de bilhões de dólares em metais preciosos e materiais reutilizáveis. A digitalização acelerada impõe, portanto, uma nova ética de consumo e um redesenho da infraestrutura de reciclagem em escala global.

 

3. Iniciativas Sustentáveis de Fabricantes

3.1 Apple

A Apple estabeleceu a meta de neutralidade de carbono em toda a sua cadeia de valor até 2030. Atualmente, 100% das operações corporativas da empresa utilizam energia renovável. A companhia também investe em materiais reciclados — 99% do cobalto usado em suas baterias já é reciclado — e desenvolveu o robô Daisy, capaz de desmontar iPhones para reaproveitamento de componentes. O fundo Restore Fund, por sua vez, investe em reflorestamento e agricultura regenerativa. A Apple tornou-se uma referência global ao integrar sustentabilidade ao design de produto, transformando resíduos em vantagem competitiva, inovação e reputação corporativa.

3.2 Samsung

A Samsung lançou o programa "Galaxy for the Planet", com o objetivo de zerar suas emissões líquidas de carbono até 2030. A empresa utiliza 31% de plásticos reciclados em seus dispositivos e promove a reutilização criativa de celulares antigos, transformando-os em dispositivos inteligentes. Além disso, 93,4% da energia usada na divisão de dispositivos provém de fontes renováveis, e a empresa mantém programas de reciclagem em mais de 80 países, incluindo o Brasil. A estratégia da Samsung reforça a importância de ecossistemas regionais de economia circular, conectando sustentabilidade industrial com oportunidades locais de reuso e recondicionamento, especialmente em países emergentes.

 

4. Perspectivas Ambientais para o 6G

O desenvolvimento do 6G traz consigo uma oportunidade de redesenhar a infraestrutura digital com base em princípios sustentáveis. As chamadas "redes verdes" utilizarão energia renovável e hardware com design eficiente. Espera-se uma redução de até 90% no consumo energético em relação ao 5G, graças a tecnologias como edge computing e inteligência artificial aplicada à gestão de rede. A economia circular será incentivada desde o design dos dispositivos, com reaproveitamento de componentes e maior durabilidade. A integração com satélites (NTNs) permitirá ampliar a conectividade com menor impacto ambiental, especialmente em regiões remotas. O 6G deverá ser a primeira geração móvel a incluir metas energéticas quantificáveis e certificações ambientais nos padrões técnicos do 3GPP e da ITU-R. A combinação entre IA e otimização de rede permitirá desligar dinamicamente partes da infraestrutura em períodos de baixa carga, aproximando-se do consumo quase nulo. O uso de materiais biodegradáveis e rastreáveis por passaporte digital reforçará o avanço em direção ao design circular e à rastreabilidade total da cadeia produtiva.

 

5. A COP30 e o Papel da Tecnologia

A Conferência das Partes (COP30), que ocorrerá em Belém (PA) em 2025, trará o Brasil ao centro das discussões climáticas globais. Entre os temas prioritários estão o uso de tecnologias verdes e digitais para adaptação climática, plataformas de monitoramento ambiental baseadas em inteligência artificial e internet das coisas (IoT), e planos de ação sustentáveis com foco em captura de carbono e restauração de solos. A presença da indústria tecnológica nesse debate será essencial para alinhar inovação e responsabilidade ambiental. A COP30 representará um marco simbólico e prático para a consolidação do conceito de conectividade verde, colocando o Brasil como protagonista em iniciativas que unem biodiversidade, inovação e infraestrutura digital sustentável. A integração entre políticas públicas e o avanço de tecnologias 6G e IA será decisiva para transformar conectividade em instrumento de mitigação climática e inclusão social.

A indústria de celulares está em um ponto de inflexão: ou se reinventa com base em princípios sustentáveis, ou continuará contribuindo para a degradação ambiental. As iniciativas de empresas como Apple e Samsung, aliadas às visões futuras como o 6G e os compromissos globais da COP30, mostram que é possível alinhar inovação tecnológica com responsabilidade ambiental. Como reforça Nicholas Stern, o custo da inação frente às mudanças climáticas será muito maior do que o investimento necessário para evitá-las. Cabe à indústria agir agora, com visão de longo prazo e compromisso com o planeta. A sustentabilidade tornou-se não apenas um diferencial competitivo, mas um imperativo ético e estratégico. O futuro do setor móvel dependerá da capacidade de conciliar conectividade, circularidade e neutralidade climática, transformando a tecnologia em aliada direta da preservação ambiental.

 



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 
31
out-25

Como o 6G Pode Fortalecer os Fundamentos das Finanças Descentralizadas (DeFi)

Wilson Cardoso


A inovação tecnológica impulsiona o crescimento econômico.” — Joseph Stiglitz (Premio Nobel de Economia de 2001)

As finanças descentralizadas (DeFi) são uma das aplicações mais transformadoras da tecnologia de registros distribuídos (DLT) no setor financeiro. Ao eliminar intermediários e permitir transações peer-to-peer, o DeFi oferece benefícios como transparência, acessibilidade, redução de custos e liquidação quase instantânea. No entanto, para que essa revolução se consolide, é necessário fortalecer seus fundamentos técnicos e regulatórios. Nesse contexto, o 6G surge como uma tecnologia habilitadora essencial, permitindo que esses atributos operem em escala global e em tempo real, suportando milhões de transações simultâneas com latência sub-milissegundo regionalmente.

Fundamentos do DeFi segundo o Global Future Council

O Global Future Council on Decentralized Finance, do Fórum Econômico Mundial, definiu os principais pilares que caracterizam o DeFi:

  1. Sistema de registro digital nativo e imutável
  2. Troca de valor entre ativos digitais
  3. Rede peer-to-peer para operação e liquidação
  4. Arquitetura programável, aberta e combinável
  5. Opção de custódia própria dos ativos

A seguir, exploramos como o 6G pode potencializar cada um desses pilares.

 

1. Sistema de Registro Digital Nativo e Imutável

O 6G promete latência ultrabaixa (<1ms), altíssima confiabilidade e conectividade massiva (até 10 milhões de dispositivos por km²). Isso permitirá que blockchains e outras DLTs operem com maior eficiência, mesmo em ambientes densamente conectados. A capacidade de processar dados em tempo real viabiliza blockchains mais escaláveis e resilientes, essenciais para a integridade de mercados financeiros distribuídos. A escalabilidade proporcionada pelo 6G é essencial para manter registros imutáveis em tempo real, viabilizando aplicações financeiras críticas com segurança e integridade.

Além disso, o 6G pode facilitar a integração de registros distribuídos com sensores IoT, criando sistemas de auditoria automatizados e imutáveis para ativos físicos e digitais. Essa convergência cria as bases da “economia das coisas”, em que sensores e dispositivos conectados podem gerar, validar e registrar transações de forma autônoma.

2. Troca de Valor

A troca de ativos digitais exige redes rápidas e seguras. O 6G, com sua capacidade de transmissão em frequências milimétricas e suporte a comunicações ultra confiáveis, reduz significativamente o tempo de transação e os riscos associados a falhas de rede. Isso é especialmente relevante para pagamentos internacionais, micropagamentos e sistemas de liquidação em tempo real. Incluindo, os micropagamentos entre dispositivos (machine-to-machine) poderão ocorrer automaticamente, abrindo espaço para novos modelos de negócios baseados em “pay-per-use”.

Com suporte a redes privadas e segmentação de rede (network slicing), o 6G poderá oferecer ambientes dedicados para transações financeiras, com garantias de qualidade de serviço (QoS) e segurança reforçada. As fatias de rede poderão ser configuradas com políticas específicas de compliance e auditoria em tempo real, reforçando a confiança e a rastreabilidade nas trocas de valor.

 

3. Rede Peer-to-Peer para Operação e Liquidação

O 6G habilita comunicações diretas entre dispositivos (device-to-device), eliminando a necessidade de intermediários para a liquidação de transações. A capacidade de comunicação direta reduz custos e aumenta a velocidade de liquidação de ativos digitais, tornando possível uma economia descentralizada totalmente autônoma. Essa característica reforça a arquitetura peer-to-peer do DeFi, permitindo que carteiras digitais se conectem diretamente, com segurança e agilidade, mesmo em áreas remotas ou com infraestrutura limitada.

Essa capacidade é essencial para viabilizar redes financeiras descentralizadas em áreas remotas ou com infraestrutura limitada, promovendo inclusão financeira global. A cobertura expandida via satélite e drones 6G garantirá conectividade financeira mesmo fora das áreas urbanas, democratizando o acesso às transações DeFi.

 

4. Arquitetura Programável, Aberta e Combinável

Com o avanço do edge computing e da inteligência artificial embarcada, o 6G permitirá que contratos inteligentes sejam mais dinâmicos, adaptativos e seguros. A execução de contratos poderá ocorrer diretamente nos dispositivos, com validação local e distribuída, resposta instantânea e menor dependência de servidores centrais, tornando as transações mais eficientes e no tempo certo.

Além disso, a arquitetura aberta do 6G permite que novos serviços financeiros sejam construídos sobre protocolos existentes, acelerando a inovação. Ainda, a flexibilidade permitirá integrações com IA generativa e análise preditiva para contratos autônomos, capazes de se ajustar automaticamente a condições de mercado em tempo real.

 

5. Opção de Custódia Própria dos Ativos

O 6G facilitará o uso de carteiras digitais autônomas em dispositivos móveis, wearables e até implantes IoT, com autenticação biométrica e criptografia avançada. Com criptografia quântica e autenticação contínua, a segurança da custódia será ampliada, tornando ataques quase impossíveis. Isso empodera o usuário final com controle total sobre seus ativos, sem depender de instituições centralizadas.

A integração com redes privadas e mecanismos de segurança nativos do 6G também permitirá que usuários escolham entre custódia própria ou serviços híbridos com maior flexibilidade.

Essa modularidade dará origem a novos modelos de custódia distribuída, nos quais a segurança é compartilhada entre o usuário e a rede, sem comprometer a soberania digital.

Assim como o sistema financeiro tradicional se apoia em frameworks como IFRS e os Acordos de Basileia, o DeFi precisa de definições claras e padrões globais. O 6G pode ajudar a automatizar mecanismos de compliance via contratos inteligentes, validando regras locais e internacionais em tempo real. Com identidades digitais auto-soberanas (Self-Sovereign Identity, ou SSI) e auditorias baseadas em IA, a conformidade poderá ser verificada de forma automatizada e descentralizada.

Essa convergência entre conectividade avançada e finanças descentralizadas é um passo essencial para a transformação digital do sistema financeiro global, promovendo interoperabilidade, segurança e inclusão.

O 6G não é apenas uma evolução tecnológica — é uma infraestrutura estratégica para o futuro das finanças. Ao fortalecer os fundamentos do DeFi, ele pode acelerar a transição para um sistema financeiro mais aberto, eficiente e inclusivo. Isto marca o início de uma economia digital autônoma, onde a inovação e a confiança se tornam elementos nativos da conectividade. Essa transformação está em perfeita sintonia com a visão de Joseph Stiglitz, que reconhece que a inovação tecnológica impulsiona o crescimento econômico.

 



 

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24
out-25

Tecnologias que moldam o futuro: por que o Brasil precisa investir em inovação para o 6G

Wilson Cardoso


Não podemos fazer grandes coisas — apenas pequenas coisas com grande amor.” — Madre Teresa de Calcutá, Prêmio Nobel da Paz

Pesquisadores do MIT, Boston University e Northeastern University apresentaram duas inovações que podem redefinir a eficiência e a inteligência dos dispositivos conectados — especialmente no contexto das redes 6G.

 

1. Chip transmissor com modulação adaptativa

A primeira inovação é um chip transmissor que utiliza modulação não uniforme otimizada, capaz de adaptar os símbolos transmitidos às condições variáveis do canal sem fio. Essa técnica antecipa o conceito de “waveform intelligence” do 6G, onde o próprio sinal se torna cognitivo e autoajustável. Diferente dos sistemas tradicionais que usam padrões uniformes para evitar interferência, essa abordagem permite:

  • Maior densidade de informação por símbolo, aumentando a taxa de transmissão.
  • Redução do consumo energético, essencial para sensores industriais e dispositivos IoT.
  • Menor taxa de erro, mesmo em ambientes com ruído e interferência.

Uma analogia ajuda a entender: imagine uma sala cheia de pessoas conversando ao mesmo tempo. Se todos falarem no mesmo volume e ritmo, pode parecer organizado, mas rapidamente o som se mistura e fica difícil entender qualquer conversa. Agora imagine que cada pessoa ajusta seu tom e velocidade conforme o ruído ao redor — falando mais alto quando há mais barulho, ou mais devagar quando há confusão. Essa adaptação torna a comunicação mais eficiente e clara. É exatamente isso que a modulação adaptativa faz: ajusta o “tom” do sinal conforme o “barulho” do canal.

O diferencial está na integração com o algoritmo GRAND (Guessing Random Additive Noise Decoding), que não depende de códigos específicos, mas sim de uma estimativa do ruído que afetou a transmissão. Isso torna o sistema mais robusto e flexível, inclusive para arquiteturas legadas. Ao eliminar a dependência de códigos fixos, o sistema inaugura uma abordagem probabilística compatível com o paradigma de IA distribuída que o 6G pretende adotar

 

2. Rede Neural Óptica MAFT-ONN

A segunda inovação é a Multiplicative Analog Frequency Transform Optical Neural Network (MAFT-ONN), uma arquitetura de rede neural que realiza inferência diretamente no domínio da frequência, antes mesmo da digitalização do sinal. Ela representa o avanço das chamadas “AI-native networks”, onde a inteligência deixa de ser apenas software e passa a residir fisicamente no hardware óptico. Os principais avanços incluem:

  • Processamento em nanosegundos, superando os sistemas digitais que operam em microssegundos.
  • Alta escalabilidade, com até 10.000 neurônios por dispositivo físico.
  • Operações lineares e não lineares integradas, essenciais para redes profundas.
  • Uso de multiplicação fotoelétrica, que reduz drasticamente o consumo energético.

Essa tecnologia é ideal para aplicações em edge computing, como veículos autônomos, dispositivos biomédicos e sistemas de resposta em tempo real, onde cada milissegundo conta.

Essas soluções mostram como a combinação entre hardware especializado, algoritmos universais e inteligência artificial óptica pode acelerar a inovação em conectividade. Elas ilustram o caminho da “co-design” entre comunicações e computação, um princípio central do 6G. Mas também revelam um ponto crítico: o Brasil precisa de um projeto de Estado que incentive o desenvolvimento de tecnologias semelhantes.

Sem um ecossistema robusto de pesquisa, propriedade intelectual e transferência tecnológica, corremos o risco de repetir o ciclo de dependência em que apenas importamos inovações prontas. Investir em pesquisa aplicada, formar parcerias entre universidades, centros de inovação e indústria, e criar políticas públicas que sustentem esse ecossistema são passos fundamentais. O país tem talentos, infraestrutura e desafios únicos que podem ser transformados em oportunidades — desde a conectividade na Amazônia até a automação industrial. Com incentivos adequados, esses desafios se tornam laboratórios vivos para o desenvolvimento de tecnologias próprias, alinhadas à realidade brasileira e latino-americana.

Se quisermos ser protagonistas no 6G e não apenas consumidores de tecnologia estrangeira, precisamos começar agora. O futuro da conectividade não será importado — será construído, e quem investir primeiro moldará o padrão. Como nos lembra Madre Teresa, não é preciso começar com grandes feitos — basta agir com propósito e dedicação. Cada passo dado com visão e compromisso pode transformar o futuro da conectividade no Brasil.

O 6G não será apenas uma rede mais rápida — será o espelho da capacidade de um país em transformar conhecimento em soberania tecnológica.

 



 

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17
out-25

No entrelaçamento entre bits e qubits, nasce o futuro da comunicação humana

Wilson Cardoso


A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele..” — Hannah Arendt, filósofa e educadora

A evolução das redes móveis caminha para um novo paradigma com o 6G, previsto para emergir por volta de 2030. Paralelamente, a computação quântica avança como uma revolução na forma como processamos e transmitimos informações. Essa convergência não é apenas técnica — é epistemológica, pois redefine o próprio conceito de processamento e comunicação. A convergência entre essas duas tecnologias pode redefinir os limites da conectividade, segurança e processamento distribuído.

A computação quântica baseia-se em princípios da mecânica quântica, como:

  • Qubit: Unidade básica de informação quântica, que pode estar em superposição de 0 e 1 simultaneamente.
  • Entrelaçamento (Entanglement): Correlação entre qubits que permite comunicação instantânea entre eles, independentemente da distância.
  • Interferência: Manipulação de probabilidades para amplificar resultados desejados.
  • Decoerência: Fragilidade dos estados quânticos frente a interferências externas, um dos principais desafios práticos.

Esses princípios permitem que computadores quânticos resolvam problemas complexos, como simulações moleculares, otimizações e criptografia, de forma exponencialmente mais eficiente que os clássicos. Além disso, sua integração com IA pode originar modelos de “Quantum Machine Learning”, capazes de acelerar processos cognitivos em redes 6G inteligentes.

 

O Papel do 6G na Integração com Computação Quântica

O 6G será caracterizado por:

  • Taxas de dados ultra-altas (até 1 Tbps)
  • Latência sub-microsegundo
  • Inteligência nativa na rede
  • Sensoriamento integrado
  • Comunicação holográfica e tátil

Essas capacidades abrem espaço para suportar redes quânticas, especialmente em três frentes:

  • Orbital Angular Momentum (OAM): Utiliza múltiplos modos de fase da onda eletromagnética, permitindo multiplexação massiva.
  • Terahertz (THz) e sub-THz: Faixas de frequência que suportam altíssimas taxas de dados e baixa latência.
  • Reconfigurable Intelligent Surfaces (RIS): Superfícies que manipulam o ambiente de propagação para otimizar sinais.

A combinação entre OAM, THz e RIS poderá formar o alicerce físico de enlaces quânticos híbridos, unindo comunicação clássica e quântica sob o mesmo domínio de controle. Essas tecnologias podem ser adaptadas para suportar comunicação quântica híbrida, onde sinais clássicos e quânticos coexistem, por exemplo, em protocolos de distribuição de chaves quânticas (QKD). Nesse cenário, o 6G torna-se não apenas uma rede de transporte, mas um “sistema nervoso” de comunicação segura e sensível.

 

Redes Quânticas e o Papel dos Dispositivos Móveis

Redes quânticas permitem a troca de qubits entre nós, com aplicações em:

  • Criptografia quântica
  • Computação distribuída quântica
  • Sensoriamento quântico

Embora os dispositivos móveis não sejam computadores quânticos ainda, eles podem:

  • Agir como nós de interface entre redes clássicas e quânticas.
  • Utilizar chips fotônicos para comunicação quântica via luz.
  • Participar de protocolos de QKD, garantindo segurança absoluta na troca de dados.
  • Integrar sensores quânticos para aplicações biomédicas, ambientais e industriais.

A integração de módulos fotônicos, memórias quânticas e processadores neuromórficos poderá transformar o smartphone em um hub cognitivo híbrido, conectando o mundo físico e o quântico. Com o avanço da miniaturização de componentes quânticos, é possível imaginar smartphones com módulos de comunicação quântica embarcados, conectando-se a redes 6G que suportam canais híbridos, mas que para isso aconteça precisamos, de:

  • Decoerência quântica em ambientes móveis
  • Integração de hardware quântico em dispositivos compactos
  • Padronização de protocolos híbridos
  • Infraestrutura de backbone quântico

Mas os desafios acima podem nos trazer benefícios enormes:

  • Redes 6G como facilitadoras da computação quântica distribuída
  • Segurança quântica nativa em redes móveis
  • Dispositivos móveis como gateways para redes quânticas metropolitanas
  • Criação de uma nova camada de “Quantum Internet”, interligando data centers, satélites e redes ópticas terrestres sob uma arquitetura de confiança total.

A convergência entre 6G e computação quântica representa uma fronteira tecnológica que pode transformar radicalmente a forma como nos conectamos, protegemos e processamos informações. Ela marca o início da era da comunicação sensível ao estado quântico — onde a informação deixa de ser apenas transmitida, passando a ser correlacionada e entrelaçada. Embora ainda em estágio inicial, os estudos de modulação, arquitetura de rede e integração de dispositivos apontam para um futuro em que celulares serão não apenas terminais de comunicação, mas nós inteligentes em redes quânticas globais, que caso não ocorram no 6G poderão ser construídas no 7G. Essa transição exige um novo ecossistema de padronização, governança e interoperabilidade global, envolvendo ITU, 3GPP e consórcios quânticos internacionais.

Assim como Hannah Arendt nos lembra da responsabilidade de amar e cuidar do mundo por meio da educação, é nossa missão — como técnicos, educadores e inovadores — preparar o terreno para que essas tecnologias sirvam ao bem comum, com ética, segurança e propósito. A computação quântica e o 6G só terão sentido se colocarem a inteligência a serviço da humanidade — e não o contrário.

 



 

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10
out-25

Fiber to the Machine (FTTM) e 6G: Arquitetura Híbrida para a Conectividade Industrial de Próxima Geração

Wilson Cardoso


A ciência e a técnica são dons de Deus, colocados nas mãos do homem para que ele os use com sabedoria e responsabilidade.” — Papa Pio XII

A convergência entre tecnologias de conectividade fixa e móvel está moldando uma nova era para a infraestrutura industrial. Este artigo explora o conceito de Fiber to the Machine (FTTM) e a evolução para o 6G, destacando como a sinergia entre essas soluções pode transformar operações industriais, viabilizando ambientes hiperconectados, resilientes e inteligentes.

A digitalização da indústria exige conectividade cada vez mais robusta, segura e flexível. Com o avanço da automação, da inteligência artificial embarcada e da Internet das Coisas (IoT), cresce a demanda por redes capazes de suportar aplicações críticas em tempo real. Nesse contexto, duas tecnologias emergentes ganham destaque: Fiber to the Machine (FTTM) e 6G.

Além de uma simples evolução física da rede, o FTTM representa uma mudança de paradigma: a fibra óptica deixa de ser apenas meio de transporte e passa a integrar o ecossistema sensorial e cognitivo da indústria, servindo como base para redes determinísticas, sincronização precisa e sistemas de controle distribuído.

 

Fiber to the Machine (FTTM): Conectividade Óptica Direta

O FTTM consiste na extensão da fibra óptica até o ponto final de uso — a máquina, sensor ou dispositivo industrial. Diferente de arquiteturas tradicionais que distribuem o sinal via gateways ou redes intermediárias, o FTTM oferece:

  • Latência ultrabaixa para controle em tempo real
  • Alta confiabilidade em ambientes com interferência eletromagnética
  • Largura de banda dedicada para aplicações de vídeo, sensores e automação
  • Segurança física e lógica com menos pontos de vulnerabilidade

Essa abordagem é ideal para infraestruturas críticas, fábricas inteligentes, data centers industriais e ambientes hospitalares, onde a estabilidade da conexão é essencial.

Combinado a tecnologias como o Time Sensitive Networking (TSN) e protocolos industriais sobre Ethernet óptica, o FTTM viabiliza redes com determinismo temporal, sincronização nanosegundo e suporte a padrões emergentes como OPC UA over TSN e IEEE 802.1Qbv.

Além disso, o uso de sensores ópticos distribuídos (transforma a própria fibra em uma plataforma de monitoramento ambiental, vibro-acústico e estrutural, agregando inteligência física à camada de conectividade.

 

Sinergia Estratégica: FTTM + 6G

A integração entre FTTM e 6G cria uma arquitetura híbrida que combina o melhor da conectividade fixa e móvel. Essa sinergia oferece vantagens estratégicas para ambientes industriais complexos:

Conectividade Dual

Máquinas fixas podem ser conectadas via FTTM, garantindo estabilidade e desempenho máximo. Dispositivos móveis, como AGVs e robôs autônomos, operam com 6G, mantendo mobilidade e inteligência distribuída.

Essa dualidade estabelece o conceito de “Industrial Multi-Domain Network”, em que o plano óptico fornece backbone determinístico e o 6G estende a conectividade com suporte a network slicing, AI-native orchestration e comunicação sensorial integrada (ISAC).

Gêmeos Digitais em Tempo Real

Com dados fluindo de forma contínua e confiável, é possível criar gêmeos digitais altamente precisos, que refletem o estado atual dos sistemas físicos e permitem simulações preditivas e diagnósticos remotos.

A combinação FTTM+6G permite atualização contínua dos modelos de IA de bordo e sincronização com sistemas de edge twin orchestration, suportando manutenção autônoma e otimização baseada em aprendizado federado.

Segurança e Resiliência

FTTM oferece segurança física contra interceptações, enquanto o 6G traz segmentação lógica e redes auto-reconfiguráveis. Juntas, essas tecnologias criam um ambiente resiliente contra falhas e ataques cibernéticos.

A incorporação de mecanismos de Quantum Key Distribution (QKD) e autenticação óptica fortalece a segurança ponta a ponta, tornando essas infraestruturas compatíveis com requisitos de missão crítica e ambientes regulados.

Eficiência Energética

O 6G será projetado com foco em sustentabilidade, utilizando técnicas como LiFi e redes de baixa potência. O FTTM, por sua natureza passiva, consome menos energia, contribuindo para metas de descarbonização industrial.

A integração com fotônica de silício e amplificação Raman distribuída possibilitará redes com eficiência energética superior e maior alcance, reduzindo a necessidade de repetidores e infraestrutura ativa.

Integração com Edge Computing e Redes Privadas

Ambas as tecnologias se integram com redes privadas e edge computing, permitindo processamento local de dados, redução de latência e maior controle sobre informações sensíveis.

Essa integração é o alicerce da “Industrial Intelligence Fabric” — um tecido cognitivo que combina conectividade óptica, análise de borda e IA embarcada para decisões autônomas e operação preditiva.

A convergência entre Fiber to the Machine e 6G representa uma evolução estratégica na infraestrutura industrial. Essa arquitetura híbrida oferece uma base sólida para a automação avançada, inteligência distribuída e operações resilientes, preparando a indústria para os desafios da próxima década, incluindo a fusão entre comunicação, sensoriamento óptico e controle inteligente em redes determinísticas e sustentáveis — uma verdadeira fábrica cognitiva interligada pela luz.

Vamos usar bem os dons que Deus nos deu.

 



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 
03
out-25

O último G

Wilson Cardoso


Il pleure dans mon cœur comme il pleut sur la ville.” — Paul Verlaine

A evolução das redes móveis é marcada por dois movimentos distintos: o avanço técnico contínuo, guiado por organismos de padronização como o 3GPP, e a criação de rótulos geracionais — 2G, 3G, 4G, 5G, 6G — que funcionam como instrumentos de marketing e posicionamento estratégico. Essa dualidade revela tensões entre progresso real e narrativa comercial.

 

Geração como apelo comercial vs. evolução técnica (3GPP)

  • O “G” como marca: O termo “G” atua como um selo de marketing que comunica ao mercado uma ideia de salto tecnológico e de experiência. É facilmente compreendido por operadoras, fabricantes e consumidores: “isto é 5G”, “isto é 6G”.
  • Evolução via 3GPP: O progresso técnico ocorre por meio de releases do 3GPP, que definem funcionalidades, interfaces, requisitos de desempenho e interoperabilidade. Essa evolução é incremental, modular e muitas vezes invisível ao público.
  • Descompasso entre técnica e narrativa: Nem todo release do 3GPP origina um novo “G”, e nem todo “G” representa uma ruptura técnica imediata, incluindo o suporte de interfuncionamento com as gerações anteriores – backward compatility. A indústria frequentemente agrupa avanços em uma narrativa única para justificar investimentos e acelerar adoção.

 

O papel dos atores da indústria

  • Operadoras: Utilizam a transição geracional como narrativa de valor para recuperar investimentos e atrair assinantes premium. O rótulo facilita modelos de precificação, campanhas e diferenciação competitiva. Também, além das novas funcionalidades trazidas a cada geração para propiciar novos fluxos de receita, as novas gerações apresentam novas arquiteturas mais otimizadas que reduzem o custo por acesso em relação à geração predecessora.
  • Fabricantes e fornecedores: Planejam seus roadmaps de produtos com base nos “Gs”, coordenando ecossistemas de componentes, software e dispositivos. Além de alimentar toda a cadeia de pesquisa técnica e científica, através de financiamento de projetos, aprimoramento científico e profissional.
  • Reguladores: Leilões de espectro e políticas públicas muitas vezes se alinham aos rótulos geracionais, reforçando o poder do marketing sobre a percepção técnica.

 

Exemplos históricos que ilustram essa dinâmica

  • Adoção gradual vs. hype imediato: A implantação real de tecnologias como 4G e 5G foi lenta em muitas regiões, enquanto o marketing prometia mudanças instantâneas. A maturação da infraestrutura e dos dispositivos foi essencial para concretizar essas promessas.
  • Funcionalidades dispersas: Recursos como Voz sobre LTE ou redes core virtualizadas surgem em releases técnicos e só depois são incorporados à narrativa de uma nova geração.

 

Impactos para padrões, inovação e consumidores

  • Padronização: O 3GPP continuará a evoluir independentemente dos rótulos, promovendo interoperabilidade e inovação contínua.
  • Inovação: Startups e fornecedores de nicho podem focar em funcionalidades específicas — IA na borda, integração com satélites, network slicing avançado — sem esperar pelo “6G”, acelerando soluções para casos de uso concretos.
  • Consumidores: O rótulo pode gerar expectativas irreais. A experiência depende de cobertura, dispositivos compatíveis e modelos de serviço, não apenas da existência de uma especificação técnica. Durante a Futurecom desta semana, refletimos profundamente sobre o significado do “G”. E, inspirados pelo verso de Verlaine — Il pleure dans mon cœur comme il pleut sur la ville — arriscamos uma tradução livre: “Chove no meu coração como chove sobre a cidade”. Uma tradução que, ao tentar capturar o sentido, inevitavelmente perde a poesia.

 

Assim como a chuva que cai sobre a cidade não altera a dor interior, o rótulo “6G” pode ser lançado sobre uma sociedade já saturada de tecnologias, sem necessariamente transformar as experiências humanas essenciais. Claro, não podemos ignorar os impactos positivos na indústria, agricultura e outros setores. Mas talvez seja hora de perguntar: o que realmente muda com mais um “G”?

 



 

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26
set-25

Release 20, dispositivos inteligentes e o caminho para o 6G

Wilson Cardoso


O que você é, é o que você foi; o que você será, é o que você faz agora.” — Johann Sebastian Bach

Durante o Snapdragon Summit, Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, lançou uma visão ousada: “Estamos prontos para ter dispositivos pré-comerciais com 6G já em 2028.” Essa afirmação, vinda de uma das empresas mais influentes no ecossistema de conectividade global, não é apenas uma previsão — é um chamado à ação.

Estamos entrando em uma nova era de conectividade, onde os dispositivos não serão apenas terminais de acesso, mas nós inteligentes em uma rede sensorial e adaptativa. E o que está pavimentando esse caminho? O trabalho silencioso, porém fundamental, do 3GPP — especialmente com o Release 20.

 

Release 20: o alicerce do 6G começa aqui

O Release 20 marca o início da transição do 5G para o 6G. Embora tecnicamente ainda esteja sob o guarda-chuva do chamado 5G-Advanced, ele já incorpora elementos que antecipam as exigências da próxima geração de redes móveis.

Entre os destaques do Release 20:

  • Estudos iniciais sobre 6G: Pela primeira vez, o 3GPP formalizou a inclusão de study items voltados ao 6G, como comunicações sensoriais, redes baseadas em IA e integração com ambientes físicos e digitais.
  • Expansão da inteligência de rede: O Release 20 aprofunda o uso de IA/ML para otimização de rede, abrindo caminho para redes autônomas e adaptativas — um pré-requisito para o 6G.
  • Eficiência energética e sustentabilidade: Com foco em redes mais verdes, o Release 20 introduz mecanismos para reduzir o consumo energético, algo essencial para suportar bilhões de dispositivos conectados no futuro.
  • Suporte a novos tipos de dispositivos: Desde wearables avançados até sensores industriais e veículos autônomos, o Release 20 amplia a base de dispositivos que poderão operar em redes móveis avançadas.

 

Esse release está com congelamento funcional previsto para início de 2027, o que significa que os testes e implementações baseadas nele começarão a ganhar tração logo em seguida — alinhando-se perfeitamente com a previsão da Qualcomm de dispositivos 6G pré-comerciais em 2028.

Com o 6G, os dispositivos evoluirão para se tornarem extensões sensoriais e cognitivas do usuário. Equipados com sensores contextuais, capacidades de percepção e IA embarcada, eles formarão um “ecossistema de você” — como definiu Amon — onde cada dispositivo contribui com dados e inteligência para experiências hiperpersonalizadas.

Esses dispositivos hiperpersonalizáveis serão capazes de adaptar sua funcionalidade, interface e comportamento com base em dados contextuais — como localização, estado emocional, padrões de uso e até biometria. Imagine um smartphone que ajusta sua interface conforme o humor do usuário, um óculos de realidade aumentada que projeta informações contextuais em tempo real, ou um wearable de saúde que antecipa crises médicas com base em padrões fisiológicos detectados por sensores avançados. Em ambientes industriais, sensores autônomos em robôs colaborativos poderão se reconfigurar conforme a tarefa e o operador. Alimentados por inteligência artificial embarcada e conectados a redes sensoriais distribuídas, esses dispositivos formarão um ecossistema centrado no usuário, onde cada interação será única, proativa e altamente relevante — redefinindo o conceito de personalização digital.

Essa nova arquitetura exige uma rede que seja:

  • Contextual: capaz de entender o ambiente e adaptar-se em tempo real;
  • Distribuída: com processamento na borda (edge computing) e no núcleo (cloud continuum);
  • Segura e confiável: com autenticação contínua e proteção de dados sensíveis.

 

O que esperar dos próximos releases?

  • Release 21: Será o primeiro a conter os padrões oficiais do 6G. Espera-se que ele defina as bases para comunicações sensoriais, redes holográficas e integração nativa com IA.
  • Releases subsequentes: Devem consolidar o 6G como uma plataforma para aplicações imersivas, como realidade estendida (XR), gêmeos digitais e comunicações cérebro-máquina.

 

Como dizia Bach, “o que você será, é o que você faz agora.

O Release 20 é o que estamos fazendo agora — e ele definirá o que seremos em 2030, quando o 6G se tornar realidade.

 



 

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19
set-25

Como o 6G Pode Revolucionar a Arquitetura de Redes para Inteligência Artificial

Wilson Cardoso


“A inteligência artificial será tão transformadora quanto a eletricidade ou a internet.” — Sundar Pichai, CEO do Google

A frase de Sundar Pichai não é apenas uma previsão ousada — é um alerta sobre a urgência de repensarmos a infraestrutura que sustenta essa revolução. Assim como a eletricidade exigiu redes de distribuição e a internet demandou protocolos globais, a inteligência artificial precisa de uma nova base de comunicação: uma rede que não apenas transporte dados, mas que compreenda, aprenda e interaja.

É nesse contexto que o 6G se apresenta como o catalisador de uma transformação profunda. Ao integrar capacidades cognitivas diretamente na arquitetura de rede, o 6G promete superar os limites atuais e inaugurar uma era de conectividade inteligente, segura e personalizada. Este artigo explora como essa nova geração de redes pode enfrentar os desafios impostos pela explosão de aplicações de IA e abrir caminho para arquiteturas como o AgentNet — redes nativas de agentes inteligentes.

 

Redes Limitadas para a Era da IA

A arquitetura de redes de comunicação atual foi concebida para transportar pacotes de dados de forma passiva, mantendo uma separação rígida entre transporte e processamento, concepção adotada com a introdução do Internet Protocol - IP, base estrutural das arquiteturas de rede em telecomunicações nos anos 90. Essa estrutura, embora eficaz para aplicações convencionais, tornou-se um obstáculo significativo diante da ascensão de serviços baseados em inteligência artificial (IA). Três grandes desafios emergem:

Crescimento exponencial do tráfego de dados: A velocidade de geração de dados supera a capacidade de expansão da infraestrutura de rede.

Modelos de IA pouco adaptáveis: Soluções baseadas em aprendizado passivo não conseguem atender às demandas personalizadas e dinâmicas dos usuários.

Segurança de dados e modelos: A exposição de dados sensíveis em redes e serviços em nuvem levanta preocupações críticas de privacidade.

Em resumo, as redes atuais carecem de agilidade, programabilidade e consciência de contexto pra dar suporte à IA avançada. Os limites das redes legadas evidenciam a necessidade de uma reinvenção radical da arquitetura de comunicação para a era da IA ubíqua.

 

O Papel Transformador do 6G

O 6G surge como uma resposta disruptiva a esses desafios, prometendo não apenas maior velocidade e menor latência, mas uma integração profunda com IA, automação e sensoriamento inteligente.. Veja como ele pode mudar o jogo:

 

1. Redução do Tráfego com Processamento Local

Com o 6G, será possível aplicar dados brutos coletados localmente diretamente no treinamento de agentes de IA, sem necessidade de transporte para servidores centrais. Isso reduz drasticamente o tráfego de rede e acelera o tempo de resposta, viabilizando aplicações em tempo real como carros autônomos, cidades inteligentes e metaverso. Aprendizado federado entra em cena – os agentes treinam localmente e apenas modelos ou insights são compartilhados, preservando a privacidade e economizando banda.

 

2. IA Nativa e Adaptativa

O 6G permitirá redes que aprendem e se adaptam autonomamente. Em vez de um modelo único e genérico, o conceito de AgentNet propõe múltiplos agentes especializados que colaboram para atender às necessidades específicas dos usuários. Essa abordagem é ideal para ambientes altamente personalizados, como saúde digital, educação adaptativa e assistentes pessoais. Infraestrutura de rede programável permitirá a esses agentes negociar qualidade de serviço e recursos conforme a demanda.

 

3. Segurança por Design

Ao evitar o transporte de dados sensíveis e permitir que os agentes atualizem seus modelos por meio de interações locais, o 6G fortalece a segurança e a privacidade. Isso é essencial para aplicações críticas como registros médicos, transações financeiras e comunicações pessoais. Dados sensíveis permanecem na origem, reduzindo drasticamente o risco de exposição.

A proposta de AgentNet representa uma arquitetura de rede centrada em agentes inteligentes, cada um com habilidades específicas, capazes de interagir, aprender e colaborar. Com base em modelos generativos (GFM), esses agentes formam uma base de conhecimento interativa que pode ser adaptada a diferentes tarefas e ambientes. Em essência, o AgentNet propõe tratar modelos de base (foundation models) como agentes modulares que aprendem e transferem conhecimento através da rede.

 

Exemplos de Aplicação:

Automação industrial com gêmeos digitais: Agentes especializados monitoram e ajustam processos em tempo real.

Experiências imersivas no metaverso: Agentes colaboram para criar ambientes virtuais personalizados e responsivos.

 

O 6G não é apenas uma evolução tecnológica — é uma revolução na forma como redes e IA se integram. Com arquiteturas como AgentNet, o futuro da conectividade será inteligente, seguro e profundamente personalizado. Essa convergência entre comunicação e cognição abre caminho para uma nova era de aplicações digitais, onde redes não apenas transportam dados, mas entendem e agem sobre eles.

 



 

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12
set-25

Você lembra do Metaverso?

Wilson Cardoso


"Tudo que é velho pode se tornar novo outra vez." — Mark Twain

 

Há poucos anos, o metaverso foi a estrela de uma revolução tecnológica prometida. Grandes empresas investiram bilhões, imaginando mundos virtuais onde trabalho, lazer e vida social se fundiriam. Mas, como tantas ideias visionárias, ele foi rapidamente engavetado — vítima de limitações técnicas, expectativas infladas e uma infraestrutura que simplesmente não estava pronta. Agora, com o surgimento do 6G, o metaverso não apenas retorna: ele renasce com um novo propósito, mais robusto, mais inteligente e mais integrado ao mundo físico.

 

O Que Muda com o 6G?

 

O 6G não é apenas uma evolução do 5G — é uma revolução. Ele promete:

  • Latência ultrabaixa: essencial para experiências em tempo real no metaverso.
  • Taxas de dados massivas: permitindo a transmissão de ambientes complexos e sensoriais.
  • Sincronização fim-a-fim: crucial para o funcionamento de gêmeos digitais (DTs) e sistemas autônomos.
  • Inteligência distribuída: com IA embarcada em redes e dispositivos, viabilizando avatares cognitivos e interações mais naturais.
  • Com essa base, o metaverso deixa de ser uma simulação isolada e se torna um ecossistema interconectado entre sete mundos: físico, digital, virtual, cibernético, estendido, vivo e paralelo.

 

Constituidores do Novo Metaverso

 

O metaverso 6G não é mais centrado apenas em humanos com óculos de realidade aumentada. Ele inclui:

  • Avatares sensoriais: que representam usuários em múltiplos mundos.
  • Sistemas de inteligência conectada (CISs): como carros autônomos e robôs que interagem com seus gêmeos digitais.
  • Gêmeos digitais (DTs): réplicas virtuais de objetos físicos que permitem controle remoto e simulações em tempo real.

Esses elementos interagem em tempo real, criando experiências que vão além da realidade aumentada — como um médico operando remotamente com feedback tátil, ou um engenheiro testando uma ponte virtual antes de construí-la fisicamente.

 

Desafios e Soluções

 

Para que esse metaverso ilimitado funcione, é preciso superar obstáculos técnicos e conceituais:

  • IA com cognição humana: avatares precisam entender emoções, intenções e contexto.
  • Infraestrutura escalável: redes devem suportar bilhões de interações simultâneas.
  • Privacidade e segurança: com tantos dados sensíveis circulando, a proteção precisa ser nativa e inteligente.

O 6G, com sua arquitetura centrada em inteligência e conectividade extrema, é a chave para destravar esse potencial.

 

Vamos para um exemplo prático com uma Fábrica Inteligente com Gêmeos Digitais e Metaverso 6G.

 

Imagine uma fábrica de automóveis em São Bernardo do Campo que opera com centenas de robôs, sensores e sistemas autônomos. Com o 6G e o metaverso, essa fábrica se torna uma plataforma viva e interativa, onde decisões são tomadas em tempo real com base em simulações hiper-realistas.

Como funciona:

Gêmeos Digitais de Máquinas e Processos Cada robô, esteira e componente da linha de produção tem um gêmeo digital no metaverso. Esses gêmeos replicam em tempo real o funcionamento físico, permitindo que engenheiros monitorem e testem alterações sem interromper a produção.

Ambiente Virtual Colaborativo Equipes de engenharia no Brasil, Alemanha e Japão acessam simultaneamente o metaverso da fábrica. Eles podem visualizar, simular e ajustar processos como se estivessem fisicamente presentes, usando avatares sensoriais e interfaces XR.

IA Cognitiva para Diagnóstico e Otimização Algoritmos de inteligência artificial analisam os dados dos gêmeos digitais e sugerem ajustes para melhorar eficiência, prever falhas e reduzir desperdícios. A IA também interage com os operadores via avatares, explicando decisões e propondo soluções.

Sincronização em Tempo Real via 6G Com latência quase zero e altíssima capacidade de dados, qualquer alteração feita no metaverso é refletida instantaneamente na fábrica física — seja a troca de uma peça, o redirecionamento de uma linha ou a reprogramação de um robô.

Esse tipo de integração permite que fábricas operem com precisão cirúrgica, colaboração global e resposta instantânea a mudanças de mercado ou demanda. É a indústria 4.0 elevada à potência do 6G.

Se quiser, posso montar um cenário específico para o setor agrícola, energético ou logístico. Qual te atrai mais?

De Humanocêntrico a Tudo-cêntrico

O metaverso do futuro não será apenas um playground para humanos. Ele será um espaço onde máquinas, sistemas biológicos, ativos físicos e entidades digitais coexistem e colaboram. Essa transição exige uma mudança de paradigma: do design centrado no usuário para um design centrado em tudo.

Conclusão: O Metaverso Não Morreu — Ele Estava Esperando

O metaverso não foi um fracasso. Ele foi uma ideia à frente de seu tempo. Com o 6G, ele encontra o terreno fértil para florescer, não como uma moda passageira, mas como uma infraestrutura essencial para o futuro da interação humana, digital e inteligente.

Então sim — você lembra do metaverso. Mas agora, é hora de conhecê-lo de verdade.

 



 

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29
ago-25

“We Can Only See a Short Distance Ahead, But We Can See Plenty There That Needs to Be Done” — Alan Turing

Wilson Cardoso


A chegada do 6G não é apenas uma evolução tecnológica — é uma revolução na forma como redes e inteligência artificial (IA) coexistem. Se o 5G abriu as portas para a IA, o 6G está construindo uma casa para ela. Neste artigo, exploramos como essa nova arquitetura de rede está sendo desenhada para atender às exigências de serviços nativos de IA, com foco em desempenho, segurança e qualidade de experiência.

 

IA Nativa: O Coração da Arquitetura 6G

A proposta de arquitetura 6G parte das bases do 5G, mas vai além. Funções como o controle aprimorado (eCF) e o plano de usuário aprimorado (eUPF) são redesenhadas para suportar não apenas comunicação, mas também a convergência com serviços de IA. Nós internos de IA são integrados à rede para hospedar aplicações, funcionando de forma independente ou junto a estações base e funções de rede.

Essa integração permite que dados de IA (NET4AI) sejam tratados como fluxos de qualidade de serviço (QoS) distintos, com roteamento e agendamento em tempo real para garantir desempenho ideal.

 

Do Pipeline de Dados ao Gerenciamento de Ciclo de Vida

O 6G propõe uma mudança de paradigma: sair do modelo de simples transmissão de dados para um gerenciamento completo do ciclo de vida dos dados (DLM). Isso inclui:

  • Privacidade e Segurança: Criptografia, aprendizado federado e controle de acesso para proteger dados sensíveis.
  • Coleta Inteligente: Evita duplicidade e reutiliza dados já disponíveis.
  • Transmissão Eficiente: Protocolos flexíveis para grandes volumes de dados.
  • Processamento Colaborativo: Dispositivos, rede de acesso e núcleo trabalham juntos para extrair conhecimento.
  • Gestão de Qualidade: Precisão, completude e validade dos dados são garantidas.
  • Consumo de Dados: Informações são disponibilizadas para funções de rede, dispositivos e aplicações.

 

QoS Multidimensional: Comunicação e IA em Harmonia

O novo modelo de QoS do 6G considera tanto os requisitos de comunicação quanto os de IA. Para IA, são definidos parâmetros como:

  • Tipo de recurso computacional (ex: taxa garantida de computação)
  • Prioridade
  • Atraso máximo
  • Taxa de falhas

 

Esses parâmetros são aplicados a tarefas de IA e mapeados para fluxos de QoS. Testes práticos tem ajudado a validar esses requisitos com base na experiência real do usuário — e não apenas em capacidades teóricas.

A integração dos identificadores de QoS de comunicação (CommQoSI) e computação (CQoSI) em um único identificador 6QI permite o agendamento conjunto de recursos, garantindo desempenho fim a fim para serviços de IA.

 

Coordenação em Tempo Real: A Orquestra do 6G

O processo começa com a solicitação de sessão por parte do dispositivo, indicando que se trata de um serviço de IA. A rede então seleciona os nós de IA e configura os parâmetros de QoS. Pacotes são classificados, mapeados e agendados conforme os requisitos. Se os parâmetros não forem atendidos, a rede ajusta os recursos em tempo real — tudo para manter a qualidade da experiência.

 

O 6G Como Plataforma de Inteligência

O 6G não é apenas uma rede mais rápida. É uma plataforma inteligente, capaz de entender, processar e agir com base em dados em tempo real. Ao integrar IA de forma nativa, ele transforma a rede em um ambiente dinâmico, adaptável e centrado na experiência do usuário.

Como disse Alan Turing, “podemos ver apenas uma curta distância à frente, mas há muito a ser feito”. O 6G é a resposta a esse chamado — e o futuro da IA começa agora.

 



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 
22
ago-25

“Quando o ambiente deixa de ser cenário e passa a ser ator, a conectividade deixa de ser invisível — e se torna parte viva.”

Alberto Boaventura


No futuro, prédios, postes e até paredes poderão agir como extensões programáveis da rede. As RIS — passivas, ativas ou híbridas — são superfícies inteligentes que refletem, redirecionam e até amplificam ondas em mmWave (millimeter wave) e THz (Terahertz), criando caminhos virtuais e estendendo a cobertura.

Com elas, o 6G poderá dobrar taxas em multicell networks, reduzir atrasos em MEC (Mobile Edge Computing), estender o alcance de dispositivos IoT (Internet of Things) e reforçar a segurança em PLS (Physical Layer Security).

Mais do que eficiência espectral, trata-se de reprogramar o espaço físico: transformar cidades inteiras em ecossistemas reflexivos, sustentáveis e inteligentes.

Os desafios? Encontrar formas de posicionar as superfícies de maneira eficiente, lidar com mobilidade de usuários, reduzir custos de implantação e usar AI (Artificial Intelligence) para ajustar a rede em tempo real.

No 6G, cada superfície poderá ser elo da rede — um tecido vivo de conectividade, energia e inteligência.

 


 

Reconfigurable Intelligent Surfaces: a pele do 6G

As RIS (Reconfigurable Intelligent Surfaces) podem ser vistas como a “pele inteligente” das redes do futuro. Assim como a pele humana percebe, responde e se adapta ao ambiente externo, as RIS transformam o espaço físico em parte ativa da rede, refletindo, redirecionando e até amplificando sinais de rádio conforme a necessidade.

No 6G, essa “pele” permitirá que fachadas de prédios, paredes internas, postes de iluminação ou até mobiliário urbano deixem de ser obstáculos e passem a agir como extensões programáveis da infraestrutura de comunicação. Ao operar em tempo real, as RIS moldam a propagação das ondas em mmWave (millimeter wave) e THz (Terahertz), criando caminhos virtuais de visada (LoS – Line of Sight), compensando perdas de propagação e estendendo a cobertura sem a necessidade de densificação massiva de antenas.

Essa capacidade inaugura um novo paradigma: redes que não apenas usam o espaço, mas que incorporam o espaço como parte orgânica de sua arquitetura.

 

O que está em jogo

As RIS surgem em três formas: passivas, refletindo sinais com consumo mínimo de energia; ativas, incorporando amplificação para superar perdas drásticas; e híbridas, combinando os dois mundos para equilibrar desempenho e eficiência. Graças a programmable metamaterials, cada elemento pode ajustar fase e amplitude em tempo real, permitindo que o ambiente se torne parte do sistema de comunicações.

Essa capacidade abre um leque de aplicações que vão além da teoria:

  • Dobrar a soma de taxas em multicell networks ao reduzir interferência.
  • Estender o alcance de dispositivos IoT (Internet of Things) de energia ultra-baixa.
  • Reduzir a latência em MEC (Mobile Edge Computing).
  • Fortalecer a PLS (Physical Layer Security) contra eavesdroppers sem criptografia complexa.
  • Alinhar canais de usuários em NOMA (Non-Orthogonal Multiple Access), melhorar transmissões multicast e viabilizar CR (Cognitive Radio) em espectros compartilhados.

 

Por que isso é um ponto de inflexão

O impacto das RIS vai além da eficiência espectral: trata-se de reprogramar o ambiente físico. Em vez de erguer apenas mais antenas ativas — caras e intensivas em energia —, o 6G poderá transformar cidades inteiras em ecossistemas reflexivos, capazes de adaptar o espaço urbano à conectividade. Mais do que tecnologia, as RIS são um caminho para redes sustentáveis, inteligentes e economicamente viáveis.

 

Os desafios à frente

Mas essa visão traz obstáculos:

  • CSI (Channel State Information) em cascata com milhares de elementos sem overhead inviável.
  • Projetos robustos frente a imperfect CSI e limitações de hardware como phase quantization.
  • Distributed algorithms para evitar sobrecarga de controle centralizado.
  • Operação em FDD (Frequency Division Duplex) e integração com THz (Terahertz) communications.
  • Gestão da mobilidade de usuários em movimento sem pilot signals próprios.
  • Estratégias de implantação centralized vs. distributed deployment.
  • Otimização com AI (Artificial Intelligence), para configurar superfícies em tempo real.

 

Conclusão: Do espaço físico ao ecossistema vivo

As RIS (Reconfigurable Intelligent Surfaces) marcam a transição de uma rede que se limita a se adaptar ao ambiente para uma rede que transforma o próprio ambiente em parte de sua infraestrutura. Isso significa que cada parede, fachada ou objeto urbano pode deixar de ser uma barreira aleatória e se tornar um elo inteligente, programável e integrado ao tecido comunicacional.

No 6G, essa visão redefine o conceito de conectividade: não falamos apenas de estação-base, enlaces e espectro, mas de um ecossistema vivo, em que superfícies físicas funcionam como nervos e sinapses de uma rede distribuída. Além de ganhos técnicos (maior cobertura, menores atrasos, eficiência energética), essa abordagem tem implicações econômicas, ambientais e até civilizacionais: redes mais verdes, cidades mais inteligentes e uma infraestrutura que coevolui com as necessidades humanas.

As RIS, sejam passivas, ativas ou híbridas, são mais do que uma solução de engenharia — são o passo para uma arquitetura regenerativa de comunicações, capaz de refletir, amplificar e aprender continuamente. Ao transformar o espaço físico em plataforma de conectividade, o 6G deixará de ser apenas uma rede mais rápida e se tornará um organismo inteligente, sustentável e adaptativo.

O próximo salto não é apenas tecnológico. É ambiental, estratégico e civilizacional.

 



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 
15
ago-25

“Nas encruzilhadas do futuro, não é apenas a história que se escreve — é o próprio homem que se reinventa”

Alberto Boaventura


Quantumverse 2030 – Transcendence: O 6G na Era da Convergência Extrema

O mundo está prestes a testemunhar a fusão de forças tecnológicas que até ontem viviam separadas — inteligência artificial capaz de sentir, computação quântica, biotecnologia, novas energias e materiais. No centro dessa convergência, o 6G emerge como a rede viva que costurará todas essas revoluções, transformando não apenas a forma como nos conectamos, mas a própria lógica de como criamos, inovamos e existimos.

O Quantumverse 2030 – Transcendence, liderado pela Mobile Future Forward, é uma iniciativa que une CEOs, tecnólogos e formuladores de políticas para antecipar e moldar essa nova era. Seu propósito é criar um fórum estratégico onde a inovação deixa de ser apenas conceito e se torna ação, abordando o porquê algumas tecnologias prosperam enquanto outras desaparecem. A iniciativa conta com o apoio de uma rede global de peso — de operadoras como T-Mobile, AT&T e Verizon a líderes tecnológicos como Nvidia, Cisco, Microsoft, Ericsson e Nokia — reforçando que o futuro não será obra isolada, mas resultado da colaboração entre os principais atores da indústria global.

 


 

O que está em discussão

O mundo se aproxima de uma transformação sem precedentes, impulsionada pela convergência de tecnologias capazes de redefinir o potencial humano, a estrutura econômica e o equilíbrio do poder tecnológico global. Estamos falando de inteligência artificial sentiente, computação quântica, biologia sintética, química computacional, conectividade avançada, energia de fusão, interfaces cérebro-computador e novas ciências de materiais — cada uma poderosa por si só, mas exponencialmente mais transformadoras quando atuam em conjunto.

Essa integração cria um efeito multiplicador: avanços em uma área aceleram e ampliam os resultados das demais, estabelecendo um ciclo contínuo de inovação e disrupção. O impacto não será apenas técnico, mas estrutural — setores inteiros serão repensados sobre plataformas inteligentes, autônomas e adaptativas, capazes de evoluir junto com as necessidades humanas e com o ambiente em que operam.

O 6G está no centro dessa visão. Ele não será apenas a próxima geração de redes, mas a infraestrutura estratégica que interligará essas tecnologias emergentes, garantindo que possam operar em tempo real, de forma integrada e inteligente. Mais do que velocidade, o 6G trará sensoriamento global, processamento distribuído e arquiteturas regenerativas, criando ecossistemas digitais vivos.

Este debate, assim como outros que acontecem nos demais fóruns estratégicos da indústria, não trata de tendências passageiras, mas de como moldar a arquitetura de um futuro onde conectividade, inteligência e adaptação serão inseparáveis. Trata-se de entender não apenas o que vem pela frente, mas como governar, implementar e proteger essa nova ordem tecnológica.

 

O Papel do 6G

O 6G é o tecido nervoso que unirá estas tecnologias futuras: mais do que um salto de velocidade ou inteligência, ele será a espinha dorsal capaz de conectar, em tempo real, IA sentiente, computação quântica, biotecnologia, energia de fusão e demais inovações disruptivas listadas no Quantumverse 2030 – Transcendence.

No contexto desta discussão, o 6G surge não apenas como uma evolução da conectividade, mas como uma infraestrutura estratégica, tema central nos debates entre líderes globais. Ele será o catalisador capaz de transformar ideias visionárias em aplicações concretas, sustentando ecossistemas digitais autônomos e inteligentes.

Na prática, isso significa:

  • Redes capazes de perceber e reagir ao ambiente como sistemas vivos, antecipando necessidades e adaptando-se de forma autônoma.
  • Sensoriamento global e integrado (ISAC), formando um verdadeiro “sistema nervoso planetário” para monitoramento, controle e resposta em tempo real.
  • Processamento quântico distribuído, resolvendo problemas que o silício clássico não pode sequer modelar.
  • Arquiteturas regenerativas inspiradas na biologia, capazes de se auto-reparar, aprender e evoluir continuamente.
  • Interfaces naturais entre humanos e a rede, mediadas por intenção e contexto, eliminando barreiras entre pensamento e ação.

Nesta discussão, o 6G não será apenas um meio técnico, mas um agente de convergência — a ponte entre setores, indústrias e nações. Ao integrar capacidades de sensoriamento, comunicação e processamento de maneira orgânica, ele permitirá que o ciclo de inovação seja mais rápido, seguro e inclusivo, alinhado com a visão compartilhada pelos participantes da cúpula.

 

Por que isso é um ponto de inflexão

O termo Transcendence Era, muito bem cunhado pelo evento, não é apenas retórico — ele define um ciclo de transformação “uma vez por geração”, que vai remodelar profundamente o PIB global, a geopolítica da tecnologia e até o conceito de progresso humano. É a diferença entre simplesmente “usar” tecnologia e viver em um ecossistema que coevolui conosco.

 

Os desafios à frente

Com redes e sistemas capazes de evoluir sozinhos, surgem novas perguntas:

  • Como governar tecnologias que reconfiguram suas próprias regras?
  • Como manter transparência em decisões tomadas por IA sentiente?
  • Como proteger contra ameaças inéditas e imprevisíveis?
  • Como garantir que os valores humanos permaneçam no centro desse ecossistema?

 

Conclusão: Do Digital ao Civilizacional

Quantumverse 2030 – Transcendence não é apenas um importante marco na agenda de eventos. Pode ser um nome de um movimento que anuncia a maior convergência tecnológica já vista. O 6G será o elo que entrelaça essas forças, transformando redes em organismos vivos e quânticos, e colocando a humanidade diante de uma nova paisagem civilizacional.

O próximo salto não é apenas tecnológico. É existencial.

 

Referências:
[1] https://www.rcrwireless.com/20250811/reader-forum/quantumverse-2030
[2] https://www.mobilefutureforward.com/



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
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· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 
08
ago-25

“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia”

Wilson Cardoso


À medida que o mundo se prepara para a chegada do 6G, uma nova arquitetura de rede começa a ganhar destaque: a Distributed Intelligent Computing Network (DICN), ou Rede de Computação Inteligente Distribuída. Essa estrutura promete transformar radicalmente a forma como processamos dados, tomamos decisões e interagimos com sistemas inteligentes, através de uma mudança de paradigma no próprio modelo de internet, migrando de um fluxo centralizado de dados para uma malha cognitiva onde cada nó atua como processador e decisor autônomo.

Por que o 6G exige mais?

O 6G não será apenas uma evolução do 5G — será uma revolução. As exigências de desempenho serão muito mais rigorosas em termos de:

  • Taxa de dados
  • Latência
  • Eficiência espectral
  • Confiabilidade
  • Segurança
  • Consumo de energia

Esses requisitos não afetam apenas a velocidade da conexão, mas também a arquitetura de processamento. Em vez de depender dos dispositivos finais para processar dados, o 6G aposta em sistemas distribuídos que operam por meio da rede, com inteligência espalhada por diversos pontos.

Importante que isso cria um ecossistema em que o processamento e a decisão acontecem “no caminho” dos dados, eliminando gargalos críticos e viabilizando aplicações que hoje são inviáveis, como realidade estendida persistente e controle remoto ultra-preciso de robôs.

 

Inteligência Artificial em Todos os Nós

A grande sacada do DICN é permitir que a IA seja treinada e executada em todos os nós da rede — desde dispositivos na borda (edge) até servidores em nuvem. Isso significa que os dados não precisam ser enviados para um centro centralizado para serem processados. Em vez disso, os dispositivos aprendem localmente, preservando a privacidade e reduzindo a latência.

Esse modelo também facilita a criação de “inteligências contextuais” — modelos ajustados a cada local, aplicação ou comunidade — aumentando a relevância e a precisão das respostas.

 

As Três Infraestruturas-Chave do DICN

O DICN se apoia em três pilares principais:

  • Infraestrutura
  • Função Principal
  • Mobile Edge Computing (MEC)

Processamento na borda da rede, reduzindo o tráfego no núcleo e acelerando respostas.

  • Fog Computing

Nós intermediários entre dispositivos e nuvem, oferecendo armazenamento, segurança e escalabilidade.

  • FemtoCloud

Clusters controlados que executam tarefas com menor dependência da infraestrutura central.

Essas tecnologias trabalham juntas para criar uma rede mais eficiente, segura e escalável. A sinergia entre esses pilares cria uma “teia” resiliente, capaz de se reconfigurar diante de falhas ou picos de demanda, mantendo a continuidade do serviço.

 

Aplicações em Redes Veiculares e Além

Um dos exemplos mais promissores do DICN é sua aplicação em redes veiculares. A integração de fog computing com redes definidas por software permite que veículos se comuniquem e processem dados em tempo real, mesmo em ambientes congestionados. Isso melhora a segurança, a eficiência e a experiência do usuário.

Em cenários mais amplos, o mesmo princípio pode ser aplicado a cidades inteligentes, sistemas de saúde conectados e redes industriais autônomas, criando um tecido digital de decisões instantâneas.

 

Técnicas Avançadas de Processamento

Pesquisas recentes exploram diversas abordagens para otimizar o DICN:

  • MapReduce distribuído para lidar com grandes volumes de dados
  • Códigos distribuídos para reduzir erros em redes Wi-Fi e celulares
  • Aprendizado por reforço multiagente para alocar recursos de forma adaptativa
  • Particionamento elástico de redes neurais para melhorar a eficiência computacional

Além disso, técnicas como aprendizado federado e destilação de conhecimento ajudam a treinar modelos de IA sem compartilhar dados brutos, preservando a privacidade dos usuários.

Essas técnicas, quando combinadas, permitem que a rede aprenda e se otimize continuamente, transformando cada nó em parte de um “cérebro coletivo” global.

 

Desafios em Aberto

Apesar dos avanços, o DICN ainda enfrenta obstáculos:

  • Comunicação sem fio incerta
  • Recursos computacionais limitados
  • Interferência dinâmica nos canais
  • Alocação eficiente de tarefas

Pesquisadores estão explorando soluções como jogos estocásticos, algoritmos de aprendizado sem arrependimento e estratégias de otimização para superar essas barreiras. A superação desses desafios será o ponto de virada para habilitar aplicações críticas como controle de infraestrutura energética, logística autônoma e redes de resposta a emergências.

 

Conclusão

O titulo de hoje, inspirado em uma frase de Artur C. Clarke, captura bem o impacto transformador do 6G e do DICN — tecnologias que prometem redefinir os limites do que consideramos possível, tornando o invisível visível e o inalcançável acessível. Ela também transmite o fascínio e o mistério que envolvem inovações tão profundas quanto a inteligência artificial distribuída e o processamento em tempo real em redes globais.

O 6G não será apenas mais rápido — será mais inteligente. Com o DICN, entramos em uma era onde a inteligência está distribuída por toda a rede, tornando nossos sistemas mais responsivos, seguros e eficientes. A computação deixa de ser centralizada e passa a ser colaborativa, adaptativa e profundamente integrada ao nosso cotidiano.

O verdadeiro diferencial do 6G não estará apenas na velocidade ou latência, mas na capacidade de transformar a rede em um agente ativo e inteligente, capaz de compreender, prever e agir em tempo real.

Prepare-se: o futuro da conectividade será mais inteligente do que nunca

 



 

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01
ago-25

“Quem planta ideias, colhe futuros”

Wilson Cardoso


A medida que o mundo se prepara para a chegada da sexta geração de redes móveis (6G), duas tecnologias emergem como pilares fundamentais dessa transformação: os Gêmeos Digitais (Digital Twins – DTs) e a Inteligência Artificial (IA). Juntas, elas prometem redefinir a forma como sistemas de comunicação são projetados, operados e otimizados.

A combinação de uso de tecnologias como gêmeo digital e IA viabiliza simulações avançadas no planejamento e projeto de redes, além de permitir operação inteligente com ajustes dinâmicos, otimização contínua e manutenção preditiva e , elevando a eficiência e reduzindo riscos operacionais.

 

Gêmeos Digitais: Réplicas Virtuais em Tempo Real

Os gêmeos digitais são representações virtuais de objetos físicos, sistemas ou processos. Mais do que simples modelos estáticos, eles capturam comportamentos dinâmicos e interações em tempo real, permitindo simulações precisas e monitoramento contínuo. No contexto do 6G, os DTs serão essenciais para representar e prever o funcionamento de redes complexas, desde canais de comunicação até veículos autônomos e drones.

Além disso, o conceito de gêmeo digital de canal surge como elemento-chave para antecipar o comportamento do ambiente radioelétrico, viabilizando o ajuste dinâmico de parâmetros como potência, largura de banda e posicionamento de antenas em arquiteturas como MIMO massivo e redes integradas terrestres e não-terrestres (NTN)

 

Inteligência Artificial: A Mente por Trás da Rede

A IA complementa os DTs ao fornecer capacidades analíticas avançadas e tomada de decisão automatizada. Com algoritmos de aprendizado profundo e redes neurais, os sistemas de comunicação poderão se auto-configurar, auto-otimizar e até auto-recuperar diante de falhas, criando uma rede verdadeiramente inteligente e resiliente.

Na visão de relatórios recentes de diversos fornecedores, 3GPP, GSMA, e mesmo do 6G na Sexta, o 6G será "AI-native", com inteligência distribuída desde a camada física até a orquestração de serviços, suportando latências da ordem de microssegundos e serviços como comunicações holográficas e internet dos sentidos.

 

A Sinergia entre DTs e IA no 6G

A integração dessas tecnologias cria um ambiente de rede dinâmico e altamente inteligente, onde objetos físicos e virtuais interagem de forma fluida. Essa fusão permitirá:

  • Otimização em tempo real de recursos e desempenho;
  • Automação de decisões e resolução de problemas;
  • Criação de novos serviços e casos de uso inovadores;
  • Melhoria na gestão de redes e redução de falhas operacionais.

Essa sinergia também amplia o escopo de casos de uso como redes adaptativas para veículos autônomos, aplicações industriais críticas de baixa latência e ambientes imersivos que combinam realidade aumentada e sensores táteis, alinhando-se às perspectivas de comunicação integrada e sensoriamento (JCAS/ISAC), onde comunicação e sensoriamento trabalham de forma convergente para suportar cenários inteligentes e contextuais.

 

Pesquisas de Ponta: O Estado da Arte

Este avanço tecnológico é explorado em profundidade em uma série de estudos que resumimos nos próximos pontos. Destacam-se:

  1. Desafios e oportunidades da integração DT-6G, como sincronização em tempo real e controle em loop fechado.
  2. Introduz do conceito de canal digital gêmeo, com aplicações em comunicação imersiva e conectividade ubíqua.
  3. Rede de intenção passiva e ativa para veículos autônomos, melhorando a segurança em cenários críticos.
  4. Arquitetura cooperativa para Digital Twins em drones, com foco em rastreamento de múltiplos alvos.
  5. Alocação de recursos em redes não-terrestres usando Digital Twins

 

Conclusão

A convergência entre gêmeos digitais e inteligência artificial representa um salto qualitativo na evolução das redes móveis. Com o 6G, não estamos apenas conectando dispositivos — estamos criando uma rede que pensa, aprende e se adapta e não simplesmente uma rede que nos trás mobilidade.

Mais do que uma evolução incremental, trata-se de um ecossistema que alia conectividade ubíqua, inteligência distribuída e representações virtuais em tempo real, preparando o terreno para aplicações que transcendem a comunicação tradicional e posicionam o 6G como a espinha dorsal de uma sociedade hiperconectada, sensível e cognitiva.Quem planta ideias como os gêmeos digitais, a inteligência artificial e a integração entre comunicação e sensoriamento (JCAS/ISAC) no presente, colhe um futuro onde redes, pessoas e máquinas coexistem em um fluxo contínuo de aprendizado e inovação — um futuro onde tecnologia e imaginação caminham juntas para transformar possibilidades em realidade.

 



 

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25
jul-25

“O futuro não é previsto — é construído por quem se antecipa.”

Wilson Cardoso


O 6G ainda nem chegou, mas o mundo já está correndo como se fosse a final da Fórmula 1 da conectividade.

Laboratórios fervendo, alianças sendo formadas, bilhões sendo investidos — tudo isso para definir como (e com quem) a próxima geração vai nascer.

E spoiler: não é só sobre velocidade. É sobre redes que pensam, sentem e se adaptam. IA nativa, sensores por toda parte, satélites no circuito — e até gêmeos digitais da cidade.

O futuro está sendo prototipado agora. E quem chega primeiro não ganha só a medalha: ganha a chance de redesenhar como vivemos, nos conectamos e evoluímos.

O 6G está em gestação. E você já pode acompanhar cada batida do seu coração tecnológico.

 

A Gestação Global do 6G: Quem vai liderar o futuro das redes?

O 6G está sendo gestado em um cenário de intensa mobilização global. Países como China, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e União Europeia estão na linha de frente, investindo bilhões para liderar a próxima geração da conectividade.

Essa corrida vai muito além da busca por maior velocidade. O 6G deverá integrar, de forma nativa, inteligência artificial, capacidades avançadas de sensoriamento e redes não-terrestres (NTN), ampliando a cobertura para o céu e o espaço.

Embora ainda não exista comercialmente, a fase de pesquisa e desenvolvimento está a todo vapor, com laboratórios, universidades e alianças industriais projetando casos de uso, novas arquiteturas e componentes fundamentais.

A expectativa é que as primeiras especificações técnicas estejam prontas até 2028, com implantações comerciais iniciando em 2030.

Nesse processo, cada nação tenta garantir que suas soluções técnicas, patentes e modelos regulatórios influenciem o padrão global — o IMT-2030.

É uma corrida por liderança, mas também por soberania digital e competitividade econômica.

A tensão entre cooperação e competição define esse momento. De um lado, a necessidade de padronização e interoperabilidade. De outro, o desejo de cada país de moldar o 6G segundo seus próprios interesses.

O resultado será uma rede cognitiva, sensível e distribuída — capaz de transformar a forma como vivemos, trabalhamos e nos conectamos.

 

Liderança Global e Estratégias para o 6G

A corrida pelo 6G tornou-se estratégica, com China, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e União Europeia investindo pesado para liderar o novo ciclo tecnológico. Cada um aposta em seus diferenciais — como coordenação estatal, cronogramas ousados, alianças industriais e foco em sustentabilidade — para influenciar os padrões do IMT-2030. Mais do que velocidade, o 6G é visto como vetor de soberania digital, inovação econômica e segurança. Ao mesmo tempo, ganha força como resposta a desafios sociais, da inclusão digital à transformação dos serviços públicos. Diante do crescimento exponencial do tráfego e da demanda por experiências imersivas, o 6G desponta como infraestrutura crítica para um futuro autônomo, inteligente e conectado.

China: Adotando uma estratégia nacional integrada desde 2019, a China lidera em patentes 6G e já lançou satélite experimental. Empresas como Huawei e ZTE impulsionam temas como IA nativa, sensing e comunicação em Terahertz. A meta é iniciar pilotos em larga escala até 2025 e comercializar o 6G em 2030.

Japão: Com forte apoio governamental, o Japão cofinancia com os EUA projetos para liderar o 6G. Foca no desenvolvimento de microchips de alta frequência, redes baseadas em fibra e neutralidade de carbono, com destaque para o XGMF e a operadora NTT Docomo.

Coreia do Sul: Pretende lançar serviços 6G já em 2028, com apoio de Samsung e LG em pesquisas sobre IA nativa, redes eficientes e bandas entre 7 e 24 GHz. O país investe em transmissão óptica de alta capacidade e plataformas PoC para experiências imersivas.

Índia: Através da Bharat 6G Mission, a Índia busca se tornar fornecedora global de tecnologias avançadas. Promove conectividade acessível, IA/ML integrada e foco em áreas rurais. Firmou parcerias com Europa, EUA e Finlândia para influenciar os padrões globais.

Estados Unidos: Lideram com iniciativas como a Next G Alliance e o CHIPS Act, combinando esforços governamentais e privados. Foco em redes abertas, segurança, espectro dinâmico e integração de IA. O NIST e a NVIDIA apoiam P&D com laboratórios e ferramentas digitais.

Canadá: Está em transição da pesquisa em 5G para o programa ENCQOR+, dedicado ao 6G. O país demonstra compromisso emergente em participar da próxima geração de redes, com foco em inovação e colaboração público-privada.

União Europeia: Com a iniciativa SNS JU e projetos como o Hexa-X, a Europa aposta em redes sustentáveis, seguras e inclusivas. Os investimentos ultrapassam €1,8 bilhão, com forte participação de empresas como Nokia e Ericsson. A meta é liderar a padronização e entrega até 2030.

Finlândia: Sediando o programa 6G Flagship, a Universidade de Oulu lidera pesquisas em Terahertz, IA distribuída e serviços centrados no humano. A infraestrutura de testes inclui redes SDR e câmaras anecóicas para medir propagação com precisão.

Alemanha e Reino Unido: A Alemanha investe €700 milhões em hubs de pesquisa, com destaque para o projeto 6G-ANNA. O Reino Unido, por sua vez, lançou sua estratégia 6G com £100 milhões e estabeleceu o 6G Innovation Centre, mirando protagonismo global na próxima geração.

 

Padronizar, Harmonizar, Cooperar: Os Fundamentos do 6G

Desde sua origem, o 6G é um projeto global que se apoia em três pilares fundamentais: padronização, harmonização e cooperação internacional. Mais do que avanços tecnológicos isolados, sua concretização depende do alinhamento entre governos, indústria, academia e instituições multilaterais. Para que a nova geração funcione de forma universal, será necessário padronizar arquiteturas de rede, harmonizar o uso do espectro e garantir a interoperabilidade entre diferentes ecossistemas.

A ITU, por meio da iniciativa IMT-2030, estabelece os critérios mínimos e a estrutura regulatória que as tecnologias candidatas ao 6G devem cumprir. Em paralelo, o 3GPP lidera o desenvolvimento técnico das especificações, com entregas previstas até 2028 e congelamento de código em 2029 — etapa decisiva para viabilizar o lançamento comercial global do 6G a partir de 2030.

Nesse esforço coletivo, alianças como a Next G Alliance (EUA), a 6G-IA (Europa), o XG Mobile Forum (Japão) e a Bharat 6G Alliance (Índia) firmaram Memorandos de Entendimento para alinhar agendas de pesquisa, influenciar padrões e explorar aplicações comuns. Projetos como Hexa-X e 6G-PATH reforçam a colaboração transatlântica, enquanto a NTIA, dos EUA, também participa de coalizões multilaterais com Japão e Austrália, promovendo alinhamento regulatório e técnico.

Outro eixo essencial para a harmonização é o espectro. O 6G exigirá uma abordagem multibanda: as frequências Sub-6 GHz garantirão cobertura ampla; as bandas médias (7–24 GHz) equilibrarão alcance e capacidade; e as faixas milimétricas e terahertz viabilizarão velocidades ultraelevadas, latência mínima e aplicações sensoriais imersivas. No entanto, operar nessas frequências traz desafios técnicos como atenuação de sinal, baixa penetração e absorção atmosférica.

Para enfrentar essas limitações, a indústria pesquisa novos materiais, beamforming avançado e redes inteligentes e contextuais, que serão fundamentais para manter o desempenho e a confiabilidade. A WRC-27, sob coordenação da ITU, será um marco decisivo, discutindo a atribuição de faixas prioritárias para o IMT-2030 — como 7125–8400 MHz e 14.8–15.35 GHz — além de abordar a conectividade direta via satélite (D2D).

Harmonizar essas faixas e diretrizes é crucial para evitar fragmentação, reduzir custos de implementação e garantir economia de escala. Ao mesmo tempo, os fóruns de padronização tornaram-se espaços estratégicos, onde países e empresas disputam influência para incorporar suas tecnologias no núcleo do padrão global.

Por fim, o sucesso do 6G dependerá de nossa capacidade de cooperar globalmente, de forma coordenada e pragmática. A padronização, a harmonização do espectro e a construção de consensos internacionais serão os verdadeiros fundamentos de uma rede que aspire a ser inteligente, sensível, universal — e, acima de tudo, compartilhada.

 

Conclusão: Conectividade que Une — e Transforma

O 6G nasce da tensão criativa entre competição tecnológica e colaboração internacional. Países e empresas disputam protagonismo, impulsionados por ambições econômicas, soberania digital e metas de inovação. Mas o sucesso dessa nova geração dependerá da nossa capacidade de harmonizar visões, padronizar tecnologias e cooperar globalmente. A rede do futuro será inteligente, sensível e distribuída, integrando IA, gêmeos digitais e comunicações imersivas. Mais do que conectar, o 6G precisa incluir, adaptar e transformar. Seu verdadeiro legado será medido não apenas pela performance, mas pelo progresso coletivo que for capaz de gerar.

 



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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18
jul-25

“A inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança.” – Stephen Hawking

Alberto Boaventura


O 6G nasce sob o signo da adaptação — e com ele, nasce uma nova forma de pensar a rede. Mais do que velocidade ou latência ultrabaixa, o 6G inaugura uma era em que a rede observa, compreende e reage. Ele será capaz de aprender com o tráfego e com o ambiente, ajustar recursos de forma autônoma, e evoluir continuamente à medida que novas demandas e aplicações surgirem.

Essa transformação não acontece apenas na camada de rádio, mas em toda a infraestrutura:

  • A IA passa a ser parte nativa da arquitetura, atuando desde o planejamento do espectro até a tomada de decisão no plano de controle;
  • A automação ganha um novo patamar com os chamados intent-based services, em que a rede entende o que precisa ser entregue, sem que seja necessário dizer como;
  • E os sistemas de suporte — OSS/BSS — deixam de ser bastidores estáticos e se tornam plataformas abertas, ágeis e orquestráveis, prontos para operar em tempo real e integrar-se ao ecossistema digital.

Neste post, exploramos como iniciativas como TM Forum ODA, ETSI ZSM, MEF LSO, CAMARA e GSMA Open Gateway estão pavimentando esse caminho, preparando o terreno para uma nova geração de redes — cognitivas, sensíveis ao contexto e comercialmente programáveis.

 


 

Redes que Aprendem: IA, Intenção e OSS/BSS no 6G

Imagine uma rede que antecipa congestionamentos antes que ocorram. Que entende o comportamento dos usuários e ajusta células, feixes e até funções lógicas em milissegundos. No 6G, a IA não estará apenas no plano de serviço — ela estará no coração da arquitetura, coordenando espectro, topologia, slicing e até intenções de negócios declaradas por APIs.

 

IA em ação: do espectro ao serviço

A inteligência integrada permitirá:

  • Planejamento dinâmico do espectro com base em uso real;
  • Beamforming adaptativo e reconfiguração de enlaces em tempo real;
  • Instanciação sob demanda de slices e funções (como roteamento, segurança, caching);
  • Execução de intent-based services, onde a rede entende comandos como "priorizar vídeo imersivo nesta área" e ajusta-se automaticamente.

 

Modelos distribuídos e agentes autônomos

Com aprendizado federado e modelos na borda, o 6G aprende com o ambiente, respeita a privacidade e responde com mínima latência. Agentes locais tomam decisões baseadas em contexto, enquanto uma IA global mantém coerência sistêmica. A inteligência se distribui — mas coopera.

 

OSS/BSS: de bastidor à arquitetura estratégica

Para que tudo isso funcione, é preciso reinventar o que está por trás da rede. O 3GPP não padroniza sistemas OSS/BSS — e é aí que surgem iniciativas fundamentais:

  • TM Forum ODA: arquitetura modular, baseada em componentes e APIs abertas;
  • NeuroNOC: automação operacional com IA e redes auto-curativas;
  • GSMA Open Gateway + CAMARA: padronização e comercialização de APIs de rede para desenvolvedores;
  • ETSI ZSM: arquitetura de automação fim a fim para redes autônomas, com foco em slicing, serviços interdomínio e ciclos fechados com IA;
  • MEF LSO: automação do ciclo de vida de serviços entre múltiplos provedores, com APIs como LSO Sonata e Legato para cotações, pedidos e gerenciamento de falhas e desempenho.

Essas iniciativas formam uma camada de inteligência operacional e comercial, indispensável para redes realmente autônomas, abertas e interoperáveis.

 

Da rede que conecta à rede que entende

No 6G, a conectividade será inteligente, sensível e negociável. A rede:

  • Sente o ambiente físico via sensoriamento embutido;
  • Entende as intenções dos usuários e serviços;
  • Executa ajustes em espectro, funções e experiência com autonomia e precisão.

 

Desafios estratégicos à frente

  • Como alinhar APIs abertas com realidades legadas e heterogêneas?
  • Como garantir explicabilidade e governança em decisões algorítmicas distribuídas?
  • Como integrar OSS/BSS, orquestração e exposição de serviços em um ecossistema federado e interoperável?

 

Conclusão — A rede que sente, entende e entrega

No 6G, a rede não apenas conecta. Ela interpreta intenções, adapta recursos e entrega experiências. Com IA, automação e OSS/BSS nativamente evoluídos, a conectividade vira plataforma sensível de inovação. E isso muda tudo.

 



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 
11
jul-25

“O inesperado é frequentemente a verdade” – Heraclito

Wilson Cardoso


O futuro das telecomunicações está sendo moldado agora — e o 6G, sucessor do 5G, começa a ganhar contornos mais definidos. Nas últimas duas semanas, uma série de eventos e decisões estratégicas marcaram o início da corrida global pela próxima geração de conectividade e traz um pouco de reflexação Neste artigo, você confere os principais destaques e debates que estão movimentando o setor.

 

Primeiros Passos Oficiais: Reuniões do 3GPP em Praga

Durante as reuniões do grupo técnico 3GPP em Praga, foram iniciados os primeiros estudos formais para a padronização do 6G. A proposta é ambiciosa: criar uma rede mais inteligente, eficiente e universal.

Entre os principais objetivos estão:

  • Redes nativas em IA: A inteligência artificial será parte integrante da infraestrutura, otimizando operações e decisões em tempo real.
  • Design modular: Flexibilidade para atender desde dispositivos vestíveis até aplicações industriais complexas.
  • Compartilhamento de espectro: Tecnologias que permitem o uso simultâneo de frequências entre 5G e 6G, reduzindo interferências.
  • Sustentabilidade: Menor consumo energético e impacto ambiental.
  • Cobertura global: Integração com redes via satélite para alcançar áreas remotas.

Esses estudos devem gerar relatórios técnicos até o primeiro trimestre de 2027, com a expectativa de que o Release 21, que definirá as especificações finais, seja concluído até 2029. O lançamento comercial do 6G está previsto para 2030.

 

Visão Estratégica: Lições do Workshop em Incheon

Embora realizado em março, o Workshop 6G do 3GPP em Incheon, Coreia, continua influenciando as decisões atuais. Com mais de 600 participantes e 243 documentos submetidos, o evento definiu os pilares do 6G:

  • Realidade estendida (XR) e experiências imersivas.
  • Sensoriamento integrado (ISAC), que transforma dispositivos em sensores inteligentes.
  • Serviços baseados em IA, com redes que aprendem e se adaptam.

O consenso é claro: o 6G precisa superar os desafios do 5G, como a complexidade excessiva e a adoção lenta. A nova geração deve ser mais simples, eficiente e centrada no usuário.

 

Debates Quentes na Indústria

Nem tudo são flores. A chegada do 6G também levanta questões delicadas:

  1. Core Network: Evoluir ou Reinventar? Operadoras estão divididas sobre a necessidade de um núcleo dedicado para o 6G. Enquanto alguns defendem uma evolução do 5G standalone, outros argumentam que um novo core é essencial para atender às demandas futuras.
  2. Nova Interface Aérea A tecnologia de acesso rádio está em debate. Devemos manter o OFDM ou adotar alternativas como OTFS e SC-OFDM, que prometem maior eficiência sem exigir troca de hardware?
  3. ISAC: Sensoriamento Inteligente O conceito de Integrated Sensing and Communication (ISAC) pode revolucionar setores como transporte, indústria e defesa. Mas operadoras ainda questionam o retorno financeiro e os custos de infraestrutura.
  4. Geopolítica e Fragmentação Há receio de que o 6G siga caminhos diferentes em cada região. A China, por exemplo, pode desenvolver um ecossistema próprio, o que ameaça a interoperabilidade global e a padronização.

 

O Que Vem Pela Frente?

Com os estudos em andamento e os debates em alta, o 6G começa a sair do papel. A promessa é de uma rede mais inteligente, sustentável e universal — mas o caminho até lá será marcado por decisões técnicas, políticas e econômicas complexas.

 



 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
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04
jul-25

“A matéria é o espelho da nossa imaginação.” - Gaston Bachelard

Alberto Boaventura


Já mostramos que o 6G será inteligente, sensorial, adaptativo e vivo. Mas agora, é a própria matéria que começa a participar da rede. Nesta edição do 6G na Sexta, exploramos como os avanços em metamateriais e superfícies inteligentes reconfiguráveis (RIS) estão transformando o ambiente físico em infraestrutura ativa e programável, capaz de moldar, amplificar e até processar ondas eletromagnéticas em tempo real.

 


 

Feixes Inteligentes: Antenas que Sentem, Pensam e se Moldam

Imagine um mundo onde fachadas, janelas ou postes se tornam parte da rede. Não apenas refletem sinais — eles os controlam. Esse é o papel das metassuperfícies, estruturas ultrafinas compostas por elementos submilimétricos que interagem com ondas de rádio de forma precisa e customizável. Quando essas superfícies ganham controle eletrônico, elas se tornam RIS (Reconfigurable Intelligent Surface) — superfícies inteligentes reconfiguráveis.

As RIS operam como espelhos adaptativos, capazes de alterar a direção, fase e polarização de sinais em tempo real. Com isso, o ambiente físico deixa de ser um obstáculo e passa a ser um aliado ativo da conectividade.

 

O desafio que elas ajudam a superar

Em frequências milimétricas — fundamentais para o 6G — os sinais enfrentam perdas severas, bloqueios e cobertura fragmentada. As RIS surgem como uma alternativa de baixo consumo e custo viável para:

  • Redirecionar feixes mesmo sem linha direta de visada;
  • Criar caminhos sob demanda em ambientes urbanos complexos;
  • Atuar como “refletores cognitivos” que otimizam a propagação.

Mas RIS passivas têm limitações físicas. Ao refletirem sinais sem amplificação, sofrem com atenuações em cascata que reduzem seu ganho em cenários críticos.

 

A evolução: RIS ativas e processadoras

A próxima geração dessas superfícies traz componentes ativos capazes de amplificar sinais refletidos. Com isso, transformam perdas multiplicativas em ganhos aditivos, aumentam a taxa de transmissão e estendem a cobertura com robustez.

Mais além, novas arquiteturas propõem que as próprias superfícies passem a processar os sinais diretamente. Em vez de depender de processadores tradicionais, as metassuperfícies assumem funções como beamforming, modulação e filtragem — tudo no próprio domínio físico. O hardware vira algoritmo. O espaço se torna parte do cálculo.

 

A era do campo próximo e do sensoriamento integrado

À medida que o 6G adota antenas maiores e frequências mais altas, cresce a importância do campo próximo — regiões onde a propagação das ondas exige precisão esférica e sensibilidade tridimensional. As RIS são ideais para esse contexto:

  • Adaptam-se ao ambiente e ao formato da estrutura onde são instaladas;
  • Criam caminhos diretos com alta resolução espacial;
  • Suportam funções de sensoriamento contínuo integradas à comunicação.

Com isso, tornam-se peças-chave para aplicações como posicionamento de alta precisão, veículos autônomos, cidades inteligentes e conectividade ubíqua.

 

Redes com forma e função

Ao combinar RIS, metamateriais, inteligência de borda e algoritmos adaptativos, o 6G começa a se comportar como um sistema biológico:

  • Reconfigura enlaces em tempo real;
  • Aprende com o ambiente e reorganiza suas funções;
  • Integra sensoriamento, comunicação e computação em uma só malha física.

A rede deixa de ser invisível. Ela ganha corpo, superfície e resposta.

 

E os desafios?

A engenharia de redes moldáveis levanta novos pontos de atenção:

  • Como estimar canais em superfícies passivas?
  • Como garantir segurança e governança em elementos programáveis?
  • Como padronizar ambientes que interagem com o sinal em tempo real?

A resposta exigirá uma nova geração de protocolos, modelos de implantação urbana, arquiteturas distribuídas e princípios éticos para redes sensíveis.

 

Conclusão — A matéria virou rede

No 6G, a antena não apenas transmite. Ela sente. A parede não apenas reflete. Ela decide. O ambiente não apenas propaga. Ele participa.

A rede deixou de ser uma abstração digital. Ela se torna parte física do mundo — moldável, viva, integrada.

E isso muda tudo.



 

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27
jun-25

6G em Divergência: O Que Isso Significa para o Brasil?

Wilson Cardoso


A tecnologia avança a passos largos, e quem ficar para trás pagará o preço da irrelevância." — Elon Musk

 


 

Enquanto China e Estados Unidos aceleram rumo ao 6G com investimentos bilionários e visões ambiciosas, a Europa demonstra cautela, preferindo uma evolução gradual do 5G, esse é um comentário apresentado por Iain Morris da  LighReading essa semana no artigo 6G is forking, with consequences for Ericsson, Huawei and Nokia Essa divisão pode criar um cenário de "bifurcação tecnológica", com padrões distintos e implicações globais — incluindo o Brasil.


O Cenário Global: Dois Caminhos para o 6G

  • China e EUA: Apostam em recursos revolucionários, como comunicação integrada com sensoriamento (ISAC) e novas interfaces de rádio, visando aplicações além do consumo tradicional (como cidades inteligentes e indústria 4.0).
  • Europa: Defende uma abordagem conservadora, focada em atualizações de software para reduzir custos, refletindo a realidade de um mercado fragmentado e com baixa rentabilidade.

Para o Brasil, que depende de fornecedores globais como Ericsson, Huawei e Nokia, essa divergência pode significar:


1. Ameaça de Dependência Tecnológica
Se o 6G se dividir em dois blocos (um liderado pela China e outro pelos EUA), o Brasil pode ser forçado a escolher entre fornecedores, limitando sua flexibilidade e aumentando custos. A exclusão da Huawei de mercados ocidentais, por exemplo, já impactou a oferta de equipamentos em países aliados aos EUA.


2. Atraso na Adoção e Desigualdade Digital
Operadoras brasileiras, muitas ainda em fase de consolidação do 5G, podem enfrentar dificuldades para investir em infraestrutura de 6G se os padrões forem incompatíveis ou exigirem hardware novo. Isso pode ampliar o gap digital entre o Brasil e países pioneiros.


3. Oportunidade com Redes NTN (Non-Terrestrial Networks)
Um dos grandes trunfos do 6G pode ser a integração entre redes terrestres e satelitais (NTN), essencial para conectar áreas remotas do Brasil, como a Amazônia e o interior do Nordeste. Se o país investir em parcerias com empresas como Starlink (EUA) ou focar em soluções próprias, poderá acelerar a interiorização da conectividade e reduzir o abismo digital.


4. Indústria Nacional de Dispositivos: Uma Janela de Oportunidade
Além do P&D em redes, o Brasil poderia estimular a produção local de dispositivos compatíveis com 6G, especialmente para demandas específicas:

  • Agro 4.0: Sensores e equipamentos robustos para o campo.
  • Cidades Inteligentes: Dispositivos de baixo consumo para IoT urbana.
  • Telemedicina e Educação: Terminais acessíveis para regiões carentes. Com políticas de incentivo e parcerias, poderíamos reduzir a dependência de importações e criar uma cadeia de valor tecnológica.

Conclusão: Preparação é a Palavra-Chave
Enquanto gigantes travam sua batalha por supremacia tecnológica, o Brasil precisa:

  • Acelerar a infraestrutura de 5G para não chegar atrasado ao 6G.
  • Monitorar os padrões globais e evitar armadilhas de dependência unilateral.
  • Investir em redes NTN para universalizar a conectividade.
  • Fomentar a indústria local de dispositivos, alinhando tecnologia às necessidades brasileiras.

Como Musk alertou, a irrelevância é o risco maior. O momento é de agir — ou seremos espectadores da próxima revolução digital.


E você, acha que o Brasil está preparado para o 6G?

 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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20
jun-25

“The future depends on what you do today” — Mahatma Gandhi

Wilson Cardoso


O 6G deve ser baseado em uma arquitetura Open RAN? Lições do Caso Mavenir

A trajetória recente da Mavenir oferece um estudo de caso valioso sobre os desafios e oportunidades associados à adoção do Open RAN. Embora a empresa tenha enfrentado dificuldades ao tentar competir no mercado de hardware para redes 5G, sua experiência revela motivações estratégicas claras para que o 6G seja concebido desde o início com base em uma arquitetura Open RAN.

 


 

1. Aprendizados do Fracasso Comercial no 5G

A Mavenir apostou fortemente no Open RAN como uma via de entrada no mercado de RAN, mas enfrentou:

  • Resistência das operadoras em adotar soluções multivendor.
  • Concentração de mercado em fornecedores tradicionais (Ericsson, Huawei, Nokia).
  • Falta de apoio institucional e ausência de investimentos soberanos.
  • Queda nos investimentos em RAN: retração de US$ 10 bilhões entre 2022 e 2024.

Além disso, a flexibilidade de hardware ainda é limitada. Muitos cenários de baixa demanda, como redes privativas compactas ou aplicações de borda em localidades remotas, exigem soluções mais enxutas e de menor custo. Os servidores utilizados em implementações Open RAN continuam apresentando alto custo e complexidade, mesmo com o uso de aceleração por hardware (como FPGAs ou GPUs), o que inviabiliza sua adoção em aplicações com tráfego reduzido. Essa limitação tem dificultado a popularização de soluções “network-in-a-box” e representa uma barreira significativa frente a small cells ou arquiteturas monolíticas otimizadas.

Também, para que o Open RAN amplie seu alcance no 6G, será necessário o desenvolvimento de plataformas modulares, menos complexas, interoperáveis por padrão e com capacidade de atualização simplificada. A excessiva dependência de integradores especializados para coordenar a integração entre múltiplos fornecedores, garantir a operação contínua e gerenciar o ciclo de vida de software e hardware representa hoje uma barreira crítica. Reduzir essa dependência exigirá soluções mais padronizadas, com maior automatização e capacidade nativa de adaptação a diferentes perfis de uso — inclusive os de baixa capacidade — facilitando a escalabilidade e a adoção em ambientes diversos.

Outro ponto é quanto à paridade funcional com soluções integradas é tecnicamente viável, incluindo recursos como RAN Sharing ou Carrier Aggregation. No entanto, ela depende não apenas da maturidade das interfaces abertas e da eficácia da coordenação multivendor, mas também da existência de um integrador capaz de orquestrar releases sincronizados e validar o desempenho da solução de forma holística em ambientes reais.

Esses fatores revelam que o Open RAN, embora tecnicamente viável, precisa de um ecossistema mais maduro e políticas públicas mais robustas para prosperar — algo que pode ser planejado desde o início no 6G.

 

2. Motivações Estratégicas para o 6G com Open RAN

a. Diversificação e Soberania Tecnológica

  • O Open RAN permite a entrada de novos fornecedores e reduz a dependência de grandes players globais.
  • Facilita a criação de ecossistemas regionais, promovendo autonomia digital.

b. Flexibilidade e Modularidade

  • O 6G exigirá redes altamente adaptáveis, com suporte a IA embarcada, comunicação holográfica, e serviços ultra-distribuídos.
  • O Open RAN oferece uma arquitetura desagregada e orientada por software, ideal para esse cenário.
  • A cloudificação das funções de rede RAN surge como um desdobramento natural dessa modularidade, permitindo implantações flexíveis em infraestrutura de nuvem e escalonamento dinâmico dos recursos conforme a demanda.

c. Sustentabilidade Econômica

  • A separação entre hardware e software permite o uso de componentes comerciais (COTS) e modelos de licenciamento, como o que a Mavenir pretende adotar.
  • Isso reduz CAPEX e OPEX, tornando o 6G mais acessível para operadoras de todos os portes.

d. Estímulo à Inovação

  • Interfaces abertas permitem que empresas especializadas desenvolvam soluções de ponta sem depender de um fornecedor único.
  • A Mavenir, por exemplo, continuará desenvolvendo software para RAN compute e pretende licenciar sua propriedade intelectual para fabricantes como a Jabil.

e. Adoção de IA e Automação

  • O 6G será altamente dependente de inteligência artificial para orquestração e otimização de rede.
  • O Open RAN facilita a inserção de camadas de controle inteligentes, interoperáveis e independentes do fornecedor de hardware.

f. Alinhamento de Esforços no 6G

  • Para o sucesso do 6G, é crucial uma definição clara de papéis entre os organismos de padronização envolvidos. O consenso emergente é que a 3GPP definirá a arquitetura geral e as especificações base do 6G, enquanto os fóruns de Open RAN complementarão esses padrões com interfaces abertas e funcionalidades adicionais voltadas às novas exigências. Essa coordenação evita sobreposições e fragmentação: por exemplo, a interface fronthaul do 6G (conexão entre os rádios e a unidade de banda base) deverá permanecer sob especificação do ecossistema Open RAN, com a 3GPP focando apenas na interface aérea e no NodeB completo. De modo similar, as interfaces de gerenciamento da RAN (como O1 e O2, relacionadas ao SMO) continuarão a ser definidas em especificações abertas, alinhadas à arquitetura geral estabelecida pela 3GPP. Até mesmo aspectos de cloudificação do RAN, fora do escopo tradicional da 3GPP, deverão ser endereçados pela comunidade Open RAN. Com cada entidade focando em suas competências e trocando informações continuamente, espera-se acelerar o desenvolvimento de um 6G unificado, minimizando esforços duplicados e garantindo que as especificações de ambos os grupos cheguem ao mercado de forma sincronizada.

g. Segurança Complementar

  • Na frente de segurança, a visão é uma arquitetura 6G com proteções consistentes e complementares entre os diferentes padrões. As especificações 3GPP proverão os mecanismos fundamentais de segurança da rede 6G, enquanto a comunidade Open RAN contribuirá com capacidades adicionais (por exemplo, princípios de zero trust e telemetria avançada) que se somam a essas defesas de forma integrada. Essa abordagem coordenada resultará em uma rede 6G mais resiliente contra ameaças, cobrindo eventuais lacunas e evitando sobreposições desnecessárias.

h. Testes Integrados de Ponta-a-Ponta

  • Uma lição fundamental do 5G é que a interoperabilidade multivendor precisa ser comprovada na prática para conquistar a confiança das operadoras. Para o 6G, torna-se estratégico implementar programas robustos de testes ponta a ponta desde as fases iniciais do desenvolvimento. Ambientes colaborativos de integração e eventos neutros de plugfest (testes de interoperabilidade entre fornecedores) devem fazer parte do planejamento, permitindo verificar antecipadamente a compatibilidade entre componentes de diferentes fornecedores. Essa validação prévia, com certificações abertas e centros de teste independentes, tende a diminuir a resistência à adoção de arquiteturas abertas ao oferecer garantias concretas de desempenho e confiabilidade equivalentes às soluções proprietárias.

 

A experiência da Mavenir mostra que, embora o Open RAN tenha enfrentado obstáculos no 5G, suas premissas continuam válidas e ainda mais relevantes para o 6G. Com planejamento estratégico, apoio institucional e foco em software, o Open RAN pode ser a base de uma arquitetura 6G mais:

  • Aberta
  • Escalável
  • Eficiente
  • Segura
  • Democrática

 

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06
jun-25

“Tudo que aprende a se transformar sem cessar deixa de ser mecanismo — e começa a ser vida.”— livremente inspirado em Nietzsche

Alberto Boaventura


Do cérebro à biologia da rede

Nas últimas edições do 6G na Sexta, mostramos como o 6G está sendo projetado como uma rede AI-native — onde a inteligência artificial não é apenas uma camada de suporte, mas o próprio motor de operação. Exploramos o conceito de Agentic AI, com agentes inteligentes que colaboram em tempo real; o AI-RAN, que integra conectividade e inferência na borda; e o modelo de AI-as-a-Service, que transforma a rede em uma plataforma cognitiva acessível por APIs.

Essas tecnologias estão redefinindo funções de rede com aprendizado contínuo, tomada de decisão autônoma, economia de energia e orquestração proativa. A inteligência permeia toda a arquitetura — do núcleo ao plano físico — e se estende à percepção ambiental, com o avanço do ISAC (Integrated Sensing and Communication). E com a chegada da Internet-of-Senses, aliada à Generative AI e aos Multimodal Large Language Models (MLLMs), a rede começa a interagir com todos os sentidos humanos de forma adaptativa e semântica.

Mas se o 6G já pensa, sente e aprende… Qual o próximo passo nessa evolução?

Hoje, damos um salto além da inteligência: rumo a uma rede que se comporta como um organismo vivo — sensível, auto-organizada, resiliente e capaz de evoluir. Bem-vindos ao 6G bioinspirado.

 


A Rede como Organismo Vivo

Na natureza, sistemas vivos compartilham algumas características fundamentais: são sensoriais, adaptativos, auto-organizados, capazes de regenerar funções, aprender com o ambiente e evoluir. E se disséssemos que a próxima geração de redes está caminhando para adotar essas mesmas propriedades?

No post de hoje, avançamos para um território conceitual e técnico onde o 6G deixa de ser apenas uma rede inteligente — e passa a se comportar como um sistema bioinspirado, dinâmico e, em certo sentido, vivo.

Esse novo horizonte nasce da convergência de tendências já em curso: redes cognitivas (AI-native), percepção ambiental (ISAC), interações multissensoriais (IoS), inferência distribuída (Edge AI), digital twins sensíveis ao contexto, e agora, uma nova fronteira de pesquisa baseada em modelos naturais — como plasticidade neural, sistemas autoevolutivos e até padrões de Turing.

 

Redes Bioinspiradas: o que isso significa?

Uma rede bioinspirada não imita a natureza superficialmente — ela incorpora princípios biológicos em sua lógica de funcionamento. Isso inclui:

  • Auto-organização dinâmica, como enxames ou redes neurais, para reconfigurar topologias e funções conforme estímulos do ambiente.
  • Aprendizado contínuo, permitindo que funções de rede evoluam a partir da experiência, como acontece com o cérebro humano.
  • Plasticidade funcional, em que elementos da rede podem assumir novos papéis temporários diante de falhas ou mudanças de contexto.
  • Regeneração de serviços, substituindo funções degradadas por outras emergentes sem necessidade de intervenção centralizada.
  • Comunicação multimodal entre agentes, inspirada em organismos que operam com sincronia e inteligência coletiva.

Essa abordagem também sugere uma transição importante: sair de redes centradas em controle e planejamento para redes com comportamento emergente, baseadas em regras locais simples e coordenação descentralizada — como acontece em colônias de formigas, bandos de aves ou tecidos biológicos.

 

Tecnologias Habilitadoras

A visão de redes bioinspiradas está se tornando realidade com o apoio de tecnologias emergentes desenvolvidas em projetos internacionais de ponta:

  • Neuro‑RAN: Redes de acesso com comportamento adaptativo, inspiradas em redes neurais biológicas, com memória local e feedback sináptico. Já demonstradas em sistemas multiagente aplicados a MIMO–OFDM com ganhos de taxa e eficiência energética [1]
  • Arquiteturas Morfogenéticas Digitais: Infraestruturas que crescem e se reconfiguram de forma autônoma, inspiradas na biologia do desenvolvimento. São foco do projeto NATWORK, que aplica esse conceito em redes 6G auto-organizadas e resilientes [2].
  • Redes Imunológicas Artificiais: Sistemas de cibersegurança inspirados na imunologia, capazes de detectar, aprender e reagir a ameaças de forma distribuída. Também integrados ao framework adaptativo do NATWORK [3].
  • Sistemas Multiagente Cooperativos: Agentes inteligentes descentralizados que tomam decisões colaborativas, aplicados à gestão de superfícies inteligentes (RIS) e otimização de recursos de rede com algoritmos bioinspirados [4].
  • Inferência Distribuída com Edge AI: Modelos de IA executados localmente na borda, com tomada de decisão autônoma e redução de latência, integrando os princípios AI-native em ambientes distribuídos [5].

 

Implicações Práticas: da Autonomia à Evolução

Por mais visionário que pareça, muitos desses conceitos já encontram aplicações práticas em áreas como:

  • Gestão autônoma de espectro: onde a rede aprende a redistribuir bandas em tempo real com base em padrões ambientais e uso observado.
  • Sensoriamento coletivo: com RIS e ISAC distribuídos formando um “sistema nervoso” que percebe o mundo físico.
  • QoS regenerativa: em que a qualidade do serviço é mantida por reconfiguração adaptativa em tempo real diante de falhas ou ataques.
  • Digital twins evolutivos: modelos virtuais que evoluem com a rede, aprendem novos comportamentos e simulam futuros possíveis.

No limite, a rede poderá não apenas prever e reagir, mas também criar novas formas de funcionamento, orientadas por objetivos globais e adaptadas a ambientes em constante mutação. O papel da AI, nesse contexto, passa de controle para coevolução com a infraestrutura.

 

Desafios: Governança, Segurança e Explicabilidade

Uma rede com propriedades vivas também impõe novos dilemas: Como garantir previsibilidade em sistemas autoevolutivos? Como explicar decisões tomadas por uma rede que aprendeu sozinha? Como preservar valores humanos em arquiteturas que não foram explicitamente programadas?

Modelos de governança adaptativa, explainable AI (XAI), auditoria contínua de comportamentos emergentes e frameworks éticos se tornam peças centrais dessa nova era.

 

Conclusão: Rumo ao 6G Vivo

O 6G começou como uma promessa de mais velocidade, menor latência e maior inteligência. Mas à medida que avança, ele se aproxima de algo ainda mais ambicioso: ser um organismo digital — sensível, adaptativo, resiliente e autoconsciente.

Ao incorporar princípios da biologia, da cognição e da auto-organização, o 6G pode deixar de ser apenas uma rede para se tornar um sistema vivo de conectividade. E isso muda tudo.

Prepare-se: o próximo salto não é apenas tecnológico — é biológico.

 

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06
jun-25

“Eu não disse a metade do que vi.” — Marco Polo

Wilson Cardoso


A China tem sido uma das líderes mundiais na implementação de tecnologias móveis avançadas, e seu compromisso com o 6G reflete essa ambição. Desde 2019, o Ministério da Ciência e Tecnologia coordena esforços entre empresas, universidades e órgãos governamentais para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento dessa tecnologia revolucionária.

 

O Ministério da Ciência e Tecnologia e a Estratégia Nacional da China

Para garantir que a China esteja na vanguarda da conectividade global, o Ministério da Ciência e Tecnologia formou grupos de pesquisa especializados, focados em comunicação sem fio avançada, inteligência artificial integrada e padrões tecnológicos. Empresas como Huawei e ZTE, em parceria com instituições acadêmicas, participam desses projetos.

Um dos marcos mais importantes foi o lançamento de um satélite experimental em 2020, permitindo testes com comunicação via terahertz e redes impulsionadas por inteligência artificial. Essa iniciativa visa estabelecer uma infraestrutura robusta para o 6G, com previsão de padronização até 2025 e comercialização a partir de 2030.

A China também busca colaboração internacional, mantendo parcerias estratégicas com entidades como a 6G-IA da Europa e o Fórum 6G da Coreia, visando alinhar padrões globais e garantir uma transição harmoniosa para a nova era da conectividade.

 

O Papel das Redes Privativas

Além dos avanços no 6G, a China tem investido fortemente em redes privativas, projetadas para setores estratégicos como manufatura, energia e transporte. Empresas como China Mobile têm impulsionado iniciativas para oferecer conectividade personalizada, especialmente para aplicações de Internet das Coisas (IoT).

Essas redes contam com infraestrutura dedicada, incluindo torres fixas, data centers de borda e faixas de frequência específicas, permitindo maior segurança e eficiência na comunicação de dados. Projetos desse tipo já estão em uso na indústria e na agricultura, garantindo monitoramento preciso e maior automação.

 

Conclusão

A combinação dos esforços no desenvolvimento do 6G e das redes privativas posiciona a China como protagonista da próxima revolução tecnológica. Com investimentos estratégicos, colaborações internacionais e foco em infraestrutura segura, o país está pavimentando o caminho para um futuro hiperconectado, onde a comunicação sem fio será mais veloz, eficiente e integrada à inteligência artificial.

A frase de Marco Polo escolhida reflete bem a magnitude das descobertas tecnológicas e o impacto que o 6G pode ter no mundo!

 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 
30
mai-25

“Não conhecemos as coisas como são em si mesmas, mas apenas como elas nos aparecem.” - Immanuel Kant

Alberto Boaventura

 6G na Sexta — ISAC no 6G: Quando a Rede Começa a Sentir


Imagine uma rede que não apenas conecta, mas também enxerga. Uma infraestrutura que percebe presença, movimento, distâncias e até gestos — tudo isso enquanto entrega conectividade de altíssima velocidade. Parece ficção científica? Pois a ETSI acaba de dar o primeiro passo para tornar isso realidade.

No novo 6G na Sexta, mergulhamos no relatório ETSI GR ISC 001, que estrutura os primeiros 18 casos de uso do ISAC — Integrated Sensing and Communication. Um 6G que sente, responde e transforma o ambiente ao seu redor.

De cidades inteligentes a robôs industriais.

De cuidados de saúde sem contato a veículos autônomos mais seguros.

O 6G vai muito além da banda larga. Ele vai sentir o mundo.

Vem entender por que o futuro da conectividade será também o futuro da percepção.


Um Relatório que Marca Território

Na edição de março do ano passado, foi introduzido o conceito de ISAC que propõe que as redes 6G integrem capacidades de sensoriamento diretamente nas antenas, operando como “radares” capazes de perceber o ambiente físico ao seu redor. Agora, o novo relatório da ETSI agora consolida essa visão, trazendo especificações iniciais, casos de uso e recomendações técnicas que fundamentam essa transformação.

No mês passado,  a ETSI publicou o relatório ETSI GR ISC 001, desenvolvido pelo grupo ISG ISAC com o objetivo de estabelecer uma base conceitual robusta para a integração nativa entre sensoriamento e comunicação nas redes móveis da próxima geração. O documento é o primeiro passo formal da ETSI rumo à especificação de ISAC (Integrated Sensing and Communication) no 6G, e marca uma nova etapa na evolução arquitetural das telecomunicações.

A estrutura do relatório está organizada em torno de quatro eixos centrais:

  1. a descrição de 18 casos de uso avançados, agrupados em cinco grandes domínios de aplicação;
  2. a caracterização de diferentes modos de operação do sensoriamento, com destaque para configurações monostáticas e bistáticas;
  3. a definição de níveis de acoplamento entre sensoriamento e comunicação — tight, intermediate e loose;
  4. e a identificação de requisitos funcionais, arquiteturais e de desempenho, incluindo novos KPIs como Fine Motion Accuracy e Sensing Service Range.

O documento reconhece a diversidade de ambientes operacionais (indoor, outdoor e mistos), alvos (pessoas, veículos, UAVs, robôs) e necessidades (segurança, tempo real, precisão milimétrica), e propõe uma abordagem adaptativa para acomodar esses múltiplos cenários.

Entre as principais recomendações estão: a necessidade de modelos de canal específicos para ISAC; diretrizes para integração com computação distribuída; tratamento sistêmico de aspectos como segurança, privacidade e sustentabilidade; e o estabelecimento de uma estrutura confiável para fusão de dados — tanto oriundos da rede 6G quanto de sensores externos.

Mais do que uma referência técnica, o ETSI GR ISC 001 é um documento estratégico que já está servindo como base para relatórios subsequentes da ETSI e subsidiará diretamente os trabalhos do 3GPP SA1. Ele pavimenta o caminho para um 6G que deixa de ser apenas uma rede de transporte de bits e passa a atuar como infraestrutura sensível, responsiva e inteligente.

ISAC: Quando Comunicação e Sensoriamento se Fundem


O conceito de ISAC propõe o uso dos próprios sinais de rádio das redes móveis não apenas para comunicação, mas também para detecção e interpretação do ambiente físico. Essa integração transforma a rede em um sistema de percepção contínua — capaz de mapear presença, movimento, distância e forma em tempo real, sem necessidade de sensores dedicados.

Para viabilizar essa visão, o relatório define três níveis de integração entre comunicação e sensoriamento (tight, intermediate e loose), e apresenta seis modos operacionais possíveis, variando conforme a origem e destino dos sinais refletidos. A tecnologia abrange desde o espectro sub-6 GHz até as bandas milimétricas e THz, e pode ser combinada com sensores não-RF, como câmeras ou detectores ambientais.

Com isso, a rede passa a operar de forma proativa e sensível ao contexto — apoiando decisões automatizadas, reforçando a segurança e viabilizando novos tipos de serviços.

Serviços Humanos e de Saúde Casos como monitoramento de sinais vitais sem contato, reconhecimento de movimentos em ambientes internos e gestão de ocupação de espaços são destacados neste grupo. O ISAC permite, por exemplo, detectar quedas em residências sem uso de câmeras, garantindo cuidado contínuo com privacidade preservada. Ambientes hospitalares, casas inteligentes e espaços coletivos ganham novas camadas de sensibilidade e automação.

Segurança Pública e Resposta a Emergências Inclui aplicações como busca e resgate em condições de baixa visibilidade, detecção de incêndios ou gases, e monitoramento de movimentações em áreas públicas. Com ISAC, a rede pode identificar pessoas entre escombros, antecipar riscos e oferecer suporte decisivo a operações críticas. A inteligência distribuída se torna aliada da ação rápida e da preservação de vidas.

Mobilidade Inteligente Foca em veículos autônomos, drones e sistemas de transporte cooperativos. A rede poderá detectar pedestres fora do campo de visão, antecipar mudanças no fluxo urbano ou evitar colisões em tempo real. Com sensoriamento embarcado na própria infraestrutura, a mobilidade conectada avança para um novo nível de previsibilidade e segurança.

Indústria e Robótica Aplica-se a ambientes fabris, armazéns e linhas de produção, com destaque para colaboração humano-robô, rastreamento de cargas e controle de processos com base em dados ambientais. O ISAC oferece a precisão e a responsividade necessárias para operar em ambientes industriais complexos com maior automação e segurança.

Monitoramento Ambiental e Territorial Reúne casos como detecção precoce de deslizamentos, análise climática contínua e alerta de terremotos. A rede se converte em plataforma sensorial de larga escala, capaz de fornecer dados críticos para prevenção de desastres e gestão ambiental inteligente.

Resumo Estratégico

O ETSI GR ISC 001 representa um marco na convergência entre conectividade e sensoriamento, consolidando ISAC como serviço nativo no 6G. Ao articular casos de uso, modos operacionais, faixas de espectro e requisitos sistêmicos, o relatório inaugura uma nova abordagem para a construção de redes móveis inteligentes.

Com novos indicadores de desempenho, atenção a questões de privacidade e diretrizes arquiteturais claras, o documento sinaliza o início de um ecossistema técnico em que comunicação e percepção operam de forma integrada, segura e sustentável.

Conclusão — O 6G Será uma Rede que Sente

O ISAC transforma a lógica das redes móveis: de veículos passivos de dados, elas se tornam sistemas ativos de percepção e reação. Essa mudança abre caminho para serviços personalizados, decisões automatizadas mais seguras e uma infraestrutura sensível ao ambiente físico e social.

No 6G, a rede não será apenas mais rápida — ela será mais consciente. E isso muda tudo.

 

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23
mai-25

"A harmonia não consiste na igualdade, mas na justa proporção entre os diferentes.” — Aristótoles

Alberto Boaventura

 E se duas das maiores forças da padronização global sentassem na mesma mesa... para desenhar o futuro da sua conexão?

No novo episódio do 6G na Sexta, a gente te leva direto para Sophia Antipolis, onde 3GPP e O-RAN ALLIANCE reuniram operadoras, fornecedores, governos e pesquisadores para alinhar — tecnicamente e estrategicamente — os próximos passos rumo ao 6G.

Spoiler? Teve fronthaul, teve SMO, teve AI/ML, teve cloud... e teve opiniões fortes sobre quem cuida de quê. Mas também teve consenso: o futuro das redes será colaborativo — e cada fórum com seu papel bem definido.

Se o 5G mostrou o poder da virtualização e da abertura, o 6G vai exigir cooperação em escala global. E esse workshop foi o ensaio geral.

Vem entender por que o 6G não será construído por um único grupo, mas pelo diálogo entre mundos diferentes — e complementares.
No 6G, a interoperabilidade começa na padronização. E a história começou aqui.


Workshop

No mês passado, nos dias 24 e 25 de abril de 2025, na sede da ETSI em Sophia Antipolis, França, aconteceu o aguardado Workshop Conjunto de Coordenação 6G entre o 3GPP e a O-RAN ALLIANCE. Este encontro representou um marco no esforço global de harmonização das atividades de padronização da futura geração de redes móveis, reunindo mais de 400 participantes registrados, incluindo 132 representantes presenciais, oriundos de operadoras, fornecedores, centros de pesquisa, agências governamentais e entidades reguladoras.

Entre os principais participantes institucionais estavam representantes do 3GPP (Third Generation Partnership Project) e da O-RAN ALLIANCE, acompanhados por membros influentes do setor como Deutsche Telekom, Vodafone, NTT DOCOMO, AT&T, Orange, SK Telecom, Verizon, além de fornecedores globais como Ericsson, Nokia, Huawei, ZTE, Qualcomm, Samsung, e organizações como ETSI, NTIA (EUA), FCC, CableLabs, Fraunhofer HHI, entre outras.

O objetivo central do workshop foi estabelecer um entendimento comum entre 3GPP e O-RAN ALLIANCE sobre os papéis e responsabilidades na construção do ecossistema 6G, evitando sobreposições e promovendo sinergias. O evento propiciou o compartilhamento de informações de alto nível sobre a estrutura do 3GPP, o planejamento dos estudos da Release 20 e os marcos da futura Release 21, que será responsável pela padronização normativa da 6G com vistas à submissão ao IMT-2030 da ITU.

Durante o workshop, foram apresentados e debatidos temas como a divisão de responsabilidades sobre interfaces fronthaul, automação da rede, arquitetura baseada em AI/ML, segurança e cloudificação. O 3GPP manteve sua liderança na definição da arquitetura geral e nas especificações técnicas do núcleo e da interface aérea da 6G, enquanto a O-RAN ALLIANCE destacou seu papel complementar, desenvolvendo interfaces específicas como A1, E2, O1 e O2, além de funcionalidades em SMO (Service Management and Orchestration) e inteligência distribuída com rApps e xApps.

As discussões também reforçaram o compromisso das duas organizações em alinharem seus cronogramas de entregas, com a O-RAN planejando releases em sincronia com os marcos estabelecidos pelo 3GPP. Destaque foi dado à relevância dos grupos de pesquisa da O-RAN, como o Next Generation Research Group (nGRG), que já publicou mais de 16 relatórios sobre temas cruciais para o futuro da RAN inteligente e aberta.

Além de consolidar entendimentos técnicos, o encontro teve forte apelo estratégico, ao demonstrar que a cooperação internacional entre organismos de padronização é essencial para evitar fragmentações e garantir a interoperabilidade global das redes 6G. A expectativa é que encontros como este se tornem regulares, permitindo visibilidade pública e coordenação contínua das atividades conjuntas.

Propostas Discutidas

Do ponto de vista técnico, foram apresentadas recomendações específicas por parte de diversas operadoras, fornecedores e instituições de pesquisa, abordando tecnologias-chave e interfaces críticas para o ecossistema 6G. Um dos temas centrais foi a divisão funcional entre as atribuições do 3GPP e da O-RAN ALLIANCE. A proposta liderada pela Rakuten Mobile, com apoio de outras entidades como a TELUS, defendeu que o 3GPP se concentre na definição de modelos de recursos de rede (NRM), arquitetura de controle e exposição de serviços, enquanto a O-RAN se encarregue da implementação do SMO desacoplado, do controle inteligente da RAN (RIC) e da integração de aplicações de terceiros (rApps/xApps).

No que se refere às interfaces, empresas como ZTE, NEC, Orange e Huawei sustentaram que a interface fronthaul — em especial o Low Layer Split — deve continuar sob responsabilidade da O-RAN, com o 3GPP focando na interface aérea (Uu) e na arquitetura de referência geral. Foi sugerido que o 3GPP, quando necessário, reconheça normativamente a ausência de definição da interface entre RU e DU/CU, reafirmando a complementaridade entre os dois fóruns.

Em relação à inteligência artificial, um grupo liderado por Qualcomm, com participação de institutos como VTT, IMDEA, SUTD e Rutgers, propôs o alinhamento dos frameworks de AI/ML de ambas as entidades, incluindo harmonização terminológica, arquitetural e de gestão do ciclo de vida de modelos. A recomendação é que o 3GPP continue especificando a arquitetura ponta a ponta de AI/ML para CN, RAN, UE e OAM, enquanto a O-RAN desenvolve serviços complementares voltados à automação da RAN.

A cloudificação e orquestração também foi amplamente debatida. Orange, China Unicom e Keysight Technologies, entre outras, defenderam que a O-RAN mantenha a liderança na definição de soluções para O-Cloud e SMO, reforçando que o 3GPP deve permanecer agnóstico quanto às escolhas de infraestrutura. A gestão da nuvem e das funções virtualizadas, portanto, deve ser tratada de forma aberta e interoperável pela O-RAN.

Em relação aos testes de desempenho ponta a ponta (E2E), a Keysight destacou a necessidade de complementar os testes de RF já definidos pelo 3GPP com métricas mais abrangentes — como throughput, latência e resiliência — sob condições reais de rede. A proposta inclui a criação de uma nova especificação técnica, paralela à TS 38.141, voltada especificamente para testes sistêmicos de estações rádio base.

Embora discutido de forma mais transversal, o tema da segurança também gerou consenso. Contribuições de Huawei, AT&T, NEC e outras entidades reforçaram a importância de uma arquitetura de segurança 6G coesa, com capacidades complementares entre os dois organismos, evitando contradições ou lacunas que possam comprometer a resiliência das futuras redes.

Por fim, a contribuição de um grupo multiempresarial, composto por KDDI, SKT, Verizon, Jio, Samsung, China Unicom, TTC Japão e outros, consolidou uma proposta pragmática de divisão de trabalho: o 3GPP deve manter-se responsável pela definição da arquitetura e protocolos 6G, enquanto a O-RAN deve liderar nos domínios de fronthaul, automação, virtualização, cloudificação e inteligência distribuída.

Resumo

A seguir, destacam-se as principais contribuições técnicas feitas por empresas e grupos participantes, consolidando os pontos críticos de consenso e diferenciação em relação à cooperação entre o 3GPP e a O-RAN ALLIANCE no contexto da padronização do 6G.

Rakuten Mobile (com TELUS): Propôs uma separação funcional clara entre os papéis do 3GPP e da O-RAN. O 3GPP seria responsável por definir o NRM (Network Resource Model), a arquitetura de exposição de dados e as interfaces de controle, enquanto a O-RAN cuidaria da implementação do SMO desacoplado, controle inteligente de rede (RIC) e execução de rApps/xApps.

Huawei: Defendeu a independência entre os fóruns de padronização, com governança separada. Recomendou o uso de Liaison Statements para coordenação, sem referências cruzadas formais entre os documentos normativos de 3GPP e O-RAN.

ZTE: Sugeriu que a O-RAN continue sendo responsável pela interface fronthaul (Low Layer Split) e pela virtualização (interfaces como O2 e AAL), áreas que devem permanecer fora do escopo do 3GPP.

NEC e Orange: Reforçaram a necessidade de sincronia entre os ciclos de releases das duas entidades. Sugeriram que o 3GPP reconheça explicitamente a ausência de especificação da interface entre RU e DU/CU, delegando essa responsabilidade à O-RAN.

Qualcomm, com apoio de KDDI, IMDEA, VTT, SUTD e Rutgers: Propuseram uma harmonização entre os frameworks de AI/ML das duas organizações, incluindo alinhamento terminológico, arquitetural e de gestão do ciclo de vida de modelos inteligentes.

Keysight Technologies: Enfatizou a importância de incluir testes sistêmicos ponta-a-ponta (E2E) para estações rádio base, com KPIs como throughput, latência e resiliência em cenários reais. Sugeriu a criação de uma nova especificação técnica paralela à TS 38.141.

China Unicom: Defendeu que a cloudificação das funções da RAN e a gestão da infraestrutura virtualizada permaneçam sob responsabilidade da O-RAN, com foco em orquestração aberta e modular.

AT&T: Reforçou que a coordenação entre os fóruns deve evitar atrasos nos cronogramas de releases. Defendeu que o avanço da O-RAN não impacte negativamente os processos do 3GPP.

TTC Japão, com participação de Samsung, SKT, KDDI, Verizon e Jio: Destacaram a necessidade de alinhar os fluxos de trabalho entre o SMO/O1 da O-RAN e a arquitetura de AI/ML do 3GPP, preservando a divisão de responsabilidades.

Grupo multiempresarial (incluindo operadoras e fabricantes): Apresentou uma proposta consolidada de divisão de trabalho: o 3GPP deve liderar a definição da arquitetura 6G, protocolos e requisitos de serviço, enquanto a O-RAN se dedica ao fronthaul, automação, virtualização, inteligência distribuída e cloudificação.

Essas contribuições reforçam o consenso de que a evolução para o 6G exige uma abordagem colaborativa, mas com fronteiras bem definidas de atuação, respeitando os papéis técnicos e institucionais de cada organização. O alinhamento contínuo, sem sobreposição, é considerado essencial para acelerar a inovação, garantir interoperabilidade e sustentar um ecossistema de redes móveis mais aberto, inteligente, escalável e confiável.

 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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16
mai-25

6G e Open RAN: O Futuro Pertence aos Que Acreditam na Beleza de Seus Sonhos

Wilson Cardoso

 “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos”.
— Eleanor Roosevelt

 Esta célebre frase de Eleanor Roosevelt encapsula perfeitamente o espírito por trás do desenvolvimento do 6G e do Open RAN. Assim como grandes visionários transformaram sonhos em realidade, a próxima geração de redes móveis está sendo construída hoje por aqueles que ousam imaginar um futuro radicalmente mais conectado, inteligente e acessível.

 Neste artigo, exploramos como o Open RAN pode ser um aliado fundamental – ou um obstáculo inesperado – na realização desse sonho chamado 6G.

1. Sonhando Alto: Como o Open RAN Pode Facilitar o 6G

1.1. Flexibilidade para Construir o Futuro

Assim como todo grande sonho precisa de adaptabilidade para se tornar realidade, o 6G exigirá uma infraestrutura sem precedentes. O Open RAN oferece:

- Arquitetura desagregada para integrar inovações como comunicações THz e IA nativa
- Hardware comercial (COTS) reduzindo custos e acelerando implantação
- Escalonamento dinâmico para acompanhar a explosão de dispositivos conectados

1.2. Rompendo Barreiras com Interoperabilidade

Todo visionário sabe que grandes conquistas raramente são obra de um único gênio. O Open RAN permite:

- Colaboração entre múltiplos fornecedores
- Ecossistema aberto para inovação descentralizada
- Redução da dependência de monopólios tecnológicos

1.3. Inteligência para Além dos Limites

Os sonhos mais ousados do 6G – como internet tátil e redes neurais distribuídas – exigirão:

- IA profundamente integrada na rede
- Automação inteligente de ponta a ponta
- Edge computing ubíquo

Tudo isso é naturalmente habilitado pela abordagem baseada em software do Open RAN.

2. Quando os Sonhos Encontram a Realidade: Desafios a Superar

2.1. Testando os Limites da Física

Operar em frequências THz – território inexplorado do 6G – traz questões críticas:

- O Open RAN conseguirá manter desempenho e eficiência?
- Soluções proprietárias terão vantagem no início?

2.2. O Paradoxo da Colaboração

A mesma interoperabilidade que acelera a inovação pode:

- Criar complexidade na integração
- Aumentar superfícies de vulnerabilidade
- Exigir padrões ainda mais rigorosos

2.3. Segurança em um Mundo Aberto

Realizar o sonho do 6G exigirá:

- Novos paradigmas de segurança cibernética
- Proteção contra ameaças quânticas
- Mecanismos de confiança em ecossistemas abertos

3. Conclusão: Transformando Sonhos em Revolução

Como Eleanor Roosevelt nos lembra, o futuro realmente pertence aos que ousam sonhar. O Open RAN representa exatamente esse espírito:

Abertura onde antes havia fechamento
Colaboração onde antes havia competição
Inovação democrática onde antes havia oligopólios

Os desafios são reais, mas como toda grande revolução tecnológica da história, exigirão não apenas soluções técnicas, mas coragem para repensar paradigmas.

O 6G não será construído por quem espera o futuro chegar, mas por aqueles que, como Eleanor Roosevelt sugeriu, acreditam na beleza de seus sonhos e trabalham incansavelmente para torná-los realidade.

 

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09
mai-25

O espectro é o novo território digital — finito, estratégico e invisível.

Alberto Boaventura

Você está pronto para o 6G... mas será que o espectro está? Enquanto todo mundo fala em hologramas, IA embarcada e redes sensoriais, a verdadeira batalha do 6G pode estar em algo invisível: o espectro. Afinal, sem as frequências certas, nem o melhor plano de dados salva. Nesta edição do #6GnaSexta, mergulhamos nas ondas (literalmente) para entender por que a faixa dos 6 GHz virou o terreno mais disputado do futuro — com pressão de operadoras sobre reguladores, tensão entre Europa e EUA e uma corrida silenciosa onde quem controlar o ar, controla o amanhã. Spoiler: o espectro virou peça central no xadrez da soberania digital.


Espectro no 6G: entre faixas e futuros

Dando continuidade à série sobre os destaques do 3GPP 6G Workshop realizado em março de 2025, nesta edição mergulhamos em um dos pilares mais estratégicos da nova geração: o uso do espectro como alicerce para desempenho extremo, conectividade ubíqua e inovação sustentável. O workshop, que reuniu operadoras, fornecedores, institutos de pesquisa e reguladores, consolidou uma visão pragmática e convergente: o 6G exigirá uma arquitetura standalone desde o início, com camadas espectrais bem definidas — especialmente nas faixas sub-1 GHz, FR3 (7–24 GHz) e sub-THz (>100 GHz).

As discussões reforçaram que a faixa de 7 a 24 GHz, considerada o “sweet spot” do 6G, reúne o melhor equilíbrio entre capacidade, cobertura e eficiência. A FR3 é hoje defendida por nomes como Qualcomm, Apple, Samsung, Nokia e Intel como faixa prioritária para novos serviços móveis — com suporte a canais de 200 MHz ou mais, operando sobre a mesma infraestrutura atual, mas exigindo avanços em MIMO massivo, beamforming e eficiência energética.

No contexto europeu, a urgência é ainda maior. Doze grandes operadoras — incluindo Telefónica, Vodafone e Orange — publicaram uma carta aberta esta semana exigindo a liberação da faixa de 6,425–7,125 GHz para uso móvel. Segundo o grupo, a hesitação regulatória coloca em risco a liderança digital do continente, enquanto EUA e China avançam em direções opostas: os primeiros reservaram a faixa para Wi-Fi desde 2020, os segundos já a destinaram ao 5G/6G. O grupo adverte: “Sem essa faixa, o 6G europeu nasce capenga”.

Entretanto, há lições importantes deixadas pelo 5G. A experiência com a faixa de 3,5 GHz (C-band) revelou algumas limitações de propagação, extensão da cobertura indoor e custos de densificação — o que levanta preocupações sobre os benefícios da chamada “banda dourada” (7–14 GHz), hoje cotada para o 6G. Nesse contexto, as faixas mais baixas continuam sendo essenciais para complementar a cobertura, garantindo a continuidade dos serviços, evitando perdas na experiência do usuário e reduzindo a ocorrência de zonas de sombra.

Durante o workshop, os principais fornecedores apresentaram visões complementares e estratégias bem definidas para o uso do espectro no 6G. A Samsung sugeriu uma segmentação dentro da FR3, com faixas de 7 a 15 GHz destinadas à ampliação da capacidade macro e faixas acima de 24 GHz voltadas a hotspots e aplicações de acesso fixo sem fio (FWA). A empresa também destacou o uso de sub-band full duplex (SBFD) como solução para ampliar a cobertura em espectros TDD. A Apple, por sua vez, defendeu que a agregação de portadoras combinada com o compartilhamento espectral entre múltiplas tecnologias (MRSS) deve ser parte integrante da arquitetura desde o primeiro release do 6G, evitando sobrecargas legadas e garantindo fluidez na transição entre gerações.

Já a Qualcomm apontou que a convivência entre 5G e 6G nas faixas FR1 e FR3 é tecnicamente viável, desde que haja critérios claros para uso eficiente e coordenação dinâmica do espectro. Intel reforçou essa ideia ao afirmar que a FR3 deve ser priorizada no curto prazo, enquanto faixas acima de 100 GHz — apesar de promissoras — ainda carecem de maturidade para uso massivo. Nokia apresentou uma abordagem voltada à leveza arquitetural e à eficiência energética, propondo uso modular de antenas, orquestração via IA e mecanismos de gestão proativa da interferência.

Huawei e ZTE, por fim, destacaram que o espectro no 6G precisa viabilizar não apenas conectividade, mas também serviços estendidos como sensoriamento integrado (ISAC), defendendo o conceito de redes conscientes do ambiente, com inteligência distribuída e adaptabilidade contínua.

Muitos participantes também expressaram ceticismo quanto ao uso prático da faixa sub-THz para serviços amplamente comerciais até a era pós-6G, destacando os desafios enfrentados com mmWave no 5G e a escassez de aplicações economicamente viáveis.

Resumo da proposta de espectro no 6G:

  • FR3 (7–24 GHz) como pilar técnico e econômico da nova geração
  • Disputa em torno da 6 GHz superior, especialmente na Europa
  • MRSS como estratégia para migração fluida e coexistência multigeracional
  • Aprendizado com alguns limites da C-band (3,5 GHz) e algumas promessas não cumpridas do mmWave
  • Propostas de fornecedores variando entre eficiência, escalabilidade e flexibilidade espectral
  • Orquestração espectral orientada por IA, com foco em energia, QoS e serviços emergentes
  • Harmonização internacional como base para escala global e retorno sobre o investimento

Em resumo, o 6G não será viabilizado apenas com novas faixas, mas com estratégia regulatória, coordenação internacional e decisões técnicas fundamentadas. O espectro é um ativo estratégico — e quem souber tratá-lo como tal, liderará o futuro da conectividade.

 

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02
mai-25

No 6G, a rede não só conecta — ela se protege.

Alberto Boaventura

E se a próxima rede já nascesse blindada contra ameaças — e aprendesse sozinha a se proteger?

No 6G, segurança não será um acessório: será parte do código-fonte da rede. Com AI embarcada, criptografia pós-quântica e modelo Zero Trust, até as ameaças vão pensar duas vezes antes de atacar.

No novo episódio do 6G na Sexta, você vai descobrir por que, desta vez, a proteção não vem depois — ela vem de dentro. Prepare-se: no 6G, a rede pensa, reage e se defende. Sozinha.
Se no 5G a segurança ainda era um desafio, no 6G ela será o instinto da rede.


Segurança no 6G

Dando continuidade à série sobre os principais destaques do 3GPP 6G Workshop realizado em março de 2025, nesta edição mergulhamos em um dos temas mais sensíveis e estratégicos do ecossistema 6G: a cibersegurança como parte nativa da rede. À medida que a conectividade se torna mais distribuída, inteligente e aberta — com AI embarcada, APIs expostas, redes NTN e aplicações críticas — proteger cada camada da infraestrutura não é mais opcional: é um imperativo de arquitetura.

No 6G, a segurança deixará de ser um complemento. Ela será construída desde o início, com fundamentos como Zero Trust, criptografia pós-quântica e resiliência automatizada, alinhando-se à visão apresentada no workshop do 3GPP e nas propostas de empresas como Cisco, Nokia, ZTE e Apple.

A abordagem Zero Trust, destacada pela Cisco, parte do princípio de que nenhuma entidade — interna ou externa — deve ser confiada por padrão. A proposta é que a autenticação contínua e contextual de usuários, dispositivos e funções da rede seja nativa na arquitetura do 6G.

Já a criptografia pós-quântica surge como um requisito essencial para garantir a longevidade da segurança das comunicações. Nokia, Apple e ZTE defendem que novos algoritmos resistentes a computadores quânticos sejam implementados desde o primeiro release, com chaves de 256 bits e mecanismos de atualização segura e escalável.

A inteligência artificial (AI) também será parte da defesa. Propostas da Cisco e da Nokia indicam o uso de AI para detectar anomalias, automatizar respostas e proteger interfaces expostas, como o core da rede e os pontos de integração com APIs e redes NTN. Essa visão antecipa a necessidade de uma rede autônoma, observável e responsiva frente a ameaças em tempo real.

As discussões no 3GPP também apontam que, com o aumento da superfície de ataque — sobretudo em redes NTN e no edge — será necessário garantir resiliência operacional como padrão, mitigando riscos como jamming, spoofing e falhas de infraestrutura crítica. Embora o relatório de fornecedores não tenha mencionado nominalmente SoftBank ou T-Mobile nesse contexto, o documento técnico interno da reunião reforça a preocupação com a segurança nas NTN.

A lição do 5G é clara: a complexidade excessiva e a fragmentação de padrões dificultaram a adoção de funcionalidades críticas. Por isso, o plano para o 6G, conforme proposto por diversos fornecedores e reforçado no workshop do 3GPP, inclui uma arquitetura mais simples, modular e com segurança embutida por padrão — desde a camada física até as aplicações.

Resumo da proposta de segurança no 6G:

  • Segurança by design, com arquitetura standalone desde o primeiro release
  • Criptografia pós-quântica como requisito padrão, com algoritmos resistentes
  • Modelo Zero Trust nativo para autenticação e controle de acesso
  • AI embarcada para monitoramento, prevenção e resposta a ameaças em tempo real
  • Proteção estendida a redes NTN, APIs, core e edge computing
  • Simplicidade e interoperabilidade como metas centrais da padronização

O 6G será concebido não apenas como uma evolução da conectividade — mas como um novo paradigma de proteção digital. Em um mundo hiperconectado, não haverá inovação sem segurança — e a confiança será o maior ativo da próxima década.

 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 

25
abr-25

No 6G, a rede não termina na última torre — ela começa no céu

Alberto Boaventura

 

E se sua próxima conexão de rede não vier da torre mais próxima... mas direto do espaço?

No 6G, o “sem sinal” vai sair de moda. Porque a cobertura vai estar em todo lugar — até onde os olhos (ou os satélites) não alcançam. No novo episódio do 6G na Sexta, vamos te mostrar por que, desta vez, a revolução não será só terrestre.

Prepare-se: o céu agora faz parte da rede

Se no 5G a cobertura satelital era periférica, no 6G ela será essencial. Redes que alcançam todos os cantos do planeta, operam em sincronia com satélites, drones e plataformas em alta altitude, e ainda garantem resiliência em situações críticas? É isso mesmo que você vai ver no novo episódio do 6G na Sexta!

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Non Terrestrial Networks (NTN)

Nesta edição, mergulhamos em outro destaque do workshop do 3GPP realizado em março deste ano: o papel das Redes Não Terrestres (NTN) como componentes nativos da arquitetura do 6G. O que antes era complementar, agora é estruturante. A proposta é clara: garantir conectividade para qualquer dispositivo, em qualquer lugar — com ou sem infraestrutura terrestre ao redor.

As Redes Não Terrestres (NTN) representam a integração de plataformas espaciais e aéreas — como satélites de órbita baixa (LEO), HAPS (High Altitude Platform Stations) e drones — à infraestrutura de redes móveis. Seu papel é ampliar a cobertura, garantir conectividade em áreas remotas, prover resiliência em cenários extremos e suportar novos serviços no 6G.

Embora o foco atual esteja nas constelações LEO, que possibilitam baixa latência e conectividade direta com dispositivos, o 6G também considera o papel estratégico de satélites em órbita média (MEO) e geoestacionária (GEO). Os MEOs oferecem um equilíbrio entre latência e cobertura, sendo úteis para navegação precisa, serviços de rastreamento e conectividade em regiões oceânicas. Já os GEOs, com ampla cobertura e alta disponibilidade, seguem relevantes para aplicações como backhaul, broadcast, e serviços fixos — mesmo com maiores latências. A proposta é que o 6G seja capaz de orquestrar essas diferentes camadas orbitais de forma integrada, inteligente e contextual, aproveitando o melhor de cada uma.

No 6G, as NTN deixarão de ser soluções complementares e passarão a ser componentes nativos da arquitetura da rede, integradas ao core, à interface aérea e ao sistema de gerenciamento. Fabricantes e operadoras defendem que funcionalidades como Direct-to-Device — conectividade direta entre satélites e smartphones — estejam disponíveis desde o primeiro release do padrão.

As NTN são cruciais para ampliar o alcance das redes móveis, garantir serviços em regiões desassistidas e sustentar aplicações como IoT massivo, emergência pública, indústria 4.0, conectividade marítima, agro conectado, entre outros. No 6G, elas também serão responsáveis por prover resiliência, continuidade e inteligência ambiental, compondo uma rede verdadeiramente planetária e pervasiva.

No Workshop, os fabricantes e operadoras convergem em um ponto: a integração entre redes terrestres (TN) e não terrestres será total desde o primeiro release. Empresas como Apple, Sony, Xiaomi, Sharp e Cisco defendem o suporte imediato a funcionalidades como Direct-to-Device, conectando smartphones diretamente a satélites sem hardware especial, como parte intrínseca da rede.

Mas as NTN não se resumem à conectividade global. Elas também são vistas como pilar de resiliência, mantendo redes ativas mesmo quando desastres naturais ou falhas de energia comprometem a infraestrutura tradicional. SES, Thales, ESA e Iridium reforçaram no 3GPP que essa nova camada aérea deve operar com resposta rápida, robustez autônoma e suporte emergencial por default.

O desafio técnico é real: delays de propagação, efeitos Doppler, coexistência com TN em bandas adjacentes, operação em faixas abaixo de 7,125 GHz. Mas o caminho está traçado: uma interface aérea unificada, capaz de operar em bandas pareadas e não pareadas (FDD/TDD), com suporte a slicing, alocação dinâmica de recursos e integração sem fricção ao core 6G.

E há um ponto chave para que essa experiência seja realmente universal: a transição fluida entre diferentes tecnologias de acesso. No 6G, a troca entre redes terrestres, satelitais, Wi-Fi ou HAPS não será mais um momento de instabilidade — será parte do fluxo natural da rede. Propostas como as da Apple, Cisco e SoftBank defendem que o seamless IRAT seja uma capacidade nativa do sistema: handover contínuo, transparente e inteligente entre diferentes RATs, com decisões baseadas em contexto, perfil de tráfego e qualidade de serviço. Para o usuário, isso significa conectividade ininterrupta — mesmo em movimento, mesmo em zonas híbridas, mesmo no meio do nada.

Mais do que conectar, o 6G vai orquestrar. Propostas como as da T-Mobile destacam o conceito de Service-Aware RAN, em que a rede compreende o perfil do serviço e adapta dinamicamente cobertura, capacidade e consumo energético. Isso vale tanto para um sensor ambiental no meio do oceano quanto para um drone em patrulha remota ou uma aplicação industrial em áreas sem cobertura celular.

O papel da NTN vai além da conectividade. Ela é parte do sistema operacional da rede 6G, viabilizando novos serviços como navegação por sensoriamento, conectividade em regiões inexploradas, experiências XR e operações industriais em locais antes inacessíveis. Tudo isso com a ambição de uma arquitetura simplificada, escalável e sustentável.

Se o 5G levou a rede ao limite da torre, o 6G rompe esse limite e nos convida a imaginar uma rede que nasce com olhos voltados ao céu. O 6G será, essencialmente, uma rede planetária.

Resumo da Discussão:

  • As NTN serão parte nativa da arquitetura do 6G, com harmonização TN/NTN desde o primeiro release.
  • A conectividade direta com dispositivos via satélite (Direct-to-Device) será uma funcionalidade padrão.
  • Seamless IRAT será incorporado desde o início, permitindo mobilidade fluida entre 5G, 6G, NTN, Wi-Fi, HAPS.
  • A rede 6G usará interface aérea unificada para suportar bandas pareadas e não pareadas (FDD/TDD), incluindo faixas abaixo de 7,125 GHz.
  • A proposta dos fornecedores é migrar direto para SA (standalone architecture), evitando os erros do modelo NSA no 5G.
  • As NTN assumirão papel de resiliência crítica, especialmente em contextos de desastres, zonas remotas e aplicações industriais.
  • Apple, Xiaomi, Sharp, Sony, Cisco, ZTE, Nokia, Huawei e Meta defendem NTN desde o Day 1 como parte do design funcional da rede.
  • A simplificação é uma diretriz: menos opções, menos fragmentação, mais interoperabilidade e foco em eficiência.
  • Especificações enxutas e arquitetura leve foram apontadas como lições aprendidas do 5G — especialmente pela Apple, Intel e Qualcomm.
  • NTN será elemento chave para novos modelos de negócio — habilitando sensing, posicionamento, serviços AI-native e novos fluxos de receita.
  • A cobertura será vista como um continuum TN/NTN, com computação, conectividade e sensoriamento convergindo em um ambiente operacional único.
  • O 6G será, por definição, standalone, inteligente, planetário — e essencialmente NTN-ready.

 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
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04
abr-25

6G: Onde a rede não só conecta — ela interpreta, decide e age

Alberto Boaventura

 

Spoiler da próxima revolução das redes: no 6G, a inteligência não será um extra — será o sistema operacional!


Se no 5G a AI era um bônus, no 6G ela vira o cérebro da operação. Redes que pensam, decidem, se adaptam e ainda ajudam o planeta? É isso mesmo que você vai ver no novo episódio do 6G na Sexta!

Nesta edição, mergulhamos no que foi destaque absoluto no workshop do 3GPP: o papel da AI como fundação do 6G, os conceitos de Agentic AI, AI-RAN, AI-as-a-Service, e a promessa de uma rede que aprende, reage e cuida do próprio consumo energético.

Aperte o cinto, porque a inteligência da rede vai muito além da conexão. Vem com a gente entender por que o 6G será, essencialmente, uma rede pensante.

 

A Inteligência Artificial como Fundamento do 6G


Nas últimas semanas, iniciamos uma série de conteúdos sobre o Workshop do 6G realizado pelo 3GPP em março, na Coreia do Sul. Primeiro, apresentamos uma visão geral do encontro e, na sequência, exploramos os aspectos estratégicos e arquiteturais propostos para a próxima geração de redes móveis.

Nesta edição, avançamos no tema com foco exclusivo na Inteligência Artificial, elemento central das discussões do workshop e considerada um pilar estrutural para o 6G. Vamos entender como a AI deixará de ser apenas uma ferramenta de suporte para se tornar o mecanismo operacional da rede, moldando sua lógica, comportamento e capacidade de evolução desde o primeiro dia.

A Inteligência Artificial será um dos pilares fundacionais do 6G. Enquanto no 5G a AI foi incorporada de forma progressiva, com foco em automação e análise de dados, no 6G ela será nativa: projetada desde o início como parte essencial da arquitetura funcional da rede. O conceito de AI-native dominou as discussões técnicas do Workshop do 3GPP realizado em março de 2025, reunindo fabricantes, operadoras e centros de pesquisa em torno de uma visão comum: a AI será o cérebro da rede.

Essa mudança representa um novo paradigma. As funções de rede (NFs) passarão a incluir módulos de AI embarcados, capazes de realizar inferência local, aprendizado contínuo e tomada de decisão autônoma. A AI deixará de ser uma camada de suporte — será a lógica que governa o comportamento da rede. Com isso, torna-se possível habilitar redes proativas, conscientes do ambiente, capazes de adaptar-se dinamicamente a contextos, aplicações e perfis de tráfego.

Um dos conceitos mais promissores nesse novo modelo é o de Agentic AI, apresentado por empresas como Huawei, Nokia e Meta Reality Labs. Trata-se de uma abordagem em que a rede é composta por agentes autônomos e colaborativos, operando com base em grandes modelos de linguagem (LLMs), memórias contextuais e objetivos definidos. Esses agentes se comunicam entre si por interfaces padronizadas (ABIs – Agent-Based Interfaces) e podem montar, configurar e operar redes sob demanda — uma verdadeira revolução na orquestração e gestão de recursos.

Os agentes inteligentes poderão atuar tanto no core quanto na borda da rede, viabilizando desde a criação de slices dinâmicos até o controle distribuído de topologias complexas. Aplicações como XR, gêmeos digitais, navegação indoor e veículos conectados poderão se beneficiar de redes adaptativas e conscientes, com latência mínima e resposta inteligente. A AI também será responsável por previsões de falhas, ações corretivas antecipadas, economia de energia, balanceamento de carga, priorização de tráfego e exposição de capacidades sob demanda via APIs cognitivas.

A infraestrutura computacional será igualmente transformada. Propostas como a da Nvidia destacam a convergência entre workloads de AI e funções de rede em uma única infraestrutura acelerada por GPU. Isso dará origem a um novo modelo — o AI-RAN — no qual as redes de acesso executam tanto funções clássicas quanto tarefas de inferência e processamento cognitivo. O resultado é uma rede que combina conectividade, computação e percepção em um único ambiente operacional.

O design AI-native representa uma ruptura com o modelo do 5G, em que a adoção da AI/ML ocorreu de forma gradual. No 6G, a inteligência será incorporada desde a origem, com a rede sendo concebida não apenas como cloud-native, mas também como AI-native. A Nvidia destacou os modelos AI-for-RAN, AI-on-RAN e AI-and-RAN como referências para uma RAN cognitiva. Outros fornecedores propõem uma abordagem AI-native de ponta a ponta, abrangendo todos os elementos da rede, marcando a transição da AI como ferramenta de otimização para um princípio estrutural da operação.

Alguns fornecedores apresentaram metas específicas de desempenho. A Cisco projeta avanços expressivos, com velocidades de dados passando da ordem dos gigabits para terabits por segundo, latência caindo de 1 ms para 0,1 ms, densidade de dispositivos por km² saltando de 1 milhão para 1 bilhão e frequências chegando à faixa de THz. A Huawei, de forma mais conservadora, projeta ganhos de 2 a 3 vezes em eficiência espectral e de 3 a 5 vezes em taxas de dados experimentadas pelos usuários.

A AI na RAN é vista como um divisor de águas. A Intel propôs casos de uso de AI/ML aplicados à melhoria de throughput, modelagem de constelações e codificação de canal. O Google destacou funcionalidades de AI voltadas à redução de overhead, com foco específico em latência e consumo de energia.

No core da rede, a integração de AI e recursos de computação emerge como um dos aspectos mais transformadores da evolução para o 6G. A Huawei propôs uma arquitetura baseada em agentes inteligentes (Agentic-AI) para o core. Também, foi sugerido um framework unificado core-RAN para gerenciamento do ciclo de vida da AI e exposição de capacidades da rede. A Cisco vislumbra um núcleo AI-native com capacidades de medição de rede, monitoramento de KPIs, treinamento e inferência. A Nokia sustenta que a AI impactará todos os aspectos da indústria, inclusive escrevendo o próprio código das funções de rede. Já a InterDigital defende um modelo de “data management as a service”, com três planos de transporte distintos (sinalização, dados do usuário e dados operacionais) e sessões aprimoradas com coleta contínua integrada ao plano de dados.

Essas propostas indicam que o core do 6G deverá manter continuidade com os investimentos feitos no 5G, mas com novas capacidades nativas voltadas à inteligência e à computação. A evolução da arquitetura SBA, a integração da AI e o suporte a aplicações orientadas por dados apontam para um futuro no qual a rede oferecerá mais do que conectividade — ela se tornará um sistema cognitivo e computacional, preparado para gerenciar e entregar inteligência como serviço.

Mas há alertas importantes. A fragmentação de abordagens na definição dos frameworks de AI/ML pode comprometer a interoperabilidade entre implementações. Intel,  InterDigital e Google alertaram para a necessidade urgente de padronizar o ciclo de vida dos modelos de AI, as interfaces de inferência, as métricas de desempenho e os mecanismos de governança. Um framework comum é essencial para evitar repetições dos erros do 5G, quando a profusão de opções e a falta de convergência atrasaram adoções comerciais.

Outro desafio é o impacto energético. A AI em larga escala demanda recursos computacionais significativos. Propostas como as da Huawei e MediaTek incluem “eficiência energética por design” e métricas específicas para redes com AI embarcada, como token/bit/Hz/mW. A meta é permitir que a inteligência artificial seja operacionalmente viável e ambientalmente sustentável, inclusive em ambientes com limitação de energia, como dispositivos de borda e redes NTN.

Nesse contexto, a sustentabilidade se torna um princípio estrutural do design AI-native. O consumo energético — que já é um desafio no 5G — surge como uma das maiores preocupações no planejamento do 6G. A Qualcomm destacou a economia de energia em redes e dispositivos como uma motivação fundamental, enquanto a Apple defendeu uma abordagem holística para redução de consumo e potência. A Nokia reforçou essa visão ao afirmar que o uso sustentável da AI e dos dados exigirá uma redução substancial no consumo energético de ponta a ponta. Isso reforça a importância de integrar a eficiência energética à arquitetura do 6G, viabilizando redes inteligentes e ambientalmente responsáveis desde o primeiro dia.

A AI também será usada como serviço. O conceito de AI-as-a-Service (AIaaS) será nativamente suportado, com APIs padronizadas permitindo que aplicações de terceiros utilizem os recursos cognitivos da rede — desde inferência até acesso a modelos de ambiente, sensores virtuais e análise contextual. A rede se tornará, assim, uma plataforma aberta para inovação em tempo real, suportando desde automação industrial até assistentes digitais pessoais.

Outro ponto fundamental será a integração entre AI e redes sensoriais, permitindo que a rede perceba o ambiente físico e digital. Aplicações como comunicação e sensoriamento integrados (ISAC), realidade aumentada e navegação baseada em contexto exigirão inferência distribuída, coleta contínua de dados e modelagem de padrões dinâmicos — funções que serão nativamente suportadas pelo design do 6G.

As propostas também preveem que a AI seja parte da arquitetura de segurança, ajudando a detectar ameaças, aplicar políticas adaptativas e proteger interfaces críticas. Com a chegada da criptografia pós-quântica, a AI poderá atuar na negociação de chaves, autenticação inteligente e proteção contra ataques baseados em AI adversária.

Por fim, a AI no 6G terá papel também na gestão autônoma de sustentabilidade, combinando algoritmos adaptativos, desativação seletiva de recursos e controle preditivo de tráfego. A inteligência será, ao mesmo tempo, operadora da rede e guardiã do planeta.

Em síntese, o 6G não será apenas uma evolução de velocidade ou latência. Ele será uma plataforma cognitiva, composta por funções inteligentes, redes que aprendem e decisões orientadas por contexto. O 6G será, essencialmente, uma rede pensante:

  • A AI será nativa em toda a arquitetura do 6G, integrada desde o plano físico até os serviços, como princípio operacional da rede.
  • As funções de rede (NFs) terão módulos de AI embarcados, com inferência local, aprendizado contínuo e decisão autônoma.
  • O conceito de Agentic AI, com agentes inteligentes colaborativos e comunicação via ABIs, será central para redes orientadas por intenção.
  • A AI será ofertada como serviçoAI-as-a-Service (AIaaS) — com APIs padronizadas para aplicações de terceiros.
  • A convergência entre AI e computação é estratégica: AI-RAN operando em infraestrutura compartilhada com funções de rede.
  • Modelos como AI-for-RAN, AI-on-RAN e AI-and-RAN foram destacados como referências para redes adaptativas.
  • A AI será fundamental para habilitar novos serviços como XR, digital twins, automação industrial e percepção contextual (ISAC).
  • A integração de AI no core se dará com agentes inteligentes, gestão do ciclo de vida de modelos, e exposição de capacidades da rede.
  • A fragmentação nas abordagens de AI é um risco. Intel, InterDigital e Google reforçaram a urgência de padronização de frameworks, interfaces e métricas.
  • A AI impactará todos os domínios da rede, inclusive escrevendo automaticamente funções de rede e gerenciando dados via data management as a service.
  • Eficiência energética foi destacada como pilar de viabilidade do design AI-native. Huawei, MediaTek, Qualcomm, Apple e Nokia defenderam abordagens sustentáveis.
  • A AI será parte da arquitetura de segurança, atuando na mitigação de ameaças, autenticação adaptativa e proteção contra ataques adversariais.
  • A sustentabilidade será gerida por AI com uso de algoritmos adaptativos, desligamento seletivo de recursos e controle preditivo de tráfego.
  • O 6G se posiciona como uma plataforma cognitiva e computacional, indo além da conectividade — uma rede pensante, capaz de aprender e agir.

 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

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04
abr-25

Construindo as Fundações do 6G: Uma Revolução em Arquitetura e Tecnologia.

Alberto Boaventura

Nas últimas semanas, iniciamos uma série de conteúdos do Workshop do 6G realizado pelo 3GPP em março na Coreia do Sul. Primeiro, destacamos os principais pontos do Workshop. Em seguida, trouxemos a Visão Estratégica apresentada por operadoras, fabricantes e instituições de pesquisa para a próxima geração de redes móveis. Nesta semana, damos continuidade ao tema com foco nos aspectos de Arquitetura e Tecnologia.

A próxima geração de redes móveis está sendo projetada desde seus alicerces. Diferente do 5G, que evoluiu sobre estruturas existentes, o 6G nasce com princípios claros: inteligência nativa, modularidade extrema e sustentabilidade intrínseca.

Nesta análise, foram explorados os pilares técnicos que moldarão o 6G desde seu primeiro dia – e como eles superarão os desafios herdados do 5G.

Por que recomeçar?

O 5G, apesar de revolucionário, revelou limitações:

- Fragmentação arquitetural (NSA/SA, slicing complexo)

- Rigidez na evolução de funções de rede

- Altos custos de integração multi-fornecedor
- Lentidão na adoção de automação inteligente

 

O 6G será redesenhado como um sistema cognitivo unificado, onde IA, sensoriamento e segurança quântica são elementos nativos – não complementos.

 Arquitetura 6G: Princípios Estruturantes

As principais vozes do setor (GSMA, Ericsson, Huawei, Nokia) convergem para seis pilares:

1. Cloud-Native por Design

  • Funções desagregadas em domínios autônomos (RAN, Core, Orquestração)
  • APIs padronizadas baseadas em HTTP/3 e protocolos leves

2. IA Transversal

  • Agentic AI Core: Redes auto-organizáveis com agentes especializados em LLMs
  • Digital Twins federados para simulação em tempo real

3. RAN Reconfigurável

  • Superfícies Inteligentes (RIS) moldando ambientes de propagação
  • Radio Slices adaptáveis para XR, sensoriamento e IA distribuída

4. Núcleo Quântico-Seguro

  • Criptografia pós-quântica (PQC) em todas as interfaces críticas
  • Quantum Brokers para gestão de entropia em redes críticas

5. Convergência Sensorial

  • ISAC (comunicação + sensoriamento) para aplicações robóticas e cidades inteligentes
  • JCASP para posicionamento de precisão centimétrica

6. Extensibilidade Radical

Suporte nativo a THz, optical wireless e futuras inovações sem redesign

O Paradoxo 6G: Simplicidade na Complexidade

A verdadeira inovação está na capacidade de abstração:

  • Operadoras definirão intenções (ex: "Otimizar rede para XR às 20h")
  • Agentes de IA traduzirão isso em configurações técnicas automáticas
  • Radio Slices e funções sensoriais se reconfigurarão dinamicamente

Este modelo transforma o 6G de infraestrutura de conectividade para plataforma de inovação programável – onde serviços como AIaaS e Network-as-a-Platform gerarão novos ecossistemas.

O Caminho à Frente

O 6G não será definido por "mais Gbps", mas por:

  • Redes consciente (ambiente + contexto + intenção)
  • Inteligência embutida (de chips a sistemas de orquestração)
  • Sustentabilidade intrínseca (RIS, energias renováveis, eficiência quântica)

Estamos construindo não uma rede, mas um sistema nervoso digital para a sociedade 2030+

 

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28
mar-25

O futuro pertence àqueles que veem as possibilidades antes que elas se tornem óbvias.

Alberto Boaventura

O 6G está ganhando forma — e sua visão vai muito além da tecnologia.

Na nova era das telecomunicações, a visão lidera a inovação. Organizações como 3GPP, ITU (IMT-2030), GSMA, FCC (NextGA) e RSPG (UE) convergem em um ponto: o 6G deve ser uma evolução consciente, construída com simplicidade, sustentabilidade e valor real.

A proposta é clara: aprender com os desafios do 5G, reduzir a complexidade desnecessária e criar uma base sólida para redes que sejam inteligentes, programáveis e resilientes desde a origem.

Essa visão propõe redes com IA integrada, modelos de negócio flexíveis, espectro bem gerenciado e interoperabilidade global. Mas acima de tudo, propõe redes feitas para servir à sociedade com eficiência e propósito.

Não é só sobre conectar pessoas — é sobre transformar a forma como vivemos, produzimos e interagimos com o mundo digital.

Descubra como essa visão estratégica está moldando o futuro do 6G e por que ela importa para todos nós. O futuro das redes começa com a visão certa.

 

Visão do 6G segundo o 3GPP Workshop

Na semana passada apresentamos o resumo do WS do 3GPP, realizado de 10 a 14 de março de 2025, em Incheon, Coreia do Sul. Nesta semana, vamos apresentar a visão discutida no workshop, que reuniu operadoras, fabricantes, instituições de pesquisa e órgãos reguladores para refletir sobre os aprendizados do 5G e propor diretrizes estratégicas e técnicas para o desenvolvimento do 6G.

A visão para o 6G, conforme apresentada no workshop do 3GPP, é norteada pela necessidade de superar os desafios enfrentados na era do 5G e promover uma evolução coerente, eficiente e sustentável da conectividade móvel. Em vez de uma ruptura tecnológica, o 6G é concebido como uma continuidade estruturada e pragmática do 5G-Advanced, maximizando o reaproveitamento de investimentos, competências e infraestruturas existentes.

Diversas operadoras — como T-Mobile, Deutsche Telekom e SoftBank — destacaram que o foco do 6G deve estar em três pilares fundamentais: eficiência energética e espectral, simplicidade na padronização e maior interoperabilidade. Isso se traduz em uma arquitetura mais enxuta, programável e nativamente baseada em software e inteligência artificial, promovendo redes mais adaptáveis, autônomas e fáceis de operar.

O novo ecossistema 6G deverá integrar, desde o início, serviços já consolidados como o eMBB e voz carrier-grade, ao mesmo tempo em que habilita novos domínios de aplicação como comunicações imersivas, redes não terrestres (NTN) e comunicação integrada com sensoriamento (ISAC). A flexibilidade da rede será ampliada para suportar verticais industriais com mais precisão, eliminando as limitações atuais de QoS, slicing e gerenciamento de tráfego.

Na dimensão técnica, a eficiência espectral será elevada por meio de novos esquemas de interferência, uso otimizado de bandas FDD e antenas ativas. O uplink — tradicionalmente limitado — passará a ser reforçado com agregação dinâmica de bandas e evolução da estrutura TDD, especialmente útil para compartilhamento de espectro entre operadoras.

A arquitetura proposta para o 6G é modular, baseada em princípios cloud-native, com desagregação total do RAN e do core. Essa abordagem visa eliminar complexidades herdadas do 5G, como múltiplas configurações (NSA, SA), facilitando a migração de redes legadas e promovendo uma padronização mais objetiva e funcional.

Visão para o 6G [5]

Outro ponto central é a monetização. O 6G precisará, desde o início, apresentar modelos de negócios viáveis, como o 6G-as-a-Service e a exposição de APIs para desenvolvimento de serviços inovadores por terceiros. A customização da experiência e a cobrança por qualidade de serviço serão mecanismos essenciais para a geração de receitas sustentáveis.

A inteligência artificial terá papel central em toda a cadeia: da operação autônoma (AI-RAN) ao gerenciamento de espectro, da orquestração de recursos à segurança cibernética. Redes mais preditivas, eficientes e resilientes poderão ser construídas, incluindo aplicações em NTN e edge computing.

Nesse cenário, as NTN terão integração nativa com o core do 6G, garantindo transições fluidas entre redes terrestres e satelitais. SoftBank, LG Uplus e T-Mobile alertaram para a necessidade de harmonização regulatória e protocolos avançados de handover, especialmente em LEO/MEO/GEO.

A segurança será elevada a um novo patamar com a adoção de modelos baseados em Zero Trust e criptografia pós-quântica, mitigando riscos em um ambiente mais dinâmico e distribuído. Mecanismos automatizados de detecção de ameaças baseados em IA também serão centrais para a integridade da rede.

Em relação ao espectro, o 6G fará uso equilibrado de faixas baixas, médias e altas, inclusive sub-THz. A alocação dinâmica e inteligente do espectro será baseada em algoritmos de IA, otimizando a convivência entre serviços e reduzindo interferências. A harmonização global e a flexibilidade regulatória serão fundamentais para garantir conectividade contínua, especialmente em aplicações críticas e de missão.

A sustentabilidade, por sua vez, é colocada como prioridade estratégica. O 6G será projetado para consumir menos energia, reduzir o desperdício e minimizar o impacto ambiental. Soluções como redes lean, IA para otimização energética e energy harvesting para dispositivos IoT compõem a agenda verde da próxima geração.

Apesar de abordagens distintas, as visões do ITU (IMT-2030), GSMA, FCC (NextGA) e RSPG (UE) convergem com o 3GPP ao priorizar IA, sustentabilidade, NTN e eficiência espectral. As diferenças surgem no foco: ITU enfatiza inclusão e impacto social; GSMA busca simplificação e interoperabilidade; FCC destaca segurança e inovação; e a UE reforça sustentabilidade e soberania digital

Comparação entre as visões para o 6G

Por fim, o aprendizado com o 5G é claro: menos complexidade, mais eficiência e um ecossistema colaborativo. O 6G buscará unir operadores, indústria, academia e governos em torno de uma evolução técnica e econômica sustentável, garantindo uma conectividade mais inteligente, adaptável e acessível para a próxima década.

Referências

[1] ITU (IMT-2030): IMT Vision – Framework and overall objectives of the future development of IMT for 2030 and beyond

[2] GSMA: GSMA Foundational Perspective on 6G: Vision, Opportunities and Challenges

[3] FCC (NextGA): The FCC’s 6G Roadmap – Next G Alliance Report

[4] RSPG (UE): RSPG Report on 6G Strategic Vision

[5] Samsung: 6G Vision and RAN Evolution

 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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21
mar-25

Para o sonho converte-se em realidade, há necessidade de coragem, audácia e determinação

Alberto Boaventura

O titulo do artigo de hoje, inspirado por Juscelino Kubistchek, marca o nascimento do 6G, onde a audácia foi representada pela oportunidade de redefinir a conectividade com eficiência e simplicidade. A simplicidade não limita o progresso – ela o impulsiona.

Em março, o 3GPP realizou o Workshop sobre 6G em Incheon, Coreia do Sul, nos dias 10 e 11 de março de 2025. O evento foi presidido pelos líderes dos Technical Specification Groups (TSGs): Puneet Jain (TSG SA - Service & System Aspects), Ronald Borsato (TSG RAN - Radio Access Network) e Peter Schmitt (TSG CT - Core Network & Terminals). O workshop contou com 1.676 inscrições, 748 presenças presenciais e 219 contribuições de diversas partes interessadas, incluindo operadoras, fornecedores, instituições acadêmicas e MRPs.

O evento teve como objetivo discutir a evolução do IMT-2030, alinhando direções estratégicas para o desenvolvimento do 6G, abordando temas como arquitetura de rede, novas tecnologias de rádio, eficiência energética, IA, segurança e monetização de novos serviços. Além disso, especialistas da indústria destacaram a necessidade de uma abordagem mais pragmática e eficiente para o 6G, evitando os desafios enfrentados na adoção do 5G e promovendo um ecossistema mais integrado e sustentável.

Agora temos o primeiro cronograma para os grupos de trabalho, fruto do trabalho realizado na Coréia, mostra que o horizonte de 2030 para as primeiras redes em operação começa a se delinear como realidade uma vez que os estudos devem ser concluídos até a metade de 2027.

Fonte: Samsung - Vision and Technologies for 6G System

Foram debatidas novas aplicações, como a integração de comunicações e sensoriamento (ISAC), a comunicação XR/imersiva e os serviços baseados em IA. Também foram apresentadas estratégias para otimizar o crescimento de receita, impulsionar a automação de redes e melhorar a eficiência espectral.

As metas para o 6G incluem sustentabilidade, resiliência, segurança aprimorada, experiência do usuário superior e eficiência operacional. Foi reforçada a necessidade de uma interoperabilidade mais ampla, evitando a fragmentação do mercado e promovendo a adoção de interfaces abertas e padrões comuns. A colaboração entre operadoras, fornecedores e entidades reguladoras será essencial para garantir um ambiente unificado e acessível para todos os players do setor.

Outro ponto abordado foram as lições aprendidas com o 5G, incluindo a complexidade da transição para o standalone (SA), o excesso de opções técnicas e a adoção tardia de funcionalidades essenciais, como o network slicing. O 6G deve ser projetado para simplificar a arquitetura, eliminar redundâncias e garantir um modelo de implementação ágil e sustentável, permitindo que novas tecnologias sejam adotadas de forma mais eficiente e sem obstáculos operacionais desnecessários.

Dentre os principais candidatos tecnológicos para o 6G, foram discutidas novas abordagens para a rede de acesso via rádio (RAN), redes core, integração NTN, eficiência energética e convergência entre redes e computação. A IA e a automação terão um papel central no gerenciamento e otimização da rede, garantindo menor consumo energético, melhor alocação de espectro e novas possibilidades de monetização. A segurança e a resiliência da infraestrutura também serão pilares fundamentais, garantindo que a rede seja protegida contra ameaças cibernéticas e possa operar de forma confiável em diferentes cenários.

O workshop também abordou o plano de trabalho e cronograma para o 6G, destacando a necessidade de colaboração contínua dentro do 3GPP para o desenvolvimento e validação de novas tecnologias. O 3GPP se comprometeu a garantir que o 6G seja baseado em padrões enxutos e eficientes, reduzindo a complexidade excessiva observada no 5G e acelerando sua adoção comercial. A padronização terá um papel crucial na garantia de um ecossistema sustentável e viável para todos os stakeholders.

Conclusão e Compromisso com Padrões Enxutos no 6G Como parte desse esforço, a padronização do 6G será guiada pelo princípio de simplicidade e eficiência, evitando a proliferação de especificações excessivas, que no passado geraram desafios para implementação, interoperabilidade e adoção comercial. O 3GPP reafirmou a necessidade de reverter a tendência de complexidade crescente observada nas padronizações do 5G e 5G-Advanced, que resultaram em múltiplas opções para funcionalidades semelhantes, elevando custos e dificultando a implementação.

Diante desse cenário, foi proposto um compromisso formal para a criação de padrões enxutos e simplificados no 6G, minimizando a adoção de múltiplas alternativas para a mesma funcionalidade e garantindo que qualquer exceção seja devidamente justificada. O 3GPP, por meio de seus membros individuais, TSGs e WGs, deverá aderir a esse princípio, assegurando que a padronização do 6G seja orientada por diretrizes claras e focadas na eficiência operacional, na facilidade de implementação e na viabilidade econômica.

Com a participação de especialistas da indústria global, o evento reforçou o compromisso do 3GPP na definição dos padrões do 6G, garantindo que a próxima geração de telecomunicações seja mais eficiente, flexível e sustentável. A principal conclusão do workshop foi a necessidade de projetar o 6G com base em um ecossistema simplificado e enxuto, evitando as armadilhas da fragmentação tecnológica e da implementação excessivamente complexa que dificultaram a adoção do 5G. Além disso, a automação e a inteligência artificial devem ser incorporadas desde o início para otimizar operações, reduzir custos e garantir a segurança da rede.

Ao final do evento, ficou claro que o desenvolvimento do 6G precisa seguir um caminho mais racional e estruturado, garantindo que a tecnologia evolua de maneira sustentável e economicamente viável. O compromisso com a eficiência energética, a padronização simplificada e a interoperabilidade foram apontados como fatores-chave para o sucesso da próxima geração móvel.

Nas próximas semanas, exploraremos em detalhes as principais discussões abordadas no workshop, incluindo:

  • Visão do 6G discutida no WS: As principais ambições, casos de uso e desafios identificados pelos stakeholders.
  • Tecnologia e Arquitetura no 6G: Como o 6G será projetado para ser mais flexível, programável e eficiente, aproveitando redes baseadas em software e inteligência artificial.
  • O papel da AI no 6G: Como a inteligência artificial será integrada nativamente para melhorar a automação, otimização de recursos e segurança da rede.
  • O papel das redes NTN: A importância da integração entre redes terrestres e não terrestres para garantir conectividade global e contínua.
  • Segurança no 6G: Novas abordagens para garantir a resiliência da rede, incluindo criptografia pós-quântica e arquiteturas baseadas em Zero Trust.
  • Sustentabilidade no 6G: Estratégias para tornar o 6G mais eficiente do ponto de vista energético, reduzindo o impacto ambiental e otimizando recursos.
  • E outros temas essenciais para moldar o futuro das redes móveis, garantindo que o 6G seja uma evolução coerente, eficiente e sustentável.

 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 

14
mar-25

6G no MWC 2025 e Incheon: Quando o Futuro Bate à Porta e Pede para Simplificar

Wilson Cardoso

Na semana passada, no MWC 2025 (Mobile World Congress), as atividades relacionadas ao 6G foram centradas em demonstrar avanços tecnológicos e discutir o futuro das comunicações móveis. Empresas líderes e pesquisadores apresentaram protótipos de redes 6G, destacando capacidades como velocidades de transmissão na casa dos terabits por segundo, latência ultrabaixa e integração com inteligência artificial (IA) e computação quântica. Painéis discutiram a convergência entre 6G, IoT (Internet das Coisas) avançada e aplicações de realidade estendida (XR), além de desafios como sustentabilidade, segurança cibernética e regulamentação.

Na segunda e terça-feira passadas, tivemos o TSG RAN#107 do  3GPP em Incheon, Coreia do Sul, onde se iniciou a padronização inicial das tecnologias que suportarão o 6G. Especialistas debateram requisitos técnicos, como eficiência energética, cobertura global e integração de satélites. O evento também abordou a colaboração internacional para garantir interoperabilidade e acelerar a implantação comercial, prevista para o início da década de 2030. Ambos os eventos reforçaram o papel do 6G como habilitador de transformações digitais profundas em setores como saúde, transporte e indústria.

Na reunião do 3GPP em Incheon, uma das discussões centrais foi a simplificação dos padrões do 6G, um tema crítico para garantir a viabilidade e a adoção global dessa tecnologia. A complexidade técnica associada ao 6G, que inclui integração de novas frequências (como as bandas de terahertz), uso extensivo de IA, e comunicação entre dispositivos heterogêneos (como satélites, drones e sensores IoT), exigiu uma abordagem mais eficiente e unificada para a padronização.

Os principais pontos discutidos em Incheon foram:

1. Harmonização de Especificações Técnicas:

Necessidade de harmonizar as especificações técnicas para evitar fragmentação e garantir interoperabilidade entre diferentes redes e dispositivos. Isso incluiu a simplificação de protocolos de comunicação e a redução de redundâncias nos padrões existentes.

2. Redução da Complexidade de Implementação:

Foi enfatizada a importância de criar padrões que facilitem a implementação prática, especialmente para operadoras e fabricantes de equipamentos. Isso envolveu a simplificação de interfaces de rede, processos de automação e integração de sistemas de gerenciamento de recursos.

 3. Foco na Eficiência Energética:

A simplificação dos padrões também foi abordada sob a ótica da sustentabilidade. Padrões mais enxutos e eficientes podem reduzir o consumo de energia, um desafio crítico para o 6G, dada a escalabilidade necessária para suportar bilhões de dispositivos conectados.

4. Integração de Novas Tecnologias:

A incorporação de tecnologias emergentes, como redes definidas por software (SDN), virtualização de funções de rede (NFV) e computação de borda, exigiu uma revisão dos padrões atuais para evitar sobreposições e conflitos. O workshop propôs a criação de frameworks modulares que permitam a integração contínua de inovações sem comprometer a estabilidade da rede.

5. Colaboração Global:

A simplificação dos padrões foi vista como uma oportunidade para fortalecer a colaboração internacional. Organizações como o 3GPP, ITU (União Internacional de Telecomunicações) e IEEE (Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos) discutiram a criação de grupos de trabalho conjuntos para alinhar esforços e evitar duplicação de trabalho.

6. Segurança e Privacidade:

A simplificação também foi abordada no contexto de segurança cibernética. Padrões mais claros e diretos podem facilitar a implementação de mecanismos de proteção robustos, essenciais para garantir a confiança em redes 6G, que suportarão aplicações críticas, como saúde digital e cidades inteligentes.

O MWC 2025 e o workshop do 3GPP em Incheon reforçaram a importância de equilibrar inovação e simplicidade na definição dos padrões do 6G. A simplificação não significa reduzir capacidades, mas sim criar um ecossistema mais ágil e adaptável, capaz de suportar as demandas futuras de conectividade e transformação digital. A próxima etapa envolve a consolidação dessas discussões em documentos técnicos e a realização de testes práticos para validar as propostas. Enquanto isso, o futuro da comunicação móvel continua a bater à nossa porta, pedindo para simplificar e acelerar!
 

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28
fev-25

Prever é difícil, especialmente quando se trata do futuro

Wilson Cardoso

A citação de Yogi Berra usada como título do 6G na sexta de hoje, nos leva a lista de expectativas para o MWC 2025, durante a semana de carnaval de 2025 em Barcelona, capital da Catalunha.

O Mobile World Congress (MWC) 2025 promete ser um evento repleto de inovações e tendências tecnológicas que moldarão o futuro das telecomunicações, dispositivos móveis e soluções digitais. Com base nas evoluções atuais, podemos esperar uma série de temas e tecnologias que dominarão o evento, incluindo avanços em redes móveis, inteligência artificial, sustentabilidade e, de forma destacada, a emergente Passive IoT (Internet das Coisas Passiva).

Aqui os 10 pontos que esperamos ver no MWC:

1.      Avanços na Conectividade: 5G, 6G e Passive IoT

Enquanto o 5G continua sua expansão global, o MWC 2025 trará discussões sobre o 6G, que promete velocidades ainda mais rápidas, latência ultrabaixa e maior capacidade de conexão. A Passive IoT, por sua vez, deve ganhar destaque como uma tecnologia complementar, permitindo a conexão de bilhões de dispositivos sem bateria, utilizando a própria rede celular como fonte de energia.

Podemos esperar etiquetas inteligentes para logística, sensores para agricultura e cidades inteligentes, e dispositivos médicos passivos serão alguns dos casos de uso demonstrados, mostrando como essa tecnologia pode reduzir custos e promover sustentabilidade.

2.     Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML)

A IA continuará a ser um tema central, integrada em dispositivos móveis, redes de telecomunicações e serviços digitais. No contexto da Passive IoT, a IA pode ser usada para processar dados coletados por dispositivos passivos, habilitando análises preditivas e automação em tempo real.

Espera-se ver avanços em assistentes virtuais, personalização de experiências do usuário e soluções de segurança cibernética baseadas em IA.

3.     Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR)

O MWC 2025 apresentará novos dispositivos e aplicações de AR e VR, especialmente aqueles que integram tecnologias móveis e de rede para criar experiências imersivas. A Passive IoT pode desempenhar um papel importante aqui, fornecendo conectividade para dispositivos vestíveis e sensores ambientais sem a necessidade de baterias.

4.     IoT e Cidades Inteligentes

A IoT continuará a evoluir, com foco em soluções para cidades inteligentes, como iluminação pública, monitoramento de tráfego e gestão de resíduos. A Passive IoT será particularmente relevante nesse cenário, oferecendo uma maneira econômica e sustentável de conectar dispositivos em larga escala.

Sensores passivos podem monitorar condições ambientais, como qualidade do ar e umidade, em tempo real, contribuindo para a eficiência urbana.

5. Sustentabilidade e Energia Verde

A sustentabilidade será um tema central no MWC 2025, com empresas mostrando como estão reduzindo o impacto ambiental de seus produtos e operações. Espera-se ver dispositivos com maior eficiência energética, uso de materiais recicláveis e soluções para reduzir o consumo de energia em redes de telecomunicações.

6. Dispositivos Foldables, Wearables e Passive IoT

A tendência de dispositivos dobráveis e wearables continuará, com lançamentos de novos smartphones, tablets e dispositivos vestíveis. A Passive IoT pode complementar essa tendência, oferecendo conectividade para wearables sem bateria, como pulseiras de monitoramento de saúde ou etiquetas de rastreamento.

7. Segurança Cibernética e Privacidade

Com o aumento da conectividade, a segurança cibernética e a privacidade do usuário serão temas críticos. No contexto da Passive IoT, soluções robustas de segurança serão necessárias para proteger dispositivos passivos contra ataques e garantir a integridade dos dados.

 8. Expansão do Ecossistema 5G

Mesmo com o foco no 6G, o 5G ainda estará em evidência, com empresas mostrando novas aplicações e casos de uso.

9. Colaborações e Parcerias Globais

O MWC é conhecido por ser um hub de networking, e em 2025, espera-se ver novas parcerias entre empresas de tecnologia, operadoras de telecomunicações e governos para impulsionar a inovação global.

10. Inclusão Digital e Acessibilidade

Haverá um foco maior em como a tecnologia pode promover a inclusão digital, garantindo que mais pessoas tenham acesso a serviços móveis e digitais.

O MWC 2025 será um marco para a tecnologia móvel e digital, com novas tendências mais inovadoras. Combinada com avanços em 6G, IA, sustentabilidade e dispositivos inteligentes, poderemos vislumbrar o potencial de revolucionar setores como logística, saúde, varejo e cidades inteligentes, oferecendo conectividade econômica, sustentável e escalável. O evento será uma vitrine para o futuro da conectividade, mostrando como a tecnologia pode melhorar a vida das pessoas e impulsionar a transformação digital em escala global.
 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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21
fev-25

O sucesso do 6G dependerá da simplicidade desde sua concepção. Uma rede eficiente não é aquela que acumula complexidade, mas sim aquela que entrega

Wilson Cardoso

Esta semana, a NGMN publicou um importante relatório, "Network Architecture Evolution Towards 6G", que reforça a necessidade de alinhar a evolução das redes móveis com princípios fundamentais como simplicidade e colaboração. A experiência com o 5G demonstrou que a complexidade excessiva pode dificultar a adoção e operação de novas tecnologias, tornando essencial que o 6G seja projetado desde o início para ser simples, modular e eficiente. Ao mesmo tempo, a colaboração entre operadoras, fornecedores e órgãos de padronização será crucial para garantir uma transição harmoniosa e acessível, permitindo que o ecossistema global evolua de forma sustentável e interoperável. Com essa abordagem, o setor poderá viabilizar uma arquitetura de rede preparada para atender às demandas futuras de conectividade, inteligência artificial e automação, garantindo inovação sem comprometer a viabilidade operacional.

A evolução das redes móveis tem mostrado que a complexidade excessiva pode gerar desafios significativos em termos de implementação, operação e adoção de novas tecnologias. O 5G, por exemplo, trouxe inovações importantes, como a arquitetura baseada em serviços (SBA), redes nativas em nuvem e fatiamento de rede. No entanto, sua introdução também evidenciou dificuldades, incluindo a complexidade da migração do 4G, a necessidade de investimentos elevados e a diversidade de opções de implementação (NSA e SA), que tornaram a padronização e a adoção mais desafiadoras. Diante desse histórico, o 6G deve ser concebido com simplicidade desde o início para garantir sua viabilidade técnica, operacional e comercial.

A simplicidade na arquitetura do 6G é essencial para evitar a fragmentação entre diferentes abordagens de implementação. Com um design modular e padronizado, a transição do 5G para o 6G pode ser mais fluida, reduzindo a necessidade de mudanças estruturais abruptas. Isso permitirá que operadoras implementem a nova tecnologia de forma progressiva, aproveitando ao máximo os investimentos existentes em infraestrutura. Além disso, a simplificação da arquitetura facilita a interoperabilidade com redes anteriores, assegurando que dispositivos e aplicações possam coexistir sem problemas.

Outro fator crítico é a eficiência operacional. Redes altamente complexas exigem processos mais sofisticados de gestão, monitoramento e manutenção, o que aumenta os custos operacionais e dificulta a automação. O 6G deve ser projetado para minimizar a sobrecarga operacional, utilizando inteligência artificial e automação desde a sua concepção. Isso permitirá que as redes sejam mais resilientes, adaptáveis e eficientes, reduzindo a necessidade de intervenção manual e possibilitando operações autônomas e otimizadas.

Além disso, a simplicidade do 6G será fundamental para garantir sua adoção global. Muitos países e operadoras ainda estão investindo na expansão do 5G, e a introdução de uma nova geração deve ocorrer de maneira que não represente um obstáculo econômico ou tecnológico. Se o 6G for excessivamente complexo ou exigir infraestrutura totalmente nova, sua adoção poderá ser lenta e desigual, ampliando ainda mais a divisão digital entre regiões desenvolvidas e emergentes. Um modelo de implementação simplificado e compatível com diferentes realidades econômicas e tecnológicas garantirá que os benefícios do 6G sejam acessíveis a um maior número de usuários.

Por fim, a simplicidade na concepção do 6G também está diretamente relacionada à sustentabilidade. Infraestruturas mais simples e eficientes demandam menos recursos energéticos e físicos, contribuindo para a redução do impacto ambiental das redes móveis. O consumo energético do 5G já é uma preocupação, e o 6G precisará ser projetado para ser ainda mais eficiente, utilizando algoritmos otimizados, computação distribuída e soluções inteligentes para minimizar o desperdício de energia.

Dessa forma, garantir que o 6G seja simples desde o início não significa limitar sua inovação, mas sim garantir que sua implementação seja viável, sustentável e acessível. Ao priorizar a simplicidade, a indústria poderá construir uma rede mais eficiente, escalável e preparada para o futuro, maximizando os benefícios tanto para as operadoras quanto para os usuários finais.

A colaboração será outro fator determinante para o sucesso do 6G, garantindo um ecossistema integrado e eficiente. A evolução das redes móveis mostrou que avanços tecnológicos só são viáveis com a participação conjunta de operadoras, fornecedores, academia e órgãos de padronização. O 5G evidenciou essa necessidade ao exigir um alinhamento global para padronização e interoperabilidade, mas também demonstrou os desafios causados pela fragmentação de abordagens e pela falta de consenso inicial. Para evitar esses obstáculos, o 6G deve ser desenvolvido com um modelo colaborativo, permitindo uma transição mais harmoniosa e eficiente.

A definição conjunta de padrões e requisitos evitará redundâncias e garantirá a compatibilidade entre redes e dispositivos, possibilitando inovação sem comprometer a infraestrutura existente. Tecnologias emergentes, como Open RAN, inteligência artificial e computação distribuída, devem ser integradas de maneira coordenada, ampliando o impacto positivo da nova geração de redes. Além disso, a colaboração permitirá que o 6G atenda a uma variedade de necessidades, desde aplicações industriais avançadas até conectividade massiva em áreas remotas.

A adoção de estratégias compartilhadas também reduzirá custos e tornará o 6G mais sustentável, promovendo o compartilhamento de infraestrutura e espectro, além da implementação de soluções energeticamente eficientes. Dessa forma, garantir um 6G colaborativo desde o início não apenas facilitará sua padronização, mas assegurará que sua adoção seja acessível, sustentável e inovadora, beneficiando operadoras, fornecedores e usuários em escala global.

Sobre o Relatório do NGMN

O relatório da NGMN apresenta uma análise detalhada sobre a evolução da arquitetura de redes móveis rumo ao 6G, destacando a necessidade de corrigir as limitações do 5G e estabelecer uma base sólida para a próxima geração. Para isso, o 6G deve ser concebido desde o início com um design simples, eficiente e interoperável, garantindo maior flexibilidade e sustentabilidade na sua implementação. A transição para essa nova arquitetura exigirá colaboração intensa entre operadoras, fornecedores e órgãos reguladores, permitindo um desenvolvimento harmonizado que evite fragmentações tecnológicas e promova uma adoção mais ampla e acessível.

Além disso, o relatório ressalta que a adoção de novas tecnologias, aliada a um design modular e cloud-native, será essencial para que o 6G atenda às crescentes demandas de conectividade, inteligência artificial e automação sem repetir os desafios enfrentados nas gerações anteriores. Com base nessa abordagem, a NGMN identificou os principais elementos que guiarão a evolução da nova arquitetura, organizados nas seguintes premissas fundamentais: Gaps e Limitações do 5G, Suporte a Novos Cenários e Requisitos, Nova Arquitetura de RAN (Radio Access Network) e Tecnologias Emergentes. Esses aspectos serão determinantes para garantir que o 6G seja mais escalável, seguro e preparado para atender às necessidades futuras do setor de telecomunicações.

Gaps e Limitações do 5G: O 5G trouxe avanços importantes, como maior flexibilidade de rede e suporte a novos serviços, mas ainda apresenta desafios significativos. Entre as principais lacunas estão complexidade excessiva na arquitetura, dificultando a interoperabilidade e a migração entre gerações, além da eficiência energética, que se tornou um problema devido ao uso intensivo de massive MIMO e bandas de alta frequência. A cobertura ainda é limitada em áreas remotas e a escalabilidade da rede enfrenta obstáculos técnicos e econômicos. Também há dificuldades na implementação de arquitetura totalmente baseada em nuvem, o que limita o potencial de automação e resiliência da infraestrutura.

Suporte a Novos Cenários e Requisitos: O 6G precisa oferecer suporte a cenários evolutivos definidos pelo IMT-2030, incluindo IA nativa na rede, comunicação assistida por sensores, integração entre computação e conectividade e redes autônomas. As operadoras apontam a necessidade de redes mais resilientes, elásticas e flexíveis para lidar com aplicações emergentes, como robótica colaborativa, interações baseadas em agentes de IA e conectividade massiva. Muitos dos novos serviços poderão ser suportados por atualizações de software no 5G, mas há consenso de que uma nova arquitetura será necessária para explorar todo o potencial do 6G.

Nova Arquitetura de RAN (Radio Access Network): A introdução de uma nova interface aérea para o 6G está sendo avaliada, mas há divergências entre operadoras. Enquanto algumas defendem o aprimoramento das tecnologias 5G-Advanced, outras argumentam que um novo rádio 6G deve oferecer ganhos substanciais de eficiência espectral e conectividade de baixo custo. Para reduzir complexidade, 60% das operadoras preferem que a nova RAN 6G seja ancorada no núcleo 5G SA, enquanto 40% apoiam um núcleo 6G dedicado. A arquitetura também deve integrar IA, computação distribuída e virtualização para oferecer slicing de rede mais avançado e maior flexibilidade de serviços.

Tecnologias Emergentes: O 6G será fortemente influenciado por tendências tecnológicas como IA nativa para automação, redes baseadas em computação distribuída, criptografia pós-quântica e evolução de protocolos de comunicação (como QUIC). A integração entre diferentes acessos, incluindo 5G, Wi-Fi e redes não terrestres (NTN), será essencial para garantir conectividade global. Outras tendências incluem redes digitais gêmeas (digital twins) para otimizar operações, maior segurança baseada em computação quântica e aprimoramento da descentralização da rede para tornar a infraestrutura mais flexível e resiliente.

Para tanto, o NGMN recomenda alguns Princípios de Design da Arquitetura do 6G, garantindo que a nova geração de redes corrija os desafios enfrentados pelo 5G e viabilize uma infraestrutura mais eficiente, sustentável e interoperável. O 6G deve ser concebido com modularidade, escalabilidade e sustentabilidade, permitindo a introdução de inovações sem comprometer a simplicidade da rede.

A modularidade permitirá a implementação de novos recursos de forma flexível e sob demanda, garantindo que a rede se adapte a diferentes cenários e aplicações. Essa abordagem facilitará a incorporação de computação distribuída, inteligência artificial e slicing de rede avançado, otimizando o uso de recursos e a qualidade dos serviços. Além disso, a escalabilidade será essencial para expandir a capacidade da rede, atendendo a um número crescente de dispositivos conectados e novas aplicações, como redes industriais, veículos autônomos e comunicações sensoriais.

A eficiência energética será um dos pilares do 6G, enfrentando os desafios já evidenciados no 5G, onde o consumo de energia aumentou significativamente devido ao uso de massive MIMO e frequências mais altas. O 6G deve minimizar esse impacto por meio da adoção de tecnologias como redes digitais gêmeas (digital twins), alocação dinâmica de espectro e recursos, redes definidas por software (SDN) e automação baseada em IA. Modelos de compartilhamento de infraestrutura e espectro também serão explorados para reduzir o consumo energético e otimizar a utilização da rede.

A interoperabilidade será outro princípio essencial, assegurando a compatibilidade do 6G com redes anteriores, como 4G, 5G e redes não terrestres (NTN). Essa abordagem possibilitará uma transição gradual e eficiente, evitando impactos operacionais e otimizando o aproveitamento da infraestrutura existente. Além disso, a integração com Wi-Fi e redes fixas será fundamental para oferecer uma experiência de conectividade contínua e sem interrupções.

A segurança e privacidade serão incorporadas ao design da rede desde o início, garantindo proteção contra ameaças cibernéticas emergentes. A criptografia pós-quântica será uma das soluções adotadas para evitar vulnerabilidades causadas pela computação quântica, enquanto novos mecanismos de identidade digital e proteção de dados garantirão maior privacidade e confiabilidade nas comunicações. Além disso, a infraestrutura do 6G deverá ser projetada para ser resiliente contra ataques e falhas, assegurando a continuidade dos serviços mesmo em condições adversas.

Por fim, a migração suave do 5G SA para o 6G será um fator determinante para a adoção da nova tecnologia. O 6G deve evitar complexidades desnecessárias e permitir um aproveitamento máximo da infraestrutura existente, reduzindo custos e facilitando a transição para as operadoras. Isso significa que a adoção do 6G deve ocorrer de maneira gradual, utilizando arquiteturas baseadas em software, computação em nuvem e virtualização, garantindo uma evolução eficiente e sustentável.

Com essa abordagem, o 6G será projetado para ser uma rede modular, eficiente, segura e interoperável, promovendo uma conectividade avançada e sustentável para o futuro.
 

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 

14
fev-25

Se você deseja ser bom, comece acreditando que é mau.

Wilson Cardoso

O título de hoje, uma frase do Filósofo Epicteto, explica muito bem a busca paranoica por meios de como melhorar a segurança das redes com a entrada do 6G.

À medida que a tecnologia avança em direção à sexta geração de redes móveis (6G), a segurança cibernética emerge como um dos pilares fundamentais para garantir a confiabilidade, privacidade e integridade dos sistemas de comunicação. O 6G promete revolucionar a conectividade global, integrando inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT) em escala massiva, computação quântica e outras tecnologias disruptivas. No entanto, essa evolução também traz consigo novos desafios de segurança que precisam ser abordados de forma proativa.

A complexidade e a escala do 6G introduzem novos riscos de segurança que vão além dos já enfrentados pelo 5G. Alguns dos principais desafios incluem:

1. Ataques à Privacidade

Com a integração de bilhões de dispositivos IoT e a coleta massiva de dados, a privacidade dos usuários torna-se uma preocupação crítica. A exposição de dados sensíveis, como informações de saúde ou localização em tempo real, pode levar a violações graves de privacidade. O avanço da IA generativa (GenAI) está aumentando a sofisticação de ataques como phishing, ransomware e deepfakes, tornando-os mais convincentes e difíceis de detectar. Segundo a McKinsey, em 2024, ataques de phishing cresceram 1.265% devido à automação e personalização proporcionadas por IA.

2. Segurança em Redes de IA

O 6G dependerá fortemente de IA para otimizar redes, gerenciar recursos e tomar decisões em tempo real. No entanto, sistemas de IA são vulneráveis a ataques como adversarial machine learning, onde dados manipulados podem enganar algoritmos e comprometer a segurança da rede. Além disso, modelos de IA podem ser alvos de ataques de envenenamento de dados (data poisoning), onde informações falsas são injetadas para modificar comportamentos preditivos e comprometer sistemas críticos. Outro risco emergente é o model inversion attack, onde hackers extraem informações sensíveis a partir das respostas de um modelo de IA.

3. Computação Quântica

A computação quântica, embora promissora, representa uma ameaça à criptografia atual. Algoritmos quânticos podem quebrar sistemas de criptografia clássicos, como RSA e ECC, exigindo o desenvolvimento de métodos de criptografia pós-quântica para proteger as comunicações no 6G. O NIST vem realizando esforços na padronização de novos algoritmos, com três padrões de criptografia pós-quântica (ML-KEM, ML-DSA e SLH-DSA) para mitigar essas ameaças, mas sua implementação em escala ainda enfrenta desafios técnicos e regulatórios.

4. Segurança em Redes Não Terrestres

O 6G pretende expandir a conectividade para o espaço (satélites), criando novos vetores de ataque. A proteção dessas redes contra interferências, espionagem e sabotagem será essencial. O aumento da dependência de redes não terrestres trará desafios adicionais, como ataques de falsificação de sinal (spoofing), interferência intencional (jamming) e espionagem de comunicações críticas entre satélites e infraestruturas terrestres.

5. Ameaças à Integridade dos Dados

Com a proliferação de dispositivos conectados, a manipulação de dados em trânsito ou em repouso pode ter consequências catastróficas, especialmente em aplicações críticas como saúde, transporte e infraestrutura urbana. Além disso, a automação de vulnerabilidades via IA acelera a exploração de falhas de segurança, tornando possível ataques em larga escala que identificam e exploram pontos fracos de redes 6G de maneira quase instantânea.
Apesar dos desafios, o 6G também oferece oportunidades únicas para aprimorar a segurança cibernética:

1.    O desenvolvimento de algoritmos de criptografia pós-quântica e técnicas de criptografia homomórfica (que permitem processar dados criptografados sem descriptografá-los) pode garantir a proteção dos dados mesmo diante de ameaças quânticas. A implementação de arquiteturas de segurança híbrida, combinando criptografia clássica e pós-quântica, será essencial para a transição segura das redes móveis.

2.    O uso de blockchain e sistemas de identidade descentralizados pode melhorar a autenticação de dispositivos e usuários, reduzindo o risco de ataques de impersonificação. Soluções como identidade digital descentralizada (decentralized identity) baseada em blockchain estão sendo exploradas para evitar fraudes e acessos não autorizados.

3.    A IA pode ser usada para detectar e responder a ameaças em tempo real, identificando padrões anômalos e mitigando ataques antes que causem danos significativos. O conceito de Extended Detection and Response (XDR), que utiliza IA para correlacionar e prevenir ataques sofisticados, está se tornando uma peça-chave na defesa cibernética das redes móveis.

4.    A adoção de modelos de confiança zero, onde nenhum dispositivo ou usuário é implicitamente confiável, pode fortalecer a segurança da rede, garantindo que cada acesso seja verificado e autorizado. A implementação do conceito zero trust nas infraestruturas 6G será vital para impedir acessos indevidos e minimizar ataques internos.

5.    A segurança no 6G exigirá cooperação internacional entre governos, indústria e academia para estabelecer padrões, compartilhar inteligência sobre ameaças e desenvolver soluções robustas. Novas regulamentações globais, como o EU Artificial Intelligence Act e as diretrizes da NIST Cybersecurity Framework, reforçam a necessidade de políticas de segurança adaptáveis e transparência na governança da IA e segurança cibernética.

O 6G representa um salto tecnológico que trará benefícios transformadores para a sociedade, mas também introduzirá desafios de segurança sem precedentes. Para aproveitar todo o potencial dessa tecnologia, é essencial adotar uma abordagem proativa e multidisciplinar para a segurança cibernética. Investimentos em pesquisa, desenvolvimento de padrões globais e conscientização sobre riscos serão fundamentais para garantir que o 6G seja não apenas inovador, mas também seguro e confiável. Com a crescente sofisticação dos ataques, os investimentos em inteligência artificial aplicada à defesa cibernética e frameworks de Governança, Risco e Compliance (GRC) serão fundamentais para mitigar riscos e garantir resiliência digital.

A segurança no 6G não é apenas uma questão técnica, mas uma responsabilidade coletiva que exigirá esforços coordenados de todos os stakeholders envolvidos. Com as medidas certas, o 6G pode se tornar um marco na história das comunicações, oferecendo um futuro conectado e seguro para todos.

Bom dia da internet segura !

Esse texto é uma colaboração de ideias de:
· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 

07
fev-25

“A medida da inteligência é a capacidade de mudar." – Albert Einstein"

Alberto Boaventura

Na última edição do 6G na Sexta, exploramos o impacto do DeepSeek na revolução da AI no 6G, desafiando modelos tradicionais como os da OpenAI. Agora, ampliamos a discussão para a verdadeira transformação que a AI trará para o 6G, não apenas tornando-o AI-Native, mas integrando inteligência em todo o ecossistema e suas aplicações.

O 6G AI-Native não será apenas mais rápido, mas autônomo e adaptável, otimizando espectro, modulação e alocação de recursos em tempo real. Redes auto-otimizáveis e inteligentes irão reduzir latência, aumentar eficiência e transformar setores como saúde, cidades inteligentes, Indústria 4.0 e mobilidade autônoma.

Além da infraestrutura, a AI Generativa (GenAI) e MLLMs trarão personalização e interações multimodais, viabilizando a Internet-of-Senses (IoS). Com o 6G, o digital será mais do que visual e sonoro—será sensorial e imersivo, permitindo experiências hiper-realistas. A AI não é apenas parte do 6G—ela será o próprio coração dessa revolução tecnológica.

 

AI-Native no 6G

O 6G não será apenas mais rápido, mas também inteligente e autônomo. Um dos principais avanços será a adoção de uma AI Native - Air Interface (AI-AI), onde algoritmos de Machine Learning e Deep Learning serão integrados ao próprio funcionamento da camada física da rede. Isso permitirá a otimização dinâmica de modulação, codificação e alocação de espectro, garantindo maior eficiência energética e melhor desempenho em tempo real.

A AI também será responsável por redes autônomas, onde mecanismos de autoaprendizado permitirão que o 6G opere de maneira proativa. Isso significa que a rede poderá prever falhas, alocar recursos automaticamente e adaptar-se às mudanças nas condições de tráfego sem necessidade de intervenção humana. O conceito de AI-Native Core Network garantirá que todo o processamento de tráfego seja gerenciado de forma inteligente e distribuída, reduzindo latência e otimizando a entrega de serviços.

Com o avanço da AI no 6G, o conceito de redes auto-otimizáveis se tornará realidade, reduzindo custos operacionais e melhorando a experiência dos usuários. Dessa forma, a integração nativa de AI no 6G não apenas aumentará o desempenho da rede, mas redefinirá como interagimos com a conectividade digital no futuro.

 

O Papel da AI em Aplicações e no Ecossistema do 6G

A AI no 6G não se limita apenas à infraestrutura de rede, mas impacta diretamente setores industriais, automação, segurança e personalização de serviços. A integração da AI impulsionará novos modelos de negócios, aprimorará a eficiência operacional e viabilizará novas aplicações.

No setor de saúde, a AI permitirá diagnósticos preditivos, monitoramento remoto de pacientes e telemedicina de alta precisão. Modelos avançados poderão detectar padrões em exames médicos e prever riscos de doenças com antecedência. O 6G, com baixa latência e conectividade confiável, tornará viável a realização de cirurgias remotas e robóticas, garantindo mais acesso a tratamentos médicos de qualidade em áreas remotas.

Para cidades inteligentes, a AI será crucial para otimizar o tráfego urbano, reduzir consumo energético e melhorar a segurança pública. Sensores inteligentes conectados via 6G analisarão padrões de trânsito em tempo real, reduzindo congestionamentos por meio de sistemas autônomos de semáforos e transporte público inteligente. A segurança será aprimorada com câmeras e sistemas de reconhecimento de padrões para prever e prevenir crimes.

Na Indústria 4.0, a combinação de AI, computação de borda e 6G permitirá automação total de processos industriais, aumentando a produtividade e reduzindo desperdícios. Sistemas autônomos de manufatura, manutenção preditiva e controle de qualidade baseado em AI minimizarão falhas e aumentarão a eficiência energética das fábricas conectadas.

No setor de experiências imersivas, a AI possibilitará Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR) hiper-realistas, adaptadas às preferências do usuário em tempo real. Aplicações como treinamentos corporativos, entretenimento e educação serão transformadas por sistemas que personalizam conteúdo e interações com base em dados sensoriais capturados em tempo real.

Para veículos autônomos, a AI será responsável por garantir uma navegação segura e eficiente, processando enormes volumes de dados em tempo real e permitindo comunicação entre veículos e infraestrutura urbana. Com o suporte do 6G, carros autônomos terão respostas instantâneas a mudanças nas condições de tráfego, evitando acidentes e otimizando rotas com base em aprendizado contínuo.

O 6G, aliado à AI, criará um ecossistema hiperconectado e autônomo, onde a tecnologia estará totalmente integrada ao cotidiano, desde a mobilidade e segurança até a saúde e o entretenimento. A evolução da AI, combinada com a alta capacidade e baixa latência do 6G, redefinirá a interação entre humanos e máquinas, tornando a automação e a inteligência digital parte essencial da vida moderna.

 

A Importância da GenAI, LLMs e MLLMs no 6G

A Inteligência Artificial Generativa (GenAI) terá um papel fundamental no 6G, permitindo a criação dinâmica de conteúdos e interações personalizadas em tempo real. A integração de Large Language Models (LLMs) e Multimodal Large Language Models (MLLMs) possibilitará uma fusão avançada entre texto, imagem, áudio e vídeo, proporcionando experiências hiper-realistas.

A GenAI será essencial para serviços hiper-personalizados, assistentes virtuais avançados, geração automática de mídia e aplicações em XR (Realidade Estendida). No setor empresarial, LLMs e MLLMs impulsionarão automação de processos, análise de dados e desenvolvimento de novos modelos de negócio, tornando o 6G um ecossistema verdadeiramente inteligente.

Modelos como BLIP-2 (image-to-text), LLaMA-VID (video-to-text) e QwenAudio (audio-text) permitirão uma comunicação intuitiva e eficiente entre humanos e máquinas. No 6G, essas capacidades serão fundamentais para a Internet-of-Senses (IoS), proporcionando interações multissensoriais e ambientes digitais imersivos.

Conceitos do IoS [1] 

 

A Internet-of-Senses (IoS) é uma das aplicações mais transformadoras do 6G, que evolui além da Internet of Things (IoT) para incluir interações digitais que envolvem toque, olfato e paladar. Esse conceito projeta um futuro onde humanos e ambientes digitais interagem por meio de experiências multissensoriais, viabilizadas por haptic feedback avançado, emissões olfativas e interfaces neurais em tempo real. A IoS vai além da multimídia tradicional, integrando tecnologias de aumentação sensorial movidas por AI.

Diferente das interações digitais convencionais, a IoS busca criar um ambiente onde as experiências são tão envolventes quanto as do mundo físico, utilizando tecnologias como inteligência artificial, realidade aumentada e virtual, além de interfaces neurais. Entre suas principais características estão a integração multissensorial, que incorpora tato, olfato, paladar, visão e audição nas interações digitais; a ultra-baixa latência viabilizada pelo 6G, essencial para experiências em tempo real; a personalização movida por AI, ajustando feedback sensorial conforme as preferências do usuário; o Cloud-Edge Processing, que garante interações fluidas com latência mínima; e a imersão total, que permite aos usuários experimentar sensações táteis, cheiros e até gostos sem consumo físico.

A Internet-of-Senses (IoS) transmite digitalmente sinais sensoriais para todos os sentidos humanos. Isso reduz a lacuna entre real e virtual, permitindo comunicações estilo telepresença. Generative AI e LLMs viabilizam comunicação semântica e sincronização multimodal.

Internet-of-Touch: A sensação tátil permite interação física realista em VR e teleoperação. Interfaces tátil variam de vibração simples a sistemas com resistência e temperatura. Dispositivos como luvas táteis e exoesqueletos proporcionam interações naturais.

Internet-of-Taste: A percepção gustativa pode melhorar a imersão em VR e AR. Tecnologias como estimulação elétrica das papilas gustativas estão em desenvolvimento. No entanto, replicar sabores com precisão ainda é um desafio.

Internet-of-Smell: A Internet-of-Smell usa sensores e Machine Learning para reconhecer odores. Aplicações incluem controle de qualidade alimentar e perfumaria. Interfaces olfativas aumentam imersão e aplicações terapêuticas em VR.

Internet-of-Sight: Dispositivos XR (VR, AR, MR) oferecem experiências visuais imersivas. Streaming de vídeo 360° proporciona maior envolvimento em entretenimento, esportes e teleoperação. Essas tecnologias criam forte sensação de presença.

Internet-of-Audio: O áudio espacial simula som em 3D para maior realismo. Ele melhora a imersão em VR, sincronizando áudio com ambiente visual. Isso aprimora a Qualidade da Experiência (QoE).

O Cérebro como Interface do Usuário: As BCIs traduzem sinais cerebrais para controle direto. Na IoS, permitem ações baseadas em múltiplas percepções sensoriais. Podem ser usadas tanto por humanos quanto por AIs multimodais.

A Internet-of-Senses (IoS) surge como um avanço essencial para ampliar experiências e inovação tecnológica.

No entretenimento, a IoS revoluciona a imersão digital, tornando interações mais realistas e envolventes. Usuários poderiam sentir o calor e o cheiro de explosões em filmes, aumentando a profundidade da experiência. Na saúde, a IoS melhora monitoramento remoto de pacientes, telemedicina e neuroimagem, otimizando diagnósticos e tratamentos.

No comércio, a IoS transforma experiências de varejo com interações multissensoriais e marketing mais envolvente. A interação humano-máquina também se tornaria mais intuitiva, com interfaces controladas pelo pensamento, eliminando a necessidade de dispositivos físicos.

Em situações de risco, a IoS permite controle remoto de robôs via telepresença, garantindo segurança em operações perigosas. Isso é crucial para manuseio de materiais perigosos e exploração de ambientes extremos sem expor humanos a riscos desnecessários.

Arquitetura proposta para comunicação imersiva habilitada por GenAI [1]

 

O 6G, aliado à AI e à IoS, será a base de um ecossistema hiperconectado, inteligente e responsivo. A integração da AI na rede, nas aplicações e nos serviços personalizados tornará a conectividade mais adaptável, permitindo experiências imersivas e a automação completa de processos industriais e urbanos.

A evolução da GenAI, LLMs e MLLMs permitirá a criação de novos modelos de interação digital, personalização avançada e automação massiva, redefinindo a forma como os humanos interagem com a tecnologia. À medida que AI-Native, IoS e 6G se consolidam, entramos em uma nova era da conectividade, onde a inteligência e a conectividade estarão intrinsecamente ligadas, criando um futuro mais conectado, eficiente e intuitivo.

Referências

[1] Generative AI for Immersive Communication: The Next Frontier in Internet-of-Senses Through 6G

 
Esse texto é uma colaboração de ideias de:
· Alberto Boaventura - https://www.linkedin.com/in/albertoboaventura
· Hermano do Amaral Pinto Jr. - https://www.linkedin.com/in/hermanopinto
· Vinicius Caram - https://www.linkedin.com/in/vinicius-caram-232199a
· Wilson Cardoso - https://www.linkedin.com/in/wilsoncardoso

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 

31
jan-25

"Não se opor ao erro é aprová-lo. Não defender a verdade é negá-lo"

Wilson Cardoso

Em uma semana que tivemos um encantamento inicial com as últimas evoluções da IA recordamos um pouco sobre a evolução da humanidade e suas ciências com a frase atribuída a São Tomás de Aquino que tem seu dia comemorado exatamente no dia 28 de Janeiro, dia em que o mundo foi despertado pelos impactos do DeepSeek.

O 6G promete revolucionar a comunicação sem fio, mas é a inteligência artificial (IA) que pode realmente elevar o potencial dessa tecnologia. A utilização de modelos como o DeepSeek pode ser a chave para desbloquear novas possibilidades na era do 6G. Aqui estão algumas formas de como isso pode acontecer:

1. Automação Avançada: A IA permitirá a automação de processos complexos em diversas indústrias, desde a fabricação até a saúde. Com o 6G, a comunicação entre dispositivos será quase instantânea, permitindo que a IA tome decisões rápidas e precisas.

2. Eficiência Energética: Modelos de IA como o DeepSeek, que são eficientes em termos de uso de recursos, podem ajudar a reduzir o consumo de energia das redes 6G. Isso é crucial para a sustentabilidade e para manter a infraestrutura de rede funcionando de maneira eficiente.

3. Cidades Inteligentes: A combinação de 6G e IA pode transformar cidades em ambientes inteligentes, onde sistemas de transporte, energia e segurança operam de forma integrada e otimizada. A análise de dados em tempo real permitirá que a IA gerencie recursos urbanos de maneira mais eficaz.

4. Experiências Imersivas: Com 6G, a realidade aumentada (AR) e a realidade virtual (VR) podem se tornar ainda mais imersivas e interativas. A IA pode personalizar essas experiências de acordo com as preferências dos usuários, criando novos níveis de envolvimento e interação.

5. Segurança e Privacidade: A IA pode fortalecer a segurança das redes 6G, detectando e respondendo a ameaças cibernéticas em tempo real. Além disso, pode garantir que os dados dos usuários sejam protegidos e utilizados de maneira responsável.

E agora com o DeepSeek?

DeepSeek é um modelo de IA de código aberto desenvolvido na China, que tem se destacado por sua eficiência e custo reduzido em comparação com seus concorrentes ocidentais. Aqui estão algumas maneiras pelas quais DeepSeek pode influenciar o uso e o ecossistema de 6G:

1. Eficiência Computacional: DeepSeek utiliza um sistema de "especialistas" que só são ativados quando necessário, reduzindo a necessidade de recursos computacionais massivos. Isso pode ser crucial para a implementação de IA em redes 6G, onde a eficiência é fundamental.

2. Redução de Custos: Com custos de desenvolvimento significativamente menores, DeepSeek pode tornar a implementação de IA em redes 6G mais acessível para empresas e desenvolvedores, promovendo inovação e adoção mais ampla.

3. Desempenho e Escalabilidade: DeepSeek tem mostrado desempenho comparável ao de modelos mais caros como o ChatGPT, mas com menos parâmetros ativos simultaneamente. Isso pode melhorar a escalabilidade das redes 6G, permitindo que mais dispositivos e aplicações se beneficiem da IA sem sobrecarregar a infraestrutura.

4. Impacto no Mercado Global: A ascensão de DeepSeek desafia a dominação das grandes empresas de tecnologia ocidentais, como OpenAI e Google, e pode levar a uma maior diversidade de soluções de IA disponíveis para o ecossistema de 6G.

5. Sustentabilidade: Ao reduzir a necessidade de microchips de ponta e centros de dados massivos, DeepSeek pode ajudar a diminuir o consumo de energia e o impacto ambiental das redes 6G.

A verdadeira força do 6G pode ser encontrada em sua sinergia com a inteligência artificial. Juntas, essas tecnologias podem transformar indústrias, cidades e experiências pessoais, criando um futuro mais conectado e inteligente. A integração de modelos de IA eficientes e acessíveis como DeepSeek pode transformar o ecossistema de 6G, tornando-o mais rápido, eficiente e sustentável. Isso abrirá novas possibilidades para inovação e aplicação em diversas áreas, desde a saúde até a manufatura e transporte.

Não só para o 6G, a Inteligência Artificial (IA) tem impacto transversal em todos os setores produtivos, representando um potencial de ROI infinito, pois pode escalar insights, automação e otimização sem limites. Com isso, há uma tendência de barateamento do hardware, tornando a computação mais acessível.

O DeepSeek busca reduzir o consumo de hardware, mas, segundo o Paradoxo de Jevons, maior eficiência pode aumentar a demanda total, em vez de reduzi-la. À medida que o custo computacional diminui, mais aplicações e setores adotam IA, expandindo seu uso.

Isso já ocorreu na energia: avanços em eficiência levaram a mais consumo, não a menos. No caso da IA, hardware mais barato e eficiente não reduz necessariamente o consumo total, mas impulsiona novas aplicações e dependência crescente da tecnologia.

Assim, mesmo que cada tarefa exija menos poder computacional, o uso global da IA pode crescer exponencialmente, reforçando que eficiência não significa necessariamente menor consumo absoluto.

E o titulo de hoje é muito pertinente para nos auxiliar na análise.

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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24
jan-25

"Vamos tornar a América forte novamente. Vamos tornar a América segura novamente. E vamos tornar a América grande novamente, maior do que nunca antes"

Wilson Cardoso

A recente posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos trouxe uma série de mudanças políticas e econômicas que podem impactar diversas áreas, incluindo o desenvolvimento do 6G, refletido no título dos nosso 6G na Sexta de hoje. Trump assinou várias ordens executivas no primeiro dia de seu mandato, algumas das quais podem ter implicações significativas para a tecnologia e a inovação.

Uma das principais preocupações é a aliança entre Trump e as grandes empresas de tecnologia, como Meta, Amazon, Google e X (antigo Twitter). Essa parceria pode influenciar a regulamentação das redes sociais e outras plataformas digitais, promovendo uma abordagem menos restritiva. Embora isso possa ser visto como um incentivo à liberdade de expressão, também levanta questões sobre a segurança e a privacidade dos dados, aspectos cruciais para a implementação do 6G.

Além disso, a postura de Trump em relação à China e outras potências tecnológicas pode afetar a colaboração internacional necessária para o desenvolvimento do 6G. A retirada dos EUA do Acordo de Paris e outras medidas unilaterais podem criar um ambiente de incerteza e competição acirrada, dificultando a cooperação global em pesquisas e padrões tecnológicos.

O Chips Act dos Estados Unidos, com um investimento histórico de US$ 52,7 bilhões, e o European Chips Act, que mobiliza €43 bilhões, refletem uma tendência global de segmentação no setor de semicondutores e tecnologia, com cada região buscando fortalecer sua autonomia tecnológica e reduzir dependências externas. Nos EUA, US$ 39 bilhões serão destinados à construção de fábricas, enquanto a Europa busca dobrar sua participação no mercado global até 2030, investindo em inovação e resiliência. Apesar de essenciais para a segurança econômica e nacional, esses esforços fragmentados podem dificultar a colaboração internacional e ajudar na geração de padrões incompatíveis, impactando diretamente o avanço de tecnologias como o 6G, que dependem de um ecossistema unificado e colaborativo para prosperar.

O mercado norte-americano tem um peso significativo no desenvolvimento do 6G. A Next G Alliance, um grupo formado por gigantes da tecnologia como Samsung, Microsoft e Facebook, visa estabelecer a América do Norte como líder global na tecnologia 6G[2]. Essa liderança é crucial, pois a região possui uma infraestrutura robusta e um ecossistema de inovação que pode acelerar a pesquisa, o desenvolvimento e a comercialização do 6G.

No entanto, o reaparecimento do risco de fragmentação do ecossistema de 6G é uma preocupação real. A Wireless Broadband Alliance (WBA) destacou a importância de um ecossistema unificado, onde tecnologias como Wi-Fi e redes celulares colaborem de forma integrada. Sem essa colaboração, há o risco de fragmentação, o que poderia levar a padrões incompatíveis e dificultar a adoção global do 6G.

A WBA, fundada em 2003, é uma organização global que visa promover experiências de serviço sem interrupções e interoperáveis via Wi-Fi dentro do ecossistema global sem fio. A missão da WBA é permitir a colaboração entre provedores de serviços, empresas de tecnologia, cidades, reguladores e organizações para alcançar essa visão. A WBA realiza programas e atividades para enfrentar desafios comerciais e técnicos, enquanto explora oportunidades para suas empresas membros.

Os principais programas da WBA incluem NextGen Wi-Fi, OpenRoaming, 5G, IoT, Cidades Inteligentes, Testes e Interoperabilidade, e Assuntos Regulatórios e de Políticas. Esses programas são fundamentais para resolver questões de padrões e técnicas, promovendo serviços de ponta a ponta e acelerando oportunidades de negócios. A WBA também organiza o Wireless Global Congress, que é crucial para impulsionar a inovação e os padrões que tornarão a Internet das Coisas uma realidade.

A possível reação europeia ao desenvolvimento do 6G sob a administração Trump pode ser marcada por uma busca por maior autonomia tecnológica. A União Europeia (UE) tem investido significativamente em sua própria infraestrutura de telecomunicações e pode intensificar esses esforços para reduzir a dependência de tecnologias norte-americanas e chinesas. A UE já lançou iniciativas como o programa Horizon Europe, que inclui financiamento para pesquisa e desenvolvimento em 6G.

Além disso, a Europa pode fortalecer suas parcerias com outras regiões, como a Ásia e a América Latina, para promover um ecossistema de 6G mais diversificado e colaborativo. A UE também pode adotar uma abordagem mais rigorosa em relação à regulamentação de dados e privacidade, diferenciando-se das políticas mais permissivas dos EUA sob Trump.

Essas mudanças políticas e econômicas podem, portanto, representar uma ameaça ao avanço do 6G, que depende de um ambiente estável e colaborativo para prosperar. Vamos acompanhar de perto como essas políticas se desenrolam e impactam o futuro da tecnologia e lembrando que as redes móveis após o 3G foram feitas na base da forte colaboração global.

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

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10
jan-25

"Aprendi que o caminho para o progresso não é rápido nem fácil."

Wilson Cardoso

Para entender o cenário que se desenha para o 6G em 2025, acreditamos ser importante verificar a realidade comercial das redes celulares no mercado mundial e brasileiro, com foco ainda no 5G, e entender o trabalho de padronização que preparou o terreno para implantações no mundo real. Portanto, antes de analisarmos o que está por vir do 3GPP nas versões 18, 19 e posteriores, é importante fazer um balanço de onde estamos hoje com o 5G: o que acertamos, o que poderíamos ter feito melhor e o que aprendemos.

Entendemos e solidificamos a necessidade de um padrão único global. Temos que lembrar que isso é uma realidade dos últimos 10 anos, após a introdução do 4G, e que as sólidas motivações são econômicas, pois com a escala mundial os preços dos terminais são mais atrativos.

A caminhada até agora não foi fácil, com muitas batalhas. Entre elas, vamos recordar o WiMax, CDMA, etc. Não foi nada fácil. Mas, tendo chegado lá, a indústria realmente reconhece o valor de ter um único padrão unificado global. E a questão daqui para frente, é claro, é se seremos capazes de fazer isso novamente na próxima geração.

Com o 5G, e ainda mais com a forma como o 6G está sendo discutido, mais cobertura - cobertura onipresente - é uma meta, embora muito difícil de alcançar. Como podemos garantir que todos tenham a cobertura de que precisam, o serviço de que precisam?

Bem, com o 5G hoje, o acesso sem fio fixo (FWA) não está apenas expandindo a cobertura, mas trazendo novas receitas para as operadoras, portanto, um raro ganha-ganha. E não necessariamente o que a maioria dos especialistas e analistas do setor esperava do 5G.

Agora começaremos o segundo ciclo de implantação do 5G, que vem a seguir com os releases 18 e 19 do 3GPP.

Para que o 6G se torne realidade até 2030, será necessário abordar diversos aspectos não técnicos, como padronização, regulamentação, estratégias de negócios e sustentabilidade.

Padronização: A ITU designou a próxima geração de tecnologia móvel como IMT-2030 ou 6G. Até 2025, a organização estabelecerá os requisitos técnicos que orientarão entidades de padronização, como o 3GPP, na definição de sistemas compatíveis com o 6G. Embora fundamentado nas bases do 5G, o 6G introduzirá conceitos disruptivos como Ubiquitous Connectivity, comunicações baseadas em inteligência artificial (AI) e sensoriamento integrado. Um padrão global unificado será essencial para garantir a resiliência do ecossistema de telecomunicações, com suporte das contribuições de grupos industriais, associações e comunidades de código aberto.

Regulamentação: A viabilidade comercial do 6G dependerá de sua conformidade com diversas regulamentações. Entre as mais relevantes estão a Radio Equipment Directive (RED), que regula segurança e uso do espectro; o Data Act, que trata da governança de dados; o AI Act, responsável pela normatização de sistemas de AI; e o Cybersecurity Act, que estabelece estruturas de certificação de segurança. O alinhamento com essas diretrizes será crucial à medida que o 6G se integre profundamente na infraestrutura social.

Espectro: O 6G demandará uma combinação de faixas de frequência para atender a requisitos de cobertura e capacidade ampliada, além de suportar novos casos de uso emergentes do IMT-2030. Estima-se que cada rede necessitará de pelo menos 500 MHz de novo espectro de ampla cobertura, complementado pelo reaproveitamento de frequências existentes. Novas bandas de frequência, como as identificadas na WRC-27 Agenda Item 1.7 (4.4-4.8 GHz, 7.125-8.4 GHz e 14.8-15.35 GHz), estão sendo avaliadas para atender às demandas do 6G, enquanto faixas atuais continuarão a sustentar as aplicações das gerações anteriores.

Estratégia de Negócios: Apesar de sua posição consolidada como sede de dois dos três maiores fornecedores de telecomunicações do mundo, a Europa enfrenta desafios significativos impostos por provedores globais de streaming, redes sociais e plataformas de hiperescaladores. As oportunidades residem em liderar aplicações industriais do 6G e em adotar modelos de negócios inovadores e políticas regulatórias que incentivem redes abertas e a integração de AI. Gestão robusta de dados e uma abordagem integrada à segurança cibernética serão vitais para assegurar a soberania tecnológica europeia e a confiabilidade dos sistemas 6G.

Sustentabilidade: O 6G está sendo concebido como um paradigma de sustentabilidade, orientado por metas globais e regionais, incluindo os Sustainable Development Goals (SDGs) da ONU e o European Green Deal. Isso exige uma avaliação detalhada dos impactos ambientais, sociais e econômicos, com foco em otimizar o uso de materiais e minimizar desperdícios. A indústria do 6G deverá inovar tanto em tecnologias quanto em modelos de negócios, garantindo que os avanços na conectividade sejam equilibrados com responsabilidade ambiental e equidade social.

Os elementos acima já estabelecem um amplo espectro de debates, pois aspectos não técnicos afetam profundamente a evolução sistêmica, tais como resistências à adoção de novas tecnologias nas organizações, equipamentos legados ainda com bom desempenho e despreparo das operadoras/integradores no tratamento dos benefícios concretos da transição tecnológica. Mas, centrado nas motivações econômicas, podemos detalhar:

  • Fomentar a transição do 5G para o 6G para sustentar e ampliar as inovações do 5G.
  • Abordar possíveis limitações do 5G em áreas que podem ter sido subdesenvolvidas, como o suporte a indústrias verticais.
  • Integrar novas capacidades de serviço com ênfase na interoperabilidade e continuidade.
  • Propor redes inteligentes interconectadas e interoperáveis, garantindo interconexão e interoperabilidade perfeitas entre provedores de rede, além da conectividade.
  • Definir ecossistemas sustentáveis de 6G, priorizando a sustentabilidade e abrangendo aspectos ambientais, sociais e econômicos por meio de uma nova abordagem de ecossistema de negócios.

Algumas respostas serão dadas em 2025, mas o título de hoje, uma frase de Marie Curie, é uma homenagem a Miriam Aquino, uma perda que o setor de telecomunicações teve esta semana. Miriam, obrigado por tudo!

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 

20
dez-24

"Viver é enfrentar um problema atrás do outro. O modo como você o encara é que faz a diferença"

Wilson Cardoso

O titulo de hoje inspirado em uma frase de Benjamin Franklin e combinado com o fim do ano que se aproxima, liga a nossa imaginação para o que podemos esperar do 6G em 2025:

Aspectos Técnicos:

  • Pesquisa e Desenvolvimento: Até 2025, o foco ainda estará em grande parte em P&D. Espere avanços em áreas como frequências de terahertz, otimização de rede orientada por IA e tecnologias de latência ultrabaixa. As bases para os padrões 6G estarão em andamento, com uma mudança da pesquisa pura para os estágios iniciais de desenvolvimento, mas pelo atual andamento das coisas o terahertz deve ficar para o 6.5G.
  • Teste de Protótipo: Os primeiros protótipos para componentes 6G, como antenas, chips e infraestrutura de rede, podem começar a testar em ambientes controlados ou por meio de configurações experimentais.
  • Tecnologias-chave: Tecnologias como o MIMO avançado, a Rede de Acesso por Rádio Aberto (Open RAN) e a detecção e comunicação integradas (ISAC) estarão sob forte escrutínio por sua viabilidade em redes 6G.

Aspectos Econômicos e de Mercado:

  • Investimento: Haverá investimentos significativos em pesquisa 6G por gigantes da tecnologia, empresas de telecomunicações e possivelmente iniciativas apoiados pelo governo, com o objetivo de se posicionar como líderes na tecnologia.
  • Antecipação do Mercado: O mercado começará a antecipar o impacto econômico do 6G, com indústrias como manufatura, automotivo e saúde analisando possíveis casos de uso para conectividade aprimorada.

Aspectos Regulatórios e de Políticas:

  • Processo de Padronização: O 3GPP e a ITU estarão no processo de definição dos padrões para 6G, com a primeira especificação completa não esperada até mais tarde, mas discussões e itens de estudo estarão bem encaminhados.
  • Gerenciamento de Espectro: Haverá debates e negociações em andamento sobre a alocação de espectro, com alguns países assumindo a liderança na proteção de bandas de frequência para uso futuro de 6G.

Aspectos Sociais e do Consumidor:

  • Expectativas: Os consumidores podem começar a ouvir mais sobre os recursos do 6G, mas os produtos ou serviços de consumo reais que aproveitam o 6G ainda não estarão disponíveis, levando a expectativas sobre velocidade, conectividade e novos aplicativos, como comunicações holográficas ou experiências aprimoradas de AR/VR.
  • Equidade Digital: Haverá conversas sobre como o 6G pode abordar ou potencialmente exacerbar a divisão digital, particularmente em termos de acesso à internet de alta velocidade em áreas remotas ou subdesenvolvidas.

Aspectos Ambientais:

  • Eficiência Energética: Haverá um impulso significativo para tornar o 6G mais eficiente em termos de energia do que as gerações anteriores, incorporando práticas sustentáveis no projeto e operação da rede.
  • Sustentabilidade: Espera-se que o 6G apoie os esforços de sustentabilidade por meio de infraestrutura de cidade inteligente, gerenciamento eficiente de recursos e redução do impacto ambiental das telecomunicações.

Aspectos Geopolíticos:

  • Liderança Tecnológica: Nações como a China, os EUA e os países europeus estarão correndo para liderar a tecnologia 6G, vendo-a como um ativo estratégico. Postagens no X destacaram as ambições da China de estabelecer padrões 6G até 2025, o que pode provocar a concorrência ou a colaboração.
  • Segurança e Soberania: Com o 6G, haverá um foco maior na proteção de redes contra ameaças cibernéticas, bem como em debates sobre soberania tecnológica e controle de dados.

Aplicações industriais

  • o impacto do 6G em termos de planejamento e redução de desperdícios e resíduos industriais através de modelos avançados de gêmeos digitais “online”. Trata-se de algo bastante presente em algumas indústrias e já tratado pelos europeus de forma mais estruturada.
  • outro ponto, seria quanto aos DataCenters, uma vez que a sua tipificação de uso será ainda mais segmentada com a chegada do 6G. Se hoje, temos uma segmentação para mineração e IA, já separada dos DCs de uso geral de Telecom, os requisitos de segurança corporativa com o 6G deverão ser incorporados nas arquiteturas de DCs. Hoje, já se percebe um movimento de retomada de servidores próprios, fora da nuvem, em função de preocupações nesse sentido. Lideres do setor industrial já trabalham modelos de integração IT-OT mais “protegidos” das debilidades do mundo de TI, o que o 6G poderá potencializar.

Então podemos esperar um 2025 caracterizado por extensas pesquisas, testes iniciais de protótipos e preparação do cenário para os padrões 6G.

Durante 2024 vivemos um grande debate que as redes móveis deveriam ser altamente impactadas pela introdução massiva de IA nos celulares, analisando dados do Speedtest Global Index, podemos criar varias indagações, baseadas no seguintes fatos:

  • No Brasil, o tráfego de downlink cresceu de 47,09 Mbps em novembro de 2023 para 80,97 Mbps, ou seja um crescimento de 72% aproximadamente.
  • Nos Emirados Árabes Unidos, o primeiro pais no ranking do Speedtest, o tráfego de downlink cresceu de 293,17 Mbps para 441,89 Mbps, um crescimento de 50,7% no mesmo período.

O que podemos dizer desse crescimento robusto de tráfego: precisamos de tecnologias que suportem novas bandas de frequência, mais eficiência e maior flexibilidade de uso.

Nos dois países o tráfego de uplink praticamente não cresceu.

As expectativas serão altas, mas a implementação prática ainda é vista no horizonte de 2030.

O 6G NA SEXTA se despede de 2024 e volta no dia 10 de Janeiro. Boas Festa e vamos encarar 2025 !

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 

06
dez-24

"Eu creio: que o Homem e o mundo são governados por leis naturais”

Wilson Cardoso

A frase de hoje, do nosso Patrono da Comunicações: Marechal Candido Rondon, responde muito bem uma pergunta frequente. A pergunta é: o 6G substituirá as redes óticas (FTTH – Fiber to the Home)?

O 6G, ou sexta geração de redes móveis, está sendo desenvolvido para oferecer velocidades de transmissão de dados extremamente altas, potencialmente chegando a até 1 terabit por segundo (Tbps). Além disso, a latência será ultrabaixa, com valores inferiores a 100 microssegundos, permitindo uma comunicação quase instantânea. Essas características são essenciais para aplicações que exigem alta precisão e rapidez, como carros autônomos, cirurgias remotas e realidade aumentada/virtual.

As redes FTTx (Fiber to the x) são uma arquitetura de rede de banda larga que utiliza fibra óptica para substituir completamente ou parcialmente o cabeamento metálico ou coaxial tradicional. Existem várias configurações de FTTx, incluindo:

  • FTTH (Fiber to the Home): Fibra até a residência do usuário final.
  • FTTB (Fiber to the Building): Fibra até o prédio, com distribuição interna via cabo coaxial ou par de cobre.
  • FTTC (Fiber to the Curb): Fibra até um armário na rua, com distribuição final via cabo coaxial ou par de cobre.
  • FTTN (Fiber to the Node): Fibra até um nó, com a conexão final ao cliente sendo de cobre

Inclusive mais pessoas começam a manifestar no ITU-T que a evolução das redes de fibra deve atender a visão 2030, mas que a evolução das redes de fibra deve ter um caminho próprio.

A evolução das redes ópticas é essencial para atender às exigências do 6G, que incluem altíssimas velocidades, baixa latência e comunicações confiáveis. Com um mercado estimado em várias dezenas de bilhões de dólares ($50 bilhões) anuais, a padronização e o alinhamento tecnológico desde a pesquisa até o produto final beneficiarão toda a cadeia de valor, abrangendo fornecedores de chips, módulos e sistemas, bem como operadoras.

Essas redes serão o alicerce para a conectividade IMT-2030/6G, garantindo um ecossistema eficiente, escalável e sustentável. Tecnologias como fibra P2P, DWDM e FSO são indispensáveis para viabilizar o backhaul, fronthaul e midhaul do 6G, suportando taxas superiores a 1 Tbps e latências inferiores a 0,1 ms. Simultaneamente, redes PON de nova geração, como 25G-PON, 50G-PON e 200G-PON, estão modernizando a banda larga fixa, atendendo a aplicações de alto consumo de banda, como XR, IoT e comunicação holográfica. A integração entre infraestruturas ópticas fixas e móveis proporciona maior escalabilidade, eficiência energética e confiabilidade, promovendo uma conectividade fluida entre os dois ambientes. A aplicação de IA/ML, SDN e técnicas avançadas como SDM aprimora ainda mais o desempenho das redes, permitindo ajustes dinâmicos para atender padrões de tráfego variáveis e objetivos de eficiência energética. Iniciativas como a SG15 da ITU-T, OIF, IEEE e BBF desempenham um papel estratégico na coordenação dos padrões de transporte e acesso óptico, promovendo a evolução contínua dessas tecnologias. Assim, as redes ópticas tornam-se fundamentais para sustentar as necessidades crescentes das comunicações de próxima geração, tanto para conexões móveis quanto fixas, viabilizando a sociedade digital interconectada que o 6G promete entregar.

Embora o 6G traga avanços significativos na conectividade sem fio, ele será mais um complemento às redes de fibra óptica, que continuarão a ser essenciais para a infraestrutura de telecomunicações. As redes FTTx oferecem várias vantagens, como:

  • Alta Capacidade e Estabilidade: A fibra óptica pode transmitir grandes volumes de dados com alta precisão e baixa perda de sinal em longas distâncias3.
  • Imunidade a Interferências Eletromagnéticas: As conexões de fibra óptica não são afetadas por interferências eletromagnéticas, garantindo uma transmissão de dados mais estável.
  • Eficiência Energética: As redes FTTx consomem menos energia em comparação com as redes baseadas em tecnologia sem fio.

Combinando as capacidades do 6G e das redes FTTx, podemos esperar uma série de novos casos de uso e benefícios, e acreditamos que esse seja o foco principal, incluindo:

  • Hologramas em Tempo Real: Para comunicação e entretenimento mais imersivos.
  • Metaversos Avançados: Experiências de realidade virtual e aumentada mais realistas.
  • Veículos Autônomos: Com comunicação quase instantânea entre veículos e infraestrutura.
  • Expansão da Internet das Coisas (IoT): Suportando uma maior densidade de dispositivos conectados

Em resumo, enquanto o 6G trará uma revolução na conectividade sem fio, as redes FTTx continuarão a desempenhar um papel crucial na infraestrutura de telecomunicações, garantindo a estabilidade e a capacidade necessárias para suportar o crescente tráfego de dados, precisamos ainda lembrar que cada antena necessitará de uma conexão por fibra. O Marechal Rondon estava certo toda as redes 6G e as redes FTTX são regidas por leis físicas e isso se aplica as duas tecnologias de forma igual.

Esse texto é uma colaboração de ideias de:

As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente dos autores acima e não refletem, de forma alguma, as opiniões ou posições das empresas onde trabalham. Este conteúdo foi criado de forma independente e não possui qualquer afiliação ou endosso por parte das empregadoras.

 

29
nov-24

As coisas são mais belas quando vistas de cima

Wilson Cardoso

A frase de Santos Dumont, traz um pouco das experiencias da semana que passa onde pude ver um EVTOL (Electric Vertical Take-off and Landing) em operação, e vendo as quantidades previstas para o mercado de cidades como São Paulo, me remeteu aos desenvolvimentos feitos na Coréia do Sul.

O governo coreano estabeleceu a meta de comercializar a mobilidade aérea urbana no país até meados da década de 2020 e, em apoio a esse objetivo, o Ministério da Terra, Infraestrutura e Transporte (MOLIT) realizou em Maio deste ano o Grande Desafio K-UAM, que é uma demonstração conjunta público-privada de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL) destinadas a consolidar apoio público. Isso faz parte de uma visão mais ampla de integrar veículos aéreos avançados em sistemas de transporte urbano, aliviando o congestionamento e fornecendo soluções de transporte sustentáveis e eficientes para grandes cidades como Seul.

A estratégia é baseada em dois grandes blocos:

  • Projetos Piloto: Espera-se que os testes iniciais ocorram em áreas e rotas urbanas selecionadas, incluindo centros-chave como Seul e Incheon. Esses testes se concentrarão em demonstrar a viabilidade dos táxis aéreos, testar o conforto e a segurança dos passageiros e refinar a tecnologia e a infraestrutura necessárias para operações comerciais de maior escala.
  • Cronograma para Serviço em Grande Escala: Operações comerciais completas, que podem começar com rotas limitadas e custos mais altos, devem ser lançadas por volta de 2025-2027, com a Coreia do Sul com o objetivo de desenvolver uma rede de táxis aéreos totalmente operacional dentro de uma década.

Principais Jogadores e Parcerias

A estratégia de táxi aéreo da Coreia do Sul é impulsionada por uma mistura de empresas aeroespaciais nacionais, empresas internacionais de aviação e agências governamentais.

  • Hyundai Motor Group: A Hyundai se tornou um jogador central na visão da UAM da Coreia do Sul com seu conceito de táxi aéreo S-A1. O táxi aéreo da Hyundai foi projetado para ser totalmente elétrico, autônomo e capaz de transportar passageiros em distâncias curtas e médias dentro das cidades. A empresa também fez parceria com a Uber Elevate, um projeto da UAM que visa desenvolver veículos voadores urbanos seguros.
  • Korean Air: A principal companhia aérea do país, a Korean Air, está envolvida em testes de táxi aéreo e colaborações com outras empresas para desenvolver a infraestrutura necessária, como vertiports e protocolos de segurança para eVTOLs.
  • SK Telecom: Como uma das maiores empresas de telecomunicações da Coreia do Sul, a SK Telecom está focada em fornecer a infraestrutura de comunicação 5G que será essencial para os sistemas de transferência de dados, navegação e segurança em tempo real necessários para as operações de táxi aéreo. Isso inclui o suporte ao controle automatizado de tráfego aéreo e a conectividade entre as aeronaves eVTOL e as estações terrestres.
  • Colaborações Internacionais: A Coreia do Sul se uniu a empresas globais de aviação, como Joby Aviation (EUA) e Volocopter (Alemanha), para testar suas aeronaves eVTOL no espaço aéreo sul-coreano, dando aos engenheiros e formuladores de políticas sul-coreanos informações valiosas sobre as melhores práticas internacionais na UAM.

No caso da Coreia do Sul o 5G foi escolhido como solução de conectividade e controle, mas acredito que o 6G será crucial para o desenvolvimento de veículos elétricos autônomos (EVTOL) por várias razões:

  • Conectividade em Tempo Real: O 6G oferecerá latência extremamente baixa, o que é essencial para a comunicação em tempo real entre os veículos e os centros de controle. Isso permitirá uma resposta mais rápida e precisa às condições de voo.
  • Capacidade de Dados: Com velocidades de transmissão de dados muito altas, o 6G permitirá o envio de grandes quantidades de dados, como imagens de alta resolução de câmeras e sensores, em tempo real. Isso é fundamental para a navegação e segurança dos EVTOLs.
  • Cobertura: O 6G integrará redes terrestres com satélites, garantindo conectividade contínua mesmo em áreas remotas ou de difícil acesso. Isso é importante para a operação de EVTOLs em diferentes regiões.
  • Integração com IA: O 6G permitirá a integração de capacidades de inteligência artificial, criando redes auto-otimizáveis que podem gerenciar a demanda de tráfego e alocar recursos de forma eficiente. Isso melhorará a eficiência operacional dos EVTOLs.
  • Sustentabilidade: O 6G também promete ser mais sustentável, utilizando fontes de energia renováveis e minimizando a pegada de carbono. Isso é alinhado com os objetivos de sustentabilidade dos EVTOLs.

 

E hoje finalizo com outra frase de Santos Dumont: "Inventar é imaginar o que ninguém pensou; é acreditar no que ninguém jurou; é arriscar o que ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. Inventar é transcender"

 

15
nov-24

Reflexões sobre a Proclamação da República e o Futuro das Telecomunicações

Wilson Cardoso

"A obra legislativa, para ser perfeita, deve representar a expressão viva, palpitante, da experiência e das necessidades de cada povo."- Marechal Deodoro da Fonseca, 1890

Neste feriado da Proclamação da República, refletimos sobre a trajetória das telecomunicações no Brasil e no mundo.

A Evolução das Telecomunicações

Desde o 1G até o presente, cada avanço tecnológico não apenas aumentou as velocidades, expandiu bandas de frequência e conectou mais dispositivos, mas redefiniu o que a conectividade significa para a civilização. Com os lançamentos dos padrões 5G (3GPP Releases 15, 16 e 17), estamos em uma busca ambiciosa para conectar todos e tudo ao nosso redor. Embora a implantação do 5G seja rápida e abrangente, ela enfrenta desafios de monetização e requer uma colaboração intensa entre prestadoras e academia.

A Chegada do 6G

Estamos à beira da era 6G, que promete uma simbiose perfeita entre os reinos digitais e físicos. Nesta nova era, nossa imaginação coletiva será o único limite.

Dados recentes da Global Mobile Suppliers Association (GSA) destacam:

- 618 operadores investindo em 5G
- 2.995 dispositivos 5G anunciados, um aumento de mais de 65% desde o início de 2023.
- Mais de 2.601 dispositivos 5G disponíveis comercialmente.
- Mais de US$ 50 bilhões investidos em leilões e atribuições de espectro para o 5G.

O Caminho para o 6G

A progressão de 1G para 6G não é apenas uma série de avanços tecnológicos, mas uma jornada que redefiniu a sociedade. Cada salto trouxe desafios e aprendizados únicos, nos impulsionando a maiores inovações. O caminho para o 6G, carregado de promessas e complexidade, nos convida a examinar o futuro com um olhar crítico.

O trabalho formal sobre os padrões 6G deve começar por volta de 2025, explorando casos de uso e tecnologias fundamentais, como formas de onda avançadas, codificação de canais e integração de Inteligência Artificial (IA). Iniciativas regionais em todo o mundo já estão lançando as bases para o 6G.

Iniciativas Globais em 6G

Estados Unidos: A National Science Foundation (NSF) concedeu mais de US$ 53 milhões para pesquisa 6G. A Administração Biden-Harris destinou quase US$ 180 milhões em subsídios do Wireless Innovation Fund para desenvolver redes sem fio abertas e interoperáveis.

Índia: A Bharat 6G Alliance (B6GA) promove o desenvolvimento do 6G, com financiamento governamental significativo e apoio a startups e MPEs.

China: Estabeleceu um grupo nacional de pesquisa e desenvolvimento de 6G, composto por ministérios governamentais, institutos de pesquisa e empresas.

Essas iniciativas visam posicionar essas regiões na liderança da tecnologia 6G.

Vamos celebrar a República…

 

08
nov-24

Eu errei e os Jetsons estavam certos…

Wilson Cardoso

Quando minha filha nasceu em 2004, fiz uma palestra sobre carros conectados e afirmei que ela não precisaria aprender a dirigir, pois todos os carros seriam autônomos. Ela já tem 20 anos e não aprendeu a dirigir por falta de interesse e pelo conforto dos aplicativos.

Os carros autônomos são classificados em diferentes níveis de autonomia, conforme a capacidade de operar sem intervenção humana. A Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE) definiu 5 níveis de automação, de 0 a 5. Aqui está um resumo de cada nível, com um complemento para um nível 6 hipotético onde o veículo interage com a cidade:

veis de Automação:

vel 0: Sem Automação- Todas as funções são realizadas pelo motorista.

vel 1: Assistência ao Motorista- O veículo possui sistemas de assistência, como controle de cruzeiro adaptativo e frenagem de emergência, mas o motorista ainda controla o veículo.

vel 2: Automação Parcial- O veículo pode controlar velocidade, direção e posição na pista simultaneamente, mas o motorista deve estar pronto para assumir o controle a qualquer momento.

vel 3: Automação Condicional- O veículo lida com certas situações de direção sem intervenção do motorista, mas o motorista ainda pode ser necessário em condições específicas.

vel 4: Alta Automação - O veículo opera autonomamente em determinadas condições, mas o motorista pode precisar assumir o controle em algumas situações.

vel 5: Automação Completa- O veículo dirige completamente sem a necessidade de um motorista humano em qualquer condição.

vel 6: Interação com a Cidade (Hipotético) - O veículo opera de forma totalmente autônoma e interage com a infraestrutura urbana e outros veículos. Isso inclui:

  • Comunicação V2X (Vehicle-to-Everything): Comunica-se com semáforos, sinais de trânsito, prédios inteligentes, pedestres e outros veículos para otimizar a movimentação e aumentar a segurança.
  • Navegação e Ajuste em Tempo Real: Utiliza dados em tempo real fornecidos pela cidade para ajustar rotas e evitar congestionamentos.
  • Gestão de Energia: Ajusta o consumo de energia em coordenação com a rede elétrica da cidade.
  • Resposta a Emergências: Reconhece e responde rapidamente a situações de emergência.
  • Interação com Infraestrutura Inteligente**: Interage com paradas de ônibus inteligentes, estacionamentos automatizados e pontos de recarga.

 

Esses níveis ajudam a entender como as tecnologias de automação em veículos evoluem ao longo do tempo.

5G e 6G em Veículos Autônomos:

A 5G Automotive Association (5GAA) e o Third Generation Partnership Project (3GPP) especificaram vários casos de uso V2X que poderiam ser suportados pelo 5G, incluindo segurança, gerenciamento de operações de veículos, conveniência, direção autônoma, pelotão, eficiência de tráfego e respeito pelo meio ambiente, sociedade e comunidade.

Os sistemas de comunicação 5G foram projetados para suportar casos de uso V2X, nos levando ao 6G para melhor suporte a casos de uso V2X avançados. Algumas tecnologias 6G necessárias para o nível 6 incluem:

  • Camada Física Avançada: largura de banda mais ampla com nova codificação de canal, MIMO.
  • Capacidade de Localização: Comunicações de tempo crítico e fatiamento de rede.
  • Computação de Borda: Reduz latência devido à proximidade dos dados com os usuários finais.
  • Gerenciamento Avançado de QoS: Previsão de QoS, perfis de QoS alternativos.
  • Comunicação D2D (NR Sidelink): Permite manobras cooperativas entre veículos automatizados.
  • Proteção de Usuários Vulneráveis da Estrada (VRU): Proteção de pedestres, ciclistas, motociclistas usando componentes 6G ou smartphones.

 

Desafios da Integração 6G com Carros Autônomos:

  • Capacidade de Dados e Latência: Garantir que a infraestrutura de rede suporte a demanda em todas as áreas.
  • Segurança e Privacidade: Proteger os dados contra ataques cibernéticos e garantir a privacidade dos usuários.
  • Compatibilidade e Interoperabilidade: Necessidade de compatibilidade e interoperabilidade entre diferentes sistemas e dispositivos.
  • Infraestrutura Urbana: Necessidade de uma infraestrutura robusta, incluindo sensores e câmeras IoT.
  • Regulamentação e Políticas: Desenvolvimento e implementação de regulamentações adequadas.
  • Custo e Investimento: Necessidade de investimentos substanciais para desenvolvimento e implementação.

 

Esses desafios precisam ser abordados de forma colaborativa entre governos, empresas de tecnologia, fabricantes de veículos e outras partes interessadas.

E como errei, deveria ter lembrado sempre dos veículos voadores dos Jetsons, que sempre tinham uma alavanca que funcionava como joystick. Parece que, mesmo com toda a tecnologia, ainda precisaremos de uma alavanca.

 

01
nov-24

"Inovação é o que distingue um líder de um seguidor"

Wilson Cardoso

A frase de Steve Jobs, titulo de hoje, é um incomodo diário que me aflige quando penso no modelo atual das redes de telecomunicações. Modelo que tem começado a mostrar fragilidade pela pressão econômica e pela própria evolução do processamento nos dispositivos.

Estamos projetando para dispositivos dedicados 6G ou para dispositivos multi-rede?

Se não formos capazes de responder corretamente a esta pergunta fundamental, estaremos padronizando funcionalidades que provavelmente nunca alcançarão sucesso comercial e não gerarão os retornos necessários para financiar nosso futuro.

Essa é, sem dúvida, a questão mais importante a ser abordada, antes de qualquer outra consideração. A resposta determinará o que deve ser incluído no escopo do padrão do 6G e o que deve ser deixado nas mãos do mercado.

Atualmente, sinto que estamos respondendo como se ainda estivéssemos em 1998. Estamos elaborando padrões com base na suposição de uma conectividade onipresente, derivada de uma versão de um padrão que não reflete a realidade atual. Vivemos em um mundo de redes cada vez mais heterogêneas, que são imensamente mais poderosas devido à diversidade de soluções alternativas e às diferentes dinâmicas econômicas que elas trazem.

Agimos como se nosso principal cliente de dispositivos, o smartphone, nunca tivesse adotado o Wi-Fi como uma rede complementar. Se não abraçarmos as oportunidades que a realidade nos apresenta, corremos o risco de trilhar o mesmo caminho de tecnologias muito promissoras que falharam em se adaptar aos novos tempos.

Existem, sem dúvida, dispositivos que estarão vinculados a uma tecnologia específica, mas precisamos compreender a magnitude do mercado e os potenciais retornos comerciais associados. Esses não são mercados homogêneos de bilhões de dispositivos com alta receita média por usuário (ARPU). Precisamos decidir a melhor abordagem para atender às necessidades e padronizar apenas o que é realmente valioso para os segmentos mais significativos do mercado. Padronizar com base em uma pequena parte do mercado endereçável pode introduzir custos, complexidade e atrasos, favorecendo poucos nichos em detrimento de soluções em escala.

Esses dispositivos estarão relacionados a uma variante específica de tecnologia? Estamos garantindo a compatibilidade com versões anteriores dessas funções incrivelmente complexas? Um carro, por exemplo, requer 30 anos de garantias; ele implementará as inovações mais recentes de um padrão, confiando que estes existirão, serão implantados e suportados.

Na minha opinião, é hora de realizar um hard reset.

E esse recomeço deve se basear na desconstrução da maior falácia de todas: a falácia de uma rede única.

Achei uma cópia do artigo  "Rise of the Stupid Network"  escrito em maio de 1997 por David S. Isenberg, enquanto trabalhava na AT&T Labs Research. O foco do artigo de Isenberg é a criação de uma rede que seja inteligente em seus pontos finais, onde os usuários exercem controle sobre sua atividade. Isso contrasta com as chamadas redes inteligentes, construídas por operadoras, que consistem em terminais simples (telefones) interligados a redes que gerenciam todas as operações. Isenberg escreveu o artigo antes do Wi-Fi. Antes da banda larga móvel. Antes de tudo o que hoje tomamos como garantido. E ele previu o que estava por vir.

O termo "rede estúpida" talvez gerou um bloqueio em nossos pensamentos,  assim como a expressão "tubo burro" (duma pipi) repetiu o mesmo erro muitos anos depois. Ninguém quer construir algo estúpido ou tolo, e uma rede que conecta o planeta, com custos exponencialmente decrescentes e capacidade exponencialmente crescente, está longe de ser burra.
A rede precisa ser eficiente naquilo para o que ela foi projetada, assim como o dispositivo deve ser eficaz em suas funções específicas, em um mundo repleto de diversos dispositivos e redes. Precisamos entender a diferença entre os dois.

É fundamental que escutemos essa mensagem, a abracemos e implementemos padrões que simplifiquem em vez de complicar, que reduzam a dívida tecnológica em vez de ampliá-la, e que se concentrem em ser a melhor rede possível para habilitar operações de forma fluida com outras redes.

Em 2024, as assinaturas de smartphones representam aproximadamente 55% de todas as assinaturas móveis em todo o mundo número que deve crescer nos próximos anos segundo a GSMA. A porcentagem da receita total atribuída às assinaturas de smartphones é ainda mais polarizada, considerando que, nos EUA, os planos para dispositivos não smartphone (IoT) variam de cerca de R$ 25 a R$ 50 por mês, em comparação com os planos de smartphone, que vão de R$ 250 a R$ 300 mensais.

Os smartphones se tornaram multi-rede ao incluir o Wi-Fi como padrão, a partir de 2004.

Nos mercados com prioridade para fibra (em oposição aos mercados com prioridade para móvel), as redes Wi-Fi costumam carregar mais de 70% de todo o tráfego dos smartphones. Em termos de volume, o Wi-Fi é a rede dominante, e não apenas um suporte.

Além disso, as maiores plataformas de dispositivos estão abstraindo a experiência do desenvolvedor da necessidade de compreender em qual rede um dispositivo está conectado, e a evolução dos protocolos de internet está criando continuidade nas sessões, permitindo que a transmissão de dados ocorra de maneira eficiente entre redes e através de múltiplos caminhos, maximizando o desempenho por todos os possíveis trajetos.

A Internet continua em processo de transição. Mais de 90% do tráfego da Internet é criptografado, mas em certas regiões do mundo, observamos que quase 50% do tráfego migrou do TCP convencional para o HTTP/3, transportado pelo protocolo QUIC baseado em Datagramas de Usuários (UDP). Críticamente, em vez de precisar ocultar caminhos diferentes, o protocolo de transporte QUIC suporta migração nativa de conexões. Conexões existentes permanecem ativas enquanto os dispositivos alteram seus endereços IP quando mudam entre diferentes redes.

O ecossistema de dispositivos busca atender às necessidades de seus provedores de aplicações, oferecendo estruturas que possibilitem o desenvolvimento de aplicativos.

Todos podem descordar do texto acima, mas quando falamos de geração de valor hoje falamos dos terminais das redes, os smartphones/dispositivos de IoT e os datacenters.

 

25
out-24

Onde os sonhos são feitos e os futuros são forjados…

Wilson Cardoso

Estamos as vésperas da eleição do segundo turno em muitas cidades do Brasil e um tema recorrente nos últimos 10 anos é de como criar um infraestrutura inteligente para as cidades, o que remete ao titulo de hoje, uma frase de Teju Cole.

Teju Cole é um escritor, fotógrafo e historiador de arte nigeriano-americano. Nascido em 27 de junho de 1975, ele cresceu na Nigéria e atualmente vive nos Estados Unidos. Cole é conhecido por suas obras literárias, incluindo o romance "Open City" (2011) que acabei de ler essa semana.

Vimos muitos projetos, muitos fracassos e alguns sucessos, sucesso difícil de replicar, uma vez que cada cidade é única.

Os projetos de cidades inteligentes no Brasil enfrentam vários desafios que dificultam sua evolução. Aqui estão alguns dos principais obstáculos:

  1. Investimentos Insuficientes: A falta de recursos financeiros adequados para implementar e manter a infraestrutura tecnológica necessária é um grande desafio.
  2. Inclusão Digital: A desigualdade digital entre diferentes regiões e grupos sociais pode limitar o alcance e a eficácia das iniciativas de cidades inteligentes.
  3. Segurança Cibernética: A proteção dos dados e sistemas contra ameaças cibernéticas é um desafio contínuo, especialmente com o aumento da conectividade.
  4. Integração de Dados: A dificuldade de integrar dados de diferentes fontes e sistemas pode prejudicar a eficiência e a tomada de decisões baseadas em dados.
  5. Impacto Social e Ambiental: É necessário garantir que as tecnologias emergentes não causem impactos negativos na sociedade e no meio ambiente.
  6. Complexidade Regulatória: A burocracia e a falta de regulamentações claras podem atrasar a implementação de projetos de cidades inteligentes.
  7. Capacitação e Educação: A falta de formação adequada para profissionais que trabalham com tecnologias emergentes pode limitar a eficácia das iniciativas.

Apesar desses desafios, há avanços significativos em várias cidades brasileiras.

Durante 2019, foi realizada uma pesquisa sobre ecossistemas de inovação para a Agenda Urbana da União Europeia.  A pesquisa descreve o número e os tipos de Iniciativas ecossistêmicas em todas as regiões da Europa. Na pesquisa, um total de 247 ecossistemas de inovação foram analisados de 35 países diferentes e 165 cidades. O estudo foi baseado nas entrevistas de gerentes de ecossistemas, organizações e participantes de ecossistemas. Baseado na pesquisa,  Universidades, PMEs e empresas (incluindo as grandes empresas) formam a maioria dos atores e envolveram os ecossistemas de inovação existentes. Apenas em cerca de 50% dos ecossistemas de inovação incluía autoridades regionais ou municípios. O estudo forneceu algumas informações sobre o foco nas áreas coletadas das partes interessadas do ecossistema.

Com base na pesquisa, o setor de energia estava representado em iniciativas ecossistêmicas na maioria dos casos. Setores de TIC e tecnologias digitais relacionados à integração de conhecimentos de TIC, como tecnologias de comunicação, inteligência artificial, tecnologias de sensores e soluções de realidade virtual/aumentada foram representadas em segundo lugar, seguidos por setores como saúde, indústrias criativas e culturais, construção, Internet das Coisas e automotivo. O estudo também comparou o tipo de atores incluídos na inovação em função do ecossistema versus o tamanho da cidade:

  • Cidades pequenas - os principais atores incluíam organizações de pesquisa, agências públicas, e parques tecnológicos.
  • Cidades médias - os principais atores incluíam grandes empresas e outros 50 autores;
  • Grandes cidades - construídas em torno de redes formais, freelancers e com até mais de 1000 atores.
  • Cidades muito grandes - construídas em torno de organizações de cluster, bancos, agentes de investimento e universidades, número de atores diferentes geralmente entre 100-1000.

A Nordic Smart City Network é um exemplo de redes de colaboração urbana interestadual na Europa com objetivos, valores e visão comuns, incluindo atualmente 20 cidades nórdicas, e todas as capitais dos países nórdicos. Durante 2018 – 2020, a rede estabeleceu e executou o projeto Nordic Urban Living Labs combinando os laboratórios e atividades de inovação nos países nórdicos. O projeto também lançou vários projetos colaborativos de aplicativos de cidade inteligente. Em cada um dos projetos, as tecnologias de conectividade tiveram um papel essencial e agora verifica-se o potencial uso do 6G.

O 6G promete trazer uma série de aplicações revolucionárias para cidades inteligentes, aproveitando sua alta velocidade e capacidade de transmissão. Aqui estão algumas das principais aplicações:

  1. Transporte Inteligente: Com o 6G, podemos esperar veículos autônomos mais eficientes e seguros, além de sistemas de transporte público mais conectados e otimizados.
  2. Monitoramento Ambiental: A rede 6G permitirá o monitoramento em tempo real de fatores ambientais, como qualidade do ar e níveis de poluição, ajudando a tomar decisões mais informadas para a sustentabilidade.
  3. Saúde e Bem-Estar: O 6G pode possibilitar consultas médicas remotas com alta qualidade de vídeo e áudio, além de monitoramento contínuo de pacientes através de dispositivos conectados.
  4. Educação: A educação remota será ainda mais eficaz com a capacidade de transmitir conteúdos em alta definição e interativos, facilitando a aprendizagem a distância.
  5. Segurança Pública: Com a 6G, será possível implementar sistemas de segurança mais avançados, como câmeras de vigilância em tempo real e resposta rápida a incidentes.
  6. Economia e Comércio: O 6G facilitará transações financeiras instantâneas e seguras, além de permitir a criação de novos modelos de negócios baseados em realidade aumentada e virtual.
  7. Cidades Inteligentes: Em geral, o 6G permitirá uma maior integração e automação de serviços urbanos, como iluminação pública, gestão de resíduos e controle de tráfego, tornando as cidades mais eficientes e sustentáveis

Essas aplicações mostram o potencial transformador do 6G para cidades inteligentes, promovendo uma vida urbana mais conectada, eficiente e sustentável. No caso do Brasil, cidades inteligentes necessitam antes de tudo de eleitores inteligentes.

 

18
out-24

Vox populi, vox Dei

Wilson Cardoso

Estamos vendo mais desastres climáticos e fiquei surpreso com o que escutei no elevador em uma conversa entre dois garotos em idade escolar: ainda bem que a mamãe ensinou como fazer uma chamada de voz com o telefone quando não tem WhatsApp.” Fiquei chocado ao perceber como algumas funcionalidades básicas foram esquecidas, mas que são fundamentais em momentos críticos, quando a infraestrutura apresenta falhas devido a restrições. Em resumo, precisaremos de voz e sistemas de emergência no 6G.

A evolução das telecomunicações móveis trouxe transformações significativas nos serviços de voz, desde os primórdios do 2G até as redes avançadas de 5G. Com a chegada iminente do 6G, as perspectivas de arquitetura prometem mudanças ainda mais revolucionárias. Além disso, é essencial discutir a importância dos serviços de voz nas redes móveis, especialmente em termos de resiliência climática e as possibilidades oferecidas pelas Redes de Telecomunicações Não Terrestres (NTN).

2G: A Digitalização da Voz

O 2G, introduzido nos anos 90, foi um marco na história das telecomunicações, pois trouxe a digitalização do serviço de voz através do GSM (Global System for Mobile Communications). Isso resultou em uma melhoria significativa na qualidade das chamadas e na eficiência espectral, possibilitando a introdução de serviços como SMS.

3G: Voz e Dados

O advento do 3G nos anos 2000 permitiu uma convergência maior entre serviços de voz e dados. Com tecnologias como UMTS (Universal Mobile Telecommunications System), os usuários puderam experimentar chamadas de voz mais nítidas e rápidas, além de acessar a internet móvel com velocidades superiores.

4G: VoLTE e IP

O 4G trouxe a introdução do LTE (Long-Term Evolution), que revolucionou a forma como as chamadas de voz eram feitas. Com o VoLTE (Voice over LTE), as chamadas passaram a ser transmitidas como pacotes de dados sobre IP (Internet Protocol), resultando em melhor qualidade de áudio, menores tempos de conexão e a capacidade de utilizar dados e voz simultaneamente.

5G: Ultra-Resposta e Baixa Latência

A rede 5G, ainda em implantação global, promete velocidades incrivelmente altas e latências extremamente baixas. No contexto dos serviços de voz, isso significa chamadas de voz e vídeo em alta definição, quase em tempo real, com suporte a novas aplicações como realidade aumentada e realidade virtual.

No 6G, o serviço de voz passará por transformações revolucionárias.

Elevando a comunicação a níveis sem precedentes. Aqui estão alguns aspectos previstos:

Qualidade de Voz

O 6G utilizará tecnologias de compressão avançadas e codecs aprimorados, resultando em uma qualidade de áudio cristalina, que poderá ser comparada à de estúdios de gravação. Isso trará uma experiência de chamada mais natural e imersiva.

Integração Multimodal

A comunicação de voz no 6G será integrada com outras formas de mídia, permitindo transições suaves entre chamadas de voz, vídeo e até holografia em tempo real. Imagine uma conversa que pode facilmente alternar entre áudio, vídeo e hologramas, conforme a necessidade.

Latência Ultra-Baixa

Com a implementação do edge computing e a inteligência artificial, a latência será praticamente eliminada. Isso significa que as chamadas de voz serão praticamente instantâneas, sem atrasos perceptíveis, aprimorando a experiência de comunicação.

Confiabilidade e Resiliência

O 6G estará equipado com mecanismos de redundância avançados, garantindo que as comunicações de voz permaneçam estáveis e disponíveis, mesmo em condições adversas, como desastres naturais. As Redes de Telecomunicações Não Terrestres (NTN) também desempenharão um papel crucial, fornecendo cobertura adicional e redundância, especialmente em áreas remotas e durante emergências.

Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina

A IA será utilizada para melhorar continuamente a qualidade das chamadas, gerenciar tráfego de rede e prever problemas antes que eles ocorram. Isso resultará em uma experiência de usuário muito mais suave e confiável.

Personalização

O 6G permitirá uma personalização extrema das comunicações de voz, adaptando automaticamente a qualidade do serviço com base nas necessidades específicas de cada chamada e usuário. Isso incluirá ajuste automático de banda, qualidade de áudio e até mesmo priorização de chamadas importantes.

Segurança Aprimorada

A segurança será reforçada com criptografia avançada e mecanismos de autenticação mais robustos, protegendo as comunicações contra interceptações e ataques cibernéticos.

Esses avanços farão do 6G não apenas uma evolução do 5G, mas uma transformação completa na maneira como nos comunicamos, tornando as interações de voz mais naturais, integradas e seguras.

Estamos prontos para falar usando 6G?

 

11
out-24

Eu quero ter um milhão de amigos...

Wilson Cardoso

O título de hoje, retirado da música de Roberto Carlos, exprime bem a semana que vivemos durante a Futurecom, um dos eventos mais importantes do setor de telecomunicações. Obviamente, estou longe de ter um milhão de amigos, mas começo a acreditar que para o 6G se tornar realidade, precisaremos de muito mais que um milhão de amigos.

As gerações anteriores, do 2G ao 5G, sempre tiveram como base a liberação de mais espectro, com novas bandas de frequência sendo alocadas para o serviço móvel, o que puxava a instalação de cada vez mais hardware e antenas. Com o 6G, até o momento, a única nova banda de frequência que pode ser usada no Brasil e com possibilidade de harmonização com outras partes do mundo é a banda n104, que opera entre 6425 MHz e 7125 MHz, cuja alocação ainda se encontra em análise pela Anatel.

Muitos podem argumentar que a frequência de 6 GHz traz pouca cobertura, mas devemos olhar para os avanços tecnológicos, entre os quais podemos destacar:

Eficiência do Espectro

A faixa de 6 GHz, combinada com antenas avançadas, permite uma eficiência espectral quatro a cinco vezes maior em comparação com as bandas 5G atuais, levando a um novo nível de serviço.

Reutilização de Infraestrutura

A nova banda permite a reutilização de locais de estações-base 5G existentes, reduzindo significativamente o custo de implantação.

Impulso Tecnológico

O uso de múltiplas antenas trabalhando em conjunto (mMIMO) e algoritmos orientados por IA melhorará ainda mais a capacidade e a cobertura da rede.

Compartilhamento de Espectro

Embora o licenciamento exclusivo seja ideal, o compartilhamento de espectro pode ser necessário em certas regiões, garantindo acesso flexível e rápido à nova banda.

A eficiência espectral pode ser aprimorada com mais TRXs, uso de mMIMO nas estações de rádio base, e mais antenas no equipamento do usuário (UE). Podemos comparar o 3,5 GHz com 192 elementos de antena (AE) e 64 TRX, um equipamento comum nas redes 5G hoje instaladas, com possíveis soluções de acesso com 128 TRX e 384 elementos de antenas para o 6G. Com esse cenário, teríamos uma evolução de 10 bps/Hz para 40 bps/Hz. Simplificando, uma antena de 6G operando com 400 MHz de faixa teria uma capacidade de 16 Gbps. Considerando que o tráfego tem crescido a taxas de 40% ano a ano, parece ser uma boa solução para atender às demandas futuras.

Quanto à cobertura, podemos esperar valores aceitáveis com bom sinal em até 700 metros da antena.

As estações de rádio base contribuem significativamente no CAPEX das prestadoras de telecomunicações (aquisição do local, construção, compra de equipamentos) e nas despesas operacionais (locação do local, energia, transporte de backhaul).

Portanto, o alvo ideal deve ser reutilizar os sites existentes ao máximo e minimizar o número de locais adicionais de estações base. A propagação do sinal é impactada pela frequência de transmissão e o alcance celular fica menor quando o espectro aumenta. A perda no tamanho da célula em um espectro mais alto pode ser parcialmente compensada pelo maior ganho de antena, que é a solução base do 5G com antenas de formação de feixe na banda de 3,5 GHz. Espera-se a mesma evolução no 6G, viabilizando um uso combinado de 5G operando em 3,5 GHz e 6G operando na banda n104.

O movimento descrito acima é a continuidade do modelo que construimos para as redes celulares no século passado, mas acredito que precisaremos mais do que isso para garantir a evolução dos serviços prestados pela rede, vemos as dificuldades que as prestadoras tem hoje para crescer com os serviços voltados para o mercado corporativo e Internet das Coisas, muito devido a inflexibilidade das redes de telecomunicações.

 

04
out-24

Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam

Wilson Cardoso

A citação de Confucio, titulo de hoje, resume muito bem o que pode ser visto na industria nas duas últimas semanas: pum choque de culturas e filosofias em torno do 6G e comentários contundentes que podemos dissolver as esperanças da disponibilidade da próxima geração móvel em 2030, aliás ponto que na minha humilde opinião é correto.

Em um cenário típico, o mercado decidirá qual delas se tornará a abordagem dominante. No entanto, o mundo das telecomunicações é atípico na medida em que existem gargalos, como os órgãos de padronização, que podem limitar a natureza do mercado, os reguladores trabalhando por um mercado mais competitivo, as operadoras trabalhando para garantir a sua existência e finalmente os usuários sempre havidos por mais serviços mas nem sempre querendo pagar mais.

Mas o ponto chave é que os operadores usam produtos derivados do processo de padrões ou correm o risco de perder os efeitos de rede que a interoperabilidade pode trazer. Isso pode não permanecer o caso por muito tempo.

Revolução na China

Conforme relatado em um comunicado à imprensa, Wen Tong, da Huawei, argumentou a favor de uma abordagem disruptiva para pensar na próxima geração, dizendo que “6G não deve ser outra maneira de implementar o 5G. Em vez disso, o 6G deve abraçar a revolução da IA com um salto quântico e gerar novos valores para os consumidores. Dessa forma, os padrões 3GPP podem realmente realizar a visão 6G e criar maior valor para toda a indústria.”
A Huawei argumenta aqui que a reutilização da rede principal 5G dificultará a inovação em IA.

“As tecnologias 6G não devem se sobrepor ao 5G em tecnologias e espaço de mercado. As especificações, tecnologias e arquitetura do 6G devem ser baseadas nos cenários e requisitos de 2030 a 2040. Devemos nos concentrar na verdadeira ruptura da tecnologia geracional, abraçar as novas oportunidades trazidas pela IA, expandir a indústria móvel na próxima geração.”

Esta é uma posição compreensível para um fornecedor de rede de telecomunicações. Embora esteja, de certa forma, defendendo mudanças radicais em um nível tecnológico, está dentro de processos bem estabelecidos, onde empresas muito grandes tendem a ter uma quantidade desproporcional de influência.

No entanto, não combina bem com outras conversas que estão ocorrendo em toda a indústria. Por exemplo, no extremo oposto do espectro, principalmente as empresas fixas que concentram os investimentos em fibra óptica  que vislumbram no 6G como uma ótima solução de última milha, baseado muito na explosão do Fixed Wired Access (FWA).

O clima em outros lugares tende a se concentrar muito mais de perto na adaptação dos processos de desenvolvimento existentes para se tornarem mais incrementais e mais orientados para o mercado em contra ponto de que o 6G não pode ser outra atualização massiva de hardware.

3GPP Quo vadis?

Explorar o potencial do software fora do processo 3GPP, depois do sucesso do Open Gateway com suas APIs, promovido em muito pela GSMA, começa a virar um tema recorrente, as APIs podem desempenhar uma reinvenção dos jogadores de telecomunicações como provedores de recursos de plataforma, uma mudança que faria parte de uma transição da era 5G para o 6G. Isso exigirá, no entanto, habilitar um ecossistema de usuários e desenvolvedores em torno da própria plataforma, algo que as empresas de telecomunicações tiveram dificuldade em fazer no passado e que exigiria uma mudança de mentalidade sobre o valor que eles entregam, mas que os donos dos sistemas operacionais dos smartphones sabem fazer muito bem, temos que lembrar que a lojas de aplicativos começaram com o 3G!

Esse apetite por uma abordagem diferente veio alto e claro, refletido na pesquisa do setor publicada pela 6GWorld e pelo autor Ken Figueredo de More With Mobile, que foi uma exploração de “Making 6G Profitable”. Com contribuições de uma ampla gama de especialistas seniores, incluindo operadores em vários continentes, destaca que há um claro desejo de uma mudança na forma como as coisas são feitas.

O mercado vê claramente a necessidade de mudanças drásticas; parte disso precisará ser dentro das grandes empresas que dominaram os padrões no passado. Tem sido um ganso de ouro para alguns, mas a menos que atenda às necessidades da indústria hoje e amanhã, pode ficar de lado.

Definir o momento da mudança é muito dificil.

 

 

27
set-24

Um plano razoável executado hoje é melhor que um plano perfeito que sempre fica para a semana que vem

Wilson Cardoso

Começamos hoje com essa citação do General Patton que mostra muito bem de como os Estados Unidos estão trabalhando para o futuro, com vários planos que parecem estar focados em manter a soberania na inovação tecnológica aproveitando o tamanho de mercado interno e a capacidade de inovação.

O futuro do 6G nos Estados Unidos começa com FUTURE.

O Future Uses of Technology Upholding Reliable and Enhanced (FUTURE) Networks Act é uma iniciativa do governo norte-americano que visa explorar e desenvolver a próxima geração de tecnologias de rede, especificamente a tecnologia de sexta geração (6G). Este ato foi introduzido como o projeto de lei H.R. 4045 e tem como objetivo principal garantir que os Estados Unidos permaneçam na vanguarda da inovação tecnológica em redes de comunicação.

Objetivos do FUTURE Networks Act

  • Estabelecimento da Força-Tarefa 6G: O ato exige que a Comissão Federal de Comunicações (FCC) estabeleça uma força-tarefa dedicada ao estudo e desenvolvimento da tecnologia 6G. Esta força-tarefa será composta por representantes da indústria de comunicações, especialistas em segurança cibernética, acadêmicos e outros stakeholders relevantes.
  • Exploração de Usos e Benefícios: A força-tarefa será responsável por examinar os possíveis usos, pontos fortes e limitações das redes 6G. Isso inclui a análise de como essa tecnologia pode ser utilizada para melhorar a conectividade, aumentar a segurança cibernética e fortalecer a cadeia de suprimentos.
  • Desenvolvimento de Padrões: Um dos objetivos críticos do FUTURE Networks Act é garantir que os Estados Unidos desempenhem um papel de liderança no desenvolvimento de padrões globais para a tecnologia 6G. Isso é essencial para garantir a interoperabilidade e a segurança das redes futuras.

 

Atividades da Força-TarefaA força-tarefa 6G, estabelecida pelo FUTURE Networks Act, tem várias responsabilidades e atividades importantes:

  • Pesquisa e Desenvolvimento: A força-tarefa conduzirá pesquisas avançadas para explorar novas tecnologias e métodos que possam ser aplicados às redes 6G. Isso inclui a colaboração com universidades e instituições de pesquisa para promover a inovação.
  • Consultas Públicas e Colaboração: A força-tarefa realizará consultas públicas para obter feedback de diversas partes interessadas, incluindo empresas de tecnologia, organizações de defesa do consumidor e o público em geral. A colaboração com parceiros internacionais também será crucial para alinhar os padrões globais.
  • Relatórios e Recomendações: A força-tarefa será responsável por elaborar relatórios detalhados sobre suas descobertas e fornecer recomendações à FCC e ao Congresso dos EUA. Esses relatórios ajudarão a orientara a formulação de políticas e a alocação de recursos para o desenvolvimento de redes 6G.

Investimentos em Banda Larga

Além do FUTURE Networks Act, o governo dos EUA está fazendo investimentos significativos na infraestrutura de banda larga. O pacote de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão sancionado pelo presidente Joe Biden inclui um investimento de US$ 65 bilhões para melhorar a infraestrutura de banda larga do país. Este investimento visa expandir o acesso à internet de alta velocidade, especialmente em áreas rurais e desatendidas, garantindo que mais americanos possam se beneficiar da conectividade digital.

Investimentos na Indústria de Chipsets

A indústria de semicondutores também está recebendo atenção significativa. A Intel, por exemplo, anunciou um investimento de US$ 20 bilhões na construção de duas novas fábricas de semicondutores no Arizona. Além disso, o governo dos EUA está investindo US$ 52 bilhões para fortalecer a fabricação de semicondutores no país. Esses investimentos são cruciais para garantir a segurança da cadeia de suprimentos e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros.
Importância EstratégicaO FUTURE Networks Act, juntamente com os investimentos em banda larga e na indústria de chipsets, tem uma importância estratégica significativa:

  • Segurança Nacional: Garantir que os EUA liderem o desenvolvimento de redes 6G e a fabricação de semicondutores é crucial para a segurança nacional. Redes seguras e confiáveis são essenciais para proteger infraestruturas críticas e dados sensíveis.
  • Competitividade Econômica: Manter a liderança em tecnologia de redes e semicondutores ajuda a garantir que os EUA permaneçam competitivos no cenário global. Isso pode atrair investimentos, criar empregos e promover o crescimento econômico.
  • Inovação e Progresso: Ao promover a inovação tecnológica, essas iniciativas ajudam a impulsionar o progresso em várias áreas, desde a saúde até a educação e a indústria. Tecnologias avançadas de rede e semicondutores podem habilitar novas aplicações e serviços que beneficiam a sociedade como um todo.

O FUTURE Networks Act, juntamente com os investimentos em banda larga e na indústria de chipsets, representa um esforço abrangente para posicionar os Estados Unidos na vanguarda da inovação tecnológica. Através da criação de uma força-tarefa dedicada e de investimentos significativos em infraestrutura e fabricação, o governo norte-americano está se preparando para um futuro onde a conectividade e a tecnologia serão ainda mais cruciais para o progresso econômico e social.

Agora fica a pergunta: onde está o nosso FUTURO? E a resposta talvez comece por escutar mais a citação do General Patton.

 

20
set-24

Se fosse deixado a mim decidir se deveríamos ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo, eu não hesitaria um momento em preferir o último

Wilson Cardoso

A frase de Thomas Jefferson, titulo de hoje, toma nova relevância dia a dia, e claro que os jornais hoje tem nova forma desde os tradicionais e as redes sociais de hoje, onde o caderno de empregos foi substituído pelo LinkedIn, a coluna social pelo Instagram, etc
A evolução das redes sociais até 2030, especialmente com a chegada do 6G, promete transformar profundamente a maneira como nos conectamos e interagimos online, o que podemos esperar:

  1. Conectividade Ultra-Rápida e Onipresente
    Com o 6G, a conectividade será incrivelmente rápida e estará disponível em praticamente todos os lugares. Isso permitirá que as redes sociais ofereçam experiências mais imersivas e em tempo real, como transmissões ao vivo em 8K e realidade aumentada (AR) e virtual (VR) de alta qualidade.

  2. Realidade Aumentada e Virtual
    As redes sociais integrarão cada vez mais AR e VR, permitindo que os usuários interajam em ambientes virtuais como se estivessem fisicamente presentes. Imagine participar de uma reunião de amigos em um café virtual ou assistir a um show ao vivo com seus amigos, tudo em um ambiente virtual.

  3. Inteligência Artificial e Personalização
    A inteligência artificial (IA) desempenhará um papel crucial na personalização das experiências dos usuários. As plataformas serão capazes de entender melhor as preferências e comportamentos dos usuários, oferecendo conteúdo altamente personalizado e relevante. Isso também incluirá assistentes virtuais que ajudarão a gerenciar suas interações sociais.

  4. Privacidade e Segurança de Dados
    Com o aumento das preocupações com a privacidade, as redes sociais precisarão adotar medidas mais rigorosas para proteger os dados dos usuários. Tecnologias como blockchain podem ser usadas para garantir a segurança e a transparência no uso de dados pessoais.

  5. Interações Multissensoriais
    As redes sociais do futuro poderão oferecer interações multissensoriais, onde os usuários não apenas veem e ouvem, mas também sentem e cheiram. Isso será possível graças a avanços em tecnologias hápticas e de simulação de cheiros.

  6. Economia de Criadores e Monetização
    A economia de criadores continuará a crescer, com mais ferramentas e plataformas permitindo que os criadores de conteúdo monetizem seu trabalho de maneiras inovadoras. Isso incluirá desde microtransações até assinaturas e patrocínios diretos.

  7. Interoperabilidade entre Plataformas
    A interoperabilidade entre diferentes plataformas de redes sociais será mais comum, permitindo que os usuários se conectem e compartilhem conteúdo de maneira mais fluida entre diferentes aplicativos e serviços.

  8. Redes Sociais Descentralizadas
    Com a crescente preocupação com o controle centralizado das redes sociais, veremos um aumento nas plataformas descentralizadas, onde os usuários têm mais controle sobre seus dados e conteúdo.

  9. Impacto Social e Ético
    As redes sociais terão um papel ainda mais significativo na sociedade, influenciando desde movimentos sociais até eleições. Isso trará desafios éticos, como a necessidade de combater a desinformação e garantir a equidade no acesso às tecnologias.

  10. Sustentabilidade e Responsabilidade Social
    As empresas de redes sociais serão pressionadas a adotar práticas mais sustentáveis e responsáveis, tanto em termos de impacto ambiental quanto social. Isso incluirá desde a redução da pegada de carbono até a promoção de práticas éticas no uso de dados.


A evolução das redes sociais até 2030 será marcada por avanços tecnológicos significativos, impulsionados pela chegada do 6G. Essas mudanças transformarão a maneira como nos conectamos, interagimos e compartilhamos nossas vidas online, trazendo tanto oportunidades quanto desafios. Será um período emocionante de inovação e adaptação, onde a tecnologia continuará a moldar nossas experiências sociais de maneiras profundas e inesperadas.

 

13
set-24

Se você quiser descobrir os segredos do universo, pense em termos de energia, frequência e vibração

Wilson Cardoso

O pensamento de Tesla, titulo de hoje, explica a motivação das discussões atuais da indústria que indicam que o 6G será uma evolução do 5G, em vez de uma rede completamente nova com tecnologias, aplicativos e casos de uso inéditos.

Isso traz várias implicações:

Continuidade Tecnológica: O 6G provavelmente não introduzirá novas interfaces aéreas, utilizando tecnologias como a Multiplexação por Divisão de Frequência Ortogonal (OFDM) e o Múltiplo Entrada Múltiplo Saída Massivo (mMIMO), já presentes no 5G. Embora haja discussões no 3GPP sobre novas interfaces aéreas, o 6G deverá se basear principalmente nas tecnologias do 5G.

Arquitetura Baseada em Serviços (SBA): O 6G será alimentado pela SBA introduzida no 5G, com várias melhorias.

Novos Casos de Uso: O 6G está sendo posicionado para habilitar casos de uso que o 5G não conseguiu devido a barreiras comerciais, técnicas e de mercado.

Foco em Sustentabilidade e Valor: Diferente das gerações anteriores, o 6G se concentrará mais na sustentabilidade e na criação de valor, além do desempenho tecnológico.
Conceitos Ambiciosos do 6G
As discussões sobre o 6G incluem várias novas tecnologias que ainda não foram implementadas comercialmente ou discutidas no contexto de redes celulares. Algumas dessas inovações estão sendo exploradas no 5G-Advanced (5G-A), estabelecendo as bases para o 6G, incluindo:

Detecção e Comunicações Integradas (ISAC): Este conceito funde operações de rede móvel com detecção semelhante a radar, utilizando o espectro móvel existente para ambas as funções. Já implementado em versões não padronizadas na China, o ISAC ainda precisa ser padronizado em áreas como integração de comunicação e detecção, processamento e algoritmos, além de oportunidades de monetização para operadores.

Inteligência Artificial Nativa (IA): A IA permitirá que as redes sejam totalmente automatizadas e capazes de reagir a qualquer ameaça ou condição, essencial para reduzir custos, simplificar o gerenciamento, diminuir emissões de carbono e melhorar a experiência do usuário. O 3GPP está avançando com várias iniciativas de IA/Aprendizagem de Máquina (ML) em grupos de trabalho de Acesso de Rádio (RAN) e sistema, incluindo desenvolvimento de modelos, melhorias no sistema 5G, otimização da interface aérea e gerenciamento de rede.

Conectividade Onipresente: Este conceito visa fornecer cobertura celular em ambientes urbanos e rurais, tanto internos quanto externos. Com base na integração do 5G-A com Redes Não Terrestres (NTNs), como constelações de satélites, os avanços comerciais agora permitem que constelações de satélites em órbita baixa (LEO) se conectem diretamente com smartphones. O 6G planeja evoluir para uma rede de redes”, fundindo diversas tecnologias de acesso como satélite, celular e Wi-Fi para fornecer conectividade consistente para todos os usuários.

Lições dos Desafios e Passos em Falso do 5G

Cinco anos após seu lançamento, com 2,17 bilhão de assinantes, o 5G é considerado um sucesso. No entanto, mais de 95% da receita de serviços das operadoras móveis ainda vem de serviços ao consumidor, com contribuições empresariais permanecendo mínimas. A principal razão é o foco de longa data no mercado consumidor, vendendo serviços padronizados para uma grande base de clientes através do modelo de cartão SIM. O setor empresarial, em contraste, é altamente especializado e fragmentado, exigindo expertise e recursos específicos que as operadoras têm lutado para desenvolver devido aos riscos associados, requisitos de capital e aprovações dos acionistas.

Por exemplo, a implantação do 5G nas linhas de produção exige uma compreensão profunda dos desafios únicos da indústria.

Além disso, as primeiras redes 5G foram projetadas principalmente para aplicativos de consumo, utilizando acesso não autônomo (NSA), o que complicou a transição para o 5G Standalone (SA) e 5G-A, mais adequados para as necessidades empresariais.

O sucesso inicial do NSA, que permitiu às redes 5G aproveitarem a infraestrutura 4G existente para agilizar a implantação, tornou os operadores hesitantes em investir no SA. Durante uma atualização, o SA exige capital e esforço significativos para integração. Um ambiente econômico desafiador diminuiu ainda mais o entusiasmo pelo SA, com a falta de demanda empresarial paralisando seu lançamento. Essa situação criou um ciclo de implantação limitada do SA, visto principalmente em mercados desenvolvidos e realizado por meio de atualizações incrementais.

Além disso, redes celulares privadas, vistas como uma oportunidade significativa para negócios e aplicações de missão crítica, têm lutado para ganhar tração devido à diversidade e especificidade das necessidades empresariais, um desafio que o setor de telecomunicações ainda precisa enfrentar de forma eficaz. Apesar desses contratempos, a indústria está se preparando para o 6G, que poderia desbloquear um novo potencial tanto nos mercados de consumo quanto nos empresariais.

Todos esses desafios e melhorias do 5G tornaram a indústria muito consciente das armadilhas de colocar novas tecnologias no mercado, especialmente se não vierem com um claro modelo de negócios e comercial. É por isso que o 6G será desenvolvido com cautela e será impulsionado pela criação de valor, mais do que apenas visando melhorias de desempenho. No entanto, um novo tipo de discussão está ocorrendo agora, uma que visa que as redes 6G sejam resilientes em muitos domínios para garantir uma operação consistente e ininterrupta.

Definindo a Resiliência no Contexto de Redes 6G

A resiliência no contexto das comunicações móveis pode ser definida como a capacidade de fornecer qualidade de comunicação adequada diante de desafios adversos, incluindo desastres naturais, falhas de hardware, ataques cibernéticos e aumento da demanda devido a eventos não planejados.

Existem várias maneiras pelas quais a resiliência pode ser alcançada, e foi alcançada, até certo ponto, com as redes celulares atuais:

Redundância: Várias partes da rede são redundantes, especialmente na rede principal e no plano de controle. Os sistemas de energia que alimentam as redes celulares quase sempre têm redundância, mesmo em locais celulares. No entanto, as redes de hoje têm vários pontos de falha, sendo o mais importante a última milha, que, se interrompida, interromperá completamente todos os serviços para usuários finais ou dispositivos.

Escalabilidade: As redes celulares precisam ser escaláveis e aumentar ou reduzir seus recursos quando necessário, de maneira econômica, rápida e eficiente. Isso é verdade até certo ponto hoje, mas os operadores de rede confiam completamente em seus fornecedores e parceiros. Se um deles for adquirido, enfrentar dificuldades financeiras ou restrições na cadeia de suprimentos, a escalabilidade da rede está em risco. Isso levanta a questão da resiliência da cadeia de suprimentos, o que permitirá aos operadores trocar fornecedores sem problemas de compatibilidade ou interoperabilidade.

Robustez: Embora muitas partes da rede sejam redundantes, a própria rede precisa ser projetada em nível de operadora porque, em alguns casos, permite serviços de emergência e outros recursos críticos. O design das redes celulares é reforçado em domínios físicos e virtuais com failover e outros mecanismos de segurança embutidos. No entanto, mesmo as redes mais avançadas falharão se um evento significativo ocorrer, como ilustrado em muitas falhas de rede devido a tempestades de sinalização, ataques cibernéticos, erro humano, erros de configuração e muitos outros problemas.

RESILIÊNCIA TECNOLÓGICA

As redes celulares são robustas e projetadas para operar com uma garantia de tempo de atividade de 99,999%. O que significa que eles só podem ficar inoperáveis por 6 minutos todos os anos. Mas para garantir que eles sejam resilientes diante de desastres naturais, problemas de cobertura, interferência estrangeira e outros desafios, exigirão atualizações significativas.

O 6G visa abordar esses domínios, com várias discussões em vigor sobre P&D nacional. Naturalmente, os operadores que implantarão essas redes 6G resilientes necessitarão de estratégias claras de ROI, mas uma rede totalmente resiliente pode precisar ser às custas de sustentabilidade e despesas gerais de capital da rede (CAPEX), algo que os operadores podem não estar pronto para discutir, especialmente no ambiente financeiro atual. Isso significa que as discussões para essas redes ainda estão em um estágio muito inicial.

 

06
set-24

Não é a força, mas a constância dos bons resultados que conduz os homens à felicidade

Wilson Cardoso

O pensamento de Nietzsche, título de hoje, pode exemplificar bem o momento que estamos passando em telecomunicações.

Acabei de ler “The 5G Myth: When Vision Decoupled from Reality” de William Webb, um livro de 2016 que questiona a visão otimista sobre o 5G. William Webb argumenta que a visão do 5G é falha por várias razões:

  1. Valor para os Usuários: Webb afirma que os usuários não valorizam as altas taxas de dados prometidas pelo 5G e não necessitam da capacidade adicional prevista.
  2. Avanços Tecnológicos: Ele aponta que os avanços tecnológicos são insuficientes para realizar a visão do 5G e que as melhorias de capacidade são difíceis e caras de implementar.
  3. Economia da Indústria: O livro destaca que as operadoras de telefonia móvel (MNOs) estão enfrentando receitas decrescentes e baixa lucratividade, tornando o investimento no 5G pouco atraente.
  4. Visões Exageradas: Webb critica as previsões exageradas para o 5G, mostrando que muitos dos serviços previstos podem ser entregues por soluções sem fio existentes, como o 4G, ou são economicamente inviáveis.

O autor sugere uma visão alternativa, onde a indústria se concentra em fornecer conectividade consistente em todos os lugares, em vez de velocidades extremamente rápidas em centros urbanos. Ele também prevê que o crescimento das necessidades de dados móveis se estabilizará por volta de 2027.

Como já compartilhamos aqui, as previsões indicam que o famoso indicador de CAPEX/RECEITAS vai estabilizar em 10% nos próximos anos, o que muda a perspectiva da indústria completamente. O sinal de alerta que chamou a atenção das pessoas foram os números revisados no último relatório de mobilidade da Ericsson. Os autores reduziram as cifras de tráfego de dados móveis para o segundo semestre de 2023, mas declararam que a perspectiva de crescimento permaneceu praticamente inalterada. William Webb é um dos que criticaram os autores do relatório por esse salto na lógica. “Se números mais baixos estão sendo relatados para 2023... então por que a taxa de crescimento do tráfego prevista deveria permanecer a mesma?” ele postou no LinkedIn. Ele denuncia a previsão como “uma bagunça”, apontando que o relatório, sem qualquer explicação, de alguma forma introduziu um salto de 10% no crescimento de 2023-24 para alinhar sua nova previsão com a antiga.

Olhando especificamente para o Brasil, vemos um crescimento do tráfego de internet móvel em 34,5% entre junho de 2023 e junho de 2024, ou seja, abaixo da constante de dobrar a cada dois anos. Estamos entrando mesmo em uma nova realidade? Se olharmos para a internet fixa, vemos um crescimento de 32,3%. O impacto da adoção de ferramentas de Inteligência Artificial ainda não aconteceu.

Se a demanda não se recuperar, os menores custos unitários resultantes do excesso de investimento em capacidade resultarão em uma maior deflação das margens e da lucratividade, restando como opção investimento em fusões e aquisições, em outros negócios de infraestrutura adjacentes ou em alguns segmentos B2B não relacionados à conectividade.

Enquanto isso, o processo do 6G continua avançando. O argumento para o 6G é praticamente o mesmo que para o 5G: mais dados, mais capacidade, maior eficiência e uma série de novas tecnologias que podem possibilitar novos casos de uso. Como as operadoras de telecomunicações praticamente esgotaram seu negócio principal de conectividade e não têm visibilidade sobre um retorno ao crescimento das margens, quantas têm apetite ou capacidade para mais um ciclo de grandes investimentos em capex?

Isso nos deixa na curiosa situação de governos e fornecedores impulsionando o 6G a toda velocidade, enquanto aqueles que pagam a conta só querem sair dessa.

 

30
ago-24

Seguindo a Luz do Sol, deixamos o velho mundo para trás

Wilson Cardoso

Será que essa citação atribuída a Cristóvão Colombo serviu de inspiração para Gladys Mae West? Gladys Mae West, nascida Gladys Mae Brown, hoje com 93 anos, é uma matemática norte-americana que criou a base do GPS. Ao longo de sua vida, ela demonstrou uma resiliência impressionante, desde sua infância como filha de trabalhadores rurais até os dias atuais.

A tecnologia de localização evoluiu significativamente desde as primeiras pesquisas de Gladys Mae West até as perspectivas futuras com a chegada do 6G. Este artigo explora essa jornada, destacando os principais marcos e inovações ao longo do caminho, com um foco especial na precisão de cada geração.

O conceito de localização começou a ganhar forma com o desenvolvimento do Sistema de Posicionamento Global (GPS) nos anos 1970. Inicialmente criado para fins militares, o GPS logo se expandiu para uso civil, revolucionando a navegação e a localização geográfica. O GPS utiliza uma rede de satélites que transmitem sinais para receptores na Terra, permitindo calcular a posição com uma precisão de cerca de 10 metros em condições ideais.

Com a chegada do 4G, a tecnologia de localização se tornou ainda mais precisa e acessível. A integração de tecnologias como Wi-Fi, Bluetooth e sensores inerciais permitiu melhorar a precisão em ambientes urbanos e internos, onde o sinal de GPS pode ser fraco. A precisão da localização com o 4G pode variar de 5 a 10 metros em áreas urbanas densas, graças à combinação de múltiplas fontes de dados.

O 5G trouxe avanços significativos em termos de latência e capacidade de rede. Com velocidades de até 10 Gbps e latências inferiores a 1 milissegundo, o 5G possibilitou novas aplicações de localização, como veículos autônomos, drones e Internet das Coisas (IoT). A precisão da localização com o 5G pode alcançar até 1 metro em ambientes externos, utilizando uma combinação de GPS, Wi-Fi, Bluetooth e redes celulares.

O 6G promete levar a tecnologia de localização a um novo patamar. Com velocidades de até 1 Tbps e latências na ordem de microssegundos, o 6G permitirá uma integração ainda mais profunda entre o mundo físico e digital. Algumas das principais inovações, na perspectiva de localização, esperadas incluem:

  1. Localização Hiperprecisa: Utilizando tecnologias avançadas como redes de sensores, inteligência artificial e computação quântica, o 6G poderá oferecer precisão de localização na ordem de milímetros.
  2. Localização em Ambientes Desafiadores: O 6G permitirá uma localização confiável em ambientes onde o GPS e outras tecnologias atuais falham, como embaixo d'água, subterrâneos e em áreas densamente urbanizadas.
  3. Integração com Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR): O 6G possibilitará experiências imersivas de AR e VR com localização precisa, abrindo novas oportunidades para jogos, educação e turismo.
  4. Segurança e Privacidade: Com o aumento da precisão e ubiquidade da localização, o 6G também trará desafios em termos de segurança e privacidade. Tecnologias de criptografia avançada e controle de acesso serão essenciais para proteger os dados dos usuários.

 

As inovações trazidas pelo 6G abrirão portas para uma vasta gama de novas aplicações. Algumas das áreas que mais se beneficiarão de mais precisão na localização incluem:

  1. Saúde: O 6G permitirá o desenvolvimento de dispositivos médicos vestíveis com localização hiperprecisa, facilitando o monitoramento remoto de pacientes e a realização de cirurgias robóticas com maior precisão.
  2. Agricultura: Sensores avançados e drones equipados com tecnologia 6G poderão monitorar plantações em tempo real, otimizando o uso de recursos como água e fertilizantes, e aumentando a produtividade agrícola.
  3. Logística e Transporte: O 6G permitirá a rastreabilidade em tempo real de mercadorias, melhorando a eficiência das cadeias de suprimentos e reduzindo custos operacionais. Veículos autônomos também se beneficiarão de uma localização mais precisa, aumentando a segurança e a eficiência no trânsito.
  4. Cidades Inteligentes: A infraestrutura urbana poderá ser gerida de forma mais eficiente com o 6G, desde a gestão de tráfego até a manutenção de serviços públicos. Sensores distribuídos pela cidade fornecerão dados em tempo real para otimizar recursos e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Apesar das promessas do 6G, existem desafios significativos a serem superados. A implementação de uma rede tão avançada exigirá investimentos substanciais em infraestrutura e pesquisa. Além disso, questões de segurança e privacidade serão cruciais, uma vez que a ubiquidade da localização pode levar a preocupações sobre vigilância e uso indevido de dados.

Outro desafio será a interoperabilidade entre diferentes tecnologias de localização. A integração de múltiplas fontes de dados, como satélites, redes celulares e sensores locais, exigirá padrões e protocolos robustos para garantir a precisão e a confiabilidade das informações de localização.

A evolução da tecnologia de localização, desde as primeiras pesquisas até as perspectivas com o 6G, é um testemunho do rápido avanço tecnológico. Com cada nova geração, a localização se torna mais precisa, acessível e integrada ao nosso cotidiano. As inovações esperadas com o 6G prometem transformar ainda mais a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor, trazendo benefícios significativos para diversas áreas, desde a navegação até a realidade aumentada.

O futuro da localização com o 6G é promissor, mas também repleto de desafios. A colaboração entre pesquisadores, empresas e governos será essencial para superar esses obstáculos e realizar todo o potencial dessa tecnologia revolucionária. Essa colaboração já começa a se materializar no release 19 do 3GPP. Como Colombo disse, vamos deixar o velho mundo para trás.

PS.: Ontem o sistema de GPS do Aeroporto de Guarulhos sofreu interferências e vários voos foram cancelados, escrevi o artigo antes do evento.

 

23
ago-24

“Comece fazendo o necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível”

Wilson Cardoso

A frase de São Francisco de Assis, inspiração para o que pode ocorrer rapidamente no 6G o uso de full duplex.

Hoje no 5G usamos o FDD e o TDD mas qual a vantagem do uso de Full Duplex (FD)?

Para responder a essa pergunta vamos comparar as 3 possibilidades:

FDD (Frequency Division Duplex)

  • Funcionamento: O FDD utiliza duas frequências distintas, uma para uplink (envio de dados do usuário para a estação base) e outra para downlink (recebimento de dados da estação base para o usuário). Isso permite que a comunicação ocorra simultaneamente em ambas as direções.
  • Vantagens: Melhor cobertura e menor latência, ideal para áreas rurais e suburbanas onde a demanda por capacidade não é tão alta.
  • Frequências: Geralmente utilizado em frequências mais baixas, como sub-6 GHz (FR1), que variam de 410 MHz a 2100 MHz. Usado no Brasil e outros países do mundo na faixa de 2600 MHz devido ao plano de frequências adotado.

TDD (Time Division Duplex)

  • Funcionamento: O TDD utiliza a mesma frequência para uplink e downlink, mas em diferentes intervalos de tempo. Isso permite uma utilização mais flexível do espectro.
  • Vantagens: Melhor capacidade e eficiência espectral, ideal para áreas urbanas densas onde a demanda por capacidade é alta.
  • Frequências: Frequentemente utilizado em frequências acima de 2600 MHz

FD (Full Duplex)

  • Funcionamento: O FD permite a transmissão e recepção simultânea na mesma frequência, utilizando técnicas avançadas de cancelamento de interferência.
  • Vantagens: Potencial para dobrar a eficiência espectral, mas ainda está em fase de pesquisa e desenvolvimento devido aos desafios técnicos.
  • Frequências: Ainda não há uma faixa de frequência específica amplamente adotada para FD no 5G ou no 6G, pois a tecnologia está em desenvolvimento.

A transição futura das redes com o uso de FD pode ser um novo marco para as telecomunicações celulares, com um aumento de capacidade e possibilidade de uso em todas as aplicações, mas o uso de full duplex (FD) no 5G e 6G apresenta vários desafios técnicos, mas também há muitas pesquisas em andamento para superá-los, entre os quais destacamos 3 principais:

1. Auto-interferência (Self-Interference, SI):

Descrição: A auto-interferência ocorre quando o sinal transmitido interfere com o sinal recebido, já que ambos estão na mesma frequência. A potência do sinal interferente pode ser até 90-110 dB maior que o sinal útil recebido.

Solução: Técnicas avançadas de cancelamento de interferência (SIC) são necessárias para mitigar essa interferência a níveis próximos ao ruído de fundo.

2. Interferência entre links cruzados (Cross-Link Interference, CLI):

Descrição: Em redes multi-células, a interferência entre links cruzados pode degradar o desempenho, especialmente em cenários de tráfego assimétrico.

Solução: A configuração adequada das antenas e o uso de antenas direcionais podem ajudar a suprimir essa interferência.

3. Complexidade de Implementação:

Descrição: A implementação de FD requer hardware e algoritmos sofisticados, aumentando a complexidade e o custo dos dispositivos.

Solução: Pesquisas estão focadas em desenvolver receptores avançados e técnicas de processamento de sinal que possam ser integradas de forma eficiente.

Mas o principal de tudo é que a Coreia do Sul está tomando a liderança com a KT e LG Electronics  colaborando em pesquisas para desenvolver tecnologias de full duplex para o 6G, focando em aumentar a eficiência espectral e reduzir a latência.

Aplicando a frase de São Francisco de Assis, começamos fazendo o necessário com o FDD, depois o possível com o TDD e agora o impossível com FD.

 

16
ago-24

A educação não é só aprender fatos, mas a formação da mente para pensar

Wilson Cardoso

A frase de Albert Einstein do titulo de hoje, é uma boa conexão de como o 6G promete revolucionar a maneira como as indústrias operam, tornando-as mais conectadas, eficientes e inovadoras, desde o Agro até a Aeroespacial.

Quando falamos de uma nova fronteira do conhecimento temos um bom conjunto de fatos mas sem duvida temos que pensar muito no que será criado e principalmente quando falamos de  Competências Técnicas Necessárias para o 6G em Redes Industriais.

Algumas dessas competencias, fatos, são:

1. Inteligência Artificial (IA) Avançada: fundamental para a Manutenção Preditiva e Manutenção prescrita, onde Algoritmos de IA podem prever falhas em máquinas e equipamentos, reduzindo o tempo de inatividade ou replanejar volumes de produção dinamicamente, associados a sistemas que utilizam IA para otimizar processos de produção e logística.

2. Comunicações e Sensoriamento Integrados (ISAC): com tecnologias para monitoramento em tempo real de condições ambientais e operacionais dentro das fábricas associados a sistemas de sensoriamento que garantem a qualidade dos produtos durante a fabricação.

3. Tecnologias de Comunicação: Implementação de redes privadas para garantir alta velocidade e baixa latência em ambientes industriais com conexão de máquinas e dispositivos para coleta e análise de dados em tempo real.

4. Segurança e Privacidade: Proteção contra ataques cibernéticos que podem comprometer a produção combinados com a garantia de que os dados sensíveis das operações industriais sejam protegidos.

O Brasil tem avançado na implementação de redes industriais inteligentes, com iniciativas como a Indústria 4.0 e a adoção de tecnologias de IIoT. Instituições como o SENAI têm desempenhado um papel crucial na capacitação de profissionais e no desenvolvimento de soluções tecnológicas para o setor industrial.

Para que o Brasil possa desenvolver essas competências em um curto período de tempo, especialmente no contexto de redes industriais, algumas ações são essenciais:

1. Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com o Apoio Governamental e Privado através deIncentivos fiscais e subsídios para projetos de P&D focados em redes industriais promovendo parcerias entre Universidades e Centros de Pesquisa para o desenvolvimento de  tecnologias inovadoras.

2. Programas de capacitação em IA, IIoT e outras tecnologias emergentes aplicadas à indústria e políticas para evitar a fuga de cérebros e atrair profissionais qualificados.

3. Infraestrutura Tecnológica atravésLaboratórios e Centros de Pesquisa equipados com tecnologia de ponta para desenvolvimento e teste de soluções industriais com ambientes industriais simulados para testar e validar novas tecnologias.

4. Regulamentação e Padrões com a Definição de Normas através da participação ativa em órgãos de padronização internacionais para garantir a compatibilidade e segurança das redes industriais, a através de políticas de Incentivo que facilitem a adoção de novas tecnologias nas indústrias.

5. inovação e Empreendedorismo com incentivos para startups que desenvolvem soluções inovadoras para redes industriais para a criação de hubs de inovação e incubadoras para fomentar o desenvolvimento de novas tecnologias.

Com essas ações, acreditamos que  o Brasil pode se posicionar como um líder no desenvolvimento e implementação de redes industriais inteligentes, aproveitando ao máximo as oportunidades oferecidas pela IA e ISAC no contexto do 6G

 

26
jul-24

Citius, Altius, Fortius 6G

Wilson Cardoso

Nos últimos anos, grandes eventos esportivos têm sido palco para a estreia das novas tecnologias de redes móveis. Um exemplo notável foi durante os Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, na Coreia do Sul, em 2018, onde o 5G foi utilizado de maneira intensiva. Além disso, em 2014, a tecnologia 4G desempenhou um papel fundamental nos estádios durante a Copa do Mundo de Futebol no Brasil, sendo apelidada por alguns técnicos como a "Copa dos Selfies".

Agora, com a Olimpíada de Verão em andamento na França, o 5G Advanced é a base da conectividade. Uma robusta rede de fibra e 5G, com velocidades de até 100 Gbps, foi construída para suportar 878 eventos esportivos em 120 locais de competição. Além disso, áreas de suporte abrigarão quinze mil atletas, administradores, parceiros de mídia e cerca de 4 bilhões de espectadores que acompanharão as Olimpíadas e Paralimpíadas remotamente.

Durante a cerimônia de abertura, as câmeras dos smartphones fornecerão imagens ao vivo dos muitos barcos no rio Sena, aproveitando a rede 5G privada instalada para o evento. Tecnologia de câmera semelhante também será usada nos capacetes dos atletas, permitindo que o público global acompanhe a ação, mesmo em esportes como kitesurf.

O aplicativo oficial para espectadores se beneficiará da conectividade 5G, oferecendo:

  1. Comentários em tempo real sobre os esportes, disponíveis em francês e inglês para os presentes nos estádios.
  2.  Informações de apoio para ajudar os espectadores a se atualizarem sobre as regras e regulamentos dos 32 esportes envolvidos.
  3. Serviços de venda de ingressos, além de suporte a instalações.

 

Além do ambiente 5G, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, haverá um serviço 4G push-to-talk para comunicação segura e privada por voz e vídeo entre equipes organizacionais, de emergência e de segurança.

Algumas inovações menos conhecidas também merecem destaque:

  1. Paralímpicos engolirão pílulas para monitorar os níveis de atividade durante esportes intensos, como rúgbi em cadeira de rodas, basquete e esgrima.
  2. Serviços de aprimoramento de vídeo estarão disponíveis para fãs com deficiência visual em seus assentos.
  3. Espectadores com deficiência visual poderão usar blocos hápticos para rastrear a posição dos jogadores em campo.

 

Curiosamente, não há menção ao Wi-Fi para o público em geral, pois todos os principais locais, incluindo o Stade de France, contarão com uma rede 5G avançada com alocação dinâmica de espectro.

Quanto ao 6G, é provável que seja lançado nas Olimpíadas de Verão de 2028 em Los Angeles. O que podemos esperar? Uma nova era de streaming de ultra-alta definição e experiências imersivas de realidade aumentada e virtual. Isso melhorará significativamente as transmissões esportivas, oferecendo experiências mais interativas e realistas.

O uso de Detecção e Comunicação Integradas 6G (ISAC - Integrated Sensing and Communications) possibilitará aplicações como comunicação assistida por visão, localização cooperativa e mapeamento simultâneo de rádio (SLAM). Imagine detecção de impedimentos no futebol ou identificação precisa de bolas fora no tênis, tudo com maior precisão do que as linhas de câmeras usadas atualmente.

No entanto, um tema parece certo: o 6G em Los Angeles, em 2028, será implementado por meio de uma rede privativa, assim como ocorre em Paris 2024 para suportar as operações relacionadas aos Jogos Olímpicos.

 

19
jul-24

6G das Arábias

Wilson Cardoso

A Autoridade Reguladora de Telecomunicações e Digital (TDRA) e a Universidade Khalifa dos Emirados Árabes Unidos publicaram no começo de julho o roadmap para a conectividade 6G. Os Emirados Árabes Unidos não estão apenas acompanhando os avanços tecnológicos globais, mas estão na vanguarda, impulsionando a inovação e estabelecendo metas ambiciosas para a próxima geração de comunicação sem fio. Este artigo se aprofunda na visão estratégica dos Emirados Árabes Unidos para a conectividade 6G, explorando projetos-chave, jogadores influentes e o roteiro do país para se tornar um centro de inovação 6G.

 

A Fundação 5G e o Salto para o 6G

 

A jornada dos Emirados Árabes Unidos em direção ao 6G começou com seus esforços pioneiros em 5G. Em 2016, a Autoridade Reguladora de Telecomunicações e Digital (TDRA) lançou um projeto abrangente de 5G, estabelecendo comitês focados em espectro, rede e verticais. Em 2018, os Emirados Árabes Unidos lançaram com sucesso uma rede 5G comercial, tornando-se um dos primeiros países globalmente a alcançar esse marco. Essa robusta infraestrutura 5G lançou as bases para os ambiciosos planos 6G dos Emirados Árabes Unidos, que visam atender às crescentes demandas por taxas de dados mais altas, menor latência e maior conectividade.

 

A Visão Estratégica para 6G

 

A visão dos Emirados Árabes Unidos para o 6G é multifacetada, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, promover pesquisa e desenvolvimento, manter um papel de destaque na padronização global e liderar o Oriente Médio na inovação 6G. Aqui estão os objetivos estratégicos:

  • Melhorando a Qualidade de Vida e a Competitividade: Os Emirados Árabes Unidos visam alavancar a tecnologia 6G para revolucionar setores como a saúde com avanços de telessaúde, permitir casas inteligentes para maior conveniência e segurança e transformar o entretenimento e os campos profissionais com comunicação holográfica e tecnologias XR/VR.

  • Promovendo Pesquisa e Desenvolvimento: Os Emirados Árabes Unidos aspiram a se tornar um centro global para pesquisa 6G. Ao investir fortemente em tecnologias de ponta e promover colaborações entre academia, indústria e governo, os Emirados Árabes Unidos estão criando um ecossistema que impulsiona a inovação e posiciona o país como pioneiro em telecomunicações.

  • Liderança de Padronização Global: Os Emirados Árabes Unidos estão comprometidos em manter seu papel na padronização global por meio da participação ativa na União Internacional de Telecomunicações (UIT) e em outros órgãos globais. Ao contribuir para o desenvolvimento de políticas e regulamentos do 6G, os Emirados Árabes Unidos pretendem influenciar o cenário global do 6G.

  • Liderança Regional: Com base em seu sucesso com o 5G, os Emirados Árabes Unidos buscam liderar o Oriente Médio na adoção e inovação do 6G. O país pretende estabelecer uma alta referência para o avanço tecnológico, crescimento econômico e transformação digital na região.

 

Principais Jogadores e Projetos

 

Vários players e projetos-chave estão impulsionando as ambições 6G dos Emirados Árabes Unidos:

  • Centro de Pesquisa 6G da Universidade Khalifa:Este centro se concentra em três temas principais: IA Nativa, Detecção e Localização e Conectividade de Banda Larga. Tem como objetivo ser pioneiro na pesquisa nessas áreas e contribuir para a base global de conhecimento 6G.

  • Instituto de Inovação Tecnológica (TII):O TII está na vanguarda de vários projetos inovadores, incluindo streaming adaptativo em nuvem em tempo real para ambientes de RV, sistemas de controle de frota baseados em RV e grandes modelos de IA generativa para telecomunicações.

  • Etisalat: Esta gigante das telecomunicações está aprimorando sua rede 5G existente e lançando tecnologias 5G-Advanced. A Etisalat também está explorando tecnologias que ativam 6G, como Superfícies Inteligentes Reconfiguráveis (RIS), e colaborando com parceiros em pesquisas avançadas.

  • Estratégia Dubai Metaverse: Anunciada pelo governo de Dubai, esta iniciativa se concentra na promoção da inovação em serviços XR/AR/VR/MR, gêmeos digitais, AI/ML, IoT e blockchain. A estratégia visa estabelecer um ecossistema metaverso que suporte o desenvolvimento de 6G.

 

Potenciais Ensaios ao Vivo Levando ao 6G

 

Os Emirados Árabes Unidos estão se envolvendo ativamente em vários potenciais testes ao vivo para pavimentar o caminho para a tecnologia 6G. Esses testes são cruciais para entender e implementar a próxima geração de conectividade:

  • Implementação da Orquestração Orientada por Intenção: Utilizando inteligência artificial para otimizar recursos de rede e computação, melhorando a eficiência energética e a utilização de ativos.

  • Cloudificação em Domínios de Rede: Virtualizando a rede de acesso de rádio, nuvem de borda e núcleo em infraestruturas de nuvem híbrida, facilitando a implantação de diversas versões e fornecedores de rádio.

  • Implantações de Pequenas Células: Melhorando a atual rede de acesso por rádio com bandas mais altas, mudando de abordagens Cell-Centric para Subscriber-Centric.

  • Soluções de Interoperabilidade: Adotando tecnologias que permitem a interoperabilidade entre diferentes fornecedores de telecomunicações, como interfaces abertas e APIs abertas, garantindo feedback das necessidades do mercado dos Emirados Árabes Unidos.

  • Convergência da Nuvem de Rede e Nuvem de Uso Geral:Integrando funções de rede virtual e catálogos genéricos de serviços de computação em nuvem.

  • Arquiteturas de Nuvem de Computação de Borda: Suporte a cargas de trabalho de rede, cargas de trabalho de computação de propósito genérico e aplicativos de alta demanda, como RV, jogos e IA.

  • Correção e Convergência de Backhaul Móvel: Gerenciando com eficiência as crescentes demandas de dados, adotando AGF virtual para agregação de funções.

  • APIs de Rede e NICs Inteligentes: Implementando APIs padrão abertas e NICs Inteligentes para reduzir a latência e aprimorar a integração de IA, garantindo segurança e baixa latência em serviços 6G.

  • Integração Avançada de Telemetria e IA:Utilizando soluções energeticamente eficientes e IA para tomada de decisões em tempo real em gerenciamento de ativos de rede e TI.

 

O 6G não apenas aumentará as capacidades de comunicação, mas também permitirá uma nova era de conectividade inteligente. A integração de IA, computação de ponta e tecnologias avançadas de detecção revolucionará a forma como interagimos com o mundo digital, proporcionando oportunidades sem precedentes de inovação e desenvolvimento.

Os Emirados Árabes Unidos nos mostram como criar um plano de trabalho consistente e claro de como planejar uma infraestrutura robusta de telecomunicações focada no desenvolvimento do país. Isso seria uma boa base para a criação de um planejamento semelhante no Brasil.

 

12
jul-24

"O êxito consiste em poder ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo.” - Sir Winston Churchill

Wilson Cardoso

O título de hoje representa muito bem a nossa jornada até o 6G. A cada "G", trazemos algo novo que se concretiza na próxima geração.

No início da minha carreira profissional, o planejamento de redes era complexo. Lidávamos com matrizes de tráfego, tráfego de transbordo, acessibilidade de matrizes de comutação, tempos de espera e outros desafios. Mesmo sem ferramentas de computador, conseguíamos enfrentar essas dificuldades com papel, calculadora, paciência e cérebro. Hoje, dada a complexidade das redes, é quase impossível realizar um planejamento sem ajuda computacional. Para o 6G, acredito que o planejamento e a operação da rede exigirão gêmeos digitais e um bom suporte de inteligência artificial.

Com a desagregação das redes 5G e a RAN (Rede de Acesso por Rádio) mais centrada no software, o fluxo de trabalho de integração contínua e implantação contínua tornou-se uma realidade para operadores e integradores que gerenciam redes. Os gêmeos digitais permitem vincular medições físicas da RAN a aplicativos de rede de camada superior e testar novos recursos em ambientes de software antes de implementá-los ao vivo.

Os gêmeos digitais de rede também permitem a integração de modelos existentes ou outros gêmeos digitais em um sistema, permitindo testes sem a necessidade de caros testes de campo. Por exemplo, é possível modelar uma rede existente com diferentes condições de canal com base em uma nova implantação ou integrar estações base não terrestres para fornecer cobertura em áreas de difícil acesso. Os modelos de cobertura podem ser simulados para fins de planejamento, e esses modelos continuam a evoluir à medida que a cobertura é implantada e os resultados dos testes retornam do campo.

Além disso, os gêmeos digitais de rede são valiosos para avaliar o desempenho de circuitos. Avaliar um circuito gêmeo digital em um modelo de rede maior nos ajuda a entender o impacto de atualizações em toda a implantação. Também são úteis para avaliar ameaças cibernéticas, simulando ataques e coletando feedback sobre o comportamento real da rede. Esses dados são valiosos para fortalecer a segurança cibernética.

No contexto do 6G, redes abertas, escaláveis e virtuais trabalharão juntas. Para resolver os desafios de cobertura e oferecer altas taxas de dados, novas topologias de rede devem ser consideradas. Embora as arquiteturas RAN centradas em software do 5G facilitem a implantação, ainda há desafios em áreas rurais e remotas.

Redes não terrestres, que cobrem várias altitudes e regiões, podem ser uma solução para levar conectividade 6G a todas as partes do mundo. No entanto, essas novas arquiteturas também apresentam vulnerabilidades que precisam ser protegidas contra ameaças digitais. A segurança cibernética será fundamental para manter o serviço e garantir a integridade dos dados nas redes do futuro.

Nos últimos anos, a O-RAN Alliance acelerou a tendência em direção a arquiteturas RAN virtuais, criando interfaces bem definidas e abertas entre cada elemento RAN. Esse processo permite que um provedor de rede escolha diferentes fornecedores de equipamentos para os diversos elementos da rede. A arquitetura proposta pela O-RAN Alliance transfere parte do processamento da camada física da Unidade de Rádio (RU) para a Unidade de Distribuição (DU).

A O-RAN Alliance também promove a incorporação de Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado de Máquina (ML) à RAN por meio de um Controlador Inteligente de RAN (RIC). O RIC consiste em componentes em tempo real e não em tempo real, servindo como uma plataforma de hospedagem que executa serviços para orquestração, otimização, automação e gerenciamento. Qualquer pessoa pode criar aplicativos que são executados no RIC, chamados xApps e rApps. O RIC e seus xApps e rApps são locais ideais para a IA e o ML em uma rede sem fio, e o desenvolvimento nessa área está em andamento.

A tendência de descentralização e virtualização de grandes partes da RAN continuará no 6G, baseando-se nos conceitos introduzidos no 5G e no movimento Open RAN. Independentemente da abordagem escolhida, seja com um único fornecedor ou vários fornecedores, otimizar o desempenho geral da rede pode ser mais desafiador ao usar hardware de múltiplos fornecedores em vez de um único fornecedor. No entanto, a capacidade de escolher entre diferentes fornecedores ajuda a reduzir os custos de equipamento.

A funcionalidade de virtualização também persistirá no 6G. Servidores prontos para uso podem ser menos dispendiosos de implantar do que hardware dedicado para fins específicos. Às vezes, os operadores podem migrar a funcionalidade da RAN para a nuvem, eliminando completamente a necessidade de hardware dedicado. À medida que mais funcionalidades da RAN se tornam virtualizadas, surgem mais oportunidades para incorporar inteligência artificial às redes sem fio. Atualmente, o RIC é um dos primeiros locais onde a IA está sendo adicionada à rede. No 6G, é provável que a IA esteja presente em todas as partes da RAN.

O texto de hoje deixa algumas reflexões de como podemos ter uma inserção mais significativa do Brasil no ecossistema do 6G.

 

05
jul-24

“Espaço: a fronteira final"

Wilson Cardoso

A frase do titulo de hoje extraída do seriado Jornada nas Estrelas, mostra a direção da evolução das redes móveis: a integração das redes terrestres (TN - Terrestreal Networks) e redes não-terrestres (NTN - Non Terrestrial Networks) e parte da iniciativa de diversos governos, tais como a União Europeia através do SNS JU.

O Smart Networks and Services Joint Undertaking (SNS JU)  é uma iniciativa europeia que visa garantir a liderança industrial da Europa em 5G e 6G. Estabelecido em novembro de 2021 pelo Regulamento do Conselho 2021/2085, o SNS JU é uma entidade legal e de financiamento, parte das 10 Parcerias Europeias para impulsionar a transição verde e digital. Com um orçamento da UE de € 900 milhões para o período de 2021 a 2027, o SNS JU reúne recursos da UE e da indústria para impulsionar redes e serviços inteligentes. Suas principais missões são:

  1. Soberania tecnológica em 6G: Implementar pesquisa e inovação (R&I) relacionadas ao 6G, com foco na concepção e padronização em torno de 2025. Também incentiva a preparação para a adoção precoce de tecnologias 6G até o final da década

 

  1. Impulsionar o 5G na Europa: Coordenar orientações estratégicas para programas relevantes, como os Corredores 5G, e contribuir para a coordenação de programas nacionais e europeus

Um dos projetos impulsionados pelo SNS JU é 6G-NTN que tem por objetivo projetar e validar os principais habilitadores técnicos, regulatórios e de padronização para a integração de componentes TN (Terrestres) e NTN em sistemas 6G. O foco está em infraestrutura de rede multidimensional, redes de acesso rádio com múltiplas restrições e terminais multiusuários.

O 3GPP já integrou com sucesso as NTN no Release 17 e espera-se que elas desempenhem um papel ainda mais importante nos sistemas 5G-A (até o Release 20) e 6G (além do Release 20). As NTN têm como objetivo fornecer melhor cobertura em áreas menos densamente povoadas, em alto-mar, em altitudes elevadas (por exemplo, veículos aéreos) e em zonas de desastre onde as redes terrestres não podem operar de forma confiável.

Além disso, o 6G-NTN está pesquisando e desenvolvendo uma revolucionária infraestrutura de rede tridimensional (3D) para o 6G. O objetivo é fornecer cobertura ubíqua com comunicação de alta taxa de dados e latência quase ultrabaixa, além de um serviço de localização altamente precisa e confiável, unificando os componentes TN e NTN.

Claro! Vou traduzir o texto para o português:

Os satélites de telecomunicações têm evoluído constantemente ao longo dos anos, e inovações adicionais são altamente benéficas para as redes 6G. Os satélites GEO melhoraram a capacidade total do sistema nos últimos anos com a introdução de satélites de alto rendimento (HTS) e até mesmo satélites de muito alto rendimento (VHTS). Essa nova classe de satélites alcança taxas de transferência totais de mais de 100 Gbit/s no caso dos HTS e mais de 1 Tbit/s no caso dos VHTS por satélite, graças a cargas úteis de processamento digital transparentes e tecnologia de antena flexível. Outra inovação são as constelações LEO, que já foram implantadas na década de 1990 com a Iridium e a Globalstar como uma das primeiras empresas com a visão de cobertura mundial.

A constelação Starlink da SpaceX já possui mais de 5600 satélites em órbita e planeja aumentar esse número gradativamente. Essas quantidades permitem uma produção em massa eficiente em termos de custos desses satélites, incluindo componentes específicos para aplicações. Além disso, usando constelações LEO, a latência dos sistemas de satélite pode ser dramaticamente reduzida em comparação com uma solução GEO, chegando a 20 ms.

Além das melhorias nos satélites GEO e LEO, outros tipos de órbitas podem ser considerados para redes futuras, como MEO, órbita altamente elíptica (HEO) e órbita terrestre muito baixa (VLEO) abaixo de 500 km para alcançar latências ainda menores, podendo chegar abaixo de 20 ms. No entanto, essa órbita sofre com maior pressão atmosférica, levando a degradação da velocidade e, consequentemente, degradação da altitude se não forem usados propulsores.

Independentemente da órbita, a maioria das inovações está baseada na evolução da capacidade de transporte de dados em combinação com a antena. As capacidades de transporte de dados dos satélites são definidas por processadores embarcados flexíveis (OBPs), no caso de capacidade de processamento definidas por software, e sendo amplamente utilizada na geração de satélites "Iridium Next". Para satélites GEO com alta largura de banda e capacidade, o processamento é principalmente baseado em uma base transparente, chamada OBP digital transparente, para canalização sem re-encodificação a bordo do fluxo de dados, por exemplo, para ajustes de feixe ou decisões de roteamento. A capacidade de transporte das constelações LEO podem ser consideradas parte integral da rede, permitindo o processamento de camadas inferiores (por exemplo, uma unidade distribuída 5G gNB), camadas superiores (por exemplo, gNB inteiro) e funções de rede (por exemplo, computação de borda) das redes 5G e 6G. Um tipo mais complexo de OBP com maior capacidade de processamento é necessário para realizar a regeneração do sinal, além das decisões de roteamento. Para LEO, o problema do roteamento otimizado entre diferentes satélites usando as ligações inter-satélites (ISLs) precisa ser resolvido e para isso já vemos os primeiros OBPs permitindo comunicação bidirecional de banda larga com diferentes padrões de transmissão sem fio na frequência banda Ka.

 

28
jun-24

Muito obrigado Claude Shannon

Wilson Cardoso

No início das telecomunicações, trabalhávamos com o conceito de circuito ou canal, que era um meio de comunicação utilizando um par de fios físicos ou um canal de rádio para transmitir informações entre duas pessoas. Com o tempo, houve uma evolução desse conceito com a introdução da multiplexação. Na multiplexação, vários canais são combinados, possibilitando o compartilhamento dos meios físicos. Em uma fase posterior, os circuitos foram digitalizados, permitindo não apenas a transmissão de voz, mas também a transmissão de dados com maior eficiência.

Quando falamos de canais em telecomunicações, é impossível não lembrar do "Teorema de Shannon". Esse teorema, também conhecido como Teorema da Codificação de Canal, fornece uma base matemática para entender os limites fundamentais da comunicação. Foi formulado por Claude Shannon em 1948 e estabelece limites superiores para a taxa de transmissão de informações através de um canal de comunicação sujeito a ruído.

Nas teorias clássica e quântica da informação de Shannon, os canais de comunicação geralmente são assumidos como trajetórias clássicas, nas quais o caminho percorrido pelo portador de informação é bem definido (canal). No entanto, a mecânica quântica introduz um paradigma inovador: os portadores de informação quântica podem se propagar por caminhos quânticos, nos quais a ordem causal dos canais constituintes se torna indefinida.

A caminhada quântica é uma ferramenta para construir algoritmos quânticos e é considerada um modelo universal de computação quântica. Ela envolve a exploração de estados quânticos em um espaço de busca, permitindo que um sistema quântico alcance soluções mais rapidamente do que algoritmos clássicos. A caminhada quântica tem aplicações em áreas como otimização, busca de bancos de dados e simulações quânticas. Agora, nas telecomunicações, ela também pode ser um possível meio de transmissão, criando esses caminhos quânticos.

Associados aos caminhos quânticos, temos a capacidade quântica. Essa capacidade refere-se à habilidade de sistemas quânticos de armazenar e processar informações de maneira diferente dos sistemas clássicos. Em computação quântica, a capacidade quântica é fundamental para resolver problemas complexos de forma mais eficiente. Os computadores quânticos usam qubits (unidades básicas) que podem representar simultaneamente os estados 0 e 1, graças à superposição quântica. Essa capacidade de processamento exponencialmente maior torna os computadores quânticos promissores para áreas como desenvolvimento de medicamentos, mudanças climáticas e inteligência artificial.

Os caminhos quânticos apresentam propriedades surpreendentes, como a capacidade não nula, mesmo quando nenhum caminho clássico permite a transmissão de informações. Em um estudo recente intitulado "Além dos Limites de Shannon: Comunicações Quânticas por Meio de Caminhos Quânticos", pesquisadores investigaram a capacidade quântica alcançável por esses caminhos. Eles estabeleceram limites superiores e inferiores para essa capacidade, revelando uma vantagem substancial em relação aos canais clássicos em termos das taxas de comunicação alcançáveis.

Esse avanço em direção à comunicação quântica promete impactar o futuro das redes 6G ou até mesmo 7G, potencialmente revolucionando como trocamos informações e colaboramos no mundo digital.

 

21
jun-24

Tudo está pronto para o Leilão de 6G na próxima semana

Wilson Cardoso

No dia 20 de junho, tive a oportunidade de participar do evento TELETIME Tec, incluindo um painel de discussão sobre um tema altamente relevante: o espectro de radiofrequências. Durante o painel, sugeri a necessidade de uma análise sobre a progressão para licitação de espectro em polígonos.

Como será o leilão de frequências para o 6G no futuro?

Vamos abordar essa questão sob uma perspectiva técnica e explorar os possíveis cenários.

As frequências abaixo de 1 GHz são ideais para mobilidade pessoal, Internet das Coisas e melhorias na cobertura de sinal devido às suas propriedades de propagação. Um dos desafios é a discrepância de valor por MHz entre grandes capitais e municípios isolados no Brasil. Como garantir cobertura nacional se adotarmos um modelo extremamente granular de licitação? Quais bandas de frequências poderão ser alocadas, considerando essas questões?

As frequências entre 1 GHz e 3.8 GHz oferecem maior capacidade devido à disponibilidade de espectro nessas faixas, além de melhor cobertura. No contexto de dispositivos móveis, essas frequências devem ser complementadas com as sub 1 GHz para garantir sincronização e outras funcionalidades. O desafio é integrar essas faixas de frequência de forma eficaz.

Por sua vez, as faixas entre 4 GHz e 10 GHz representam a nova fronteira para a mobilidade, porém a disponibilidade limitada de espectro nesta faixa gera uma competição tecnológica e de mercado. A destinação da faixa de 6 GHz é um tema crucial em estudo pela Anatel. Como equacionar essa questão estratégica para o futuro das comunicações?

As frequências milimétricas, como 26 GHz, trazem expectativas de novos casos de uso, como FWA, que estão começando a se materializar. O desafio aqui é garantir a existência de um ecossistema robusto no momento do lançamento do edital de frequências.

Além disso, o avanço em direção ao Terahertz representa um novo cenário desafiador. Questões sobre qual modelo será adotado, como evitar interferências e como lidar com a limitação da cobertura geográfica em metros se tornam essenciais. Esses desafios apontam para o futuro potencial do Terahertz, mas com base nas leitura das ultimas semanas o uso do Terahertz deverá ser potencializado somente no 6.5G.

A palavra desafio apareceu diversas vezes no texto e é claro a medida que entendemos mais a tecnologia mais acertos podemos ter no momento de definir o seu uso e isso passa pelos editais de licitação e claramente todo a regulamentação de uso dos serviços.

 

 

14
jun-24

Tudo está conectado…

Wilson Cardoso

Nas ultimas semanas vimos acordos bilaterais entre os Estados Unidos e Arabia Saudita, assim como Europa e Japão, serem assinados para a colaboração e desenvolvimento do 6G.

A colaboração entre a União Europeia (UE) e o Japão no campo da tecnologia 6G é um esforço significativo para avançar as comunicações sem fio incluindo inteligência artificial (IA), semicondutores, computação de alto desempenho (HPC) e tecnologia quântica.

Além disso foca nas tecnologias habilitadoras do 6G, algumas inclusive já tratadas no 6G na Sexta, tais como:

  1. Comunicação Terahertz (THz): Utilizando frequências na faixa de terahertz para transmissão de dados mais rápida.
  2. IA integrada:Otimização de rede orientada por IA, alocação de recursos e segurança.
  3. Comunicação quântica: Aproveitando os princípios quânticos para uma comunicação segura e eficiente.
  4. Massive MIMO (entrada múltipla, saída múltipla): Melhorando a eficiência espectral por meio de matrizes de antenas avançadas.
  5. Edge Computing: Distribuindo a computação mais perto dos dispositivos finais para reduzir a latência.
  6. Soluções de Energia Sustentável: Enfrentando os desafios de eficiência energética em redes 6G.

O acordo também traz alguns pontos interessantes como esforços colaborativos, compartilhamento de conhecimentos, recursos e melhores práticas. Além de abordar a privacidade, a segurança e as preocupações éticas.

Nos casos de uso vemos o foco em saúde, transporte e cidades inteligentes.

Em resumo, a colaboração UE-Japão sobre 6G visa impulsionar a inovação, promover a cooperação internacional e moldar o futuro da tecnologia de comunicação sem fio.

O acordo entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita,  inclui as seguintes áreas de colaboração:

1. Arquitetura e Design de Rede:

  1. Desenvolver novas arquiteturas de rede para suportar taxas de dados ultra-altas, baixa latência e conectividade maciça de dispositivos.
  2. Investigarnovos paradigmas de comunicação, como comunicação de terahertz (THz) e comunicação de luz visível.

2. Exploração do Espectro:

  1. Explorar e alocar bandas de frequência para 6G, incluindo frequências de terahertz.
  2. Garantir a utilização eficiente do espectro e o gerenciamento de interferências.

3. Segurança e Privacidade:

  1. Aprimorar os mecanismos de segurança para proteger contra ameaças cibernéticas.
  2. Abordar preocupações de privacidade relacionadas a redes 6G e dados do usuário.

4. Otimização Orientada por IA:

  1. Aproveitar a inteligência artificial (IA) para a otimização de rede, alocação de recursos e eficiência energética.
  2. Investigar soluções orientadas por IA para redes auto-organizadas.

5. Comunicação Quantica:

  1. Pesquisar técnicas de comunicação quântica para transmissão de dados segura e eficiente.
  2. Explorando a distribuição de chave quântica (QKD) e criptografia segura quântica.

6. Computação de Borda e Inteligência Distribuída:

  1. Estudar modelos de computação de ponta para reduzir a latência e melhorar o processamento em tempo real.
  2. Integrar a inteligência na borda da rede para uma tomada de decisão mais rápida.

7. Colaboração com a Indústria e a Academia:

  1. Envolvendo-se com universidades, instituições de pesquisa e parceiros da indústria para promover a inovação.
  2. Incentivar projetos conjuntos, troca de conhecimento e transferência de tecnologia.

Observando os dois acordos vemos uma grande convergência de tópicos, mas deixo a pergunta: no caso do Brasil seguir a mesma linha de estabelecer acordos bilaterais quais tópicos deveríamos abordar? Deixo algumas idéias:

  1. Suporte a Sistemas de produção relacionados ao agronegócio
  2. Interação com sistemas de produção de energia limpa
  3. Controle de sistema de energia integrados
  4. Cibersegurança considerando que somos um dos países que mais sofrem ataques no planeta terra
  5. Conexão de populações remotas

Bom fim de semana !

 

 

07
jun-24

Os 80 anos do dia D…

Wilson Cardoso

O Hexa-X-II realiza periodicamente uma série de workshops e o ultimo foi realizado ontem, em 6 de junho de 2024, sendo um dos eventos mais significativos do  EuCNC & 6G Summit,  reunindo líderes da indústria, acadêmicos e entusiastas de tecnologia. Longe de ser um dia D para o 6G o workshop nos trouxe boas informações e algumas novas perspectivas.

O projeto Hexa-X-II é uma iniciativa da União Europeia (UE) que visa desenvolver o 6G e
criar uma plataforma 6G sustentável, inclusiva e confiável para atender às necessidades futuras de comunicação global, visando melhorar significativamente a conectividade, velocidade, latência e capacidade de rede em comparação com as redes 5G atuais.

O projeto Hexa-X-II identificou seis famílias de casos de uso para abordar as necessidades do 6G. Essas famílias são:

1. Experiência Imersiva: Proporcionar experiências imersivas, como realidade virtual e aumentada, com alta qualidade e baixa latência.
2. Robôs Colaborativos: Facilitar a colaboração entre humanos e robôs em ambientes industriais e de serviços.
3. Consciência Física: Aprimorar a percepção ambiental por meio de sensores e redes para segurança, saúde e automação.
4. Gêmeos Digitais: Criar modelos digitais em tempo real para monitorar e otimizar sistemas físicos.
5. Mundo Totalmente Conectado: Garantir conectividade global, incluindo áreas remotas e desafiadoras.
6. Ambientes Confiáveis: Criar redes seguras e confiáveis para aplicações críticas.

Voltando ao workshop de ontem, onde além das visões dos fabricantes europeus de 6G foram apresentados 3 temas muito ligados a sustentabilidade e desafios, parte das famílias acima descritas :

  1. Hexa-X: Mauro Boldi explorou o papel do 6G na sustentabilidade.
  2. SUPERIOT: Marcos Katz abordou conceitos e tecnologias para um IoT verdadeiramente sustentável.
  3. RISE-6: Emilio Calvanese Strinati discutiu soluções RIS sustentáveis.

O trabalho de Emilio Calvanese Strinati  Diretor Científico e de Inovação de Dispositivos Inteligentes no Commissariat à l’Énergie Atomique et aux Énergies Alternatives-Laboratoire d’électronique des technologies de l information (CEA-Leti), na França,  tem com visão pesquisar soluções inovadoras que capitalizam nos avanços mais recentes da tecnologia emergente de Superfícies Inteligentes Reconfiguráveis (RISs). Essas superfícies oferecem controle dinâmico e orientado por objetivos da propagação de ondas de rádio, possibilitando o conceito de ambiente sem fio como um serviço. Aqui estão os principais pontos do projeto:

  1. Modelagem Realista da Propagação de Sinais Assistida por RIS: O RISE-6G busca entender como as RISs afetam a propagação de sinais em ambientes sem fio.
  2. Limites Fundamentais das Comunicações e Sensoriamento Habilitados por RIS: O projeto explora os limites teóricos das comunicações sem fio e do sensoriamento quando RISs estão envolvidas.
  3. Algoritmos Eficientes para Orquestração de Redes com RIS: Desenvolvimento de algoritmos para otimizar o uso de RISs em redes.

Voltando ao enfoque sempre dado de sustentabilidade para o 6G, deixo a primeira reflexão que o ESG foi transformado em arma” para dar a impressão de que os mercados poderiam resolver todos os problemas sem ônus, quando serão necessárias leis, regulamentações e alguma mudança na forma como as pessoas vivem, tudo isso além da tecnologia 6G e outras. E a segunda reflexão: com a evolução do RIS assistiremos uma mudança no modelo de negócios das operadoras móveis?

 

 

31
mai-24

“Um professor ensina a ler, escrever, calcular a assim por diante. Um educador adiciona a essas matérias algo mais importante: o espirito"

Wilson Cardoso

A frase acima de Golda Meir serviu de inspiração para tentar compartilhar um pouco da visão de como o Brasil pode ser realmente um importante jogador na construção de redes móveis.

O primeiro ponto para jogar bem é entender as regras do jogo e nesse caso quem escreve as regras: o 3GPP.

O 3GPP (3rd Generation Partnership Project) é um consórcio internacional composto por sete organizações de desenvolvimento de padrões de telecomunicações. Essas organizações trabalham juntas para criar e manter especificações técnicas para sistemas móveis. O 3GPP desempenha um papel fundamental na evolução das redes móveis, incluindo o 5G e o futuro 6¹.

Aqui estão alguns pontos importantes sobre o 3GPP e o desenvolvimento das redes móveis:

1. História e Organizações Membros:

  1.  Fundado em 1998, o 3GPP reúne organizações nacionais e regionais de padrões de telecomunicações. Os membros primários incluem ARIB (Japão), ATIS (EUA), CCSA (China), ETSI (Europa), TSDSI (Índia), TTA (Coreia do Sul) e TTC (Japão). Além disso, 22 outras organizações atuam como membros associados, como a 5G Américas e o Small Cell Forum.
  2. O Brasil, como membro associado, tem acesso limitado às decisões e especificações do 3GPP, mas é importante estar conectado a esses fluxos para que as soluções e produtos 6G desenvolvidos no país possam ganhar escala global.

2. Trabalho em Releases:

  1. O 3GPP organiza seu trabalho em versões chamadas "Releases". Cada Release representa um conjunto de especificações atualizadas.
  2. O trabalho do **Release 19** começou no início de 2024, e o 3GPP atualiza suas especificações para refletir o progresso realizado.

3. Evolução Contínua do 5G:

  1. Enquanto o 3GPP está desenvolvendo o 6G, a evolução do **5G Advanced** continua. Essa evolução visa desenvolver novas tecnologias que servirão ao mercado global até 2030 e além.
  2. A transição do 5G para o 6G deve ser suave, garantindo que as redes existentes continuem a funcionar bem.

4. Estudo de Requisitos para o 6G:

  1. O trabalho sobre os requisitos do 6G começou em maio de 2024. Representantes do mercado estão contribuindo com opiniões sobre novos aspectos a serem considerados.
  2.  Os requisitos de nível de serviço descrevem as necessidades específicas impostas por diferentes funcionalidades em todo o sistema de comunicação. Isso inclui equipamentos do usuário, redes de acesso por rádio, segurança, operação e manutenção.
  3.   O estudo também abordará os requisitos do lado do usuário final (UE) e da rede de acesso por rádio (RAN).

5. Fase de Estudo de Requisitos de Nível RAN

  1. A fase de estudo de requisitos de nível RAN começou em setembro de 2024 e terminará em junho de 2026.
  2. Essa fase é crucial para definir os requisitos técnicos e funcionais do 6G, incluindo aspectos como eficiência energética, latência reduzida e interoperabilidade.

A corrida para o 6G já começou, e o Brasil precisa se posicionar estrategicamente para participar ativamente desse desenvolvimento. Assim como no jogo, entender as regras e estar conectado aos fluxos certos é fundamental para o sucesso. Vamos continuar acompanhando essa emocionante partida!

 

 

24
mai-24

"A Vida da Lições que só se dão uma vez"

Wilson Cardoso

Relendo essa citação de Winston Churchill, fiquei pensando em um dos maiores dilemas que enfrentamos com a introdução do 5G: como deixar uma nova tecnologia compatível com as gerações anteriores.

No 5G a compatibilidade com as gerações anteriores foi resolvido com a adoção de duas arquiteturas para o Core da Rede: o Non Stand-Alone (NSA) e o Stand-Alone (SA). No NSA os dados de seu celular são transmitido via rede 4G e recebidos via 5G, já no SA os dados são recebidos e transmitidos por meio de 5G. Em resumo as operadoras de telecomunicações tiveram que realizar investimentos consideráveis para a instalação do SA. E grande parte das vantagens (latência e milhões de dispositivos por km2) do 5G só são percebidas quando os dispostivos estão conectados em um core SA.

Como podemos então imaginar um CORE para as redes 6G?

Os aprimoramentos do 6G e novos requisitos que o acompanharão, precisam estar alinhados com a realidade econômica que os operadores estão enfrentando e precisam oferecer um retorno claro sobre o investimento, além de considerar a sustentabilidade ambiental, o que significa eficiência energética, longevidade do hardware e viabilidade econômica.  Os serviços inovadores do 6G aparentemente demandam um maior desempenho de processamento.

No que se refere à arquitetura definida pelo 3GPP, há três considerações principais:

Evolução da arquitetura — novas funções do plano de controle 6G potencialmente incorporadas em uma estrutura de arquitetura baseada em serviços principal 5G evoluída e estendendo a arquitetura baseada em serviços para o plano de controle RAN.

Inovação em serviços — um plano de controle RAN/núcleo baseado em serviço, estrato distribuído de não acesso, computação em rede e integração de computação na borda de telecomunicações, com base na computação na rede e no dispositivo.

Simplificação da arquitetura — menos opções de implantação RAN/core, sem sobreposição de funções e removendo alguns protocolos específicos do 3GPP,  alavancando a infraestrutura programável e a infraestrutura programável de rede e data center.

Como o 6G nascerá baseado em Inteligência Artificial é recomendado que busquemos todos os meios possíveis para os princípios de eficiência, desempenho e sustentabilidade sejam suportados por IA. Haverá modelos de IA incorporados em diferentes partes da rede, e é claro que esta é uma grande oportunidade, mas também é um desafio do ponto de vista do operador de rede móvel, porque esses modelos de aprendizado de máquina (ML - Machine Learning)  precisam ser gerenciados para construir os modelos, implantá-los, monitorar o desempenho, torná-los controláveis, treinar e avaliar o comportamento da rede como um todos.  Portanto, este é um tópico bastante importante para o 6G: como tornar controláveis e observáveis esses modelos de ML que são implantados nas diferentes partes da rede.

 

17
mai-24

Pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos (Mateus 22:14)

Wilson Cardoso

Com muitos amigos que trabalham no Instituto Europeu de Padrões de Telecomunicações (ETSI) estava cheio de ansiedade para ler o trabalho que estão desenvolvendo, especialistas que trabalham de forma extremamente diligente,  listando casos de uso para a tecnologia 6G. A definição de possíveis casos de uso é importante, pois ajuda a afinar os requisitos técnicos de latência, velocidades, quantidade de conexões simultâneas, etc.

O relatório completo com 75 páginas pode ser encontrado aqui:
https://www.etsi.org/deliver/etsi_gr/THz/001_099/001/01.01.01_60/gr_THz001v010101p.pdf e descreve 19 casos de uso 6G, de cirurgia remota a controle industrial em tempo real, bem como as bandas de espectro de terahertz onde isso pode acontecer.

Esse relatório é parte do novo Terahertz Industry Specification Group (ISG THz). O ISG THz será  uma fonte de informação para a industria, academia e centros de pesquisa nos esforços de pré-padronização na tecnologia THz resultantes de vários projetos de pesquisa colaborativa e iniciativas globais, abrindo caminho para a padronização futura.

A ETSI é uma ampla organização de padrões que abrange uma variedade de tecnologias de informação e comunicação (TIC), desde a transmissão de rádio até a comunicação e segurança de dados. Ele funciona ao lado do 3GPP, que se concentra especificamente em especificações técnicas para tecnologias de rede celular, incluindo acesso por rádio e rede principal.

O 3GPP lança seus padrões em blocos, e este ano espera-se que finalize a série de especificações do Release 18 para sistemas 5G Advanced. Espera-se que o Release 20 contenha a primeira especificação 6G, possibilitando o uso comercial das redes 6G em 2030.

Mas o que o 6G nas bandas de espectro de terahertz permitirá? Muito, de acordo com o novo relatório da ETSI. "O conceito de cirurgia remota com suporte de comunicações THz vem com a promessa de permitir que as pessoas sejam tratadas a qualquer hora e em qualquer lugar, para que as intervenções médicas possam ser feitas através do uso de robôs médicos controlados remotamente por um cirurgião (longe do local físico onde a cirurgia real é realizada)", de acordo com o relatório da organização.

A cirurgia remota também foi um caso de uso para os primeiros defensores do 5G, e o conceito se transformou em uma piada interna entre os executivos globais da indústria, céticos em relação a aplicações tão ambiciosas.

Aqui está a lista completa de casos de uso do 6G no documento ETSI:

  1. Cirurgia remota
  2. Entretenimento no avião ou na cabine do trem
  3. Robôs móveis cooperativos
  4. Trabalho de materiais perigosos
  5. Educação remota
  6. Aplicativos sem fio ponto a ponto fixos
  7. Transporte móvel sem fio X-haul
  8. Data centers sem fio
  9. XR imersivo interativo
  10. Missão crítica XR
  11. Controle industrial em tempo real
  12. Imagens, mapeamento e localização simultâneas
  13. Comissionamento de plantas industriais
  14. Grandes eventos com taxa de transferência ultra-alta
  15. Taxa de transferência ultra-alta para usuários internos
  16. Comunicações intra-dispositivo
  17. Colaboração na área local para aplicativos fixos ou de baixa mobilidade
  18. Colaboração na área local para aplicações veiculares
  19. Manutenção preditiva e diagnóstico

 

O relatório também oferece uma longa lista de tecnologias que podem estar envolvidas na operação de redes 6G, incluindo IA, MIMO avançado, Superfícies Inteligentes Refletivas (RIS) e computação de borda, algumas que já exploramos no 6G na Sexta.

Voltando ao título de hoje muitos casos de uso são pensados, mas poucos são os que realmente nos levam a um uso efetivo da tecnologia do ponto de vista econômico ou de viabilidade técnica.

 

10
mai-24

Temos todos o espirito de Top Gun?

Wilson Cardoso

Quando falamos de conexão a Internet todos nós somos motivados pelo espirito de Top Gun: ter acesso a uma nova velocidade cada vez maior que nos leva a novos limites.

No fim do mês de Abril tivemos um anuncio das empresas DOCOMO, NTT, NEC e Fujitsu para o primeiro dispositivo suportando 6G utilizando frequências sub-terahertz atingindo velocidades de transmissão de 100 Gbps.

Para essa transmissão de 100 Gbps foram utilizadas algumas tecnologias tais como transmissão na faixa de 100 GHz, transmissão na faixa de 300 GHz com uma antena de multi elementos ativos com arranjos em fase (APAA - Active Phased Array Antenna) e amplificadores de de sinal de alta eficiência, utilizando linha de visada com distância de 100 metros. Os mais céticos dirão que essas condições não são realistas para um uso comercial, mas estamos começando a entender os desafios de transmissão em faixas de frequências em sub-terahertz.

Hoje vamos explorar os desafios que nossos colegas no Japão devem ter enfrentado e uma visão dos desenvolvimentos de antenas, um dos itens mais críticos para operação em sub-terahertz.

 

Uso de banda em sub-terahertz

Um dos principais problemas enfrentados pelos sinais de terahertz é o bloqueio por objetos sólidos, o que nos leva ao termo linha de visada, mesmo com o uso de APAA temos a necessidade que os receptores e transmissores não tenham obstáculos físicos entre eles.

Pesquisadores da Brown University e da Rice University desenvolveram um método para contornar esse problema. Eles criaram sinais de terahertz que seguem uma trajetória curva ao redor de obstáculos, em vez de serem bloqueados por eles (https://spectrum.ieee.org/6g-network-curved-terahertz-signals). Essa técnica envolve o uso de padrões cuidadosamente projetados de raios de luz retos que interferem coletivamente para produzir uma intensidade que segue uma trajetória curva. Embora os fótons individualmente ainda se movam em linhas retas, o padrão resultante parece curvar-se ao redor dos obstáculo para distancias curtas. 

 

Antenas baseadas em lentes

As antenas baseadas em lentes são uma tecnologia inovadora que utilizam metassuperfícies para direcionar e focar os sinais de rádio.

Uma metassuperfície é composta por uma matriz de pequenas antenas em escala micro ou nano, dispostas em uma superfície plana que podem ser reconfiguradas eletronicamente para ajustar a fase e a amplitude dos sinais refletidos ou transmitidos permitindo assim o controle preciso do feixe de comunicação. Isso melhora a eficiência e a qualidade da transmissão.

Ao focalizar o feixe, as antenas baseadas em lentes reduzem a interferência de outros dispositivos e fontes de sinal, essas antenas são planas e podem ser integradas facilmente em dispositivos móveis, estações base e outros equipamentos de rede.

 

Antenas baseadas em matrizes de reflexão

As antenas de matriz de reflexão são projetadas para refletir o campo incidente com certos deslocamentos de fase, de modo que, quando a alimentação ilumina espacialmente a abertura, ela envia o feixe na direção desejada e na forma desejada. Exemplificando: imagine que você tem uma caixa espelhada com um furo, dentro da caixa você tem vários feixes de luz colidindo e sendo refletidos, para que funcione é necessário que esse feixe passe pelo buraco na caixa (transmissão)

 

Antenas baseadas em matrizes faseadas

Uma antena de matriz faseada consiste em vários elementos de antena que são alimentados de forma coerente usando mudanças de fase em cada elemento. Isso permite que eles escaneiem eletricamente seu feixe para as direções desejadas. Além de servir como uma alternativa planar às lentes convencionais para melhorar o ganho de diretividade, as antenas de matriz faseada também oferecem melhor capacidade de direção de feixe elétrico, o que é muito útil para que antenas de feixe estreito expandam sua cobertura. O princípio de operação fundamental da matriz faseada é a superposição das fases irradiadas de diferentes elementos da antena. Uma combinação de elementos em fase forma uma radiação de amplitude aditiva, enquanto os elementos que irradiam fora de fase se cancelam,

As antenas de matriz faseada são uma boa solução para implementar direcionamento simples de  feixes e trazer alto ganho. No entanto, podem ocorrer altas perdas devido aos semicondutores que começam a restringir a aplicação de mudança de fase. Várias soluções foram propostas para superar isso, como mudar a fase antes de converter a frequência para frequências THz, desenvolver moduladores de fase espaciais baseados em materiais sintonizáveis, como o grafeno, ou aproveitar a tecnologia óptica para projetar mudanças de fase ópticas de atraso em tempo real (OTTD).

Acredito que caminhamos para novas velocidades de conexão sem fio e caminhamos para que o limite de Shannon seja ultrapassado mas isso é um tema para as próximas sextas.

 

03
mai-24

“Navegar é preciso, viver não é preciso"

Wilson Cardoso

Não imaginei uma citação mais contundente que a de Fernando Pessoa para imaginar o potencial da integração de 6G e Inteligência Artificial - IA: uma busca por aventura, exploração e conhecimento.

A implantação de redes 6G nos trará, como toda nova geração, velocidades e capacidades sem precedentes. Teremos capacidades de transferir dados em velocidades compatíveis com as necessárias para o processamento de IA e a capacidade de usar a IA para otimizar redes de comunicação, o 6G e a IA convergirão de muitas maneiras.

Quais são as possíveis sinergias entre 6G e IA? Como eles podem moldar o futuro da conectividade e das tecnologias automatizadas?

Esperamos que a tecnologia 6G suporte até 10 milhões de dispositivos IoT por quilômetro quadrado - um aumento de dez vezes em relação ao limite de 1 milhão para 5G - e um aumento colossal acima do limite imposto pelo 4 G de cerca de 2.000 dispositivos por quilômetro quadrado.

Embora o lançamento do 5G tenha sido mais lento do que o esperado - parcialmente interrompido pela pandemia de COVID-19 - as empresas estão antecipando o potencial do 6G para criar novas oportunidades. Os padrões específicos para redes 6G ainda estão sendo desenvolvidos. Ainda assim, espera-se que ele use um espectro de frequência mais alto e ofereça velocidades de terabit por segundo, menor latência e conectividade mais ampla do que o 5G, permitindo recursos avançados de sensores em dispositivos IoT.

As primeiras redes 6G poderiam ser implantadas em 2028, com os serviços se tornando disponíveis comercialmente até 2030.

Em termos de novos aplicativos, a latência ultrabaixa da conectividade 6G permitirá que os aplicativos de IA sejam processados mais perto da borda da rede. Isso permitirá que os algoritmos de IA recuperem e processem grandes volumes de dados e forneçam respostas rápidas, permitindo a tomada de decisões em tempo real críticas para veículos autônomos, cirurgias remotas e experiências de realidade aumentada e virtual.

Dispositivos alimentados por IA, como sensores IoT, drones inteligentes e robôs, serão capazes de se comunicar de forma mais eficaz com o mínimo de atraso, tornando-os mais confiáveis e eficientes em aplicações da agricultura à saúde.

A integração de recursos de detecção e suporte nativo para inteligência artificial transformará uma rede móvel de uma mera infraestrutura de conectividade em uma plataforma completa de suporte  de aplicativos. Isso fornecerá um valor agregado significativo e acelerará ainda mais a transformação digital de nossa economia e sociedade, e como a IA e o 6G podem evoluir? Nada melhor que trazer alguns exemplos práticos:

Saúde: Sensores biológicos conectados a redes 6G permitirão que os profissionais monitorem pacientes em tempo real. Gêmeos digitais permitirão que os pesquisadores testem novos tratamentos em ambientes virtuais antes de realizar ensaios clínicos completos, acelerando o processo de desenvolvimento e reduzindo custos.

Manufatura: As instalações industriais podem usar dispositivos conectados para aumentar a segurança e a eficiência. Tecnologias de detecção aprimoradas e dispositivos IoT criarão gêmeos digitais em tempo real de instalações em um ambiente digital, fornecendo maior controle remoto de máquinas.

Logística : A troca de dados em tempo real por conexões 6G permitirá a comunicação entre veículos, infraestrutura, pedestres e outros usuários com base em dados de sensores a bordo e outros veículos, os algoritmos de IA processarão os dados para ajudar os veículos e a infraestrutura a se adaptarem às condições de tráfego, reduzir o congestionamento e melhorar a segurança.

Agricultura: Os agricultores poderão usar sensores ambientais para monitorar os sistemas de culturas e os padrões climáticos, ajudando-os a maximizar os rendimentos das culturas.

Embora o 6G permita novos aplicativos, a IA também desempenhará um papel fundamental no gerenciamento e otimização da conectividade 6G complexa para garantir o desempenho da rede.

Como a IA pode otimizar as redes 6G?

A IA e o aprendizado de máquina (ML) poderão aprimorar as redes 6G criando uma “interface aérea” dinâmica que se adaptará continuamente às condições da rede para encontrar as rotas de transmissão mais eficientes para os dispositivos se comunicarem.

Dessa forma, a IA pode usar redes neurais para substituir o design de rede feitos por nós humanos. A IA também pode otimizar o consumo de energia da rede ligando e desligando os componentes com base nas condições operacionais em tempo real.

Nas redes 5G, os aplicativos podem operar no nível da estação base para otimizar componentes com alto consumo de  energia, tais como amplificadores de potência, quando não estão em uso. A IA pode estender isso para analisar grandes quantidades de dados e resolver rapidamente desafios para otimizar redes municipais ou nacionais.

Os algoritmos podem desligar estações base inteiras durante períodos de baixo uso e reconfigurar células para responder à demanda em tempo real e otimizar o uso de energia.

Embora a convergência de IA e 6G ofereça vantagens potenciais, algumas preocupações devem ser abordadas. Além do consumo significativo de energia das redes de IA e 6G, a privacidade e a proteção de dados se tornarão cada vez mais importantes.

À medida que os algoritmos e modelos de IA desempenham um papel crescente no gerenciamento e segurança da rede, as organizações devem implementar medidas e regulamentos de segurança robustos para proteger os dados do usuário.

À medida que os sistemas de IA se tornam mais integrados às redes 6G, garantir o uso ético e a tomada de decisões também se tornará um desafio fundamental, exigindo estruturas e regulamentos de governança de IA.

A sinergia entre 6G e IA tem o potencial de transformar a conectividade e moldar o futuro das tecnologias automatizadas, proporcionando avanços significativos em várias áreas da vida cotidiana. As primeiras redes 6G estão previstas para implantação na próxima década, e estamos ansiosos para ver como essas tecnologias se desenvolverão.

 

26
abr-24

Compartilhar ou não compartilhar, eis a questão.

Wilson Cardoso

Muitas vezes debatemos sobre o compartilhamento de redes, seus benefícios, vantagens e desvantagens. Destaco uma experiência específica entre a TIM e a Oi, na qual trabalhei intensamente para efetivar o primeiro compartilhamento ativo de rede. Isso ocorreu na década passada durante a implantação da tecnologia 2.6 GHz. Vale lembrar que o LTE em 2.6 GHz suportou grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Mas o que o 6G poderá trazer de novo em termos de compartilhamento?

No ano passado, Cristina Data, Diretora de Política e Análise de Espectro da agência reguladora britânica Ofcom, afirmou que o compartilhamento de espectro se tornará ainda mais importante ao habilitar casos de uso do 6G na sociedade. Especialistas já discutiam a relevância do compartilhamento de espectro para redes futuras desde 2020, e muitos defendem que o 6G já deve contemplar, desde seu nascimento, mecanismos de compartilhamento nativos.

A faixa de frequência de 3500 MHz, que utilizamos no Brasil hoje para o 5G e é a mais utilizada em todo o mundo, exige que a transmissão seja feita em TDD (Time Division Duplex).

Podemos exemplificar o TDD como uma rodovia de pista única, permitindo fluxo de veículos em apenas um sentido. Por exemplo, da torre para o celular (downlink). Quando invertemos o fluxo, por exemplo, do celular para a torre (uplink), é necessário coordenar para evitar acidentes. É exatamente assim que funciona o 5G em bandas médias (3500 MHz) ou altas, com a inversão de fluxo ocorrendo em intervalos de milissegundos.

A operação da rede em TDD não é um problema. O desafio surge quando várias operadoras utilizam a mesma banda de frequência, cada uma com sua faixa na mesma área geográfica. No Brasil, assim como no resto do mundo, a banda de 3500 MHz é como uma rodovia com quatro faixas de frequência (pistas), sem mencionar as faixas destinadas a redes privativas. Cada operadora utiliza a mesma distribuição para downlink e uplink, evitando problemas de sincronismo e eficiência.

À medida que olhamos para o 6G e reconhecemos que ele será usado para aplicações verticais que não são intensivas em downlink, devemos pensar em políticas de espectro e como suportar, do ponto de vista técnico, um aplicativo que é intensivo em uplink ao lado de um canal que é intensivo em downlink.

Qual é a solução para esse problema? Precisamos adotar uma abordagem diferente na especificação do 6G, desenvolvendo uma especificação que permita a operação em espectro compartilhado, sem definições rígidas de rede, mas sim baseada na aplicação. Nas próximas semanas, entraremos em mais detalhes sobre as soluções embrionárias que temos para esse desafio.

Quanto ao logotipo oficial do 6G, o 3GPP o estabeleceu recentemente. Isso ocorreu quatro meses depois que os parceiros da organização, incluindo a ARIB no Japão, a ATIS na América do Norte, a CCSA da China e a ETSI da Europa, anunciaram um compromisso conjunto para começar a planejar as especificações do 6G. Esperamos que esse trabalho leve a um ecossistema unificado e evite fragmentação.

 

 

19
abr-24

1,2,3,4,5 & 6G - Uma proposta para o engajamento do Brasil

Wilson Cardoso

A cada 10 anos, testemunhamos o surgimento de uma nova geração de redes celulares. Começou com o 1G antes de 1990, seguido pelo 2G em 1990, 3G em 2000, 4G em 2010 e, mais recentemente, o 5G em 2020. Agora, os esforços estão concentrados no desenvolvimento do 6G, previsto para ser lançado em 2030. Esse ciclo de 10 anos reflete a evolução contínua de materiais, componentes e pesquisa, enquanto o volume de dados cresce exponencialmente e a busca por um uso mais eficiente do espectro de frequência continua.

Em relação ao desenvolvimento da plataforma 6G, espera-se que uma variedade de tecnologias se integre e funcione de forma complementar. Essas tecnologias incluem a Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA), segurança cibernética aprimorada, computação de borda, satélites de próxima geração e o metaverso. A combinação de dados poderosos, comunicações de alta velocidade e computação transformará ainda mais nossa forma de viver e trabalhar.

Embora o ritmo de desenvolvimento tecnológico esteja acelerado, é importante considerar as implicações sociais desde o início. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, estabelecidos em 2015, também têm como meta serem alcançados até 2030, coincidindo com a estreia do 6G. Jeffrey Sachs, conselheiro do secretário-geral da ONU, propôs uma abordagem holística para o desenvolvimento sustentável, considerando a interação entre sistemas naturais, tecnológicos e sociopolíticos.

Para garantir o sucesso do 6G, é fundamental adotar uma abordagem colaborativa. Um fórum dedicado ao desenvolvimento de políticas 6G, com especialistas de diversas áreas, pode ser uma solução. Além disso, é necessário investir em treinamento e capacitação da força de trabalho, abordando as implicações sociais dessa tecnologia. As universidades desempenham um papel importante na educação, e a inclusão e diversidade devem ser priorizadas. O setor privado também deve participar, considerando a diversidade de gênero e a representação das gerações mais impactadas pela tecnologia.

Temos que entender  a importância de uma abordagem holística para o desenvolvimento da tecnologia 6G no Brasil, e aqui estão algumas idéias que compartilho:

1. Engajamento Comunitário e Educação Pública:

  • Para evitar mal-entendidos e resistência, é crucial envolver a comunidade desde o início. Esclarece os benefícios do 6G e  preocupações para ajudar a construir confiança da população, não vamos queimar mais torres.
  • Campanhas de conscientização pública, workshops e sessões informativas podem educar as pessoas sobre os avanços tecnológicos e seus impactos.

2. Regulamentação e Normas:

  • Começar uma análise profunda nas mudanças necessárias para a regulamentação para a implantação do 6G. Isso inclui diretrizes para a instalação de infraestrutura, como torres de celular.
  • Analisar a atual Lei de Antenas
  • Atualizar as normas técnicas de cibersegurança essenciais para garantir a interoperabilidade e a proteção dos usuários.

3. Pesquisa e Desenvolvimento:

  • Investir em pesquisa e desenvolvimento é fundamental para impulsionar a inovação no campo do 6G. Isso inclui parcerias com universidades, empresas e instituições de pesquisa.
  • O Brasil pode e debe colaborar internacionalmente compartilhando conhecimento e experiência.

4. Inclusão Digital e Acessibilidade:

  • Garantir que todas as camadas da sociedade tenham acesso à tecnologia é crucial. Isso inclui áreas rurais, comunidades de baixa renda e pessoas com deficiência.
  • Políticas inclusivas devem ser implementadas para reduzir a brecha digital.

5. Ética e Privacidade:

  1. O desenvolvimento do 6G deve considerar questões éticas e de privacidade. Proteger os dados dos usuários e garantir a transparência são fundamentais.
  2. A colaboração com especialistas em ética e direitos digitais é essencial.

6. Sustentabilidade e Impacto Ambiental:

  1. O 6G deve ser projetado com foco na sustentabilidade. Isso inclui o uso eficiente de energia e a minimização do impacto ambiental.
  2. Considerar a reciclagem de componentes e a redução do lixo eletrônico é importante.

7. Capacitação da Força de Trabalho:

  1. Treinar profissionais para lidar com as tecnologias emergentes é vital. Isso inclui engenheiros, técnicos e especialistas em segurança cibernética.
  2. As universidades podem desempenhar um papel importante na formação desses profissionais.

 

Em resumo, uma abordagem holística para o desenvolvimento do 6G no Brasil envolve colaboração, educação, regulamentação, inclusão e considerações éticas. O país tem a oportunidade de liderar nesse campo, desde que adote uma visão abrangente e sustentável, temos a oportunidade com o 6G não precisamos esperar o 7G em 2040.

 

12
abr-24

TERA, TERA, TERA !

Wilson Cardoso

Em uma referência ao épico filme dos anos 70, é motivador explorar o potencial das frequências em torno do Terahertz (THz) e a complexidade que enfrentaremos nos próximos anos para tornar o uso do THz uma realidade no contexto do 6G.

Uma das premissas fundamentais do 6G é a exploração de novas faixas de espectro acima de 100 GHz. Naturalmente, o 6G continuará operando nas frequências atuais, como as faixas sub-1 GHz, 3,5-6 GHz e as faixas de ondas milimétricas. Além disso, novas frequências na faixa de 7-15 GHz também serão incorporadas.

A União Internacional de Telecomunicações (ITU) definiu várias faixas de frequência na banda sub-Terahertz para futuros estudos relacionados à rede 6G. A resolução COM6/17 da Conferência Mundial de Radiocomunicações de 2023 (WRC-23) estabelece as seguintes áreas prioritárias para o desenvolvimento da próxima geração de comunicações móveis:

  1. 102-109,5 GHz
  2. 151,5-164 GHz
  3. 167-174,8 GHz
  4. 209-226 GHz
  5. 252-275 GHz.

De acordo com essa resolução, o ITU-R deve concluir as investigações a tempo para o WRC-31, um ponto que já foi adicionado à agenda preliminar do evento.

Esses estudos devem considerar as características técnicas e operacionais dos sistemas terrestres 6G que operam nessas bandas de frequência sugeridas, incluindo a evolução do IMT (International Mobile Telecommunications) por meio de avanços tecnológicos e técnicas que aumentem a eficiência espectral.

Além disso, fora do ITU-R estão sendo conduzidos estudos sobre o uso do Terahertz (THz) em diferentes altitudes atmosféricas. A maior disponibilidade de largura de banda e a redução das concentrações de vapor de água em comparação com o nível do mar tornam o uso de THz uma opção viável. Esses estudos abrangem os seguintes cenários:

  1. Plataforma de Baixa Altitude para Plataforma de Alta Altitude (LAP-HAP)
  2. HAP-para-HA.
  3. HAP para Satélite (HAP-SAT).

Agora, vamos a pergunta crucial: o que significa, na prática, uma rede 6G operando em THz?

Uma rede 6G operando em Terahertz oferecerá benefícios notáveis:

  1. Taxas de Dados Extremamente Altas: O THz permite taxas de transferência de dados muito superiores às atuais tecnologias. Imagine downloads instantâneos de filmes em alta definição ou transferências de grandes arquivos em questão de segundos.
  2. Comunicação de Curto Alcance: O THz é ideal para comunicações de curta distância, como redes locais ultra-rápidas em ambientes fechados.
  3. Imagens e Sensoriamento de Alta Resolução: O THz possibilita imagens de alta qualidade e sensoriamento preciso, úteis em aplicações como segurança, medicina e detecção de objetos ocultos.
  4. Latencia de 1ms: trazendo um novo limiar de operação para as redes de internet das coisas.

Com o uso de Terahertz (THz), associados a uma ampla largura de banda, alcançamos uma resolução espacial extremamente precisa, permitindo um posicionamento com precisão de centímetros para qualquer objeto, pessoa, etc. Essa capacidade aprimorada de localização é especialmente relevante.

Nas faixas sub-THz, a largura de banda não é um problema significativo. Por exemplo, na faixa de 209 GHz, temos 25 GHz de largura de banda disponível, o que representa 10 vezes mais do que a soma de todas as bandas alocadas para redes celulares no Brasil (do 2G ao 5G).

Para uma utilização eficaz do THz no contexto do 6G, é crucial aprofundar a análise de aspectos específicos de propagação de rádio, como a absorção molecular, o efeito da micromobilidade, além de considerações relacionadas à dispersão, reflexões e difrações, bem como à propagação de campos eletromagnéticos próximos.

Além disso, para preencher as lacunas de dados, será necessário realizar medições de canal para os cenários e bandas de frequência selecionadas. Isso permitirá o desenvolvimento de modelos mais precisos, incluindo suposições sobre antenas, simulações e estratégias de implantação.

Agradeço pela leitura!

Para mais informações sobre o 6G, você pode conferir a série completa no site do Teleco: [6G na Sexta](nos posts abaixo).

 

05
abr-24

"Open RAN: A Liberdade Tem um Preço"

Wilson Cardoso

O título de hoje foi inspirado em uma frase supostamente atribuída ao Almirante Robert Jaujard, como preparação para o bombardeio naval do Dia D, dirigida à frota da França Livre antes do ataque em solo próprio. Esse momento do Dia D talvez seja refletido em todos os fabricantes de equipamentos de acesso (RAN - Radio Access Networks). A pergunta que surge é: devo atacar meu próprio terreno?

Dentro das definições iniciais do IMT-2030, o ITU-R menciona a necessidade de incluir uma seção relacionada a redes abertas (Open RAN?) e redes mesh. Isso nos instiga a imaginar até onde o trabalho relacionado a redes abertas pode chegar.

O Open RAN é realizado por meio de interfaces padronizadas definidas pelo 3GPP, O-RAN Alliance, IEEE e outros fóruns de padronização. Essa abordagem permite que uma estação de rádio base deixe de ser uma estrutura monolítica, tanto do ponto de vista do fabricante quanto da arquitetura.

Outra dúvida que paira no ar está relacionada ao aumento de complexidade a cada geração. No 6G, devemos integrar cada vez mais Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina (ML) às estações de rádio de acesso. No entanto, à medida que adicionamos mais funcionalidades, surge uma necessidade maior de interoperabilidade baseada em protocolos mais rígidos. Por exemplo, quando compramos um smartphone 5G, esperamos que ele funcione em grande parte do mundo, desde que haja compatibilidade de frequências. Essa garantia é proporcionada pela rigidez dos protocolos, que são normatizados principalmente pelo 3GPP.

Os equipamentos de rádio acesso devem ser divididos em três unidades funcionais dentro da arquitetura proposta para o Open RAN:

  1. Unidade de Rádio (RU - Radio Unit): Podemos classificar a RU como o cavalo de batalha da rede, pois ela converte os sinais de rádio em sinais digitais e vice-versa.
  2. Unidade Distribuída (DU - Distributed Unit): A DU, de maneira geral, executa a organização dos dados e sua gestão. Ela desempenha um papel fundamental no tratamento desses dados para a transmissão.
  3. Unidade Central (CU - Central Unit): A CU gerencia aspectos mais amplos do fluxo de dados dentro da rede. Ela controla como será a jornada dos bits dentro da infraestrutura de telecomunicações.

Em resumo, para que o Open RAN exista de fato, precisamos esperar o mesmo grau de interoperabilidade entre RU, DU e CU que temos entre nossos dispositivos de acesso (smartphones, sensores etc.) e a RAN.
 
Além disso, é necessário observar o engajamento do 3GPP nesse tema. Uma análise atenta do 3GPP revela uma grande quantidade de estudos, mas com a indicação de que são documentos não normativos. Ou seja, realizar apenas o bombardeio não garantirá a liberdade desejada.

 

29
mar-24

Ubiquidade do Latim ubique - em todos os lugares

Wilson Cardoso

Hoje começaremos a explorar a recomendação M.2516 da União Internacional de Telecomunicações - UIT, de novembro de 2022, que nos apresenta as tendências tecnológicas futuras para os sistemas de telecomunicações terrestres internacionais até 2030 e além.

Toda nova geração de redes celulares apresenta um conjunto de novas tecnologias que possibilitam aumento da cobertura e a capacidade dos sistemas, mas o que o 6G deve nos trará para que tenhamos redes maior ubiqüidade?

Essa é uma pergunta extremamente relevante pois ainda temos áreas sem sinal de celular quando trafegamos entre Rio de Janeiro e São Paulo.

O que podemos esperar do 6G é uma integração completa com outros tipos de redes, entre elas podemos destacar as redes não-terrestres (NTN - Non Terrestrial Network), incluindo comunicações por satélite, plataformas de alta altitude como HIBS (High Altitude IMT Base Station) e UAS (Unmamned Aircraft System), comumente referida como drones e um tipo de aeronave sem um humano pilotando a bordo.

As principais tecnologias para esse fim consistem em SDN/NFV, fatiamento de rede, gerenciamento de rede , computação de borda, comunicações ópticas de espaço livre e outras tecnologias de rede.

O HIBS é um uma plataforma que voa e permanece na estratosfera a uma altitude de aproximadamente 20 km e seria usado como parte das redes IMT terrestres. A estratosfera é uma camada da atmosfera muito acima das nuvens, e não é afetada pela chuva ou neve e menos afetada por correntes de ar. Consequentemente, essas características permitem que o voo de uma plataforma estratosférica seja mais estável quando comparado ao voo em outras camadas da atmosfera. Como o HIBS opera em uma altitude de aproximadamente 20 km, pode fornecer serviços com a mesma latência das redes móveis terrestres, entre outros recursos. As vantagens do HIBS incluem:

  • um grande raio de área de serviço de até 100 km usando um único HIBS
  • nenhuma modificação é necessária para telefones celulares terrestres normais;
  • extremamente resiliente pois são afetados por quedas de energia ou colapsos por causa de desastres naturais (Terremotos, tsunamis); e
  • fornecimento de comunicações móveis no céu (para carros voadores, drone, etc.) e no mar (para navios, etc.), que são difíceis de serem cobertos por BSs terrestres.

Os UASs têm uma ampla gama em termos de tamanho e peso e podem ser usados em vários setores de negócios em futuras cidades inteligentes. No futuro, os UASs podem ser usados como plataforma BS ou como uma repetidores para formar uma rede temporária para estender a comunicação móvel. O benefício dos UAS é a flexibilidade e agilidade para fornecer a implantação sob demanda de cobertura de rede.

Prontamente, o que é altamente complementar às infraestruturas fixas em cenários como desastres naturais e eventos de curto prazo, como shows ou grandes jogos em estádios lotados. Em algum sentido,

A comunicação sem fio assistida pela UAS também pode aproximar a BS do usuário, o que pode melhorar a qualidade do serviço e reduzir o consumo de energia para os usuários.

A interconexão de IMT terrestre e comunicações não terrestres aumenta a cobertura dos futuros sistemas de IMT do solo ao ar ao espaço em uma base de várias camadas. Isso permitiria a onipresença.

Desafios são esperados devido à topologia de rede altamente dinâmica, diferente operações, ambiente e longo atraso de propagação, entre outros.

Soluções de mitigação que permitirão conectividade e mobilidade perfeita entre terrestres e redes não terrestres devem ser estudadas nos próximos anos.

 

22
mar-24

Quo Vadis 6 GHz

Wilson Cardoso

Vamos voltar no tempo: quinta-feira (25/2) de 2021, o dia em que os Conselheiros da Anatel por unanimidade, aprovaram os requisitos técnicos do Wi-Fi 6E equipamentos que operam na faixa de 5.925 MHz a 7.125 MHz.

Mais recentemente no Congresso Mundial de Rádio da UIT em Dubai em dezembro de 2023 houve uma grande discussão sobre o mesmo tópico levando a uma leitura que o 6GHz se deve ser especificamente identificado para tecnologias IMT (5G e futuro 6G), ou deixado inalterado.

O resultado foi complexo e sutil. Pelo valor nominal, parecia que a indústria móvel / IMT havia defendido seus pares de banda larga fixa e Wi-Fi, já que a banda realmente ganhou essa identificação. A realidade é muito mais complexa, e podemos esperar um debate contínuo - e provavelmente uma lenta implantação e adoção por todos - em muitos países e regiões, especialmente na Europa.

A longo prazo, esse resultado confuso pode até ter alguns pontos positivos, se levar a abordagens melhores e mais harmonizadas para o compartilhamento de espectro. Por outro lado, pode entrincheirar algumas divisões tecnológicas e geopolíticas.

Vários países seguiram o exemplo do Brasil com o uso não licenciado, seja para toda a banda de 1200MHz ou apenas para a parte inferior entre 5925-6425MHz. Tudo isso ocorreu fora das discussões da UIT, já que a banda já está alocada para o serviço móvel da UIT e as regras de espectro são adotadas em nível nacional para evitar interferência aos usuários existentes. (Nota: o termo “serviço móvel” da UIT é uma categoria ampla, enquanto o IMT é uma aplicação específica dentro disso).

A indústria móvel estava defendendo em voz alta o espectro de 6 GHz para 5G / IMT, com uma variedade de previsões de demanda por tráfego de dados e impactos econômicos implícitos. No entanto, algumas das análises não se levantam bem para um escrutínio rigoroso. Vozes dissidentes - principalmente das indústrias de Wi-Fi e satélite - faziram campanha por uma decisão de "Sem Mudança" nas regras anteriores, com uma variedade de argumentos em torno da importância da conectividade.

O que o resultado significa na prática a para a indústria sem fio?

Na prática, isso significa que cada regulador pode fazer o que preferir com o espectro, desde que haja problemas de coordenação para evitar interferências através das fronteiras e estamos em um debate entre diferentes grupos econômicos.

É importante ressaltar que os efeitos de escala se aplicam globalmente - como chipsets e dispositivos já podem cobrir a parte superior da banda quando permitido, quaisquer alterações na política regulatória podem ser exploradas imediatamente. Os benefícios econômicos e sociais podem ser contados a partir do Dia 1, para que qualquer novo modelo não licenciado para o Upper 6GHz possa "entrar em funcionamento" em termos de rápida adoção.

Será muito importante ver resultados comparativos de países que alocaram os 1200MHz completos para uso não licenciado, a exemplo do Brasil, em comparação com aqueles que têm apenas a parte inferior da banda.

Embora os estudos do setor sejam importantes, os reguladores podem prestar mais atenção aos comentários dos clientes do mundo real, como fabricantes que implantam Wi-Fi 6E/7 para automação industrial em diferentes regiões ou ISPs que fornecem gateways de banda larga doméstica sob regras diferentes.

Dado que há pouco requisito de curto prazo para 6GHz para o uso normal de banda larga móvel (mesmo para densificação) e um roteiro pouco claro para suporte em smartphones fora da China, é provável que esses argumentos se concentrem no acesso sem fio fixo.

Voltando ao titulo Quo Vadis 6GHz, podemos tecer alguns cenários:

A China avançará com o 5G na banda superior de 6GHz, com implantações de curto prazo, embora a extensão delas seja incerta.

Os EUA e outros países, como Canadá, Coreia do Sul, Arábia Saudita continuarão com o uso não licenciado, principalmente Wi-Fi, na banda completa de 6 GHz, incluindo o uso de versões de maior potência / ao ar livre, juntamente com sistemas de compartilhamento de espectro AFC.

Países europeus e alguns outros gastarão tempo investigando mais esquemas de compartilhamento híbrido nos 6 GHz superiores, que são dinâmicos ou que se dividem entre perfis urbanos / rurais ou internos / externos. Uma opção poderia ser apenas para uso sem fio fixo. Se os conceitos de compartilhamento não puderem ser feitos…

 

15
mar-24

6G - O desafio de novos componentes

Wilson Cardoso

Na semana passada, discutimos como a tecnologia ISAC - Integrated Sensing and Communications pode transformar cada antena de uma rede celular em um poderoso radar, permitindo o monitoramento abrangente do ambiente e a conversão desses dados em informações úteis. O ISAC é especialmente eficaz em frequências mais altas, aquelas acima de 20 GHz.

Atualmente, a maioria das tecnologias de comunicação sem fio, como os telefones 5G, opera em frequências abaixo de 6 GHz. No entanto, para alcançar taxas de dados ainda mais elevadas, os pesquisadores estão se dedicando ao desenvolvimento de componentes que operem em frequências acima de 20 GHz. Essas frequências mais altas são a base para taxas de dados até 100 vezes superiores às do 5G. Essa busca incessante por avanços tecnológicos explica, em parte, por que vivenciamos uma nova geração de tecnologia a cada década (2G, 3G, 4G, 5G...).

Entretanto, nas frequências mais elevadas, como aquelas previstas para o futuro 6G, as transmissões enfrentam maior atenuação e perdas devido a fatores ambientais, como umidade extrema ou poluição atmosférica. Para superar esses desafios, a maioria das tecnologias 5G e 6G utiliza matrizes de antenas em vez de depender de um único transmissor e receptor. Essas matrizes precisam controlar com precisão qualquer atraso nos sinais para garantir que cheguem no momento certo e sem confusões.

Os componentes-chave para a introdução desses atrasos são os deslocadores de fase. Sem eles, o 5G seria apenas uma melhoria do 4G, incapaz de oferecer velocidades superiores a 1 Gbps em nossos smartphones. Apesar de seu tamanho diminuto (menos de 0,3 milímetros quadrados, semelhante a um grão de areia), esses componentes não conseguem atrasar igualmente todas as frequências em larguras de banda amplas, como 400 ou 800 MHz. Isso nos leva à solução de atrasar seletivamente algumas frequências, de modo que tudo seja coordenado nas antenas. No entanto, esses componentes, denominados como elementos de atraso são fisicamente maiores, geralmente variando de 1 a 2 milímetros quadrados, o que limita a quantidade deles que pode ser integrada em um único chip.

Hoje, avanços na área de componentes nos permitem sonhar com uma solução extremamente miniaturizada que combina deslocadores de fase e elementos de atraso de tempo em uma área de apenas 0,16 milímetros quadrados. Isso é alcançado por meio do uso de espirais 3D de refletores, resolvendo um dos maiores desafios: o custo em área dos chips.

Os pesquisadores estimam que esses novos dispositivos podem atingir taxas de 33 Gbps em uma banda de 8 GHz. Esses esforços representam avanços significativos para tornar nossas comunicações mais eficientes e confiáveis.

O tema de hoje foi complexo e parte da tecnologia de microondas desde o século passado mas o tema agora é de como fazer tudo em escala milimétrica. Uma pequena mostra dos esforços feitos para que tenhamos meios de comunicações mais efetivos e mais confiáveis e claro como é difícil e desafiante uma nova geração de redes celular.

 

08
mar-24

Você sabe o que é ISAC?

Wilson Cardoso

À medida que a padronização do 5G se solidifica gradualmente, os pesquisadores especulam o que será o 6G. Motivados conjuntamente pelos recentes avanços na comunicação e no processamento de sinais, a funcionalidade de detecção de rádio pode ser integrada à rede de acesso de rádio (RAN) 6G de maneira rápida e de baixo custo. Ou seja, as futuras redes terão a capacidade de “ver” o mundo físico através de imagens e medição do ambiente circundante, o que permite serviços avançados de reconhecimento de localização, que vão desde as camadas físicas até às camadas de aplicação. Em essência, uma emissão de rádio poderia transmitir simultaneamente dados de comunicação do transmissor para o receptor e fornecer informações ambientais a partir dos ecos dispersos. Portanto, é possível co-projetar funcionalidades de detecção e comunicação para utilizar recursos de forma eficiente e ajudar-se mutuamente para benefícios mútuos. Este tipo de pesquisa é normalmente referido como Sensoriamento e Comunicação Integrados (ISAC).

 


 

 

 


 

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