Atualizado em:
31/12/2006
O que acompanhar em 2007
O ano de 2006, a exemplo dos anos anteriores,
ainda teve o crescimento do celular como o principal fator
de expansão do mercado de telecomunicações.
No entanto, esse crescimento foi um pouco inferior à maioria
das previsões feitas, notadamente pela limpeza da
base feita pela Vivo em Junho e que continuou nos meses seguintes.
A oferta de serviços VoIP teve
a entrada de alguns players de maior porte, como foi o
caso da Embratel e sua parceria com a Net. O Produto Net
Fone via Embratel atingiu 115 mil assinantes no 3T06. Por
outro lado, o número de operadoras de pequeno e
médio porte que entraram nesse mercado também
cresceu.
Os serviços de Banda Larga das
concessionárias de telefonia fixa e empresas de
TV a cabo continuaram crescendo, superando 5 milhões
de assinantes no 3T06. A base de assinantes de TV a cabo
voltou a crescer, o que contribuiu também para o
mercado de Banda Larga.
A ano de 2006 foi também pautado
por uma ampla discussão sobre o modelo de TV Digital
do Brasil, e resultou na definição do padrão
japonês de modulação para a TV Digital
terrestre. Nessa mesma linha, ocorreram as primeiras transmissões
experimentais de rádio digital, e os radiodifusores
começaram a entrar na era da transmissão
digital aberta.
Finalmente, as novas tecnologias de
acesso e redes móveis (Wimax e 3G) fizeram parte
da agenda da Anatel, que procurou viabilizar a licitação
de freqüências para o Wimax sem sucesso, impedida
por decisões do TCU e por liminares na Justiça.
A Anatel também adiou a licitação
das freqüências do 3G para 2007.
Nesse contexto, o que se deve esperar
para 2007? Acompanhe a seguir alguns dos pontos principais
de cada segmento.
3G
O novo regulamento de freqüências
para celulares, editado pela Anatel contém subfaixas
especificas para as redes 3G, prepara o cenário
para a licitação prevista para ocorrer em
2007, com previsão para o início de operação
de redes 3G nessas faixas já no primeiro semestre
de 2008. Entretanto, a Claro já estaria em condições
de lançar seus serviços 3G na faixa de 800
MHz, antecipando-se às demais operadoras.
As redes 3G trazem o acesso em banda
larga para os celulares e PDA’s, e permitem inclusive,
o seu uso através de placas instaladas em notebooks.
Nesse cenário, tanto os usuários mais intensivos
como as corporações poderão fazer
uso dessa facilidade para implementar novas aplicações
mais sofisticadas e dar maior mobilidade para seus colaboradores. Estas redes apresentam também maior capacidade o que pode levar as operadoras a oferecer planos com incentivos para uma maior utilização de seus serviços.
A soma desses fatores pode gerar uma
nova onda de atualização das redes de celulares
e a entrada no país de terminais mais modernos e
com maior capacidade tanto de visualização,
através de displays maiores, como de processamento,
para atender a demanda de novas aplicações.
Wimax
A disponibilização mais
efetiva de equipamentos de acesso baseados na tecnologia
Wimax e a licitação de freqüências
prevista para 2007 devem agitar o mercado de oferta de
serviços de banda larga, tanto em localidades densamente
povoadas, onde existe um mercado maior, como em localidades
menores, onde pouca ou nenhuma oferta desses serviços
existe atualmente.
É possível que as restrições
impostas pela Anatel às concessionárias de
telefonia fixa para a aquisição de freqüências
em suas áreas de concessão sejam revistas
para permitir que a licitação se realize.
Será interessante observar o
desenrolar desses fatos e sua relação com
a disponibilização de serviços de
banda larga, VoIP e até mesmo as aplicações
de mobilidade baseadas em tecnologia Wimax.
VoIP
A entrada de operadoras de maior porte
nesse mercado em 2006 e a disponibilização
de serviços de banda larga em maior escala devem
impactar o mercado VoIP em 2007, tanto pelo aumento da
oferta do serviço como pela possível consolidação
de operadoras de menor porte.
A exemplo do que já ocorreu em
2006, a oferta de serviços VoIP deverá cada
vez mais ser feita em pacotes de serviços que poderão
incluir TV por assinatura ou IPTV e acesso a Internet.
Entretanto, ainda não deverá ser
o momento para uma ampla disseminação da
tecnologia VoIP para o mercado de consumo, como substituto
da telefonia convencional, apesar de haver crescimento
desse mercado.
TV Digital
Definido o padrão de TV Digital
terrestre, o próximo passo é o desenvolvimento
dos set-top boxes ou conversores de TV digital a serem
utilizados. Esse é um fator importante, notadamente
porque esse desenvolvimento tem impacto direto nos transmissores
a serem utilizados pelos radiodifusores, os quais também
necessitarão de adaptações.
Apesar do prazo de 6 meses previsto
pelos radiodifusores para iniciar as primeiras transmissões
experimentais, o sucesso do sistema tem relação
direta com a disponibilidade e com o custo desses conversores.
Será interessante acompanhar
o andamento do desenvolvimento dos conversores e a movimentação
tanto dos fabricantes como dos radiodifusores para se adequarem
ou até mesmo se anteciparem aos fatos e iniciarem
as transmissões o mais cedo possível.
MVNO
As operadoras virtuais de serviços,
notadamente nas redes celulares, já são uma
realidade nos EUA e Europa, e têm sido uma forma
de buscar crescimento nos mercados de telefonia celular
nesses países. Entretanto, essas iniciativas têm
sido capitaneadas por algumas grandes operadoras que oferecem
facilidades e incentivos para a implantação
dessas redes virtuais.
No Brasil, ainda não existem
iniciativas para a implantação desses serviços,
e tem sido dito que a Anatel ainda não concluiu
o arcabouço regulatório necessário
para permitir a operação dessas redes virtuais.
Entretanto, devido à inexistência
de redes celulares em algumas regiões e a tendência à criação
de comunidades específicas, bastante comum no Brasil, é possível
que apareçam iniciativas inovadoras e bem sucedidas
de implantação de redes virtuais de celulares.
Operadoras de Telefonia Celular
A disputa no mercado celular ocorrida
em 2006 deve continuar em 2007, e a Tim deve ultrapassar
a Vivo tanto em market share como em receita provavelmente
no primeiro trimestre do próximo ano.
Entretanto, é bom observar que
uma série de eventos pode mudar a face atual desse
mercado:
- A
Vivo está implantado uma rede GSM, e com essa
iniciativa poderá minimizar ou estancar sua perda
de market share ao adotar um modelo de custos que permitirá maiores
investimentos em marketing para voltar a competir em
igualdade de condições com as demais operadoras.
Resta saber se a composição societária
entre a Telefonica Móviles e a Portugal Telecom
se manterá, caso o grupo Sonae venha a assumir
o controle da PT, e quais os impactos que esses acontecimentos
poderão ter sobre o futuro da Vivo.
- A
Tim, que tem apresentado um excelente desempenho,
encontra-se em processo de venda e, caso venha a ser
comprada pela Claro – a empresa que está sendo considerada
pelo mercado como a provável compradora – transformará a
empresa na maior operadora celular do país e o
grupo Telmex no maior do setor de telecomunicações
do pais. Apesar das vantagens dessa iniciativa para o
grupo controlador, resta saber se o mercado de trabalho
e o mercado de serviços serão beneficiados
na mesmo proporção.
- A
mudança no controle da Telemig/Amazônia
Celular pode por fim a um impasse que já há algum
tempo vem estagnando o crescimento dessas operadoras.
Essa mudança pode levar a uma processo de venda
das operadoras, ou a uma busca de oportunidades de consolidação
com outras operadoras de porte semelhante, como é o
caso da BrT GSM e mesmo da Oi.
- A
Unicel, que conquistou na justiça o direito de
adquirir freqüências na região de São
Paulo – Capital, poderá iniciar a implantação
da sua rede e, assim sendo, movimentar o mercado de uma
das regiões que, apesar do seu poder aquisitivo,
tem uma densidade de celulares pouco acima da média
do Brasil.
Operadoras de Telefonia Fixa
A expectativa em relação às operadoras de telefonia fixa fica por conta das reorganizações societárias por que passam Telemar e Brasil Telecom:
- Qual será o caminho a ser tomado pela Telemar após o fracasso do plano de pulverização de ações?
- Quem irá comprar a participação da Telecom Italia na BrT?
- A regulamentação será mudada para permitir a fusão da Telemar com a BrT?
Conversão Pulso Minuto
O processo de adoção da
conversão de pulso para minuto foi adiado para 2007,
embora a Anatel tenha deixado claro que as operadoras de
telefonia fixa já podem (e devem) oferecer planos
de minutos para os seus assinantes. Alguns processos foram
iniciados na Justiça em 2006 com o objetivo de obter
uma revisão nas formas de conversão, principalmente
pelos órgãos e associações
de defesa do consumidor, mas a “batalha final” deve
se dar durante 2007.
A grande questão que se apresenta é quem
deverá pagar a conta, caso nenhuma “fórmula” de
consenso venha a ser encontrada. Tanto os consumidores
quanto as operadoras querem manter as condições
atuais ou até melhorá-las, e não pretendem
abrir mão de seus “direitos”. Entretanto,
algum tipo de acordo poderá ser obtido para compensar
o eventual “perdedor”.
Portabilidade Numérica
Planejada para antes da introdução
do 3G e do MVNO, a definição é esperada
para os primeiros meses de 2007. A disputa pela administração
do serviço e da rede promete ser acirrada entre
players internacionais e nacionais. Mais importante ainda
será acompanhar a reação das operadoras
de celular frente a uma ameaça de crescimento do
churn.
Consolidação
de Fornecedores
A consolidação da Alcatel-Lucent
estará totalmente concluída em 2007 e a Nokia-Siemens
iniciará o processo em breve, apesar de ameaçada
por discussões a respeito da contabilidade da Siemens.
Espera-se ainda algum movimento envolvendo a Nortel em
2007. A necessidade de consolidações para
fazer frente a um mercado com menos clientes, no entanto,
sugere que mais consolidações virão
ainda em 2007, envolvendo grandes fabricantes Europeus
e Americanos.
Diante deste quadro pergunta-se:
- Como
ficará o quadro das operadoras de telefonia celular?
A Tim será vendida? O comprador será a Claro ou haverá outro?
- As
licitações para redes 3G e Wimax ocorrerão
em 2007? Quando será iniciada a implentação
das redes?
- Os
serviços VoIP terão maior participação
no mercado de Voz, competindo com a telefonia convencional?
Outras operadoras de maior porte seguirão o exemplo
da parceria da Net com a Embratel? Como será a
parceria da TVA com a Telefonica?
- A
adoção da tarifação por minuto
será definitivamente implantada no país
para a telefonia fixa local?
- A
portabilidade numérica será um fator de
competição para o mercado de telecomunicações,
tanto na telefonia fixa como na celular?
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Comentário dePaulo Monte Serrat Neto |
O resumo apresentado em Perspectivas 2007 mostra que o ano de 2007 ainda será um ano de muitas mudanças no mercado brasileiro de telecomunicações. Pelo visto, se houver algum cenário de estabilidade ele só irá ocorrer depois de 2008 ou 2009.
Há quem diga que a oferta de aparelhos GSM pela Vivo virá para retirá-la do isolamento em que ela se meteu por ser a única grande operadora celular a usar a tecnologia CDMA no Brasil.
Ocorre que, a meu ver, ela ainda ficará isolada das demais operadoras celulares, por algum tempo, pelo fato de estar se preparando para inaugurar uma rede GSM numa faixa de freqüência de 800 MHz que é diferente daquela das demais operadoras no Brasil que operam em 1.800 Mhz.
Desta forma, a quase totalidade dos aparelhos GSM em uso no Brasil não poderá funcionar com o Chip GSM da Vivo. Este fato dificulta a tomada de usuários que hoje são clientes das concorrentes da Vivo.
Similarmente, os aparelhos GSM de baixo custo e até de custo médio que serão oferecidos pela Vivo não poderão ser usados com Chip da TIM, Claro, Oi, BrT e das demais operadoras celulares com redes GSM na faixa de 1.800 MHz.
Outra questão de compatibilidade a ser resolvida envolve o roaming internacional. A grande maioria das redes GSM opera na faixa de 1.800 MHz. Este fato irá dificultar, para a Vivo, a recepção de clientes em roaming vindos de outros países. Assim o estabelecimento de acordos de roaming internacional na modalidade ponto a ponto com as operadoras no exterior fica limitado. Uma das alternativas que pode vir a ser adotada para a operacionalização do roaming internacional é fugir dos tradicionais de acordos ponto a ponto entre as operadoras.
Nesta alternativa os assinantes da Vivo passarão a usufruir dos acordos já estabelecidos pela Portugal Telecom e/ou pela Telefônica de Espanha para seus assinantes. Na teoria, a idéia parece boa, mas deve encontrar obstáculos importantes na sua implementação. Além disso, a operacionalização pode vir se complicar se um dos dois grandes acionistas da Vivo vier a retirar-se da sociedade.
Estes são, apenas, alguns dos ingredientes que estarão temperando a pauta dos noticiários de telecom ao longo de 2007.
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