A Telefonica e bancos italianos anunciaram em 28/04/07 a aquisição da Olímpia, controladora da Telecom Italia, por 4,1 bilhões de euros. Com a saída da Pirelli, foi formado um consórcio que terá 23,6% da Telecom Italia: 18% da Olimpia, 1,54% do Mediobanca e 4,06% da Generalli. As ações deste consórcio estão assim distribuidas: Telefonica (42,3%), Generali (28,2%), Mediobanca (10,7%), Intesa (10,7%) e família Benetton (8,2%).
A Telefonica passará a deter cerca de 10% das ações da Telecom Italia e terá direito a duas cadeiras no conselho de administração. As empresas continuarão a ser administradas independentemente. Apesar disto, a Telecom Italia poderá ser considerada como uma empresa do mesmo grupo que a Telefonica, única operadora participante do seu grupo de controle.
A preferência da Pirelli pela Telefonica, em detrimento do consórcio formado pela América Móvil, deve-se em grande parte às pressões do governo italiano. A Telecom Italia é a primeira, entre as grandes operadoras que eram monopolistas na Europa, a deixar de ter o seu controle em mãos de grupos nacionais. Consulte: A venda da Telecom Italia e o futuro das operadoras nacionais?
As principais vantagens desta aquisição para a Telefonica são:
- Consolida sua posição como um dos maiores grupos de telecom da Europa e do mundo. O seu grupo passa a controlar mais de 200 milhões de celulares, quantidade próxima à da Vodafone.
- Evita que este ativo vá parar na mão da América Móvil, seu principal concorrente na América Latina.
A Telefonica terá, no entanto, de equacionar o problema da dívida de 40,6 bilhões de euros (2006) da Telecom Italia e enfrentar problemas regulatórios no Brasil e na Argentina, onde Telefônica e Telecom Itália são competidores com parcelas significativas do mercado.
Brasil
A Telefonica/Vivo é o maior grupo de telecomunicações do Brasil. Com a incorporação da Tim este grupo passaria a ter uma receita bruta de 50,5 bilhões, mais que o dobro do segundo colocado.
- |
R$ Bilhões |
Receita Bruta |
1 |
Telefonica/Vivo |
36,6 |
2 |
Telemar (Oi) |
24,2 |
3 |
América Móvil/Telmex* |
24,2 |
4 |
BrT |
15,1 |
5 |
Tim |
13,9 |
*A América Móvil é hoje a controladora da Telmex e das operadoras de celular do Grupo. No Brasil o grupo controla a Claro e a Embratel. Possui também uma participação na Net que adquiriu a Vivax.
Vivo e Tim
A mudança no controle da Telecom Italia, deverá ser comunicada à Anatel, uma vez que a Telecom Italia possui 81% das ações ordinárias da Tim Participações no Brasil. Caso entenda que a Telefonica passa a fazer parte do grupo de controle da Tim no Brasil, a Anatel deverá dar 18 meses à Telefonica para resolver os problemas de superposição de autorizações entre Vivo e Tim.
Neste cenário, a solução melhor para a Telefonica seria a fusão da Vivo com a Tim formando uma nova operadora com 54,2% dos celulares do Brasil.

Esta fusão teria que ser negociada com a Portugal Telecom que poderia vender sua participação na Vivo ou continuar com uma participação minoritária nesta nova operadora. Esta fusão teria de ser aprovada pela Anatel e pelo CADE.
Uma outra solução seria a saída da Telefonica da Vivo com a venda de sua participação para a Portugal Telecom, ou outros investidores.
Telefonica e Brasil Telecom
A Telecom Italia, apesar de deter 38% da Solpart, controladora da Brasil Telecom, não participa do bloco de controle da operadora. Estas ações estão em poder de um fundo fiduciário (Trust), gerido pelo Credit Suisse, e foram colocadas à venda.
Esta venda pode ser retardada e impedir uma possível fusão de Telemar e Brasil Telecom. No caso de suspensão do dispositivo legal que proíbe a fusão de concessionárias de telefonia fixa, a Telefonica também estaria em condições de ficar com o controle da BrT.
É importante lembrar, no entanto, que mesmo com uma mudança na regulamentação para permitir a fusão de concessionárias de telefonia fixa, qualquer operação desta natureza terá de passar necessariamente pela análise do CADE que pode impor condições para que uma fusão deste tipo se realize.
Argentina
Uma fusão da Telefonica com a Telecom Italia na Argentina criaria um grupo com 62,3% dos celulares e quase 100% dos acessos fixos em serviço (2006), o que torna muito difícil a sua aprovação pelos órgão reguladores sem o estabelecimento de algumas restrições.
Diante deste quadro pergunta-se: